sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Cinco parques que mostram que a natureza está ao alcance de todos


A natureza é um direito de todos, mas infelizmente nem sempre é fácil acessá-la. Para garantir que pessoas com deficiências físicas, dificuldades de locomoção também podem – e devem – ser usuárias de unidades de conservação, alguns parques tomaram a iniciativa e dão o bom exemplo com atrativos acessíveis para todos os públicos.


Para dar o bom exemplo e mostrar que todos podem sim, desfrutar das belezas naturais, selecionamos cinco parques brasileiros que mostram que a natureza está ao alcance de todos.

Confira nossa lista de cinco parques que oferecem atrativos com acessibilidade:

Parque Nacional de Ubajara (CE)
Gruta de Ubajara. Parque Nacional de Ubajara.Foto: Aldízio Filho
Gruta de Ubajara. Parque Nacional de Ubajara.Foto: Aldízio Filho


Recém inaugurada, a trilha Ibiapaba, no Parque Nacional de Ubajara, no Ceará, permite acesso total de pessoas com dificuldades de locomoção. A nova trilha garante que todos poderão desfrutar das belezas da Caatinga preservadas dentro do parque. Outro atrativo do parque, a trilha da Samambaia também foi revitalizada para facilitar o acesso de pessoas com dificuldade de mobilidade. Criado em 1959 e com quase 6.300 hectares de extensão, a entrada no parque é gratuita, portanto, está acessível também aos bolsos, não tem desculpa para não visitar!
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO)
Queda localizada dentro dos limites do parque nacional. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Leonardo Borges
Queda localizada dentro dos limites do parque nacional. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

 Foto: Leonardo Borges


No coração do Cerrado brasileiro, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, inaugurou em 2015 uma trilha suspensa com acessibilidade total a pessoas com dificuldades de mobilidade. O trecho leva a um dos principais atrativos do parque, as Corredeiras, onde é possível tomar banho nas águas do Rio Preto. Para facilitar ainda mais o acesso, os visitantes que se enquadrarem no Estatuto da Pessoa com Deficiência poderão entrar no parque com carro próprio (4×4) até o início da trilha.
Parque Natural Municipal da Catacumba (RJ)
Parque Natural Municipal da Catacumba. Foto: Rodrigo Soldon https://www.flickr.com/photos/soldon/3343709603
Parque Natural Municipal da Catacumba. Foto: Rodrigo Soldon/Flickr


Vizinho à Lagoa Rodrigo de Freitas, o Parque Natural Municipal da Catacumba oferece aos visitantes com dificuldade de locomoção a possibilidade de trilhar em um trecho da unidade. O percurso acessível à deficientes e também para pessoas com carrinhos de bebê, partiu de solicitações dos visitantes para facilitar o desfrute desse cartão-postal carioca.


Parque Nacional da Tijuca (RJ)
Filhote de quati subindo em uma palmeira depois de se separar do grupo. Parque Nacional da Tijuca. Foto: Peterson de Almeida
Filhote de quati subindo em uma palmeira depois de se separar do grupo. Parque Nacional da Tijuca. 
Foto: Peterson de Almeida

O Parque Nacional da Tijuca, localizado no coração da Cidade Maravilhosa, possui desde 2011 uma trilha adaptada para pessoas com deficiências físicas. O percurso foi idealizado em parceria com o Instituto Terra Brasil. A trilha chamada Caminho Dom Pedro Augusto fica no Setor A do parque, Floresta da Tijuca e é mais larga do que as trilhas convencionais. O trajeto começa nos Jardins dos Manacás, passeia em meio às árvores da Mata Atlântica e termina perto da sede administrativa do parque.

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE)
Por do sol vista do Mirante do Fortinho. Ao fundo encontram-se os Dois Irmãos. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Bruno Melo
Por do sol vista do Mirante do Fortinho. Ao fundo encontram-se os Dois Irmãos. Parque 
Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Bruno Melo


As belezas do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha são famosas mundo afora, e desde 2013 as famosas praias do parque estão acessíveis para os visitantes com deficiências de locomoção ou mobilidade reduzida. O parque conta com cadeiras de rodas anfíbias – capazes de andar tanto na areia quanto entrar na água – e com uma esteira de 30 metros que permite acesso dos visitantes ao mar da baía do Sueste. Também há banheiros adaptados e existem profissionais treinados à disposição dos visitantes para auxiliá-los durante o banho.

