terça-feira, 22 de novembro de 2016

Gisele Bündchen chora ao sobrevoar a Amazônia e constatar o que a pecuária fez com a floresta


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Ver com os próprios olhos é diferente do que ler a respeito.




A supermodelo Gisele Bündchen participou de uma série do canal de TV por assinatura National Geographic que fala sobre ambientalismo. Gisele foi convidada a visitar seu país natal para sobrevoar a Floresta Amazônica e entender como a pecuária é prejudicial ao meio ambiente.


Em um pequeno avião e acompanhada de um ativista ambiental, Gisele recebeu informações sobre como a produção de carne tem transformado uma das florestas mais importantes do mundo em pasto. É claro que Gisele já havia lido a respeito ou assistido a algum documentário, mas ver com os próprios olhos fez com que a gaúcha derramasse lágrimas, literalmente.


Gisele ficou chocada ao saber que 20% da floresta, que ela considerava na infância ser um lugar mágico e indestrutível, já foi completamente devastada pela pecuária. Ela também ficou impressionada quando Paulo Adario, um dos fundadores da ONG Greenpeace Brasil, mencionou que 65% de todo o desmatamento da Floresta Amazônica está diretamente ligado à ação dos pecuaristas.


Paulo explicou que tudo começa com os madeireiros ilegais, que abrem estradas e retiram árvores com alto valor comercial. Então, os pecuaristas chegam e queimam todas as outras árvores que restaram no local e abrem imensos pastos para colocar a criação de gado.


“Quando você come um hambúrguer não se dá conta de que aquele hambúrguer vem da destruição da floresta tropical.” – disse Paulo. Gisele, claro, ficou desolada ao ver de perto o que o simples hábito de comer carne pode fazer de mal para o planeta.


Não há informações sobre se Gisele deixou de comer carne, mas a experiência foi evidentemente forte o bastante para fazê-la repensar seus hábitos.


Nos Estados Unidos, o episódio da série Years of Living Dangerously com Gisele foi ao ar na noite da última quarta-feira (16). No Brasil, o episódio deve ir ao ar no dia 27/11.


Assista ao vídeo (em inglês) | Link alternativo

Curitiba ganhou 139 mil novas árvores em apenas três anos

Meio Ambiente


As áreas verdes reduzem os impactos da chuva, a poluição sonora e atmosférica e ajuda a amenizar as temperaturas.
16 de novembro de 2016 • Atualizado às 13 : 26
Curitiba ganhou 139 mil novas árvores em apenas três anos
Desde 2013, 139 mil árvores foram plantadas em vias públicas, parques, praças e em outras áreas públicas de Curitiba. Apenas em arborização viária e mata ciliar foram mais de 87 mil mudas, além de cinco mil árvores em dez áreas públicas superiores a 500 metros quadrados, formando mini bosques – que, mais que embelezar a cidade, contribuem para melhorar a qualidade de vida e do meio ambiente.


As áreas verdes reduzem os impactos da chuva, a poluição sonora e atmosférica, auxiliando também no sombreamento e estabilização da temperatura, promoção de bem-estar psicológico e físico das pessoas e ainda contribuem na alimentação da fauna local.



A diretora de Produção Vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Erica Mielke, explica como funciona o planejamento de arborização na cidade. “A estratégia baseia-se na escolha da espécie adequada ao ambiente do plantio. Assim, há mais de cinco anos Curitiba não utiliza espécies de grande porte na arborização de ruas e avenidas. Algumas, como angico e monjoleiros, deixaram inclusive de ser produzidas no Horto Municipal”.



As mudas para plantio em vias públicas são selecionadas de acordo com os seguintes critérios: porte – são sempre de pequeno e médio porte (por exemplo, extremosa, ipês, dedaleiros); pela arquitetura de copa; resistência a pragas e doenças; adaptabilidade ao clima; pelo sistema radicular; pela presença de flores ou frutos (exemplo dos ipês e cerejeiras do Japão). Como precaução, também são descartadas na escolha espécies que possuem espinhos (pata de vaca, paineira), frutos grandes e carnosos (como os abacates) e substâncias tóxicas (espirradeiras).
 Foto:Cesar Brustolin/SMCS

Foto:Cesar Brustolin/SMCS
As mudas de espécies de grande porte ainda produzidas no Horto Municipal são destinadas apenas ao plantio em parques. Nos últimos três anos foram plantadas mais de 11,3 mil árvores nos parques da cidade.
Foto: Levy Ferreira/SMCS
Foto: Levy Ferreira/SMCS


Um exemplo de árvore de grande porte é a araucária, que não é destinada ao plantio em vias públicas por ter porte incompatível com elementos urbanos, como fiação elétrica e calçadas. Além disso, sua raiz é pivotante, podendo interferir na rede de esgoto e outros cabeamentos. Por outro lado, a araucária é essencial para enriquecimento de nossos bosques e parques.



Outra precaução do planejamento é evitar espécies exóticas invasoras. Hoje, 80% das árvores plantadas na cidade são de espécies nativas. As campeãs na linha de produção do Horto da Barreirinha são os ipês, de cores diversas; a quaresmeira e a aroeira.


 Foto:Cesar Brustolin/SMCS

Foto:Cesar Brustolin/SMCS
“Cabe lembrar que os processos de urbanização são dinâmicos e o Horto da Barreirinha, onde são produzidas as mudas para as vias públicas, busca adaptar-se a esses processos, inclusive com pesquisa de novas espécies, preferencialmente nativas, que possam proporcionar conforto estético, climático e ambiental necessário, conforme avaliação e experiência de mais de 30 anos do nosso corpo técnico”, enfatiza Érica.


Após selecionadas, as árvores mais representativas da espécie escolhida são identificadas para que, no momento oportuno de sua reprodução, a equipe da Prefeitura colete as sementes, iniciando o um novo ciclo produtivo para a cidade.



Mini bosques
Entre 2013 e 2015, foram criados dez mini bosques na cidade. Eram áreas públicas, superiores a 500 metros quadrados, antes degradadas e que agora estão sendo recuperadas. “Damos prioridade para espécies frutíferas como a pitanga, araçá, guabiroba, cereja, além do timbó, araucária, pinheiro bravo, canjarana e branquilio”, explica Roberto Larini Salgueiro, técnico responsável pelo Horto da Barreirinha. “Observamos que não ocorrem atos de vandalismo quando o plantio é feito em blocos como nos mini bosques”, complementa.


