quarta-feira, 14 de junho de 2017

Quanto vale um parque? Estudo mostra o valor positivo das unidades de conservação


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Na véspera do Dia dos Parques Nacionais, comemorado nesta quarta-feira (14/06), um estudo realizado pela 
Fundação Grupo Boticárioajuda a lembrar a importância – e o valor – dessas unidades de conservação. A pesquisa mediu os benefícios sociais e econômicos gerados por cinco parques no Paraná ao longo do último ano. O resultado comprovou, em números, quão valiosas são essas áreas protegidas: elas geram mais de R$80 milhões por ano ao estado.
Os parques usados no estudo foram: Parque Natural Municipal Barigui (PR), em Curitiba, que soma R$ 43 milhões em benefícios por ano; oParque Estadual das Lauráceas (PR), entre Tunas do Paraná e Adrianópolis (R$ 18,7 milhões); Parque Estadual de Vila Velha (PR), em Ponta Grossa (R$ 13 milhões); Parque Estadual Pico do Marumbi (PR), em Morretes, Piraquara e Quatro Barras (R$ 4,4 milhões); e Parque Estadual do Cerrado (PR), em Jaguariaíva (R$ 679 mil).
Os dados mostram que a importância das unidades transborda a esfera ambiental e significa benefícios também para economia brasileira. A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, reforça que esse valor é ainda maior do que os números levantados pela pesquisa: “Embora amplo, o estudo não abarcou todos os benefícios possíveis, nem considerou o valor da biodiversidade em si, ou seja, certamente esses parques valem muito mais que isso, mas esses números servem de referência e como ponto de partida para complementar o discurso a favor da conservação da natureza”.
Um dos aspectos considerados pelo estudo foi o retorno de gastos médios de cada visitante ao consumir no comércio local. No parque Barigui, por exemplo, que recebe aproximadamente nove milhões de visitantes por ano, esse retorno chega a R$37 milhões anuais. No Parque Estadual Vila Velha, com uma visitação média de 63 mil pessoas, o valor corresponde a R$9 milhões. De acordo com o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Luiz Tarcísio Mossato, uma das instituições parceiras da pesquisa, “o estudo comprova, em números, que as UCs impactam de maneira positiva no desenvolvimento de cada uma das regiões do estado”.
O Parque Municipal Barigui rende mais de 40 milhões de reais por ano. Foto: Íris Ferrarini/Acervo Fundação Boticário
O Parque Municipal Barigui rende mais de 40 milhões de reais por ano. Foto: Íris Ferrarini/Acervo Fundação Boticário

Outro fator abordado foi que o dinheiro gerado pelos parques compensa os investimentos necessários para sua manutenção. No caso do Barigui, para cada um real investido pelo governo, o parque retorna R$12,50. Lauráceas retorna R$ 75; Vila Velha, R$ 7,7; Marumbi, R$ 7,10; e Cerrado, R$ 2,06.
Como conclusão das informações levantadas, Malu ressalva que “É preciso que governo, setor privado e sociedade civil compreendam a relevância social e econômica dessas áreas, de forma a criar mais UCs e implementar de modo efetivo as existentes”. A consolidação da visitação nos parques, uma das premissas dessa categoria de unidade de conservação, também é essencial para garantir a geração de emprego e renda através das UCs.
Outro ponto positivo destacado são os benefícios fiscais que as unidades rendem aos seus respectivos municípios. Como por exemplo, o ICMS Ecológico, que no caso do município de Adrianópolis, que abriga o Parque Estadual das Lauráceas, equivale a um repasse de R$3 milhões ao ano – quase 3,5% do PIB municipal.
O estudo foi desenvolvido pela Fundação Grupo Boticário em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba (SMMA), com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) do Paraná e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).



