terça-feira, 4 de julho de 2017

Trump quer lançar programa para questionar mudança climática


Por Sabrina Rodrigues
O chefe da EPA, Scott Pruitt, pretende lançar um programa que visa questionar a ciência das mudanças climáticas. Foto: Gage Skidmore/Flickr.
O chefe da EPA, Scott Pruitt, pretende lançar um programa que visa questionar a ciência das 
mudanças climáticas. Foto: Gage Skidmore/Flickr.

Depois de reduzir o orçamento da Agência Ambiental Americana (EPA) e de ter retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris, a administração Trump tenta lançar mais um dardo contra o meio ambiente. Dessa vez, o chefe da EPA, Scott Pruitt, pretende lançar um programa que visa questionar a ciência das mudanças climáticas. É o que afirma o Jornal Washington Post. O secretário de Energia, Rick Perry, também estaria envolvido na condução desse programa.


Os críticos dizem que esse plano é uma tentativa de destruir um consenso há muito tempo estabelecido, de que a atividade humana está alimentando o aumento da temperatura da Terra. Outra preocupação é se esse programa se estenderia a outras agências federais, como a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, que faz parte do Departamento de Comércio dos Estados Unidos; o Escritório de Ciência e Tecnologia da Casa Branca e a NASA, que segundo funcionários da Casa Branca, são órgãos que, de alguma forma, conduzem as pesquisas climáticas.


Uma infinidade de análises científicas tem sido realizadas ao longo dos anos, e esses documentos concluem que a atividade humana, como a queima de combustíveis, está contribuindo para as mudanças climáticas e colocando o meio ambiente e a vida humana em risco. Mas essa conclusão, compartilhada pela maioria dos cientistas americanos e do mundo inteiro não tem sido suficiente para impedir Scott Pruitt, Rick Perry e outros agentes da administração Trump de levantar dúvidas.


O programa de questionamento das mudanças climáticas é o resultado da campanha presidencial de Donald Trump em 2016, que afirmou que “ninguém sabe realmente se a mudança climática é real”.


Os funcionários da Agência Ambiental Americana se recusam a expor em público suas críticas e opiniões sobre a condução do atual presidente dos Estados Unidos em relação à pasta ambiental, com medo de represálias.


A EPA, sob a chefia de Scott Pruitt, em abril, retirou do site oficial da agência a página dedicada às mudanças climáticas e que destacava o consenso científico de que as alterações no clima eram causadas pela ação humana.

Unesco inicia resgate do gelo da Terra


Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima
Geleira do Monte Illimani, na Bolívia, que será amostrada por brasileiros em junho. Foto: Patrick Ginot/IRD.
Geleira do Monte Illimani, na Bolívia, que será amostrada por brasileiros em junho. 

Foto: Patrick Ginot/IRD.
Um grupo internacional de cientistas, sob os auspícios da Unesco, lançou nesta semana em Paris um projeto ousado para salvar a memória das geleiras de montanhas do mundo inteiro. Eles percorrerão os glaciares mais vulneráveis ao aquecimento global, como os dos Alpes e dos Andes tropicais, coletando amostras de gelo que preservam informações sobre o clima da Terra no passado. Essas amostras serão estocadas numa caverna artificial na Antártida, e preservadas para as gerações futuras.


A próxima expedição do projeto, batizado Ice Memory, já tem data e local para acontecer: será em junho, no monte Illimani, nos arredores de La Paz, Bolívia. E terá envolvimento de cientistas brasileiros.


Eles farão uma penosa subida até o glaciar do pico andino, a 6.000 metros de altitude, carregando nas costas as partes de uma broca elétrica, que será usada para perfurar os 140 metros de espessura do gelo e coletar dois cilindros de 10 centímetros de diâmetro. Um deles será mandado para a Antártida, para ser conservado a -54oC, na estação polar ítalo-francesa Concordia. O outro será analisado quimicamente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras instituições da França, da Rússia e dos EUA.

O trabalho é arriscado, tanto pelas dificuldades da ascensão com o equipamento – é impossível chegar ao alto do Illimani de helicóptero – quanto pelas condições de trabalho em alta montanha, onde cientistas já passaram mal devido à altitude em uma expedição da UFRGS em 1999.
O sacrifício é compensado pelo baú de tesouros de informações que o gelo glacial traz em si: os cilindros, conhecidos como testemunhos de gelo, guardam o registro preciso de como era o clima da Terra no passado.

Estudando-os, é possível saber exatamente qual era a composição da atmosfera séculos e milênios atrás, com precisão anual: afinal, uma geleira é formada pela lenta deposição e compactação de camadas de neve do inverno.

As geleiras de montanha guardam, ainda, dados preciosos sobre a variação do clima local. No caso das montanhas da Bolívia, por exemplo, todo o histórico de grandes queimadas na Amazônia nos últimos 18 mil anos está preservado no gelo.

Só que o aquecimento global está erodindo essa memória.