“São necessários anos de estudos para que uma espécie seja considerada adequada ao paisagismo urbano da cidade. Na formação destes pequenos bosques, não é necessária tanta rigidez como no caso da escolha para as plantas da arborização viária”, explica Erica.



Da Prefeitura de Curitiba

5 grandes civilizações mundiais destruídas por mudanças climáticas



Meio Ambiente


Grandes civilizações viram o seu declínio ser ocasionado por mudanças na temperatura e falta de chuva.


7 de novembro de 2016 • Atualizado às 08 : 00
5 grandes civilizações mundiais destruídas por mudanças climáticas
Angkor Wat foi um dos maiores centros urbanos pré-industriais do mundo. 

Desde que o mundo existe, o clima passou por diversas mudanças. Algumas delas foram tão drásticas que destruíram civilizações extremamente fortes e sólidas. Na reportagem de Catie Leary, para o site Mother Nature Network, cinco dessas grandes civilizações foram listadas. Veja abaixo quais são elas.


  1. Anasazi – Estados Unidos
O povo nativo dos Estados Unidos formava uma das civilizações antigas mais famosas por seu colapso decorrente das mudanças no clima. Eles habitavam o Planalto do Colorado e em algum momento entre o século 12 e 13, simplesmente abandonaram a região. Não existem provas evidentes do que tenha causado o êxodo, mas os cientistas norte-americanos acreditam que a evasão tenha coincidido com um período de seca prolongada, que limitou a produção de alimentos e dificultou a habitação na região.
  1. Império Khmer – Camboja
Estabelecido pela primeira vez no século IX, Angkor Wat foi um dos maiores centros urbanos pré-industriais do mundo. O local abrigava o poderoso Império Khmer, famoso por sua riqueza, arte e arquitetura, que incluía canais e reservatórios de água. Mesmo com toda essa estrutura, no século XV, a cidade começou a se perder devido a uma crise hídrica e à exploração excessiva dos recursos naturais. A cientistas Mary Beth Day, da LiveScience, considera esse um grande exemplo de como a tecnologia às vezes não é suficiente para evitar colapsos em tempo de instabilidade e condições ambientais extremas.
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Foto: iStock by Getty Images
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  1. Norse Vikings – Groenlândia
Os tradicionais vikings que habitavam o sul da Groenlândia prosperaram durante muitos anos. No entanto, seu declínio começou no século XIV. As teorias para isso são muitas, mas entre os pesquisadores diversas causas apontadas estão conectadas às mudanças no clima. De acordo com os historiadores, os vikings chegaram à Groenlândia entre 800 e 1.200 D.C., um período com temperaturas amenas, propício o cultivo e à vida ao ar-livre. No entanto, entre os séculos XIV e XV o mundo passou por uma pequena Era do Gelo. Em 1.500 todos os assentamentos nórdicos tinham sido abandonados e trocados por terras mais quentes.
  1. Harappan – Paquistão
Esta civilização paquistanesa foi muito próspera durante a Idade do Bronze. Além de abrigar uma população de incríveis cinco milhões de pessoas, eles tinham um sistema de planejamento urbano de água altamente avançado. Assim como ocorreu em outros locais do mundo, o declínio veio em consequência de uma grande seca. Com base nos resíduos arqueológicos, os pesquisadores descobriram que a quantidade de chuvas na região durante o verão diminuiu drasticamente durante 200 anos. O período coincidiu com secas graves ocorridas no Egito e na Grécia.
  1. Maia – México
Os maias também fazem parte do grupo de civilizações conhecidas em todo o mundo e com enorme influência na história ocidental. O colapso desse povo aconteceu entre os séculos VIII e IX e tem sido alvo de pesquisadores há muitos anos. A evasão maia é um verdadeiro mistério e as teorias vão desde epidemias de doenças até invasão estrangeira. Neste meio de hipóteses está a de que uma mudança climática ocasionou uma seca extrema, que durou 200 anos. Por estarem cercada de desertos, as cidades maias dependiam muito dos sistemas de armazenamento de água da chuva. Com a estiagem, os reservatórios ficaram em baixa e a população comprometida acabou se espalhando para outras regiões.
Foto: iStock by Getty Images
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Redação CicloVivo

Sem receber esgoto, Rio Tietê poderia estar limpo em cinco anos

Desenvolvimento


Após 20 anos e R$ 3 bilhões investidos, o rio continua drasticamente poluído.
27 de outubro de 2016 • Atualizado às 19 : 00
Sem receber esgoto, Rio Tietê poderia estar limpo em cinco anos
Toda a área morta do Rio Tietê está concentrada na região metropolitana de São Paulo. | Foto: Fernando Stankuns/Flickr
Duas décadas e três bilhões de reais. Estes são os números do projeto paulista para a despoluição do rio Tietê. Após tantos anos e tamanho investimento, o resultado ainda é muito abaixo do esperado e a água do rio que corta toda a região metropolitana de SP continua morto.


Conforme reportagem publicada pela Band, em 1993, quando os projetos de limpeza do Tietê começaram, mais da metade da água do rio era considerada inutilizável. A situação teve uma melhoria considerável desde então, com 12% da água permanecendo nestes níveis de poluição.


Toda a área morta do Rio Tietê está concentrada na região metropolitana de São Paulo. E, além do desmatamento da mata ciliar, a principal causa para isso é a falta de tratamento do esgoto que é despejado no manancial. Ainda de acordo com a notícia veiculada no Jornal da Band, a própria capital paulista não dá conta de tratar seu esgoto integralmente. Assim, 52% da água contaminada vai parar no rio.


Os números são ainda piores em cidades que formam a Grande São Paulo. Guarulhos trata 35% de seu esgoto, São Bernardo apenas 16% e Mauá, tem índices piores, com apenas 5% de seu esgoto sempre limpo antes de chegar às bacias hídricas.