Trump quer reduzir monumento nacional criado por Obama

Por Sabrina Rodrigues
O Monumento Nacional Bears Ears protege as mais importantes paisagens dos Estados Unidos, algumas são sagradas para muitas tribos nativo-americanas. Foto: Bureau of Land Management/Flickr.
O Monumento Nacional Bears Ears protege as mais importantes paisagens dos Estados Unidos, algumas são sagradas para muitas tribos nativo-americanas. Foto: Bureau of Land Management/Flickr.
Após reduzir 31% do orçamento da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency, EPA, em inglês) e de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, a administração Trump se voltou agora contra as Áreas Protegidas. A vítima da vez é o Monumento Nacional Bears Ears, de Utah.
Em abril, Donald Trump ordenou a revisão de 27 monumentos nacionais declarados desde 1996, entre eles Bears Ears. O secretário do Interior, Ryan Zinke, recomendou ao presidente que o Monumento Nacional Bears Ears tenha o tamanho reduzido “para o menor tamanho possível” que seja compatível com a sua preservação. O tamanho exato dessa redução ainda não determinado. O governo abriu consulta públicasobre o monumento de Bears Ears, que funcionará até o próximo dia 10 de julho.
A revisão do tamanho da unidade de conservação, que possui uma área de 547,074 hectares, pôs o Monumento Nacional Bears Ears no centro das discussões entre Washington e os ambientalistas. Para Zinke, a área poderia ser explorada por atividades como mineração, pastagem, talha e caça.
Os ambientalistas afirmam que a decisão abre um precedente para reverter as proteções para áreas que atraem visitantes e preservar paisagens valiosas, além de recompensar indústrias poluentes que enxergam as terras públicas como fonte de lucro.
Ao declarar uma área como monumento nacional, as atividades de mineração e pastagem existentes podem continuar, mas as novas atividades foram proibidas.
Bear Ears
Em dezembro do ano passado, nos últimos dias de sua administração, Barack Obama declarou Bears Ears um monumento nacional. Obama se utilizou do direito ao Antiquities Act (Leis de Antiguidades), lei de 1906 que dá ao presidente autoridade para criar monumentos nacionais a fim de proteger importantes características naturais, culturais, históricas ou científicas. Bears Ears tem uma importância histórica e cultural para os índios da região.
Durante os oito anos do seu mandato, Obama protegeu 28 lugares importantes, seja do ponto de vista histórico ou natural. Até hoje, nenhum presidente reduziu ou desmantelou um monumento nacional.

Bolsa Verde apoiará proteção de espécies ameaçadas

Por Sabrina Rodrigues
Reserva Extrativista Chico Mendes, Acre. Foto: Nanda Melonio/Flickr.
Reserva Extrativista Chico Mendes, Acre. Foto: Nanda Melonio/Flickr.
As comunidades que usam as áreas onde vivem de forma sustentável ganharão um incentivo do governo. Na última sexta-feira (9), foi publicado no Diário Oficial da União, a Resolução do Ministério do Meio Ambiente (MMA) estabelecendo critérios sobre áreas rurais relevantes para a conservação de espécies ameaçadas de extinção que se enquadram no Programa de Apoio à Conservação Ambiental, o Programa Bolsa Verde.
Dessa forma, as famílias que se enquadram nos requisitos poderão receber um benefício de R$ 300,00 a cada três meses. Segundo o governo, com a medida, pretende-se expandir o papel do Bolsa Verde como um recurso importante para a preservação de espécies da fauna e da flora ameaçadas. O Programa Bolsa Verde foi implementado em 2011.
A inclusão das famílias devem obedecer os critérios estabelecidos na Lei  nº 12.512, de 14 de outubro de 2011 - Programa de Apoio à Conservação Ambiental, ou seja, estarem em situação de extrema pobreza, terem inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e desenvolverem atividades de conservação nas áreas previstas.

Conferência Distrital do Meio Ambiente - IFB Brasília

Foto de Secretaria do Meio Ambiente - SEMA DF.

SET16

Conferência Distrital do Meio Ambiente - IFB Brasília

Público


Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)


IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;


Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.


- Arts. 1º e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil

Brasil ganha prêmio por projeto voltado a desastres naturais


Brasil ganha prêmio por projeto voltado a desastres naturais
Técnicos do Cemaden instalam dispositivo de previsão de risco geo-hidrológico dos chamados movimentos de massa - ou deslizamentos.[Imagem: Cemaden/Divulgação]

Sempre alerta
O Brasil recebeu o Certificado de Distinção do Prêmio Sasakawa, concedido a cada dois anos pelo Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) e pela Fundação Nippon, do Japão.

A premiação reconhece projetos que contribuam substancialmente para salvar vidas e reduzir a mortalidade por desastres.

O país foi premiado pelo Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres Naturais (Gides), desenvolvido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A iniciativa, que é fruto de uma cooperação técnico-científica com o governo japonês, dá suporte à formulação de políticas e ao aperfeiçoamento do gerenciamento dos riscos de desastres naturais.

"Essa premiação representa o sucesso de um empreendimento para aprimorar o monitoramento e a gestão de risco de desastres naturais no Brasil, principalmente nas regiões onde há histórico de mortes e danos impactados pelas enxurradas e deslizamentos de terra", afirmou o coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Cemaden, José Marengo.