“Embora o Donald Trump não acredite, essas geleiras estão sofrendo grande derretimento no verão”, disse ao OC o glaciologista Jefferson Simões, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, um dos líderes do projeto. O derretimento causa amnésia nas geleiras: a água da superfície penetra até camadas de gelo mais no fundo, bagunçando a ordem cronológica perfeita de camadas de neve, eliminando as bolhas de ar que aprisionam a atmosfera do passado tornando o gelo imprestável para análises.

“Estamos perdendo esses registros”, afirmou Simões.

Algumas geleiras estão ficando inutilizadas para a ciência. Essas são as sortudas. As azaradas estão simplesmente desaparecendo ou já desapareceram, como a do monte Kilimanjaro, na Tanzânia, e a do monte Chacaltaya, vizinho do Illimani. Os cientistas estimam que ao longo deste século não reste mais nenhuma geleira abaixo de 3.500 metros de altitude nos Alpes e abaixo de 5.000 m nos Andes, caso o aquecimento da Terra siga o curso que o atual presidente americano e seu gabinete de lobistas do petróleo desejam que siga.

O Ice Memory já coletou, no ano passado, testemunhos da geleira Col du Dôme, no Mont Blanc, ponto culminante da Europa. Em 2020, será construída a caverna artificial para abrigar as amostras de todo o projeto, que conta com equipes de 11 países (França, Suíça, Itália, Brasil, Suécia, Japão, Bolívia, EUA, Rússia, Alemanha e China). Será o primeiro santuário de amostras de gelo do mundo, numa região, o leste antártico, que por enquanto está a salvo dos impactos da mudança do clima.

Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. logo-observatorio-clima

Redução de floresta do Jamanxim seria a maior da história

Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima
Área desmatada para produção agropecuária dentro da Floresta Nacional de Jamanxim. Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace.
Área desmatada para produção agropecuária dentro da Floresta Nacional de Jamanxim. 
Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace.


A proposta de cortar 486 mil hectares da Floresta Nacional do Jamanxim (PA) para atender a ocupantes que, em sua imensa maioria, entraram na área protegida depois de sua criação é inédita na dimensão e no objetivo. Nunca uma área tão grande de uma unidade de conservação foi desprotegida pelo governo federal. E nunca antes isso aconteceu para benefício de grileiros.


Quem diz é o ecólogo Enrico Bernard, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele analisou, juntamente com dois colegas, todos os 93 processos de alteração de limites de áreas protegidas no Brasil de 1981 até o final de 2012. Essas mexidas são conhecidas pelos ecólogos como PADDD, sigla em inglês para “redução, reclassificação ou desclassificação de áreas protegidas”. No período estudado, afetaram por redução ou desclassificação uma área de 5,3 milhões de hectares em todo o país.


A imensa maioria dos eventos aconteceu nos Estados, onde a extinção pura e simples de áreas protegidas tem sido possível a governadores com maioria na Assembleia – vide o que quase aconteceu em 2017 em Mato Grosso, quando o governo estadual tentou simplesmente revogar a criação do Parque Estadual Serra de Ricardo Franco, onde o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), foi autuado por crime ambiental.


As áreas protegidas federais tiveram um primeiro surto de alteração em 2001, após a promulgação da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, no ano anterior, que criou as categorias de UC existentes hoje. “A gente considera que isso foi positivo: um ajuste do sistema às novas categorias”, disse Bernard ao OC.


Um segundo surto foi iniciado em 2008, na Amazônia, para acomodar as usinas hidrelétricas do PAC, o finado Programa de Aceleração do Crescimento dos governos Lula e Dilma. Naquela época foi cortada a Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia, o que estimulou um movimento posterior de grileiros rumo ao Pará. Depois, o governo Dilma investiu sobre as unidades de conservação da bacia do Tapajós, para acomodar usinas que acabaram engavetadas – por enquanto.


O ecólogo Enrico Bernard, da UFPE (Foto: arquivo pessoal)
Enrico Bernard, da UFPE. Foto: arquivo pessoal.
Em nenhum desses casos a área reduzida chegou perto do que se pretende tirar do Jamanxim. A Bom Futuro, mais seriamente afetada, perdeu 182 mil hectares, menos da metade do proposto para a Flona paraense. Há duas exceções, mas que confirmam a regra: a Floresta Nacional do Jatuarana (AM), que perdeu quase 300 mil hectares em 2006 para um parque nacional, e a Floresta Nacional de Roraima, que tinha uma sobreposição de 2,5 milhões de hectares com a Terra Indígena Yanomami e foi corrigida em 2009. Nos dois casos, a mudança aumentou a proteção da floresta.


“Esta é a grande novidade das propostas de alteração que temos recentemente. Elas fogem completamente do padrão dos últimos 35, 36 anos. Porque até então a gente conseguia identificar o que estava por trás, mas a causa agora não é mais essa. A causa é política e de legalização de áreas invadidas”, disse Bernard.


Após o veto de Michel Temer à Medida Provisória 756, que retalhava a Flona do Jamanxim, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, declarou que o ICMBio teria a palavra final sobre a proposta de redução, a ser encaminhada ao Congresso “sem pressa” por um projeto de lei. O ICMBio, no entanto, já tem pronto um parecer concordando com a retirada dos 486 mil hectares, como revelou o site Oeco.