De acordo com especialistas, se este cenário fosse modificado e o tratamento de esgoto em todas as cidades por onde o Tietê passa fosse universalizado, a própria natureza se encarregaria de despoluir o rio em apenas cinco anos.


Redação CicloVivo

Passar 30 min/semana na natureza reduz depressão e doenças cardíacas

Vida Sustentável


Os benefícios também se refletem na economia, com reduções expressivas em gastos com saúde pública.


17 de novembro de 2016 • Atualizado às 17 : 40
Passar 30 min/semana na natureza reduz depressão e doenças cardíacas
Os benefícios de ter contato direto com a natureza são muito, inegáveis e conhecidos há muito tempo. | Foto: iStock by Gettu Images
Um estudo conduzido pela Universidade de Queensland, na Austrália, conseguiu avaliar os efeitos diretos do contato com a natureza na saúde humana. De acordo com a pesquisa, passar apenas 30 minutos semanais em parques poderia reduzir em 7% os casos de depressão e em 9% os casos de pressão alta.



Os benefícios de ter contato direto com a natureza são muito, inegáveis e conhecidos há muito tempo. No entanto, está é a primeira vez que os cientistas conseguiram colocar essas informações em números, que influenciam diretamente os indivíduos e os governos, pois podem direcionar novas políticas públicas e investimentos.


Para a pesquisa, os cientistas contaram com a participação de 1.538 pessoas, residentes da cidade australiana de Brisbane. O estudo contou com uma série de comparações e cruzamentos de informações que permitiram a avaliação da influência de um passeio no parque no organismo dos participantes.


O que se identificou foi que esse contato simples e em um curto período de tempo com a natureza é capaz de reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas, estresse, ansiedade e depressão. Mesmo que a Austrália ofereça muitas opções de parques municipais, eles têm uma taxa de frequência de apenas 40% da população local.


“Se todas as pessoas visitassem os parques locais por meia hora toda semana, poderiam ocorrer 7% menos casos de depressão e 9% menos casos de pressão alta”, explicou a Dr. Danielle Shanahan, uma das integrantes do estudo.


Os benefícios também se refletem na economia. “Tendo em vista que os custos sociais gerados pela depressão apenas na Austrália são estimados em 12,6 bilhões de dólares australianos por ano, a economia pública com os orçamentos ligados à saúde poderia ser imensa”, completa a pesquisadora.


Apesar de ser um estudo feito com amostras locais, o princípio pode ser aplicado e replicado em qualquer lugar do mundo.

Clique aqui para mais informações.


Ibama faz resgate e multa empresas de turismo que mantinham animais em cativeiro

Meio Ambiente


A equipe se infiltrou em uma excursão turística e conseguiu fazer o flagrante.
8 de novembro de 2016 • Atualizado às 11 : 39
Ibama faz resgate e multa empresas de turismo que mantinham animais em cativeiro
Duas sucuris, uma jiboia e dois jacarés foram resgatados e devolvidos à natureza. | Foto: iStock by Getty Images
Seis empresas de turismo e a organizadora do concurso Miss Brasil Be Emotion foram autuadas pela Operação Teia, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por crimes contra a fauna no Amazonas.


A ação teve o objetivo de identificar e punir a utilização ilegal de animais silvestres em publicações nas redes sociais e em anúncios publicitários para vendas de pacotes turísticos ligadas ao evento.


Uma equipe do Ibama, em conjunto com o Batalhão de Policiamento Ambiental do estado, infiltrou-se em uma excursão turística ao Lago Janauari, no município de Iranduba, e conseguiu flagrar um cativeiro com seis animais silvestres. O instituto informou que já havia recebido denúncias de crime contra a fauna em atividades realizadas no local.


Duas sucuris, uma jiboia e dois jacarés foram resgatados e devolvidos à natureza. Um filhote de bicho-preguiça passará por reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama.


A fiscalização aplicou, no total, 22 autos de infração e duas multas, que ultrapassam R$ 1,3 milhão.


“Essas atividades desrespeitam a legislação ambiental. Os animais são capturados na natureza e mantidos em cativeiro ilegalmente, onde sofrem maus tratos para serem expostos aos turistas”, disse o coordenador da operação, Geandro Pantoja.


De acordo com Ibama, a pena para esses crimes varia de seis meses a um ano de detenção, além de multa por animal mantido ilegalmente, no valor de R$ 500 até R$ 5 mil, caso a espécie esteja ameaçada de extinção.


A reportagem não conseguiu contato com os alvos da operação do Ibama.



Por Bianca Paiva – Agência Brasil


Médicos usam pele de tilápia para curar queimaduras

Desenvolvimento


O curativo de pele de tilápia não precisa ser trocado diariamente e pode ser retirado somente no fim do tratamento.
21 de novembro de 2016 • Atualizado às 09 : 26
Médicos usam pele de tilápia para curar queimaduras
A pele do peixe pretende ser uma alternativa ao uso da pomada de sulfadizina de prata. | Foto: iStock by Getty Images
A tilápia, um dos peixes mais produzidos e consumidos no Brasil, agora faz parte do tratamento de queimados do Instituto Dr. José Frota (IJF), principal unidade terciária de Fortaleza (CE). Há dois anos e meio, pesquisadores do hospital começaram a desenvolver um curativo usando a pele da tilápia para melhorar a cicatrização de queimaduras.


De lá para cá, foram 11 etapas pré-clínicas. Em julho deste ano, 30 pacientes com queimaduras de segundo grau superficiais e graves receberam o curativo. A fase clínica teve 94% de sucesso. Atualmente, 58 pacientes são voluntários na pesquisa, mas o tratamento será expandido para alcançar 100 pessoas.


“A pele da tilápia ajuda no processo de cicatrização, tamponando a ferida. Evita contaminação e perdas líquidas, diminui o número de troca de curativos e, consequentemente, diminui também a dor e o sofrimento do paciente”, afirmou o cirurgião plástico Edmar Maciel, coordenador da pesquisa e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ).


A pesquisa do IJF é a primeira no mundo a usar a pele de um animal aquático. A tilápia foi escolhida por ser um peixe criado em água doce, de rápida reprodução e por disseminar menos doenças. A pele do peixe pretende ser uma alternativa ao uso da pomada de sulfadizina de prata, utilizada no tratamento convencional de queimados.