Sarney negocia licenciamento com ruralista

Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados.
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados.


Vão-se os anéis, ficam os dedos. O Ministério do Meio Ambiente está negociando com a bancada ruralista uma nova proposta de lei de licenciamento ambiental que isenta da necessidade de licença 97% dos imóveis rurais do país. O objetivo é evitar que a numerosa bancada ruralista, apoiada pelas confederações nacionais da indústria e da agricultura, aprove na Câmara dos Deputados o chamado “licenciamento flex”, que na prática acabaria com o licenciamento ambiental no Brasil.


O ministro Sarney Filho (PV-MA) apresentou aos deputados em janeiro o rascunho de um novo texto. Não será mais uma proposta do governo federal, como se tentou fazer, mas uma espécie de construção coletiva – ambientalistas e Ministério Público também serão chamados a palpitar no texto, segundo declarou o ministro ao OC.


Sarney resolveu tomar a dianteira da negociação com os deputados depois que a Casa Civil, no fim do ano passado, retalhou a proposta original de lei elaborada pelo MMA, que deveria ser enviada ao Congresso como projeto do Executivo. Diante de reclamação do Meio Ambiente contra o enfraquecimento do texto, o ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS) deu carta branca à Câmara para votar o PL do deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), redigido pelos ruralistas em colaboração com a CNA e a CNI. Apelidado “licenciamento flex”, o texto de Pereira essencialmente deixaria todas as decisões sobre o rigor da licença nas mãos dos Estados – até mesmo a decisão de não ter rigor algum.



O episódio quase causou a demissão de Sarney, que mandou uma carta a Padilha pedindo que interviesse para retirar o projeto de pauta, sob risco de causar uma avalanche de ações na Justiça contra o licenciamento e uma guerra ambiental entre os Estados. O “licenciamento flex” acabou não sendo votado, mas o tema é prioridade máxima dos ruralistas para 2017.


A nova minuta do MMA, datada de 17 de janeiro, tem metade do número de páginas do texto que saiu da Casa Civil e 31 artigos a menos. Ela mantém a essência do projeto inicial, que considera a localização do empreendimento o critério principal para definir o rigor do licenciamento. Mas faz uma série de concessões que, se aprovadas, enfraquecerão a lei em relação ao texto original e poderão dificultar a fiscalização do desmatamento e tirar do gancho centenas de fazendas embargadas pelo Ibama na Amazônia.



Uma das principais é a dispensa de licenciamento para propriedades rurais com área de até 15 módulos fiscais. Um módulo fiscal é uma medida que varia de município para município, usado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para categorizar as propriedades em pequena, média e grande e orientar as políticas fundiárias. Na Amazônia, a medida de um módulo pode chegar a 100 hectares.



Segundo levantamento feito pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) a pedido do OC, 97% das propriedades rurais registradas no Cadastro Ambiental Rural estariam enquadradas na isenção (o CAR tem cerca de 3,2 milhões de propriedades cadastradas). Mas o número pode crescer, porque também estariam dispensadas de licenciamento todas as propriedades rurais em “área consolidada”, ou seja, que foram desmatadas até junho de 2008 e são passíveis de anistia pelo Código Florestal – independentemente de sua área.



Ninguém sabe quantos imóveis existem nestas condições no Brasil; isso será objeto dos PRA (Planos de Regularização Ambiental) do código nos Estados, mas os ruralistas estão se mobilizando para incluir o maior número possível de fazendas na anistia.



Essas isenções tendem a dificultar a ação do Ibama de embargo a propriedades com desmatamento ilegal na Amazônia.



O embargo tem sido o principal instrumento de controle do desmatamento. No ano passado, a devastação chegou a quase 8.000 quilômetros quadrados, a maior em oito anos, com a emissão de cerca de 130 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.



Hoje há cerca de 2.000 fazendas embargadas na região por falta de licença ambiental. Se a lei de licenciamento for aprovada nesses termos, cerca de metade delas poderia se livrar do embargo e voltar a tomar crédito nos bancos.