Leia a entrevista de Bernard ao OC.
O sr. analisou todas as alterações de UCs desde a década de 1980. Isso cresceu em frequência, isso sempre aconteceu? Quão comum é para um governo mudar limite de unidade de conservação?


A gente fez uma pesquisa de 1981 até dezembro de 2012, que foi o primeiro governo Dilma. A partir de 1981, por quase 20 anos, praticamente não se mexeu em limite ou categoria de unidade de conservação no Brasil. Foram pequenas correções e às vezes eram para melhor: uma reserva biológica em Alagoas que não era reserva biológica e virou; Jericoacoara virando parque nacional.

Em 2001 a gente observa o primeiro pico de alteração, após a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A gente considera que isso foi positivo: um ajuste do sistema às novas categorias. O negócio começa a mudar a partir da segunda metade dos anos 2000 e, radicalmente, a partir de 2008. Em 2008 a gente observa uma mudança total no padrão de alteração. Fomos buscar as causas e encontramos dez. Mas ficou claro que, de 2008 para a frente, o que estava mudando limite e categoria de UC no Brasil era geração e transmissão de energia elétrica.


Foi o auge do PAC.
Foi a época das usinas do Madeira, de São Luiz do Tapajós. E há coisas interessantíssimas. Em 2007 a Empresa de Pesquisa Energética publica o Plano [Decenal] de Energia do Brasil 2020 e diz que para atender à demanda todos os grandes rios da Amazônia terão de ser barrados. Já no ano seguinte começa a haver essas alterações a acontecer coisas estranhas, como uma Medida Provisória do Lula que autoriza prospecção de energia elétrica dentro de UC. Mas alguém em sã consciência iria procurar potenciais hidrelétricos dentro de UC sabendo de antemão que não se pode construir usina dentro de UC? Já havia uma coisa orquestrada, cujo próximo passo seria mexer nessa questão da restrição. Agora o que a gente está observando é que a motivação mudou.


Como assim?
Não é mais energia elétrica. Não pode nem mesmo ser creditado ao agronegócio. Naquela época, quando não conseguíamos encontrar uma causa exata, chamávamos de driver [motivo] político. Porque não existia até então um driver para acomodar grilagem de terra. Agora tem o 11o driver: para acomodar grilagem de terra. Esta é a grande novidade das propostas de alteração que temos recentemente. Elas fogem completamente do padrão dos últimos 35, 36 anos. Porque até então a gente conseguia identificar o que estava por trás, mas a causa agora não é mais essa. A causa é política e de legalização de áreas invadidas.


Quando o sr. fala das novas propostas, está se referindo às Medidas Provisórias 756 e 758 ou teve coisa antes?
Começou antes. Essas duas foram as de maior vulto, mas houve outras tentativas recentes. Governos estaduais tentaram mexer. A 756 e a 758 chamaram atenção pela extensão.


Essa é a maior redução já proposta em Unidades de Conservação?
A questão é a seguinte: a Floresta Nacional de Roraima deixou de existir por sobreposição com a Terra Indígena Yanomâmi. Se você for seguir o critério técnico, fica claro que essa de Roraima foi a maior, porque foram mais de 2 milhões de hectares. Só que saiu de uma Floresta Nacional e continuou como Terra Indígena, ou seja, continua sendo área protegida. Neste caso do Jamanxim, sai de Unidade de Conservação para nada [para Área de Proteção Ambiental, categoria de UC que permite posse privada e desmatamento].


As oito reduções feitas pela presidente Dilma Rousseff no Tapajós não somaram essa extensão?
Não. O mais afetado no Tapajós foi o Parque Nacional da Amazônia. Vai entrar para a história como a maior clarividência que um chefe de Estado já teve. No licenciamento se faz o EIA, depois o Rima, depois as proposições seguintes. Ela, num lampejo, alterou o limite antes de ter avaliado o impacto. Claramente para evitar qualquer possibilidade de a sobreposição com o parque nacional levantar questionamento em relação ao EIA-Rima de São Luiz do Tapajós.


Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo.
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Os oceanos estão se aquecendo rapidamente, diz estudo




Institute of Atmospheric Physics, Chinese Academy of Sciences
Mais de 90% do desequilíbrio energético da Terra (EEI) no sistema climático é seqüestrado no oceano e, conseqüentemente, o teor de calor oceânico (Ocean Heat Content, OHC) está aumentando. Portanto, o OHC é um dos indicadores mais importantes do aquecimento global. Nos últimos 30 anos, muitos grupos independentes trabalharam para estimar as mudanças históricas da OHC. No entanto, grande incerteza foi encontrada entre as séries temporais globais da OHC. Por exemplo, durante o aumento de pesquisa atual sobre o chamado “hiato” ou “desaceleração”, diferentes estudos científicos desencadeiam conclusões bastante diferentes sobre a questão científica chave, como “Onde o calor é redistribuído no oceano?” Isso nos motiva a dar uma análise detalhada sobre mudanças globais e do OHC com base em vários conjuntos de dados oceânicos.


