terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Cerrado do DF é protegido por cinco reservas biológicas

Além da unidade no Guará, o território conta com áreas no Gama, no Jardim Botânico, em Sobradinho e às margens do Lago Descoberto (foto). Todas são de proteção integral

O início da desocupação do Parque Ecológico Ezechias Heringer e da Reserva Biológica do Guará, neste mês, expôs a necessidade de manter as unidades de conservação de proteção integral. Além da do Guará, o Distrito Federal tem mais quatro reservas no território: a do Lago Descoberto; a do Gama; a do Cerradão, no Jardim Botânico; e a da Contagem, em Sobradinho. Somente esta não é administrada pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram).


As reservas biológicas são criadas para preservação total da fauna, da flora e das características ambientais nelas presentes. Por isso, o acesso e a visitação são restritos e permitidos apenas para pesquisa científica, conforme prevê o Sistema Distrital de Unidades de Conservação, definido pela Lei Complementar nº 827, de 22 de julho de 2010.



Araras voam na área da Reserva Biológica do Descoberto
Araras voam na área da Reserva Biológica do Descoberto. Foto: Andre Borges/Agência Brasília


No Distrito Federal, elas são fortemente impactadas pela expansão urbana e pela ação humana. Dessa forma, o desafio da gestão ambiental é garantir que não se tornem apenas manchas verdes entre as cidades, mas de fato cumpram a função de preservação para a qual foram criadas. “As pressões do entorno das reservas biológicas se refletem no interior delas”, conta o coordenador de Unidades de Conservação do Ibram, Paulo César Magalhães Fonseca.

"As pressões do entorno das reservas biológicas se refletem no interior delas" Paulo César Magalhães Fonseca, coordenador de Unidades de Conservação do Ibram

Construções irregulares prejudicam área de proteção

 

A ocupação irregular é uma das ameaças a que está submetida a Reserva Biológica do Gama, criada pelo Decreto nº 11.261, de 16 de setembro de 1988, como reserva ecológica. Em 2008, ela teve o status alterado por força do Decreto nº 29.704, de 17 de novembro. Com isso, a proteção foi ampliada.


A área tem 136 hectares e deve ser protegida por causa da mata ciliar do Rio Alagado. O relevo é acidentado, com encostas íngremes e suscetíveis à erosão. Por isso, as construções ilegais no interior da unidade, resultado do parcelamento das chácaras vizinhas, é extremamente prejudicial.


Também suscetível a parcelamentos irregulares, a Reserva Biológica do Descoberto tem função estratégica para a proteção dos cursos d’água que abastecem a região. A unidade soma 434,5 hectares, distribuídos em uma faixa de 125 metros ao redor do reservatório. A área protegida foi estabelecida por meio do Decreto nº 26.007, de 5 de julho de 2005.


A reserva é, no entanto, constantemente ameaçada por chacareiros que insistem em ampliar áreas de plantio para dentro dos limites da unidade. “Para combater o problema, fazemos um trabalho de educação ambiental com os ocupantes das propriedades em volta do lago e incentivamos a revegetação por meio do programa Descoberto Coberto”, explica Fonseca.


A Reserva Biológica do Descoberto tem função estratégica para a proteção dos cursos d’água que abastecem a região
A recomposição da flora é feita com espécies típicas do Cerrado e resulta de uma parceria com a comunidade do local.

Conservação ambiental é a regra das reservas biológicas

Integridade da vegetação é uma das marcas da Reserva Biológica (Rebio) do Cerradão, no Jardim Botânico. Ela recebe esse nome em razão da ocorrência da fitofisionomia do Cerrado — ou seja, a forma como ele se apresenta — densa e similar a uma mata. A área mede 54 hectares, com ocorrência de espécies como copaíba, pequi, ipê e jacarandá.


O alto grau de conservação da flora atrai também uma diversidade de animais, desde roedores até mamíferos de médio porte. Eles são, no entanto, alvo fácil de atropelamento ao cruzar a Estrada Parque Contorno. “Felizmente, não temos problemas com fogo dentro da reserva ou construções irregulares”, destaca o coordenador de Unidades de Conservação do Ibram.


A Rebio do Cerradão foi criada pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, como Área de Relevante Interesse Ecológico. Em 2010, por sua vez, a unidade teve a proteção ampliada e foi transformada em Reserva Biológica por meio do Decreto nº 31.757, de 2 de junho de 2010.

Proteção para livre circulação dos animais

Única unidade do gênero sob responsabilidade do governo federal no DF, a Reserva Biológica da Contagem, em Sobradinho, foi criada por meio do Decreto de 13 de dezembro de 2002, da Presidência da República. O objetivo é proteger vegetação e cursos d’água na Chapada da Contagem, região com altitudes entre 1 mil e 1,2 mil metro. É a área mais elevada do território, bastante afetada pela ocupação do solo por condomínios.


A unidade tem 3.460 hectares e abriga também dois pontos de captação de água, no Ribeirão Contagem e no Córrego Paranoazinho, que abastecem a região administrativa. O local funciona também como corredor ecológico entre o Parque Nacional de Brasília e a Bacia do Rio Maranhão. O Cerrado se apresenta como campo sujo, ou seja, com ocorrência de arbustos de forma espaçada.



Edição: Vannildo Mendes

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