Enquanto o medicamento requer que o curativo da queimadura seja renovado diariamente, o curativo de pele de tilápia, por exemplo, pode ser retirado somente no fim do tratamento de uma queimadura de segundo grau. Além disso, o novo tratamento não pede o uso de analgésicos e anestesias e o tempo de cicatrização é reduzido entre um e dois dias.



A rapidez do tratamento inovador está na pele da garçonete Maria Inês Cândido. Há cerca de um mês, ela teve queimaduras na mão, braço, rosto e pescoço em um acidente no restaurante em que trabalha na cidade de Russas, a 150 quilômetros de Fortaleza.



Transferida para a capital para fazer o tratamento, Maria Inês conta que percebeu a pele de tilápia secando sobre as queimaduras à medida que os ferimentos cicatrizavam. “Quando eu cheguei de Russas, minha pele estava horrível. O tratamento foi rápido. Após um mês e cinco dias, já estou aqui contando a história”, comemorou.



Diminuir o tempo de tratamento dos pacientes também reflete na gestão do Núcleo de Queimados do IJF, que viu esse tipo de atendimento crescer 13% nos últimos dois anos. “Essa nova tecnologia nos permite manter um atendimento com qualidade, mais humanizando, e suportar fisicamente a demanda. A gente passa menos tempo com o paciente internado”, disse o coordenador do núcleo, João Neto.


Prevista para terminar em julho de 2018, a pesquisa é realizada em parceria com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é financiada pela Enel, multinacional do setor de energia.


Em 2017, os pesquisadores planejam um estudo multicêntrico no Brasil, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Goiânia, Rio de Janeiro e Pernambuco. Após essa etapa, será realizado um estudo fora do Brasil. Ainda não há previsão de quando o tratamento estará disponível nos hospitais públicos e privados.



Por Edwirges Nogueira – Agência Brasil

Educação para o desenvolvimento sustentável

22/02/2016


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Foto: Unesco



Projeto da Unesco encoraja a educação sobre temas como mudança climática, redução do risco de desastres, promoção da diversidade cultural, igualdade de gênero e saúde.


Laura Gelbert, da Rádio ONU –


Uma exposição da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, presta homenagem a homens e mulheres que dão vida a projetos educacionais para o desenvolvimento sustentável em todo o mundo.


A mostra “Cidadãos Verdes da Unesco: Desbravadores para Mudança”, em tradução livre, será inaugurada na sede da ONU, em Nova York, nesta segunda-feira com a presença da chefe da agência, Irina Bokova.


Educação
Segundo a agência, a educação para o desenvolvimento sustentável é a “força motor” por trás do projeto Unesco Green Citizens.


Um dos principais objetivos é mostrar “o quão crucial o desenvolvimento sustentável é” para o futuro das sociedades.


Exposição Itinerante
A iniciativa encoraja a educação sobre temas como mudança climática, redução do risco de desastres, promoção da diversidade cultural, igualdade de gênero e saúde.
Outros tópicos ressaltados são a redução da pobreza, o aumento da biodiversidade e a promoção da paz.


Ainda de acordo a Unesco, ao destacar as histórias de pessoas em todo o mundo através de uma exposição itinerante, todos podem aprender sobre ações e oportunidades nesta área. (Rádio ONU/ #Envolverde)



* Publicado originalmente no site Rádio ONU.

Acre foi primeiro a receber certificado por reduzir emissão de carbono

20/11/2016


Por Notícias do Acre – 
O acordo sobre mudanças climáticas, ratificado pelos líderes mundiais durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em 2015, entrou em vigor no início deste mês. O pacto estabelece mecanismos para que todos os países limitem o aumento da temperatura global e fortaleçam a defesa contra os impactos inevitáveis da mudança climática.
Reconhecimento das iniciativas acreanas foi feito durante a COP 21, em Paris. Foto: Gleilson Miranda/Secom
Reconhecimento das iniciativas acreanas foi feito durante a COP 21, em Paris. Foto: Gleilson Miranda/Secom



Reconhecido por suas políticas de preservação e uso sustentável dos recursos naturais, o Acre foi o primeiro governo subnacional a receber compensação por resultados na redução de emissões pelo desmatamento.


A entrega da certificação REDD+SES (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal com Benefícios Socioambientais) foi feita em Paris, durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21).
acre2“O acordo de país assinado pelos líderes nacionais. O Acre não participa diretamente desse compromisso, mas nós temos o compartilhamento e pacto, entre os governos do estado e federal, de colaboração das metas”, explicou a diretora-presidente do Instituto de Mudanças Climáticas, Magaly Medeiros.


A gestora observa ainda que o estado tem obtido êxito na execução as políticas de baixa emissão de carabono, por meio da taxa de redução do desmatamento ilegal.


“Nós estamos contribuindo para essas reduções no Amazônia e mantido as nossas taxas. Nos últimos dez anos, reduzimos em 64% o desmatamento ilegal no estado e em 2015 esse percentual foi de 15%”, frisou.


Os indicativos são fruto das políticas públicas de baixa emissão de carbono adotadas pelo governo do Estado. (Notícias do Acre/ #Envolverde)


* Publicado originalmente no site Notícias do Acre.

Mineradoras de olho no fosfato do mar

18/11/2016


O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, responde perguntas no Conselho Nacional das Províncias, no dia 25 de outubro de 2016. Foto: Cortesia da República da África do Sul
O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, responde perguntas no Conselho Nacional das Províncias, no dia 25 de outubro de 2016. Foto: Cortesia da República da África do Sul



Por Mark Olalde, da IPS – 
Johannesburgo, África do Sul, 18/11/2016 – O temor pela contínua redução das reservas de fósforo lançou as mineradoras em uma busca desenfreada, que as levou a identificar novos depósitos de fosfato no leito marinho, e agora lutam para obter direitos de exploração em várias partes do mundo. Países da África austral poderiam estabelecer um precedente internacional se concederem permissões para o início das primeiras operações submarinas.