A imagem mostra a taxa de aquecimento dos oceanos (Tendência de 0-2000m de calor do oceano) de 1960 a 2016 em unidade de W / m2, calculada pelos dados IAP Gridded. CRÉDITO: CHENG Lijing
A imagem mostra a taxa de aquecimento dos oceanos (Tendência de 0-2000m de calor
 do oceano) de 1960 a 2016 em unidade de W / m2, calculada pelos dados IAP Gridded. 
CRÉDITO: CHENG Lijing

Um estudo [Consensuses and discrepancies of basin-scale ocean heat content changes in different ocean analyses] recentemente divulgado, liderado pelo doutorando D, WANG Gong-jie, da Universidade Nacional de Tecnologia da Defesa, colaborando com o professor LI Chong-yin e o Dr. CHENG Li-jing do Institute of Atmospheric Physics (IAP) / Academia Chinesa de Ciências, o professor John P. ABRAHAM, da Universidade de St. Thomas (EUA), examinou de forma abrangente a mudança de OHC nas escalas decadica e multi-decadal e em diferentes bacias oceânicas.


Através de três diferentes conjuntos de dados oceânicos analisados objetivamente (Ishii do Japão, EN4 do Met. Office e IAP), eles descobriram que os oceanos são resistentes ao aquecimento, independentemente de quais dados foram utilizados. Além disso, o calor entre os oceanos globais experimentou uma redistribuição significativa nas últimas décadas.


Durante 1998-2012, famoso pelo período de abrandamento do aquecimento global, todas essas bacias haviam acumulado calor e não havia nenhuma indicação clara de qual bacia oceânica domina a mudança global da OHC. Em outras palavras, abaixo de 100 m de profundidade no Oceano Atlântico e Austral, e entre 100 a 300 m de profundidade no Pacífico e Oceano Índico, houve aquecimento estatisticamente significativo e todos contribuíram para o aquecimento global dos oceanos. Os resultados de discrepância de estudos anteriores são devidos à diferença de intervalos de profundidade utilizados no cálculo de OHC, bem como a incerteza em conjuntos de dados de temperatura subterrânea.


Por que há diferenças substanciais entre diferentes conjuntos de dados? Este estudo mostra que a análise de Ishii subestima a taxa de aquecimento no hemisfério sul no século passado. E a análise EN4 não pode reconstruir corretamente a temperatura da superfície do mar (SST) nos últimos 30 anos e subestima a taxa de aquecimento em ~ 90% em comparação com um conjunto de dados SST independente, como ERSST e OISST. Isso indica que as análises Ishii e EN4 podem subestimar a taxa de aquecimento do oceano.


“Em inglês simples, será importante que possamos manter sensores de temperatura de alta qualidade posicionados em todos os oceanos, então, no futuro, poderemos prever onde nosso clima se dirige”, explica o co-autor ABRAHAM. “Dizemos na ciência que uma medida não feita é uma medida perdida para sempre. E não há medidas mais importantes do que o aquecimento dos oceanos”.


Consensuses and discrepancies of basin-scale ocean heat content changes in different ocean analyses
Wang, G., Cheng, L., Abraham, J. et al. Clim Dyn (2017). doi:10.1007/s00382-017-3751-5
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00382-017-3751-5
Por Zheng Lin*, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/06/2017
* Tradução e edição por Henrique Cortez, EcoDebate

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Teoria de Gaia, de ideia pseudocientífica a teoria respeitável, artigo de Roberto Naime






[EcoDebate] Nei de Freitas Nunes Neto, Marina de Lima-Tavares e Charbel Niño El-Hani, que pertencem ao Grupo de Pesquisa em História, Filosofia e Ensino de Ciências Biológicas, Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e descrevem interessante abordagem.

A Teoria Gaia partiu de ideia pseudocientífica e passou a teoria respeitável.

A teoria Gaia foi proposta na década de 1970 pelo cientista inglês James Lovelock, a partir de estudos realizados no começo da década de 1960 para a NASA, com o objetivo de detectar vida em outros planetas, especialmente Marte. Em parceria com a filósofa Dian Hitchcock, Lovelock buscou elaborar experimentos para a detecção de vida que fossem gerais, independentes do tipo de vida particular que existe na Terra.

Deste modo, poderiam ser aplicados para a busca de qualquer forma de vida, mesmo que fosse significativamente diferente daquela encontrada na Terra. Um dos testes elaborados por Lovelock e Hitchcock consistia em comparar a composição química da atmosfera de outros planetas, como Marte e Vênus, com a da atmosfera terrestre.


A base teórica do teste era simples, se um planeta não apresentasse vida, a composição química da sua atmosfera seria determinada apenas por processos físicos e químicos e deveria estar próxima ao estado de equilíbrio químico.


