terça-feira, 26 de julho de 2016

Drones vão levar comida com vacina para animais selvagens nos EUA


A ideia é salvar duas espécies - as doninhas e os cães da pradaria - usando drones e pasta de amendoim.

Por Helô D'Angelo
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Manter animais longe da extinção pode ser mais complicado do que você imagina. No noroeste dos Estados Unidos, um grupo de cientistas do Serviço de Proteção à Vida Selvagem tem batalhado para salvar as doninhas da pata preta - elas estão morrendo de fome porque suas presas, os cães da pradaria, estão sumindo, contaminados pela peste bubônica. Para resolver, os pesquisadores traçaram um plano que, à primeira vista, é mirabolante: lançar comida com vacina para os cães da pradaria, usando um drone especialmente desenvolvido para alcançar uma área gigante.


As comidas são pequenas bolinhas de pasta de amendoim do tamanho de M&Ms - só que recheadas com vacina contra a peste. Os cães parecem achar uma delícia: em um primeiro teste, feito na Reserva Nacional de Bend, no estado de Montana, 90% dos cães comeram os quitutes (os cientistas têm certeza disso, porque os bichos que comem a vacina ficam com o cocô de cor diferente).


O problema é que o drone que lançaria as comidinhas ainda não está pronto para decolar: para ajudar mesmo os cientistas, o dispositivo precisa ser capaz de cobrir, no mínimo, uma área de 4.000 m² em um minuto, coisa que os pesquisadores ainda não conseguiram fazer. O ideal é que ele seja programado para voar sozinho, e que distribua as vacinas durante o dia - do nascer do sol até o meio-dia -, para facilitar que os cães da pradaria, bichos diurnos, comam. Então, por enquanto, a comida-vacina está sendo distribuída manualmente na reserva.


Todo esse trabalho tem como objetivo evitar que as doninhas entrem, de novo, em risco de extinção: quando os colonos ingleses começaram a dominar o noroeste dos EUA, os cães da pradaria, considerados pragas, foram caçados à exaustão. As doninhas, bichos noturnos e que vivem debaixo da terra, ficaram à salvo da matança, mas, sem presas, começaram a morrer também. E, para piorar, os colonizadores trouxeram doenças não naturais para os dois bichos, como a raiva canina e a peste negra.


Desde aquela época, o número de doninhas caiu tanto que, até 1979, acreditava-se que elas estivessem extintas. Mas não era verdade. Ainda havia uma pequena colônia delas na região, que os cientistas do Serviço de Proteção à Vida Selvagem começaram a capturar, com o objetivo de readaptar para a vida selvagem. E deu certo: de 1985 a 2014, quando os bichos começaram a ser reinseridos no meio ambiente, os números subiram de 18 para 800 - 500 na vida selvagem e 300 em cativeiro. As doninhas reinseridas foram vacinadas contra a peste e a raiva, e com elas ficou tudo bem.

Na ausência das predadoras, os cães da pradaria se reproduziram e aumentaram sua população - o que seria ótimo, se não fosse um porém: a peste bubônica também aumentou, começou a matar os cães e as doninhas passaram a morrer de fome. Como os cães são muitos, os cientistas não conseguem capturar e vacinar um por um, como fizeram com as doninhas.


Até agora, os estudiosos estavam procurando cada toca dos cães e jogando inseticida, para matar as moscas que transmitem a doença. Mas, como você pode imaginar, essa prática é bastante trabalhosa e demorada - sem falar que não é garantido que todas as tocas fossem encontradas, e nem que todas as moscas transmissoras fossem estar nas tocas. E é aí que os drones entram: é muito mais fácil lançar vacinas gostosinhas do que batalhar contra as moscas.


Se funcionar, a tecnica será usada nos 27 outros lugares onde as doninhas foram reinseridas - parques e outras reservas que têm o mesmo problema com a peste. Mas parece que, mesmo se der certo, vai demorar para a coisa ser mesmo implantada, porque cada uma desas reservas tem regras próprias e precisaria aprovar a estratégia, um processo que pode levar meses.


Fonte: Super Interessante

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