terça-feira, 7 de março de 2017

Técnica usada pela 1ª vez no Brasil faz rio no ES voltar a ter vida


04/03/2017 13h40 - Atualizado em 04/03/2017 13h53


Troncos reduzem velocidade do rio, aumenta infiltração e retém sedimentos.


Em 1 ano, a quantidade de peixes aumentou 80% no Rio Mangaraí.

Roger SantanaDa TV Gazeta


Troncos de eucaliptos estão ajudando a trazer mais vida para um rio importante do Espírito Santo. A técnica usada no Brasil pela primeira vez já aumentou em mais de 80% a quantidade de peixes. É a natureza se recuperando através da própria natureza, no Rio Mangaraí, que fica em Santa Leopoldina, na região Serrana do estado.


Os resultados começaram a aparecer quase um ano após o início do projeto Renaturalize, em um trecho de 200 metros do Rio Mangaraí, que é um dos principais afluentes do Rio Santa Maria da Vitória, que abastece a Grande Vitória.


O projeto é pioneiro em todo o país e na América latina. A tecnologia foi trazida da Inglaterra, após uma aplicação bem sucedida nos afluentes do Rio Tâmisa.


A técnica, basicamente, consiste na colocação dos troncos em pontos do rio. Os troncos amarrados com cabos de aço formam redutos. A estrutura conseguiu reduzir a velocidade da água, o que permite uma infiltração maior no lençol freático.
Técnica usa troncos de eucalipto para reduzir a velocidade do rio (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Técnica usa troncos de eucalipto para reduzir a velocidade do rio (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Outra vantagem, além de oxigenar a água, é que os troncos também ajudam a reter os sedimentos que descem o rio e que assoreiam não só o afluente, mas também o rio principal. Os troncos conseguem segurar este material. Em um ponto do Rio Mangaraí, em dez meses foram retiradas 67 toneladas de sedimentos.


O projeto também permitiu um aumento da biodiversidade no rio. Nos remansos formados pelos troncos ficam acumuladas folhas e, com o tempo, um lodo se forma no local. Tudo isso se transforma em alimentos para a fauna, que aproveita o local para se recuperar da correnteza.


Antes da técnica, o fundo do rio era todo homogêneo, o que é nocivo, é como se fosse uma floresta de uma espécie só, então poucos animais sobreviviam nesse ambiente. Com a madeira, formam-se lugares com ramas, cascalho, o que cria maior heterogeneidade, e logo, maior biodiversidade.
A comunidade foi envolvida no processo, aprenderam a instalar a madeira. Crianças da escola da região fizeram visitas para aprender os benefícios da madeira dento do rio, tiveram aula prática e desenho, concurso de redação, a intenção é que eles cuidem do espaço no futuro.


A cientista ambiental Carolina Pinto explica a importância dos troncos. "Quando você tem o desmatamento, quando você tem a perda dessas características naturais, essas curvas naturas do rio também se perdem. Então quando você coloca esses elementos naturais de volta no canal, você está trazendo de volta essas curvas, que são os meandros do rio", disse.



Rio Mangaraí em Santa Leopoldina, na região Serrana do Espírito Santo (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Rio Mangaraí em Santa Leopoldina, na região Serrana do Espírito Santo (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
 
 
Meio Ambiente
Devido aos bons resultados, o projeto Renaturalize pode vir a ser adotado em outros rios capixabas, como explica o secretário de Meio Ambiente, Aladim Cerqueira. Por enquanto já se sabe, segundo ele, que a técnica é aplicável em outros rios, principalmente nos afluentes. O que foi feito em 200 metros do rio trouxe resultados muito bons, em um projeto de baixo custo.


Em paralelo, segundo Aladim, começam a ser implantados no início do próximo ano outros projetos, com recursos do estado e do banco mundial. dentre eles a construção de 200 quilômetros de estradas pavimentadas com um tipo de pavimentação que não lança sedimentos nos rios.


Também serão construídas 12 mil caixas secas e reflorestados mil hectares. Haverá a construção de fossas para evitar o lançamento de esgoto no rio e o treinamento dos produtores em manejo sustentável do solo. Haverá ainda uma gestão do cadastro ambiental rural. Outros projetos financiados pelo governo do estado vão iniciar em 2017.

Oportunidade: Paisagismo e Jardinagem no Parque Estadual da Pedra Branca

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Curso de paisagismo. Image: Divulgação


Além do curso gratuito de apicultura, em março, o Parque Estadual da Pedra Branca (RJ) também abre espaço o curso de Curso de Introdução ao Paisagismo e Jardinagem. Com duração de três meses, o curso fará uma introdução à história do paisagismo e sua evolução até os dias atuais através de uma abordagem teórica e prática. Os alunos receberão orientações de projeto e a turma gerará, sob a orientação de professores capacitados, uma proposta básica de jardim para ser implementado.



O curso ministrado pelo Espaço Origens acontece de 11/03 até 10/06, aos sábados das 09h00 às 13h00, com aulas teóricas e práticas nas dependências da sede da unidade de conservação. A programação inclui aulas externas no Sítio Roberto Burle Marx e em um horto em Guaratiba.



Ao término do curso, o jardim implementado pela turma ocupará área específica do Parque que será aberta aos visitantes da unidade. O curso capacitará os alunos a criar e manter jardins através das técnicas e práticas de jardinagem apresentadas. Uma apostila com todo o material abordado será disponibilizada aos participantes.