A África do Sul, em especial, é um dos primeiros a legislar sua economia marítima a fim de promover o desenvolvimento sustentável, embora ainda haja dúvidas sobre o lugar que a mineração ocupará nessa nova economia.Entre abril de 2007 e agosto de 2008, o preço do fosfato, ingrediente necessário para os fertilizantes, aumentou quase 950%, em parte pela ideia de que a produção alcançou seu máximo e agora começará a diminuir.



Antes que os preços baixassem, já haviam sido feitas prospecções buscando reservas de fosfato no mar profundo em diferentes partes do mundo.Desde então, a nova indústria do fosfato de leito marinho teve pouco êxito. Há várias operações propostas nas ilhas do Oceano Pacífico, mas Nova Zelândia e México rechaçaram a exploração em suas águas territoriais. Por isso, as reservas da África austral, criadas por correntes de água procedentes da Antártida, que possuem alto conteúdo de fosfato, estão no centro do debate.



A Namíbia tem depósitos de fosfato identificados em seu leito marinho, e há pouco esteve prestes a conceder autorização de exploração. Embora exista uma moratória desde 2013, em setembro o ministro de Ambiente tomou a controvertida decisão de conceder as licenças necessárias para a exploração. Mas os consequentes protestos populares o obrigaram a voltar atrás.
A maioria das explorações marinhas em busca de fosfato enfrentou moratórias e outros obstáculos. Foto: Cortesia do Centro pelo Direito Ambiental
A maioria das explorações marinhas em busca de fosfato enfrentou moratórias e outros obstáculos. Foto: Cortesia do Centro pelo Direito Ambiental



Um ex-gerente-geral de projetos da companhia Namibian Marine Phosphate (Pty), que solicitou autorização para explorar nesse país, disse à IPS que as organizações ambientalistas e de pesca foram uma força de oposição bem organizada, e estimou que na África do Sul também será muito difícil devido à falta de precedentes na matéria.




De fato, o diretor para a África do Instituto Internacional do Oceano, Adnan Awad, disse que “se prevê que os processos sul-africanos em matéria de mineração e políticas relacionadas com algumas dessas atividades criem certos precedentes e determinado modelo de como poderia ser em outras áreas”.



Três empresas, Green Flash Trading 251 (Pty) Ltd., Green Flash 257 (Pty) Ltd. e Diamond Fields International Ltd., têm direitos de prospecção em 150 mil quilômetros quadrados, cerca de 10% da zona econômica exclusiva da África do Sul.



Os direitos de prospecção da companhia Diamond Fields International, em 47.468 quilômetros quadrados do Oceano Índico, estão ao lado de zonas de exploração e produção de petróleo. Foto: Diamond Fields International Ltd.
Os direitos de prospecção da companhia Diamond Fields International, em 47.468 quilômetros quadrados do Oceano Índico, estão ao lado de zonas de exploração e produção de petróleo. Foto: Diamond Fields International Ltd.



“Atualmente não parece que haverá avanços e, definitivamente, não será feita nenhuma solicitação de direitos de mineração”, afirmou Wynand Venter, advogado do escritório Steyn Kinnear Inc., que representa a Green Flash 251 e a Green Flash 257. “O projeto não é econômico”, indicou, explicando que as companhias Green Flash receberam amostras de perfurações indicando que, com os atuais preços, não seria sustentável a exploração de fosfato no leito marinho.



Isso deixa a Diamond Fields como única companhia que poderia explorar as águas sul-africanas. Na verdade, anunciou em um comunicado de imprensa, em janeiro de 2014, que conseguiu direitos de prospecção em 47.468 quilômetros quadrados para buscar fosfato.Segundo informação publicada pela empresa e na qual resume seu plano de gestão ambiental, as prospecções usarão ondas sísmicas para determinar a geologia da zona bentônica (região do ambiente marinho situada próxima do fundo oceânico) ou do leito marinho. Iniciada a exploração, esta aconteceria entre 180 e 250 metros abaixo da superfície oceânica.



“Existe um vínculo vital e indiscutível entre a rocha de fosfato e o fornecimento mundial de alimentos”, afirmou a companhia, ao mencionar as minguantes reservas de fosfato.No entanto,a Diamond Fields não respondeu aos reiterados pedidos da IPS para que fizesse comentários a respeito.



Ambientalistas alertam que a exploração do fosfato marinho não só destruirá ecossistemas, como promoverá o uso excessivo de fertilizantes, com o consequente risco de contaminação. Por outro lado, propõem aumentar a pesquisa sobre tecnologias para recapturar o fosfato em lugar de seguir com sua exploração.“Poderíamos estar resolvendo o problema do excesso de fosfato em nossas águas e recapturá-lo. Porém, vamos destruir os ecossistemas de nossos oceanos”, lamentou John Duncan, do Fundo Mundial para a Natureza da África do Sul.



A mineração submarina requer um navio com draga de sucção, que levanta sedimentos do leito marinho e descarrega os desperdícios em colunas de água.“Funciona como um trator operando no leito marinho e escavando sedimento à profundidade de dois ou três metros. Na área onde opera é como a mineração a céu aberto em terra. Remove o substrato inteiro, que fica inacessível para os pescadores durante anos, quando não para sempre”, explicou Johann Augustyn, secretário da Associação da Indústria de Arrasto do Mar Profundo da África do Sul.
Uma baleia franca austral nada diante da costa da província sul-africana de Cabo Ocidental, perto de Hermanus, cidade conhecida pelos avistamentos de cetáceos. O Departamento de Recursos Minerais concedeu três licenças de exploração que cobrem cerca de 150 mil quilômetros quadrados, 10% da área econômica exclusiva da África do Sul. Foto: Mark Olalde/IPS
Uma baleia franca austral nada diante da costa da província sul-africana de Cabo Ocidental, perto de Hermanus, cidade conhecida pelos avistamentos de cetáceos. 



O Departamento de Recursos Minerais concedeu três licenças de exploração que cobrem cerca de 150 mil quilômetros quadrados, 10% da área econômica exclusiva da África do Sul. Foto: Mark Olalde/IPS



 
Além da destruição direta de habitats, os ambientalistas afirmam que a coluna de sedimentos lançada no oceano pode se dispersar e tapar outras áreas prejudicando a vida silvestre. Também destacam que prejudicará a produção de alimentos e o crescimento econômico.Vários milhares de agricultores de subsistência vivem ao longo da costa sul-africana, e a indústria da pesca em grande escala captura aproximadamente 600 mil toneladas ao ano.