Em contraste, a atmosfera de um planeta com vida apresentaria uma espécie de “assinatura” química característica, uma combinação especial de gases que indicaria uma atmosfera em estado de constante desequilíbrio químico. Esta assinatura seria o resultado da presença de organismos vivos, que usariam a atmosfera, assim como os oceanos e os solos como fontes de matéria-prima e depósitos para resíduos de seu metabolismo.


Ao analisarem as composições químicas das atmosferas de Marte e Vênus, Lovelock e Hitchcock chegaram à conclusão de que nossos vizinhos no Sistema Solar não possuem vida, uma vez que suas atmosferas se encontram em um estado muito próximo ao equilíbrio químico, sendo dominadas por dióxido de carbono e apresentando pouco oxigênio e nitrogênio e nenhum metano.


Comparando-se as atmosferas de Marte e Vênus com a da Terra, diferenças significativas são encontradas em suas composições químicas. Nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) são os gases dominantes na atmosfera terrestre, enquanto o dióxido de carbono contribui com apenas 0,03%, embora a ação antrópica esteja atualmente acarretando um aumento desses níveis.


Além disso, a atmosfera terrestre possui vários outros gases, todos altamente reativos. Esta situação de instabilidade ou desequilíbrio se mantém na atmosfera terrestre há um longo tempo, o que não deve ser esperado, caso a composição química atmosférica resulte somente da ação de mecanismos físicos e químicos.


De fato, essa composição atmosférica reflete a dinâmica de trocas gasosas entre a atmosfera terrestre e os organismos vivos. Ou seja, o que leva a atmosfera terrestre a ter uma composição química diferente daquela de Marte ou Vênus é simplesmente o fato trivial de que a Terra possui vida. Se toda a vida fosse eliminada do planeta repentinamente, as moléculas dos gases atmosféricos reagiriam entre si, o que resultaria numa atmosfera com a composição química muito próxima à de Marte ou Vênus.


A atmosfera da Terra é, portanto, um produto biológico, sendo constantemente construída e consumida pelos seres vivos.


E não se detecta vida apenas por estes fatores. Questões vinculadas a recursos hídricos, energéticos, efluentes, resíduos sólidos, monitoramentos gasosos e outros também são fundamentais no equilíbrio homeostático.


A partir desses resultados e de evidências de que a temperatura do planeta Terra não sofreu alterações significativas nos últimos 3,3 bilhões de anos, Lovelock propôs a teoria Gaia. Esta teoria propõe a existência de um sistema cibernético de controle, que compreenderia a biosfera, a hidrosfera, a atmosfera, os solos e parte da crosta terrestre, e teria a capacidade de manter propriedades do ambiente, como a composição química e a temperatura, em estados adequados para a vida.


Após apresentar sua teoria à comunidade científica, pela primeira vez, na carta, “Gaia as Seen Through the Atmosphere” (1972), publicada no periódico “Atmospheric Environment”, Lovelock a desenvolveu em artigos publicados em colaboração com a microbiologista Lynn Margulis. Nestes artigos, Lovelock e Margulis propuseram a existência de uma rede complexa de alças de retroalimentação que, em sua visão, relacionariam intimamente seres vivos e ambiente físico-químico, resultando numa auto-regulação do sistema planetário.


Aqui tem se insistido que a regulação sistêmica do arranjo social seja premissa para manutenção do equilíbrio homeostático, severamente influenciado por transgênicos, agrotóxicos e a manutenção de outras relações desequilibradas.


Por meio desses mecanismos de controle, os seres vivos seriam capazes de alterar o ambiente de modo a manter as condições físico-químicas adequados para eles próprios.


Uma crítica importante à teoria Gaia tem como alvo a afirmação de que a vida na Terra busca condições adequadas para sobreviver. Esta afirmação não define, de maneira clara, quais seriam essas condições adequadas ou os benefícios para a biosfera como um todo. Afinal, o que é bom para uma espécie pode ser ruim para outra.


Mas os organismos com interesses divergentes, e até conflitantes, podem agem em sinergia para a produção de condições ótimas para o conjunto total de seres vivos sobre a Terra. É o que se denomina relações explícitas ou implícitas.


Não existe uma condição ou um conjunto de condições que sejam adequadas para os seres vivos como um todo. Por exemplo, enquanto os organismos aeróbicos precisam de oxigênio atmosférico para sobreviver, os anaeróbicos estritos têm seu crescimento inibido por esse gás.


Muitas críticas atuais à teoria Gaia estão dirigidas a afirmações controversas de Lovelock, como as de que “A Terra é viva” ou “Gaia é um superorganismo”. Consideramos que essas afirmações devem ser evitadas, uma vez que uma série de problemas importantes surge quando as aceitamos.


Lovelock não fornece uma justificativa teórica apropriada para a afirmação de que a Terra, ou Gaia é viva. Não há menção Tuzo Wilson e à geodinâmica ou “continental drifting”. Os principais argumentos que oferece recorrem a analogias entre algumas propriedades dos organismos e da Terra, como a manutenção da ordem interna ao sistema graças ao aumento da entropia no ambiente circunvizinho.