“DOLO OU CULPA”
Outro ponto, que já está sendo criticado por especialistas que tiveram acesso ao texto, é a responsabilização dos bancos pelo dano ambiental. A proposta da Casa Civil, apresentada em novembro do ano passado, isentava completamente o sistema financeiro de corresponsabilidade por dano ambiental.



A nova minuta restitui em alguma medida a responsabilização, mas com uma ressalva: as autoridades terão de provar que houve “dolo ou culpa” da instituição financeira e ligação causal entre o financiamento e o dano apontado. Como isso nem sempre é simples de estabelecer, os bancos podem ficar mais à vontade para emprestar para poluidores e degradadores.



Há mudanças também na chamada matriz de enquadramento, que define o grau de rigor do licenciamento de acordo com o local, o porte do empreendimento e seu potencial poluidor. Esta é a grande inovação da proposta do MMA, que reconhece que um posto de gasolina na cidade de São Paulo não pode passar pelo mesmo trâmite burocrático que uma hidrelétrica na Amazônia.



Uma das principais novidades da lei geral de licenciamento, a matriz será baseada no mapa de áreas prioritárias para a conservação do Ministério do Meio Ambiente. Na proposta original, empreendimentos de grande porte e alto potencial degradador precisariam de licenciamento em três fases e com EIA (estudo de impacto ambiental) em qualquer localização. A nova matriz só impõe essa necessidade caso o empreendimento esteja em áreas de relevância alta e extremamente alta para a conservação.



Procurado pelo OC, o ministro Sarney Filho afirmou que “não houve afrouxamento” da proteção na minuta. “A concessão principal é no licenciamento das atividades agrossilvopastoris em áreas consolidadas. Mas isso não compromete de jeito nenhum, porque hoje é pior”, afirmou.
Sarney se mostrou otimista com a reação dos ruralistas – que toparam sentar para discutir o texto com o ministro, cuja cabeça vinham pedindo um dia sim e outro também – e da indústria. “Eles estão aceitando o EIA com o mapeamento das áreas sensíveis.”



O deputado Mauro Pereira evitou fazer comentários a respeito da proposta do MMA. Mas sinalizou que existe um diálogo. “Não há queda de braço”, afirmou ao OC. Os ruralistas ainda defendem a proposta do deputado gaúcho, mas temem uma onda de ações judiciais caso ela seja aprovada.
Pereira disse que a lei de licenciamento aguarda para ser votada “há 12 anos” e que a bancada tem pressa, mas que é preciso bom senso. “Não adianta a Câmara estar na contramão do Ibama, do Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente]. Temos de discutir como gente madura, senão não anda.”

Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo.

Sinal aberto para grileiros e desmatadores

((o))eco
Helicóptero do IBAMA sobrevoa área desmatada ilegalmente. Foto: Marcio Isensee e Sá.
Helicóptero do IBAMA sobrevoa área desmatada ilegalmente. Foto: Marcio Isensee e Sá.


A linguagem corporal diz muito no relacionamento entre pessoas. Um sinal sutil, como uma piscada, pode formar um novo casal. Quando se trata de governo, os sinais começam com discursos, tornam-se mais claros com medidas pontuais e ficam óbvios com novas leis.


Em 2012, o Congresso aprovou o novo Código Florestal, que além de enfraquecer regras de proteção ambiental, anistiou as multas sobre desmatamentos ilegais ocorridos dentro de propriedades rurais antes de julho de 2008. Desde então, a tendência dos números de desmatamento na Amazônia é crescer. Antes dessa anistia, eles caíam com rapidez.


No finalzinho de 2016, nos dias 20 e 23 de dezembro, o governo enviou mais dois recados pró-desmatamento: entregou cerca de 400 mil hectares de uma área protegida no Pará para invasores e emitiu uma medida provisória que estende o prazo para legalizar terras sem título na Amazônia.


A Flona (Floresta Nacional) Jamanxim foi criada em 2006, com 1,3 milhão de hectares de bioma amazônico. Ela foi parte de um pacote de criação de áreas protegidas para compensar o asfaltamento da BR-163 dentro do Pará. Essa rodovia corta o país no sentido Sul-Norte e melhorias facilitam o escoamento de produção agrícola desde o Mato Grosso até o porto fluvial, em Santarém, Pará.