“A mineração submarina pode fazer com que vastas áreas fiquem desertas de peixes. Se não morrerem, não poderão encontrar alimentos e provavelmente migrarão”, pontuou Augustyn. A pesca e o turismo contribuem com pouco mais de US$ 1,4 bilhão para o produto interno bruto (PIB), enquanto os benefícios econômicos da mineração submarina ainda não estão claros. Não há estimativas sobre a criação de empregos, embora a proposta da Namibian Marine Phosphate indique que gerará 176, mas não serão todos ocupados com pessoal local.



A África do Sul é um dos três países africanos, junto com Namíbia e Ilhas Seychelles, a implantar o planejamento espacial marinho. O movimento para as economias marinhas equilibra outros usos que competem com ela, como exploração petroleira, pesca e áreas marinhas protegidas.No começo deste ano, o Departamento de Assuntos Ambientais (DEA) publicou um projeto de Planejamento Espacial Marinho, um primeiro passo para a criação de uma legislação especial.



Segundo projeções do governo, uma economia marinha bem administrada pode significar renda superior a US$ 12,5 bilhões no PIB da África do Sul até 2033. Resta saber qual será o papel da mineração. “Em escala internacional, a exploração submarina de minerais pesados aumenta, e espera-se que a exploração dos recursos marinhos não vivos da África do Sul também aumente”, diz o marco incluído no rascunho do DEA.



A IPS não conseguiu obter declarações do Departamento de Recursos Minerais nem do DEA para esta matéria. Envolverde/IPS



*As pesquisas sobre mineração de Mark Olalde contam com apoio econômico do Fundo para o Jornalismo de Investigação, do Fundo para o Jornalismo Ambiental e do Pulitzer Center on Crisis Reporting. Para este artigo recebeu apoio adicional de #Mine Alert e Code for Africa.


Especial África: a multinacional que veio do Brasil

02/03/2016


Vale conclui megaprojeto para exportação de carvão em Moçambique que expulsou mais de 10 mil pessoas e hoje emprega menos de 2 mil trabalhadores locais.



Por Marina Amaral, da Agência Pública –



“Para cada problema africano existe uma solução brasileira.” A frase do professor queniano Calestou Juma para celebrar a cooperação brasileira no governo Lula é lembrada com ironia pelo jornalista Jeremias Vunjanhe enquanto conversamos em um café no inverno ameno de Maputo.



O jovem ativista de direitos humanos faz um paralelo com a Amazônia para explicar a decepção dos movimentos sociais de seu país com as promessas brasileiras. Lá como cá, ele me diz, a receita de desenvolvimento à base da exploração dos recursos naturais e incentivo ao agronegócio desandou em degradação ambiental e expulsão das comunidades tradicionais. Um problema gigante em um país em que 67% da população de 27,2 milhões de habitantes vive em áreas rurais. “A terra é o legado da independência para os camponeses”, ressalta Vunjanhe.



Desde a expulsão dos colonizadores portugueses, que submeteram os camponeses a trabalhos forçados em pleno século 20, a terra é do Estado em Moçambique. Naquele mesmo ano de 1975, Samora Machel declarou o país socialista e se tornou seu primeiro presidente. Em 1987, um ano depois da morte de Samora, o país massacrado por uma década de guerra civil recorreu ao FMI e teve de se declarar uma democracia nos moldes ocidentais, mas a Constituição de 1990 continuou a impedir a comercialização da terra.



Legislação que se manteve depois da assinatura do acordo de paz entre a Frelimo (Frente da Libertação de Moçambique) e a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) em 1992.
Até hoje as duas forças políticas se enfrentam – no momento o país vive uma crise política e um surto de violência militar que geraram 6 mil refugiados no Malavi, mas se transformaram em partidos políticos bem diferentes de suas origens.



A Renamo, que nasceu como guerrilha anticomunista financiada pelos países vizinhos e seus aliados na guerra fria, foi ganhando apoio dos camponeses moçambicanos até se tornar a principal força de oposição aos ex-revolucionários da Frelimo, que estão no poder desde a independência. Estes, por sua vez, são os responsáveis pela entrada dos projetos de desenvolvimento dos investidores estrangeiros, baseados na exploração dos recursos naturais e na concessão de terras, que pressionam o território dos camponeses.



Toda a região de influência da Vale, incluindo o recém-inaugurado corredor logístico de exportação de carvão, fica no norte do país, área simpática a Renamo. As minas ficam em uma área de 220 km2, concessionada à mineradora desde 2004, na bacia carbonífera de Moatize. É dali que vem a maior parte dos refugiados do Malavi, não reconhecidos como tais pelo governo.



O distrito (município) de Moatize tem 80% das terras ocupadas pela mineração e fica na província (estado) de Tete, a mais atingida pelos atuais conflitos. Nas eleições passadas, mais uma vez vencidas pela Frelimo, a Renamo obteve a maior parte dos votos em Tete, gerando grande frustração na província – é o presidente eleito que indica os governadores em Moçambique.



O problema se repete nas províncias de Niassa e Nampula, atravessadas pela ferrovia controlada pela mineradora brasileira e por uma de suas acionistas, a japonesa Mitsui. Ali a inquietação dos camponeses também se deve à implantação de outro projeto polêmico, o ProSavana, em colaboração com os governos do Brasil e do Japão. A meta é “modernizar” a agricultura através da concessão de terras para a produção de commodities, tal como foi feito no cerrado brasileiro nos anos 1980, que resultou na expulsão da população tradicional. Uma história que eles temem que se repita em seu país.




Comunidade na estrada entre Lichinga e o Lago Niassa. Foto: Alexandre Campbell
Comunidade na estrada entre Lichinga e o Lago Niassa. Foto: Alexandre Campbell

Longe dos centros urbanos como a capital Maputo, no sul do país, a terra em Moçambique continua a ser um bem compartilhado nas aldeias, que vivem da agricultura familiar e mantêm os costumes e a língua de sua etnia há gerações. “Nos fóruns mundiais, os companheiros latino-americanos sempre questionam: por que vocês não assumem a identidade indígena como nós?