Entretanto, essa não é uma propriedade exclusiva dos sistemas vivos, caracterizando, antes, uma categoria mais ampla, que inclui os seres vivos, mas não se restringe a eles: a classe dos sistemas dissipativos, que também incluem, por exemplo, vórtices e chamas. É preciso notar que parece haver mais diferenças do que semelhanças entre os organismos vivos e Gaia.


Depois da tectônica de placas existe certeza de que o planeta é vivo em amplas dimensões consideradas. Interage com seus ecossistemas e mantém o delicado equilíbrio necessário para as condições de vida.


Por exemplo, o conhecimento biológico trata os organismos, há mais de um século e meio, como partes de populações que evoluem por seleção natural, ainda que estejam sujeitas também a outros mecanismos evolutivos. Seres vivos, além disso, são capazes de se reproduzir, transmitindo material genético para seus descendentes.


Uma tendência atual tem sido estudar Gaia como um sistema cibernético, estudando suas propriedades emergentes, como a autorregulação do clima. Desta perspectiva, os estudos têm enfocado o uso de modelos matemáticos derivados da vida artificial e da teoria da complexidade, com o objetivo de analisar as alças de retroalimentação que ligam a vida ao ambiente físico-químico e seriam responsáveis pela capacidade de autorregulação de Gaia.


A proposição de que a Terra é viva continua sendo motivo de grandes polêmicas.


Mas isso não torna os estudos atuais acerca de Gaia menos interessantes. Ao contrário, eles parecem altamente promissores, podendo contribuir significativamente para a investigação em campos de grande interesse e relevância social, como os estudos sobre mudanças climáticas globais.



Referências:
CHARLSON, R. J.; LOVELOCK, J. E.; ANDREAE, M. O.; WARREN, S. G. Oceanic phytoplancton, atmospheric sulphur, cloud albedo and climate. Nature. Vol 326, n° 6114, pp. 655-661, abril, 1987.
EL-HANI, C.N. & LIMA-TAVARES, M.. A Terra é Viva? Hipótese Gaia e Definições de Vida. In: Epistemologia Lógica e Ensaio da Linguagem. Universidade estadual de Feira de Santana – Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Filosofia. 2001.
HAMILTON, W.D. & LENTON, T.M. Spora and Gaia: how microbes fly with their clouds. Ethology, Ecology & Evolution. Vol. 10, nº 1, pp. 1-16. 1998.
KLEIDON, A. Testing the Effect of Life on Earth’s Functioning: How Gaian Is the Earth System? Climatic Change. Vol. 52, no 4, pp. 383-389. 2002.
LIMA-TAVARES, M.& EL-HANI, C.N. Um olhar epistemológico sobre a transposição didática da teoria Gaia. Investigações em ensino de ciências.Vol. 6, n° 3, dezembro, 2001.
LOVELOCK, J.E. Letter to the Editors – Gaia as seen through the Atmosphere. Atmospheric Environment Pergamon Press. Vol. 6. pp. 579-580. 1972.
LOVELOCK, J.E. Gaia a New Look at Life on Earth. Oxford: Oxford University Press. [1979] 2000.
LOVELOCK, J.E. The Ages of Gaia: a Biography of our living Earth. New York: W.W. Norton & Company, Inc. [1988]1995.
Teoria de Gaia

El País (Espanha) – La sociedad civil de Nicaragua impulsa una ley contra el cambio climático



Judit Alonso

El país centroamericano no rubricó el 'Acuerdo de París' por considerarlo demasiado débil



Bonn - El anuncio de la retirada de Estados Unidos del Acuerdo de París ha puesto en el punto de mira del plano internacional a Nicaragua, ya que que al igual que Siria, el país centroamericano está fuera del pacto internacional sobre cambio climático. “Nicaragua no firmó el acuerdo en un gesto de protesta, por considerarlo demasiado débil. El Gobierno estima que los estándares de reducción de emisiones son laxos”, declara Alejandro Alemán, oficial de cambio climático de la asociación Centro Humdboldt de Nicaragua.



Además de la falta de ambición en la reducción de gases contaminantes, la ausencia de un mecanismo que garantice su cumplimiento, así como aspectos referidos al financiamiento, pérdidas y daños, son otros argumentos planteados por el Gobierno del país centroamericano, que ya fueron criticados anteriormente por la sociedad civil nicaragüense. No obstante, para el experto ambiental, el anuncio de la retirada estadounidense del pacto internacional, “ha permitido poner en la agenda pública una propuesta de ley nacional de cambio climático”.


"El Acuerdo de París nos conduce a una trayectoria de entre 2,7 y 3,5 grados centígrados, lo que en los trópicos se traducirá en variaciones de la temperatura media que van de entre 4 y 5,5 grados. En el texto, los países en desarrollo renuncian a su derecho a interponer demandas en tribunales internacionales para recibir compensaciones por pérdidas y daños asociados al cambio climático, lo cual desde el punto de vista del gobierno de Nicaragua es inaceptable”, añade el experto de esta ONG, que participó en las negociaciones climáticas del pasado mes de mayo en Bonn (Alemania) previas a la conferencia de las Naciones Unidas sobre el cambio climático COP23.