Em 20 de dezembro de 2016, o governo federal retirou 368 mil hectares da Flona Jamanxim, equivalente a um quarto de sua área. Esse pedaço passou a ter um status de proteção de APA (Área de Proteção Ambiental), mais fraco, que permite propriedades e atividades produtivas no seu interior.


A alegação para o recorte é que, quando a Flona Jamanxim foi criada, essa área já continha ocupações de pequenas fazendas. Uma análise da ONG Imazon a ser divulgada nos próximos dias mostra que ambos os argumentos são falsos: 67% das ocupações ocorreram após a criação e o seu tamanho médio é de 1.772 hectares (equivalente a 1.772 campos de futebol), não exatamente o tamanho de uma propriedade de agricultura familiar, em geral menor do que 100 hectares.


Três dias depois de reduzir Jamanxim, em 23 de dezembro, o governo emitiu a Medida Provisória 759, que dilatou os prazos de regularização de terras não tituladas na Amazônia. A regra anterior era de 2009 e implicava que só propriedades ocupadas até no máximo 2004 poderiam ser regularizadas. A nova MP estendeu o prazo para 2011. O governo alega que a medida legaliza milhares de fazendeiros que, sem título, não têm acesso a programas de crédito agrícola. Verdade. Ao mesmo tempo, reforça um padrão: não há prazo final para invasões na Amazônia, pois quando os velhos limites se esgotam, as regras mudam.


Entre 2008 e 2012, o desmatamento despencou de cerca de 1,2 milhões de hectares (12 mil km²) para menos de 500 mil hectares. Neste ano, o novo Código Florestal foi aprovado, junto com a sua anistia de multas a desmatadores. Desde então, em 3 dos 4 anos seguintes, o desmatamento na Amazônia cresceu. Em 2016, ele foi 74% mais alto do que em 2012.


Em casos anteriores ao da Flona Jamanxim, já está documentado que quando o governo reduz limites de uma área protegida, incentiva invasões de outras.


Os grileiros criminosos continuam atuando. No fim de junho de 2016, o Ibama e a Polícia Federal desbarataram a mais bem organizada quadrilha de grilagem já encontrada, comandada de São Paulo. Segundo as investigações, ela movimentou 1,9 bilhão de reais entre 2012 e 2015.


Quando se trata de política “contra” o desmatamento, o governo não está dando piscadas para desmatadores e grileiros, ele está abrindo um sorrisão.

http://www.oeco.org.br/colunas/eduardo-pegurier/governo-abre-caminho-para-grileiros-e-desmatadores-da-amazonia/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+siteoeco+%28O+Eco%29

Dia Mundial das Áreas Úmidas

02/02/2017

Por Júlio César Sampaio*

Dois de fevereiro é uma data especial: comemoramos o Dia Mundial das Áreas Úmidas, estabelecido em 1971 em homenagem ao dia da adoção da Convenção de Ramsar, na cidade iraniana de mesmo nome. Essa data é extremamente importante para o Brasil, já que nosso país abriga a maior área úmida do planeta: o Pantanal. Seus 170.500,92 mil km² de extensão – parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além da Bolívia e Paraguai – abrigam uma rica biodiversidade: pelo menos 4.700 espécies de animais e plantas já foram registradas.


Em 2017, o WWF-Brasil chama atenção para a relevância de promover a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais do Pantanal por meio de um chamamento para que seja aprovada e implementada ainda neste ano a Lei do Pantanal, o Projeto de Lei (PL) 750, de 2011.


Em pauta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, o PL vai seguir um longo caminho até que se torne lei. Deve ser analisado e votado por outras duas comissões antes de ser enviado para a Câmara dos Deputados. Após a votação do Congresso Nacional, o Presidente da República pode aprovar ou recusar a proposição. Se aprovado, o Presidente tem o prazo de 48 horas para ordenar a publicação da lei no Diário Oficial da União.