Mas, respondemos, se dizer indígena significa que se é indígena em relação a alguém. Nós somos os donos do nosso país”, explica Vunjanhe, 31 anos, que nasceu em uma aldeia de Sofala e é um dos fundadores da Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (Adrecu).



Formada por jovens de origem rural como Vunjanhe, graduado na Universidade Eduardo Mondlane, a Adecru promove os direitos humanos levando informação à parcela mais pobre do país – com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,393 em 2013, um dos mais baixos do mundo e inferior à média da África subsaariana, de acordo com o Banco Mundial. Conforme o relatório da FAO, divulgado em outubro do ano passado, 25% dos moçambicanos passam fome, e a desnutrição crônica atinge 40% das crianças menores de 5 anos de idade. Na área rural, dois terços dos habitantes vivem abaixo da linha da pobreza e mais de 60% são analfabetos, segundo o relatório.




Jeremias Filipe Vunjanhe, oficial de advocacia e comunicação da UNAC – União Nacional de Camponeses, caminha pelas ruas de Maputo. Foto: Alexandre Campbell
Jeremias Filipe Vunjanhe, oficial de advocacia e comunicação da UNAC – União Nacional de Camponeses, caminha pelas ruas de Maputo. Foto: Alexandre Campbell




Vunjanhe conhece a rotina de trabalho com a enxada de cabo curto na machamba (roça) para garantir a chima, a papa de milho branco que é a base da alimentação moçambicana, e as hortaliças vendidas no mercado para completar a renda. Foi assim que conseguiu estudar – as escolas só são gratuitas até o fim do 7o ano e o material escolar é por conta do aluno. Ele também é funcionário da União Nacional de Camponeses (Unac) – que congrega mais de 100 mil agricultores familiares moçambicanos e vem constatando que as promessas de desenvolvimento podem trazer ainda mais pobreza para os que vivem da terra. Mesmo quando o PIB cresce mais de 7% ao ano, como acontece em Moçambique desde 2001.




Com investimento total de US$ 8,5 bilhões, equivalentes a 60% do PIB do país africano, o projeto Carvão Moatize, da mineradora Vale, é visto hoje como uma grande promessa frustrada de melhoria de vida da população. De 2009, quando a primeira mina de carvão a céu aberto começou a ser construída, à recente inauguração do Corredor Logístico de Nacala, com potencial para exportar entre 30 a 40 milhões de toneladas de carvão por ano, 3.165 famílias foram expulsas de suas terras pela companhia brasileira (1365 em Moatize e 1800 no corredor de Nacala). Outras 10 mil famílias “foram impactadas de outras formas, e as indenizações estão sendo realizadas de acordo com o que estabelece as leis vigentes em Moçambique e no Malavi”, conforme e-mail da assessoria de imprensa da Vale.



Do lado da geração de empregos, porém, a conta do megaprojeto é modesta. Com a conclusão das obras de ampliação das minas, que elevaram o potencial anual de produção de 11 milhões para 22 milhões de toneladas de carvão por ano, e do corredor logístico que atravessa o norte do país (e o vizinho Malavi) até o porto de Nacala-a-Velha no Índico, a companhia tem hoje apenas 2 mil trabalhadores próprios no país – 1.860 deles, ou 93%, moçambicanos – e cerca de 9 mil trabalhadores terceirizados, segundo sua assessoria de imprensa. De acordo com o Relatório de Sustentabilidade da Vale de 2013, porém, apenas 35% dos cargos de liderança são ocupados por moçambicanos. (Agência Pública/ #Envolverde)



* Leia a reportagem completa no site Agência Pública.

Mina de carvão ameaça paraíso ecológico

21/11/2016


Por Orlando Milesi, da IPS – 
Santiago, Chile, 21/11/2016 – A exploração de uma mina de carvão a céu aberto na austral ilha de Riesco, um paraíso de diversidade biológica localizado na Patagônia do Chile, se converteu em exemplo da debilidade da legislação ambiental, criticada por moradores, ativistas, cientistas e parlamentares. Riesco, a quarta maior ilha do país, no extremo meridional da América do Sul, possui um ecossistema marinho e terrestre onde convivem espécies como a baleia jubarte, quatro tipos de golfinhos, elefantes marinhos e pinguins. Também conta com pelo menos 24 espécies de mamíferos e 136 de aves.



 Baleias jubarte e golfinhos são parte do rico habitat no golfo de Otway no estreito de Magalhães, em frente à mina Invierno na ilha de Riesco, na Patagônia chilena, no extremo meridional da América do Sul. Foto: José Antonio de Pablo/Alerta Isla Riesco

Baleias jubarte e golfinhos são parte do rico habitat no golfo de Otway no estreito de Magalhães, em frente à mina Invierno na ilha de Riesco, na Patagônia chilena, no extremo meridional da América do Sul. Foto: José Antonio de Pablo/Alerta Isla Riesco



“Eu não saio daqui, mas vejo as drásticas mudanças”, contou, preocupado, à IPS um dos 150 habitantes da ilha, Gregor Stipicic, por telefone, de Riesco. Com 36 anos, é o mais novo dos três irmãos Stipicic, donos de uma fazenda de 750 hectares, onde pastam cerca de seis mil ovelhas que estão ameaçadas pelas explosões com dinamite. Médico cirurgião de profissão, ele vive na fazenda agropecuária desde 2006, quando assumiu a propriedade após a morte de seu pai. O avô, imigrante croata, foi o primeiro da família que chegou à ilha, em 1956, atraído pela rica qualidade da terra.




A ilha Riesco tem cinco mil quilômetros quadrados e fica três mil quilômetros ao sul de Santiago, na localidade de Rio Verde, na região de Magalhães, a mais austral do país. Seus habitantes se distribuem em 30 fazendas e se dedicam principalmente à criação de ovelhas. Um terço da superfície da ilha forma a Reserva Nacional Alacalufe, uma das maiores do Chile, com cerca de 2,6 milhões de hectares de terras virgens, que faz parte do sistema de áreas protegidas do país.