Monitoramento e alerta
Desde 2013, pesquisadores do Cemaden desenvolvem pesquisas em laboratório e em campo sobre o monitoramento e a forma de emissão de alertas para deslizamentos em morros e encostas.

O programa conta ainda com intercâmbios entre Brasil e Japão para aprimorar o desenvolvimento de sistemas de alerta antecipado de risco e planos de contingência junto às Defesas Civis. Atualmente projetos-pilotos são conduzidos nos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo (RJ) e Blumenau (SC).

O trabalho do Cemaden resultou no desenvolvimento de novos protocolos operacionais e de sistemas para a emissão e transmissão de alertas, que passaram a ser aplicados no início deste ano, de forma experimental. A finalidade é implantar essas novas ações nos 958 municípios monitorados a partir de 2018.

Neurônios impedem queima de gordura quando fazemos dieta




Neurônios impedem queima de gordura quando fazemos dieta
Células-chave do cérebro agem como um gatilho para evitar queimar calorias quando o alimento é escasso.
[Imagem: Luke K. Burke et al. - 10.7554/eLife.22848]

Minando a estratégia
Neurocientistas acreditam ter uma explicação para o porquê de as dietas não serem uma maneira eficiente para perder peso: células-chave do cérebro agem como um gatilho para evitar queimar calorias quando o alimento é escasso.

"As estratégias de perda de peso são frequentemente ineficientes porque o corpo trabalha como um termostato e associa a quantidade de calorias que nós queimamos com a quantidade de calorias que nós comemos," explica a Dra. Clemence Blouet, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

"Quando comemos menos, nosso corpo compensa e queima menos calorias, o que torna a perda de peso mais difícil. Nós sabemos que o cérebro deve regular esse termostato calórico, mas como ele ajusta a queima de calorias para a quantidade de alimentos que comemos vinha sendo um mistério," complementou.

Agora, a equipe identificou um mecanismo através do qual o corpo se adapta à baixa ingestão calórica e limita a perda de peso.


Neurônios AGRP
Os pesquisadores demonstraram que os neurônios AGRP são os principais atores no termostato calórico que regula o nosso peso, regulando quantas calorias queimamos - os AGRPs (neurônios neuropeptídeos relacionados ao gene agouti) já eram conhecidos por seu papel na regulação do apetite; quando ativados, eles nos fazem comer, mas quando totalmente inibidos eles podem levar a uma anorexia quase completa.


Os novos resultados indicam que, quando ativados, esses neurônios nos deixam com fome e nos levam a comer, mas quando não há comida disponível, eles agem para poupar energia, limitando o número de calorias que queimamos e, portanto, nossa perda de peso.
Assim que os alimentos se tornam disponíveis e começamos a comer, a ação dos neurônios AGRP é interrompida e nosso gasto de energia volta novamente aos níveis normais.


"Embora este mecanismo possa ter evoluído para nos ajudar a lidar com a fome, hoje em dia a maioria das pessoas só encontra tal situação quando elas estão deliberadamente fazendo dieta para perder peso. Nosso trabalho ajuda a explicar por que, para essas pessoas, a dieta durante um longo período tem pouco efeito. Nossos corpos compensam a redução de calorias," resumiu Blouet.


Os resultados foram publicados na revista científica eLife.

Receita universal: Meia hora de natureza por semana




Receita universal: Meia hora de natureza por semana
Se todo mundo visitasse a natureza meia hora por semana haveria 7% menos casos de depressão e 9% menos casos de hipertensão.

[Imagem: The University of Queensland]
 
Dose mínima de natureza
Pessoas que visitam parques e lugares naturais por 30 minutos ou mais a cada semana são muito menos propensas a ter pressão arterial elevada ou problemas de saúde mental do que aquelas que não costumam frequentar a natureza.

Os dados indicam que a frequência a locais que permitem proximidade com a natureza traz como benefícios a redução dos riscos de desenvolver doenças cardíacas, estresse, ansiedade e depressão.

A partir disso, a recomendação é clara: todas as pessoas precisam de uma "dose mínima de natureza".

"Se todo mundo visitasse seus parques locais durante meia hora a cada semana haveria 7% menos casos de depressão e 9% menos casos de pressão arterial elevada," disse a pesquisadora Danielle Shanahan, da Universidade de Queensland (Austrália).


Natureza e saúde
"Nós sabemos há muito tempo que visitar parques é bom para a nossa saúde, mas agora estamos começando a estabelecer exatamente quanto tempo precisamos passar nos parques para obter esses benefícios. Temos indícios específicos que precisamos fazer visitas regulares de pelo menos meia hora para garantir que obtenhamos esses benefícios," disse o professor Richard Fuller, orientador do estudo.