Esta postura choca la de la sociedad civil nicaragüense que, aunque en su mayoría entiende los argumentos del gobierno, considera un error histórico no formar parte del acuerdo internacional. Según el informe Global Climate Risk Index 2017 del think tank alemán Germanwatch, que coloca a Honduras a la cabeza y a Guatemala en novena posición, Nicaragua fue el cuarto país más afectado por el cambio climático en el período de 1996 a 2016. Se tratan de impactos que repercuten en las precipitaciones y temperaturas y cuyas consecuencias se plasman en la disponibilidad de agua, la producción de alimentos, el incremento de plagas y enfermedades, así como el deterioro de los ecosistemas.


“La decisión de no firmar el Acuerdo de París deja aislado al Gobierno nicaragüense en el plano internacional y no contribuye con la gestión climática ya que cierra las puertas al acceso a fondos de adaptación que se promueven en el pacto", considera Bernis Trejos, director del Centro Nicaragüense de Conservación Ambiental (CENICA).


Por este motivo, aunque la sociedad civil es consciente de las debilidades del Acuerdo y comparta algunas de las razones que han llevado al gobierno de Nicaragua a no suscribirlo, “es más difícil impulsar las acciones fuera de las oportunidades que pueda brindar el marco de negociaciones”, critica Abdel García, representante de la Alianza Nicaragüense Ante el Cambio Climático, (ANACC), una red que agrupa a 52 organizaciones dedicadas a la adaptación y mitigación al cambio climático en el país, al margen del acuerdo.


 De izquierda a derecha, Bernis Trejos, Jorge Cabrera y Alejandro Alemán, en Bonn (Alemania).


De izquierda a derecha, Bernis Trejos, Jorge Cabrera y Alejandro Alemán, en Bonn (Alemania). ANACC


Y es que "quedarse al margen del consenso y de los esfuerzos de la comunidad internacional no es la mejor alternativa”, añade Alemán. Por ese motivo, propone que el Gobierno nicaragüense replantee su postura y presente una Contribución Nacional Determinada “con énfasis en la adaptación, definiendo acciones concretas encaminadas a garantizar la protección de la población frente a los crecientes efectos del cambio climático”.



Precisamente, con este objetivo, desde hace dos años la sociedad civil nicaragüense está llevando a cabo una consulta con las comunidades más empobrecidas y vulnerables al cambio climático que son la base del borrador de un proyecto de ley de adaptación y mitigación al cambio climático. “Es fundamental preparar las instituciones y las políticas ante la inminente llegada del cambio climático y sus consecuencias”, asegura Trejos, quien también es coordinador de dicha propuesta de ley.
Implicación ciudadana



Nicaragua es el cuarto país más afectado por el cambio climático en el período de 1996 a 2016, según un informe


“La ley es un proceso impulsado desde el Foro Parlamentario de Presidentes de Poderes Legislativos de Centroamérica y la Cuenca del Caribe (FOPREL),” explica García. Mientras que diversos gobiernos de países de la región han aprovechado este proceso para llevar a cabo la elaboración de leyes en este ámbito, en Nicaragua "utilizamos esta oportunidad para ayudar en la formulación de la Ley desde la ciudadanía y la sociedad civil”, aclara.
Para el representante de la ANACC, dicha ley “es una forma de llamar la atención del Gobierno sobre la necesidad y urgencia de trazar una ruta de acción”, es decir, una herramienta necesaria, pero no la única. 



“Es sólo uno de varios instrumentos que Nicaragua necesita”, entre los que se encuentran un Plan Nacional e investigación. “Sin plan, sin ley, ni estrategia es difícil lograr apoyo internacional para la acción climática”, insiste.


La red de organizaciones critica en un comunicado, que lanzó tras una rueda de prensa sobre la posición de la sociedad civil nicaragüense sobre la postura del Gobierno en relación con el Acuerdo de París, que “los instrumentos oficiales de política sobre esta materia han caducado y a medio plazo no logramos identificar algún tipo de esfuerzo encaminado a superar esta debilidad”. 



Por este motivo, y ante “poca receptividad de las autoridades de Gobierno y muy poca apertura a escuchar las posiciones de la sociedad civil nicaragüense en la gestión ambiental del país”, la consulta se ha extendido a otros sectores como el académico y empresarial, además de las comunidades. El colectivo está a la espera de que se abra un debate con el Gobierno.



El proyecto de ley plantea acciones concretas como la reducción de gases invernadero en un 30% en un plazo de 15 años, la creación de un Fondo Nacional de Cambio Climático, un seguro para las cosechas y un Comité Nacional de Cambio Climático, un Comité Evaluador y un Comité independiente de Cambio Climático, entre otras medidas. “El primer gran reto es asegurar que el Gobierno va a implementar el plan y crear toda la maquinaria institucional”, recalca Trejos.