São consideradas áreas úmidas os pântanos, charcos, turfas ou locais de acúmulo de água, permanente ou temporário. Foto: © Adriano Gambarini/WWF-Brasil

O texto que está atualmente em tramitação no Senado prevê, acertadamente, que o uso dos recursos naturais no Pantanal será regido por princípios como os de “poluidor-pagador” e “usuário-pagador”. O primeiro pune os que desrespeitam o cuidado com o meio ambiente. O segundo exemplifica aqueles que usam os recursos naturais e que, portanto, devem pagar por tal utilização. O PL atual também define acertadamente uma série de proibições no bioma, como a construção de barragens ou obras de alterações dos cursos d´água e o uso de agrotóxicos e o plantio de transgênicos no Pantanal.
Porém, no texto atual há lacunas que acreditamos que devem ser preenchidas. O WWF-Brasil reivindica que a Lei do Pantanal contenha:


• Inclusão do planalto pantaneiro na delimitação do bioma: não só a planície deve ser considerada. É no planalto – região das cabeceiras – onde nascem as águas responsáveis pelo abastecimento do ciclo hidrológico do Pantanal. Sem ações de conservação e preservação do planalto, o Pantanal fica ameaçado;


• Atenção específica aos recursos hídricos do Pantanal – já que o bioma é a maior área úmida do planeta. (Seus rios estão fortemente ameaçados por falta de planos de saneamento básico nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul);


• Incentivo de implementação de ações que promovam o desenvolvimento sustentável da região e das comunidades pantaneiras, como o turismo;


• Incentivo de implementação de remuneração àqueles que recuperam e preservam o meio ambiente, como a adoção do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) nos municípios do Pantanal;
• Inclusão de incentivos econômicos à recuperação e conservação. Assim como na Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428 de 2006), a Lei do Pantanal deve prever um Fundo de Restauração, destinado ao financiamento de projetos de conservação e restauração ambiental e de pesquisa científica.



Para o WWF-Brasil, é urgente a aprovação de uma lei completa, que disponha sobre ações de conservação e restauração ambiental, mas que também preveja o financiamento dessas ações de pesquisas e a promoção do desenvolvimento sustentável da região, a preservação de seus recursos naturais e a valorização da cultura e saberes tradicionais das comunidades pantaneiras.


O desmatamento, as queimadas, o uso indiscriminado de agrotóxicos, más práticas agropecuárias e a falta de saneamento básico são ameaças graves ao Pantanal. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, até 2009 o Pantanal perdeu 23.160 km2 de vegetação nativa, o equivalente a 15,31% de sua área total.


A região das cabeceiras, onde nascem as águas que alimentam o ciclo hidrológico do bioma, está em alto risco. Uma pesquisa realizada pelo WWF-Brasil mostrou que os níveis de turbidez – quando a água perde a transparência – e de quantidade de sólidos dissolvidos nos rios Jauru, Sepotuba e Alto-Paraguai vem aumentando.


Sem a vegetação, os rios ficam desprotegidos e expostos às chuvas, que carregam sedimentos pela correnteza, provocando aumento da turbidez e do assoreamento, processo pelo qual os rios vão ficando cada vez mais rasos. A turbidez afeta o ciclo de vida dos peixes, pela falta de transparência na água, além de dificultar o tratamento da água que será distribuída à população por parte das empresas de saneamento.


O assoreamento dificulta a navegação, o fluxo das águas, a migração dos peixes e também deixa o rio vulnerável à transbordamentos em época de chuvas. A destruição da vegetação pode provocar um efeito ainda mais grave: secar completamente uma nascente.


Por sua vez, a falta de um sistema de tratamento faz com que os dejetos humanos de uma localidade sejam diretamente despejados nos rios e córregos, contaminando águas, solo e até o lençol freático. Um estudo do Instituto Trata Brasil e WWF-Brasil identificou que menos de 10% do esgoto na região recebe tratamento antes do descarte.


O PL 750 tramita desde 2011. Já não devemos esperar. Mais do que nunca, precisamos da Lei do Pantanal. (WWF Brasil/ #Envolverde)


* Júlio César Sampaio é Coordenador do Programa Cerrado Pantanal WWF-Brasil.