A mina Invierno, a maior de carvão a céu aberto do Chile, pertence à Sociedade Mineradora Isla Riesco, propriedade das companhias chilenas Copec e Ultramar, que investiram US$ 600 milhões na exploração e possuem outras quatro minas na ilha, até agora inativas. O objetivo é explorar, por 12 anos, reservas de 73 milhões de toneladas de carvão sub-betuminoso B e C de baixíssimo poder calorífico (4.100 quilocalorias por quilo) e alto teor de metais pesados.



Esse carvão é vendido às centrais termoelétricas de Huasco, Tocopilla, Mejillones e Ventanas, no norte e centro do Chile. Também é exportado para China, Índia, Brasil e outros países. A firme baixa no preço internacional do carvão afetou os planos da companhia, que reduziu temporariamente a produção e também seu pessoal. A instalação da mina Invierno significou cortar 400 hectares de floresta nativa, secar uma lagoa e modificar todo o funcionamento hídrico próximo ao seu entorno. Hoje conta com três depósitos de material estéril de 60 metros de altura cada um.
Lengas e ñirres (espécies nativas do sul do Chile) são os destaques da exuberante flora da ilha de Riesco, na Patagônia chilena, ameaçada pela exploração carbonífera. Foto: Claudio Magallanes Velazco/Alerta Isla Riesco
Lengas e ñirres (espécies nativas do sul do Chile) são os destaques da exuberante flora da ilha de Riesco, na Patagônia chilena, ameaçada pela exploração carbonífera. Foto: Claudio Magallanes Velazco/Alerta Isla Riesco




“Tudo está sendo contaminado. Há 1.500 hectares afetados diretamente, que incluem 400 com um buraco que é a fenda de exploração, que já atingiu 100 dos 180 metros de profundidade projetados”, explicou Ana Stipicic, porta-voz do movimento social e ecológico Alerta Isla Riesco. “A última denúncia de contaminação que geramos foi a do rio Chorrillo Invierno Dos. Agora soubemos que também foram contaminados os rios Cañadón e Chorrillo Los Coipos. Existem piscinas de decantação para separar o material sólido, mas não funcionam”, disse à IPS, em Santiago, a ativista irmã de Gregor.



Ana Stipicic destacou que os rios contaminados afetaram um mangue e que “há pedaços enormes de carvão ao longo da margem costeira. O porto da mina e as trituradoras que moem o mineral lançam pó de carvão no mar. Isso ninguém estuda”. Ela afirmou que a dispersão de material em partículas “cai nos campos de pastoreio, nas florestas e em corpos de água vizinhos, onde há uma fauna riquíssima”, ressaltando que a exploração da mina provocou “enorme deslocamento de fauna, desde pássaros carpinteiros até o ratão do banhado e o cervo sul-andino”.



Por sua vez, o biólogo Juan Capella, da Fundação Jubarte, denunciou que o transporte de carvão em barcos pelo golfo de Otway, canal Gerónimo e estreito de Magalhães, afeta as baleias jubarte e os golfinhos que ocupam essa área, onde fica o Parque Marinho Francisco Coloane. “Há casos registrados de choques de cargueiros com baleias. Quanto mais carvão e mais tráfego de embarcações por um canal tão estreito, maior a probabilidade de choques e morte de baleias. Em março, um barco chocou-se com uma baleia e a matou”, apontou o especialista à IPS,de Punta Arenas, capital da região de Magalhães.



Mapa da localização das minas de carvão na ilha de Riesco, na região de Magalhães, no extremo sul do Chile. Foto: Alerta isla Riesco
Mapa da localização das minas de carvão na ilha de Riesco, na região de Magalhães, no extremo sul do Chile. Foto: Alerta isla Riesco




O especialista em clima Nicolás Butorovic acrescentou que, durante o Estudo de Impacto Ambiental da mina Invierno, “provamos que o projeto era ruim com relação ao material particulado sedimentar. Eles previram 60 microgramas por dia, mas as estações mediram até 158”. A companhia declarou, então, que não usaria explosões de dinamite, pois buscava uma mineração sustentável e que os ventos na região tinha média de 39 quilômetros por hora, quando, na realidade, às vezes superavam os 180 km/h.



Fernando Dougnac, presidente da organização de advogados ambientalistas Fima, apresentou um recurso no tribunal de Punta Arenas para frear as detonações e anexou uma ordem de não renová-las, que o tribunal acolheu, paralisando as explosões.Em seu recurso, Dougnac disse à IPS, em Santiago, que incluiu uma série de informes veterinários de 1998, que demonstram que as ovelhas em períodos de cruzamento, acasalamento e desmame – de quatro a cinco meses em diferentes períodos – são muito suscetíveis ao ruído, a ponto de se pedir que os trabalhadores não entrem onde há animais.


“Temos esperanças de que as explosões sejam suspensas nesses meses. A mina Invierno necessita reduzir os custos de operação, por isso insistirá em detonar quatro vezes na semana, que é o que está aprovado”, explicou Ana Stipicic.



O diretor nacional do Greenpeace Chile, Matías Asún, assegurou à IPS que a mineradora “enganou a população e abusou com relação às normas para permitir depois um sistema de exploração por meio de explosões de dinamite”. A seu ver, “a autoridade ambiental do Chile opera com critérios econômicos e comerciais. Seu discurso oficial não é a proteção do ambiente, mas a proteção dos investimentos”.



Asún pontuou que “é anacrônico um país em que as energias renováveis estão vivendo um crescimento com altas mundiais e o carvão está francamente de saída, também associado a múltiplos conflitos territoriais, dar um subsídio violando a normativa ambiental de fato e os compromissos que a própria empresa manteve com a comunidade”. Ressaltou que “Isla Riesco não é sustentável, mesmo barateando os custos com consequências ambientais”.



O deputado independente Gabriel Boric, representante da região de Magalhães, disse à IPS que a companhia fragmentou seu projeto de exploração do carvão de Riesco para conseguir sua aprovação. “Permitir que um projeto seja apresentado fragmentado, e desta maneira seu impacto ambiental nunca ser avaliado integralmente, é uma das principais debilidades que tem a institucionalidade ambiental, o que deve ser reparado em uma próxima reforma do sistema”, enfatizou. Envolverde/IPS