"Em especial nossas crianças se beneficiam com mais tempo ao ar livre. Crianças que crescem experimentando ambientes naturais podem se beneficiar em termos de desenvolvimento e, quando adultas, têm uma consciência ambiental maior do que aquelas que não têm o hábito [de visitar parques]," concluiu.


A pesquisa foi publicada na revista Nature Scientific Reports.

Sons da natureza relaxam ajustando cérebro e corpo




Sons da natureza relaxam ajustando cérebro e corpo
Curiosamente, a intensidade das alterações na atividade do sistema nervoso se mostrou dependente do estado basal de cada participante.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
 
 
Sensações tranquilizadoras
O ruído suave de um riacho ou o som do vento nas árvores podem mudar fisicamente nossa mente e nossos sistemas corporais, ajudando-nos a relaxar.

Isto não é exatamente uma novidade, mas agora os cientistas estão se dedicando a descobrir como essas sensações tão sutis alteram nossa fisiologia.

"Todos estamos familiarizados com o sentimento de relaxamento e 'desligamento' que vem com uma caminhada no campo, e agora temos evidências do cérebro e do corpo que nos ajudam a entender esse efeito. Elas vieram de uma emocionante colaboração entre artistas e cientistas, que produziu resultados que podem ter um impacto no mundo real, particularmente para pessoas que estão enfrentando altos níveis de estresse," conta a professora Cassandra Gould van Praag, da Universidade de Sussex (Reino Unido).


Focos da atenção
A equipe documentou como ouvir sons naturais afeta os sistemas corporais que controlam o mecanismo "luta ou fugir" do cérebro e as partes do sistema nervoso autônomo responsáveis pela digestão e pelo repouso.


Para isso, os participantes ouviam sons de ambientes naturais e artificiais enquanto sua atividade cerebral era medida em um aparelho de ressonância magnética e a atividade do sistema nervoso autônomo era monitorada através de pequenas mudanças na frequência cardíaca. Também foram realizados testes cognitivos paralelos.

Os resultados mostraram que a atividade na rede de modo padrão do cérebro (uma coleção de áreas que ficam ativas quando estamos descansando) era diferente dependendo dos sons tocando em segundo plano.

Ao ouvir sons naturais, a conectividade cerebral refletia um foco de atenção dirigido para fora; ao ouvir sons artificiais, a conectividade cerebral refletia um foco de atenção direcionado para dentro, semelhante aos estados observados na ansiedade, no transtorno de estresse pós-traumático e na depressão.

Houve também um aumento na atividade do sistema nervoso digestivo (associada ao relaxamento do corpo) ao ouvir sons naturais em comparação com sons artificiais, e melhor desempenho em uma tarefa de monitoramento externo da atenção.
Estado de base
Curiosamente, a intensidade das alterações na atividade do sistema nervoso se mostrou dependente do estado basal de cada participante: Indivíduos que apresentavam maior estresse antes do início do experimento mostraram maior relaxamento corporal ao ouvir sons naturais, enquanto aqueles que já estavam mais relaxados apresentaram um ligeiro aumento no estresse ao ouvir os sons naturais em comparação com os sons artificiais.
Os resultados foram publicados na revista Nature Scientific Reports.

Alimentos são mais do que a soma dos seus nutrientes



Alimentos são mais do que a soma dos seus nutrientes
O alimento deve ser avaliado como um todo e a avaliação deve levar em conta outros alimentos consumidos ao mesmo tempo.
[Imagem: Tanja Kongerslev Thorning]
Nutrientes versus alimentos
Tradicionalmente, as pesquisas sobre as implicações e efeitos de um alimento para a saúde humana centram-se no conteúdo de nutrientes individuais desse alimento, tais como proteínas, gorduras, carboidratos etc.


No entanto, os efeitos de um alimento sobre a saúde não podem ser determinados com base nos nutrientes individuais que ele contém. O alimento não apenas deve ser avaliado como um todo, como a avaliação deve levar em conta outros alimentos consumidos ao mesmo tempo.


Esta é a conclusão de um painel de especialistas internacionais de epidemiologistas, médicos e cientistas de alimentos e nutrição, que se reuniram a convite das universidades de Copenhague (Dinamarca) e Reading (Reino Unido).