** Publicado originalmente no site WWF Brasil.

Atividade física previne doenças


Por Baher Kamal, da IPS – 
Roma, Itália, 3/2/2017 – Sente-se cansado, com preguiça, aborrecido, passa muitas horas jogado diante da televisão ou sentado olhando e-mails? É um erro e é perigoso. A falta de exercício contribui para o câncer, diabete, depressão e outras doenças não transmissíveis. O alarme é forte e foi dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta que os riscos da falta de atividade física aumentam de forma preocupante no mundo, e incentiva as pessoas a praticarem atividade física.



No mundo, 81% dos adolescentes não praticam a atividade física necessária para manter um bom estado de saúde. Foto: OMS



Um novo documento da OMS destaca que cada vez menos pessoas praticam alguma atividade física em muitos países, e quase um em cada quatro adulto e mais de 80% dos adolescentes são extremamente sedentários. O Plano de Ação Mundial 2013-2020 da OMS, de prevenção e controle de enfermidades não transmissíveis, recomenda que as pessoas sedentárias comecem “pouco a pouco a atividade física” e aumentem de forma gradual sua duração, frequência e intensidade.



“A atividade física pode ser de qualquer tipo, não só esporte, e deve gastar energia, desde jogos até tarefas do lar como jardinagem e até dança. Qualquer atividade, de trabalho, caminhada ou ciclismo, para diferentes lugares ou como parte do tempo de lazer, tem benefícios para a saúde”, destaca a OMS.



Para os adultos e idosos aplica-se as mesmas recomendações de praticar atividade física, segundo seu estado de saúde. Foto: A Loke/WHO



Para as pessoas que ainda não estão convencidas, a agência apresenta dez fatos concretos.


  1. A atividade física reduz o risco de doenças


A atividade física reduz o risco de cardiopatias coronárias e acidentes cerebrovasculares, diabetes, hipertensão e diferentes tipos de câncer, como de cólon e de mama, bem como depressão. Também é fundamental para equilibrar a energia e controlar o peso. Cerca de 23% dos adultos e 81% dos adolescentes não realizam atividade física suficiente. E, em geral, as mulheres e meninas são menos ativas do que homens e meninos, e os idosos praticam menos atividade física do que os mais jovens.
  1. A atividade física ajuda a manter o corpo saudável


As pessoas ativas fisicamente têm:
* melhor estado físico muscular e cardiorrespiratório;
* melhor saúde funcional e óssea;
* menor propensão a doenças coronárias, pressão alta, acidentes cerebrovasculares, diabetes, câncer e depressão;
* menor risco de cair e quebrar o quadril ou as vértebras;
* mais probabilidade de manter um bom peso.


  1. A atividade física não é o mesmo que praticar esporte


A atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos e que use energia. Isso inclui esportes, exercícios físicos e outras atividades como brincar, caminhar, as tarefas do lar, jardinagem, dançar, entre outras.


  1. A atividade física moderada ou vigorosa é benéfica


A intensidade se refere ao ritmo com que a atividade é realizada, e pode ser descrita como quão duro deve trabalhar uma pessoa para realizá-la. A intensidade dos diferentes movimentos varia segundo as pessoas. Segundo o grau de aptidão física da pessoa, a atividade física moderada pode ser uma caminhada forte, dançar ou realizar as tarefas de casa. E os exemplos de atividade física forte incluem correr, pedalar e nadar rápido ou mover elementos pesados.


  1. Exercício durante 60 minutos para pessoas de cinco a 17 anos


As pessoas entre 5 e 17 anos deveriam realizar pelo menos 60 minutos diários de atividade física forte; mais tempo implica maiores benefícios para a saúde.


  1. Exercício durante 150 minutos na semana para pessoas entre 18 e 64 anos


Os adultos entre 18 e 64 anos devem realizar pelo menos 150 minutos de atividade física intensa por semana ou pelo menos 75 minutos de atividade física moderada ou uma combinação de ambas. Para que a atividade seja benéfica para a saúde cardiorrespiratória, o exercício deve ser feito em períodos de pelo menos dez minutos de duração.


