quinta-feira, 7 de julho de 2016

Um em cada cinco brasileiros bebe refrigerante todo dia, diz pesquisa

7/07/2016 11h18 - Atualizado em 07/07/2016 13h07

Bebida é o sexto produto alimentício preferido de jovens de 12 a 17 anos.
Frutas não estão na lista dos 20 produtos mais consumidos nessas idades.

Gabriel LuizDo G1 DF
Empresas anunciam que deixarão de vender refrigerante à escolas para crianças de até 12 anos. (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)Refrigerante em copo com gelo; um dos alimentos que devem ser evitados, segundo o Ministério da Saúde (Foto: Suelen Gonçalves/G1)
Um em cada cinco brasileiros (19%) adultos que vivem nas capitais brasileiras consomem refrigerante ou sucos artificiais todos os dias, informou o Ministério da Saúde nesta quinta-feira (7).


Refrigerantes são o sexto produto alimentício preferido por crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos, atrás de arroz, feijão, pão, suco e carnes. Na lista dos 20 produtos mais consumidos por essa parcela da população, as frutas sequer aparecem.
Segundo o ministério, somente 37,6% da população adulta das 27 capitais relataram consumir frutas e hortaliças regularmente – um aumento de 29,9% em comparação com 2010. Carnes com excesso de gordura são frequentemente consumidas por 31,1% da população.

Os dados apresentados pelo ministério são parte do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes, que entrevistou jovens de 124 municípios, e da pesquisa Vigitel 2014 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que entrevistou 54 mil adultos por telefone nas capitais brasileiras.


O estudo aponta que o feijão é parte da rotina diária de 64,8% dos brasileiros. Doces são consumidos quase todos os dias por 20% da população. Segundo a pesquisa, 15,5% dos brasileiros substituem o almoço ou jantar por lanches.


O ministério identificou que 56,6% dos jovens fazem as refeições em frente à televisão e 73,5% desse público passam mais de duas horas por dia em frente à tela do PC ou do videogame. Segundo a coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição, Michele Lessa, a situação cria impacto para a rotina dos adolescentes, que acabam não prestando atenção ao que comem.


Outro dado que a especialista apontou é o fato de que menos da metade (51,8%) dos jovens bebe menos de cinco copos d’água por dia – quando o recomendado é de oito copos. “A gente observa que a água é substituída por suco, que é tão prejudicial quanto o refrigerante”, disse.

Ela também considerou preocupante o fato de que os adolescentes estejam se tornando cada vez mais dependentes de produtos industrializados. O motivo é a falta de conhecimento dos jovens em preparar a própria comida.
Entrevista coletiva no Ministério da Saúde (Foto: Gabriel Luiz/G1)Entrevista coletiva no Ministério da Saúde (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Desafio
O estudo mostrou ainda que um em cada quatro adolescentes sofre de problemas com a balança – 17,1% têm sobrepeso e 8,4% são obesos. A maior parte desse grupo se concentra na região Sul do país. Entre adultos, 53,9% estão acima do peso e 18,9%, obesos. A maior parte desse grupo se concentra na região Sul do país.

A rede pública de saúde brasileira gasta mais de R$ 233 milhões com cirurgias bariátricas por ano, segundo o ministério. O dinheiro é equivalente ao gasto com a construção de 30 unidades de pronto atendimento e 60 unidades básicas de saúde, segundo o ministério.

O gasto em tratamentos contra obesidade no SUS é de R$ 458 milhões. Só o gasto por atendimento de jovens com diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e cirurgia bariátrica chega a R$ 126,4 milhões.

Decisão interna
Também nesta quinta, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, assinou uma portaria proibindo a compra de alimentos não saudáveis com recursos do ministério. Ficam proibidos produtos como refrigerantes e salgadinhos em “coffee breaks” da pasta ou até mesmo na lanchonete. A intenção do ministro é estender a regra a outros órgãos do Executivo.

O ministro disse considerar que regra sobre publicidade de guloseimas pode ser “aprimorada”. Ao lembrar que já existem definições sobre propagandas desse tipo de produto para o público infantil, ele declarou que há espaço para mudança na situação atual.

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