A pesar de que “la tasa de deforestación del 6% anual es uno de los mayores retos en relación al cambio climático y la gestión ambiental del país”, afirma Trejos, Nicaragua cuenta con “un 70% de la matriz energética de fuentes renovables y el objetivo es tener un 90% para el 2021”. “Desde la sociedad civil consideramos que éste es uno de los máximos éxitos de la gestión energética del país”, concluye.


Americas Quarterly (EUA) – Brazil’s Rollbacks Jeopardize the Amazon's Future

MEIO AMBIENTE




By Christian Poirier

Deforestation in Brazil is at a nine-year high. President Michel Temer's political horse trading could make it worse.

Brazilian President Michel Temer’s June 26 indictment on corruption allegations marked a new peak in the country’s political crisis. While the charges grabbed global headlines, they also overshadowed the environmental crisis unfolding in the Brazilian Amazon, where vast tracts of protected forests and indigenous territories are under growing threat. 


Brazilian forests are being felled at the fastest rate in nearly a decade, with the rate of deforestation jumping 29 percent since 2015 and 75 percent since 2012, according to satellite monitoring. Instead of bolstering the protections that helped Brazil reduce deforestation rates last decade, the Temer administration is bartering the forests’ future for political support from the powerful congressional bloc that represent the country’s big farmers, cattle ranchers, land speculators, loggers, and mining companies – the ruralistas. It’s a dangerous, short-sighted gamble, trading short-term political gain for long-term forest health – and one from which the Amazon may not recover.


It is also not guaranteed to save the president. Nevertheless, since he took office following the impeachment of former President Dilma Rousseff on August 31, 2016, Temer’s government has overseen a rollback on environmental and human rights protections, targeting the territorial rights of Brazil’s indigenous peoples while articulating plans to slash safeguards on the Amazon’s forests and gut the country’s environmental licensing standards for high-impact projects like dams and roads.


The president appointed as minister of justice a prominent member of the ruralistas, Osmar Serraglio, who authored a constitutional amendment to halt the titling of indigenous lands. Serraglio was later fired, but the current agricultural minister, Blairo Maggi, is one of the world’s largest soybean producers and winner of Greenpeace’s “golden chainsaw” for his leading role in felling Amazonian forests.


Despite appointments and proposals aimed at curtailing existing protections, the administration has worked to greenwash its actions, especially on the international stage. On the eve of his trip to Russia and Norway on June 19, Temer vetoed contentious amendments to two proposed laws that would have opened up around 2,300 square miles of rainforest to land-grabbing and deforestation. The amendments aimed to downgrade the Jamanxim National Forest and National Park, located adjacent to the so-called Soy Highway in the western Amazonian state of Pará, from Conservation Units to the weaker status of Environmental Protection Areas, which would allow for agribusiness and extractive industry to expand across vast, currently preserved ecosystems.


The reprieve will likely be short lived. Preceding the veto, environment minister José Sarney Filho, flanked by a ruralista ally from Pará, issued a video announcement that the government would introduce a new bill that essentially resurrects the rollbacks vetoed by the president. Given that the ruralistas are a dominant voting bloc in Brazil’s Congress, the bill should have smooth passage.


The presidential vetoes were clearly an effort to salvage the administration’s image with the Norwegians, who have contributed more than $1 billion since 2008 to Brazil’s “Amazon fund.” It didn’t work. When Temer and Sarney Filho arrived in Oslo, Norway’s Ministry of Climate and Environment announced that it would cut its contribution to the fund, committing only a third of its average annual donation in 2017. 


The Ministry statement cited last year’s 29 percent jump in deforestation as the reason for this drastic shift, saying it would increase disbursements to previous levels if deforestation were to drop again.


During the visit, asked whether he could guarantee the reduction of deforestation, Sarney Filho seemed to abdicate responsibility, answering, “Only God can guarantee this.” The minister’s gaffe made waves in Brazil, where he was forced to hold a press conference to clarify his statement.


In addition to considering efforts to reclassify protected forests, Brazil’s Congress has approved a measure that would weaken protection for lands set aside for land reform and make some public lands that have been illegally put to productive use eligible for land titles. This move legitimizes illegal deforestation and cattle ranching while sending a resounding signal that crime pays by confirming the Brazilian saying: “He who deforests the land, keeps the land.” (“O dono é quem desmata.”)


Such outright incentives to deforestation in land tenure policy are a driving force behind the recent spike in deforestation in the Brazilian Amazon.


Earlier this month, Temer signed a decree that enshrined Brazil’s commitments to the Paris Climate Accord into law, promising the country would “live up to its responsibility” and tackle climate change “systematically and vigorously.” Sarney Filho expressed concern about President Donald Trump's decision to withdraw the U.S. from the agreement, saying, “We have shown the world that Brazil's commitment to the Accord’s implementation remains unabated.” 


Unfortunately, words mean little in light of the country’s spiking rates of deforestation and the Temer administration’s overt support for legislation that would reduce existing protections and encourage further destruction. As steward of globally critical ecosystems like the Amazon rainforest, Brazil should immediately cease its attacks on environmental and indigenous rights protections.