  1. Adultos de 65 anos e mais


A principal recomendação para adultos e idosos é a mesma. Além disso, os idosos com pouca mobilidade devem realizar atividade física três dias ou mais por semana para melhorar o equilíbrio e evitar quedas. Nos casos em que os idosos não podem realizar a quantidade recomendada por problema de saúde, devem fazer o que estiver dentro de suas possibilidades.


  1. Todos os adultos saudáveis devem ser fisicamente ativos


A menos que haja razão médica indicando o contrário, as recomendações da OMS se aplicam a todas as pessoas, independente do gênero, da raça, do grupo étnico ou nível de renda. Também se aplicam às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e não relacionadas com sua capacidade de movimento, como hipertensão ou diabete. Os adultos com deficiência também devem seguir as recomendações da OMS.


  1. Um pouco de atividade física é melhor do que nenhuma


As pessoas sedentárias devem começar com pequenas quantidades de atividade física para aumentar a duração de forma gradual, bem como a frequência e intensidade. Os adultos e idosos inativos e quem tem limitação por doença obterão benefícios agregados quando se tornarem mais ativos. As grávidas, as mulheres que estão no pós-parto e as pessoas com problemas de coração deverão tomar precauções adicionais e consultar seus médicos antes de se esforçar para chegar aos níveis de atividade física recomendados.


  1. Comunidades e entornos propícios ajudam as mulheres a realizarem atividade física


As políticas urbanas e ambientais têm grandes possibilidades de conseguir elevar a prática de atividade física, e devem incentivar para que:


* caminhada, ciclismo e outras formas de transporte ativos sejam acessíveis e seguros para todos;


* as políticas trabalhistas promovam a atividade física;


* as escolas contem com instalações e espaços seguros para que os alunos permaneçam ativos durante seu tempo livre;


* as instalações recreativas e desportivas propiciem oportunidades para que todos permaneçam ativos.

Agora, é só se mexer! Envolverde/IPS

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Envolverde

Continente desaparecido há 200 milhões de anos é encontrado debaixo do Oceano Índico



Sob as águas das Ilhas Maurício, no Oceano Índico, se escondem fragmentos de um continente que desapareceu há 200 milhões de anos. É o que afirma uma equipe de pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul.


De acordo com a pesquisa, publicada na revista Nature Communication, os fragmentos se desprenderam do supercontinente Gondwana, quando este se desintegrou para formar a África, Índia, Austrália, América do Sul e Antártida.


A descoberta foi feita a partir de um mineral chamado zircão, de 3 bilhões de anos, encontrado na superfície da ilha Maurício, a maior do país, localizado no sul do Oceano Índico, a leste de Madagascar. A revelação surpreendeu os geólogos, já que Maurício é uma ilha vulcânica jovem, que não tem mais de 9 milhões de anos.


Fragmentação complexa

 

 

Acredita-se que os fragmentos encontrados no oceano, batizados coletivamente de Mauritia, são pedaços da crosta terrestre que mais tarde foi coberta de lava de erupções vulcânicas da ilha.
“O fato de termos encontrado zircões desta idade mostra que nas Ilhas Maurício existem materiais da crosta terrestre muito mais antigos que só poderiam ser originários de um continente”, diz Lewis Anshwal, principal autor da pesquisa.


A ruptura do Gondwana não foi um processo simples no qual o supercontinente se dividiu em dois, mas uma fragmentação complexa que deixou pedaços de crosta terrestre de tamanhos diferentes “à deriva na bacia do Oceano Índico em evolução”.



Não houve contaminação



Não é a primeira vez, no entanto, que zircões desta idade são encontrados nas Ilhas Maurício.
Um estudo de 2013 encontrou vestígios do mineral na ilha, mas recebeu inúmeras críticas, indicando que o material poderia ter aparecido ali por outros motivos – pelo vento ou contaminação, por exemplo.

Mas, depois de uma análise cuidadosa para evitar a contaminação cruzada com outros minerais, Ashwal concluiu que os zircões “não poderiam ter sido introduzidos nas rochas pelo vento ou pelas ondas do mar, nem poderiam ter sido transportados por aves, rodas de carros ou sapatos”.
Para o pesquisador, as rochas só poderiam ter se originado a partir de uma erupção vulcânica.
A descoberta lança nova luz sobre os mecanismos a que estão submetidas as placas tectônicas.