"Os pesquisadores tornaram-se mais habilidosos ao longo dos anos, e desenvolvemos mais métodos para explorar o que os nutrientes específicos significam para a digestão e a saúde. Mas, quando comemos, não consumimos nutrientes individuais. Nós comemos o alimento todo, seja sozinho ou junto com outros alimentos em uma refeição. Portanto, parece óbvio que devamos avaliar os produtos alimentares no contexto," disse a professora Tanja Kongerslev Thorning.


Consumimos alimentos e refeições - não nutrientes
A conclusão final da equipe é que a composição de um alimento pode alterar as propriedades dos nutrientes contidos nele de formas que não podem ser previstas com base em uma análise dos nutrientes individuais.


Por exemplo, os produtos lácteos, como o queijo, têm um efeito menor sobre o colesterol no sangue do que seria previsto com base apenas no seu teor de gordura saturada. Há interações entre os nutrientes do queijo que são significativas para o seu efeito global sobre a saúde. O mesmo é válido para o iogurte.


"Outro exemplo são as amêndoas, que contêm muita gordura, mas que liberam menos gordura do que o esperado durante a digestão mesmo quando são muito bem mastigadas. Os efeitos de um alimento sobre a saúde são provavelmente uma combinação da relação entre seus nutrientes, e também dos métodos utilizados no seu preparo ou na sua produção. Isto significa que alguns alimentos podem ser melhores para nós, ou menos saudáveis, do que se pensa atualmente," disse Tanja.


"Mais estudos são necessários, mas, em última análise, parece que algumas áreas da ciência da nutrição precisam ser repensadas. Não podemos nos concentrar em um nutriente sem olhar para a forma como ele é consumido e o que mais é comido ao mesmo tempo," complementou o professor Ian Givens.


Os resultados foram publicados na revista científica American Journal of Clinical Nutrition.

Cebolas vermelhas têm alta potência contra câncer




Cebolas vermelhas têm alta potência contra células de câncer
Aos poucos as cebolas passam a ser reconhecidas como pertencentes à classe dos chamados superalimentos.
[Imagem: University of Guelph]
Cebolas vermelhas
Na próxima vez que você estiver andando pelos corredores do varejão, pode ser uma boa pedida dar uma passada pelo balcão das cebolas vermelhas (ou roxas) - ao menos se você estiver interessado em meios naturais para evitar ou combater o câncer.

E a cor das cebolas é importante quanto à capacidade de matar as células do câncer, afirmam pesquisadores da Universidade de Guelph (Canadá), porque nem todas as cebolas são criadas iguais.

Suresh Neethirajan e Abdulmonem Murayyan estudaram cinco variedades de cebolas e descobriram que a variedade Anel de Rubi (Ruby Ring) está no topo da escala graças aos seus altos níveis de quercetina e antocianina.
Cebolas contra o câncer
O estudo envolveu colocar células de câncer de cólon em contato direto com a quercetina extraída de cinco diferentes variedades de cebolas.


"Nós descobrimos que as cebolas são excelentes para matar células cancerosas," disse Murayyan. "As cebolas ativam vias que induzem as células cancerosas a sofrer morte celular [apoptose]. Elas criam um ambiente desfavorável para as células cancerígenas e perturbam a comunicação entre as células cancerosas, o que inibe seu crescimento".
Um estudo anterior da equipe já havia demonstrado que cebolas são eficazes quando as células envolvidas são do câncer de mama.


"O próximo passo será testar os poderes do vegetal contra o câncer em testes em humanos", adiantou Murayyan. Isto será possível porque os pesquisadores desenvolveram uma nova técnica de extração dos flavonoides da cebola que elimina o uso de produtos químicos, tornando a quercetina encontrada nas cebolas mais adequada ao consumo.


No ano passado, a pesquisadora brasileira Daniela Lopes Leite, da Embrapa, constatou que o cultivar BRS Cascata possui a maior concentração de quercetina (316,63 mg kg-1) entre os tipos mais comuns de cebola consumidos no Brasil (Horticultura Brasileira 26: S6650-S6659).

Cebolas como superalimentos
As cebolas ainda não são largamente reconhecidas como pertencentes à classe dos "superalimentos", ainda que contenham uma das maiores concentrações dos agora tão afamados flavonoides.


O estudo revelou que a cebola vermelha não apenas tem altos níveis de quercetina, mas também grandes quantidades de antocianina, que enriquece as propriedades "limpantes" das próprias moléculas de quercetina.


"A antocianina é fundamental para dar cor às frutas e vegetais, então faz sentido que as cebolas vermelhas, que são de cor mais escura, tenham a maior potência na luta contra o câncer," disse Murayyan.