O valor do curso completo – incluindo a apostila e as visitas guiadas – é de R$450,00, com possibilidade de parcelamento em até 6x de R$75,00 no cartão de crédito. O valor arrecadado garante a compra de todo material necessário para as aulas praticas, mudas, terra e elementos paisagísticos para implementação do projeto da turma.


Mais informações sobre o curso podem ser obtidas através pelo telefone (21) 964658135 ou pelo e-mail vanessateixeira.inea@gmail.com.
inscriçoes mauricio

Até 2020, 67% das espécies de vertebrados poderá deixar de existir

Por Mariana Napolitano
Foto: Leticia F. Paes/Flickr.
A onça-pintada, até a década de 1960, eram numerosas na Mata Atlântica, mas com a quase
extinção do bioma, o maior felino das Américas corre sério risco de desaparecer. 

Foto: Leticia F. Paes/Flickr.


No sábado (03/03) foi comemorado o Dia Mundial da Vida Selvagem, data reservada para se falar sobre o que os cientistas têm alertado durante décadas: o fato de que a existência de muitas espécies está sendo pressionada pelas ações humanas na direção de uma sexta extinção em massa.



O relatório do Planeta Vivo, divulgado no segundo semestre de 2016, aponta que, em média, a abundância das espécies de vertebrados diminuiu 58% desde 1970 e, se as atuais tendências continuarem, até 2020 esse declínio chegará a 67%. Mesmo quando as metas projetadas pelas Nações Unidas são de acabar com a perda da biodiversidade até 2020.


Parece uma mensagem um tanto catastrófica, mas as evidências nunca foram tão fortes. A lista vermelha da IUCN ratifica essa constatação ao assinalar que mais espécies estão ameaçadas de extinção ou, então, que algumas espécies estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Em termos de diversidade de fauna e flora, as florestas tropicais estão entre os ecossistemas mais ricos do planeta e que sofreram a maior perda de área. O LPR fala de 48,5% do habitat das florestas tropicais que foram convertidos para uso humano, até os anos 2000.


A onça-pintada, por exemplo, é um dos animais emblemático das florestas tropicais brasileiras. Até a década de 1960 eram numerosas na Mata Atlântica, mas com a quase extinção do bioma, o maior felino das Américas corre sério risco de desaparecer. Em um estudo publicado recentemente, a revista Scientific Reports revelou que menos de 300 onças estão presentes no bioma e suas populações encontram-se isoladas em apenas 3% do que resta de Mata Atlântica. Para se ter uma ideia, somente no Parque Nacional do Iguaçu, a quantidade da espécie caiu 90% nos últimos 20 anos.


Já o índice do Planeta Vivo Aquático apresentado no estudo mostra que a abundância das populações monitoradas no sistema aquático sofreu uma queda geral de cerca de 81% entre 1970 e 2012. Esses números estão baseados nos dados de 3.324 populações monitoradas de 881 espécies aquáticas. Os pesquisadores sugerem que são as pressões decorrentes de atividades humanas não sustentáveis, como a agricultura, a pesca, a mineração, a sobre-explotação, as mudanças climáticas e a poluição, que contribuem para a perda de habitat e a degradação do meio ambiente terrestre e aquático.


E, segundo eles, os efeitos não recaem apenas sobre plantas e animais selvagens, mas, nós, seres humanos, também somos vítimas de nosso comportamento de deterioração da natureza.
Uma maneira prática de compreender a relação entre as ações humanas e a os limites que o planeta aguenta é por meio dos cálculos da Pegada Ecológica feitos pela Global Footprint Network, organização internacional pela sustentabilidade, parceira global da Rede WWF, que indica que estamos consumindo cerca de 50% além da capacidade regenerativa anual da Terra.


Os custos deste excesso estão se tornando cada dia mais evidentes com a seca extrema, a escassez de água doce, a erosão do solo, a perda de biodiversidade, o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera e a ameaça à forma de vida de muitos povos indígenas e populações tradicionais que dependem dos recursos naturais como meio de vida. Estudos recentes sugerem que os prováveis índices de extinção, atualmente, sejam de até 100 a 1.000 extinções por 10.000 espécies em 100 anos, o que é muito elevado. Isso leva a crer que nós estamos mesmo à beira da sexta extinção em massa.


Considerando toda essa trajetória e nosso papel central de fazer uma mudança para modos sustentáveis e resilientes de produção e consumo, temos motivo para ter esperança. No entanto, essa transição deve ser urgente. Uma série de mudanças significativas precisam acontecer no sistema econômico global para promover a perspectiva de que nosso planeta possui recursos finitos.


Precisamos reconhecer o valor e as necessidades de nosso planeta Terra, cada vez mais frágil, e gerar consciência de que as agendas social, econômica e ambiental devem caminhar juntas. É imprescindível que protejamos a vida selvagem.


A data de sábado foi criada em 2013 pela ONU a fim de reafirmar o valor essencial das espécies selvagem.


E o Brasil, País que possui a maior biodiversidade do planeta, precisa agir agora e tomar ações decisivas para que mecanismos sejam criados para promover o melhor aproveitamento do solo; que os serviços ambientais providos pelas florestas, por exemplo, a regulação climática e a segurança hídrica, sejam valorizados; além de incentivar o melhor ordenamento e gestão territorial; a consolidação e criação de áreas protegidas levando em conta uma paisagem mais ampla, a promoção de cadeias produtivas, entre outras ações cotidianas que podem garantir uma efetiva redução na pressão sobre os recursos naturais e a vida selvagem ao redor do mundo.