segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Meta difícil: não deixar ninguém atrás


Um ano depois de aprovados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com data-limite para 2030, os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) reiteraram seu compromisso de não deixar ninguém para trás, uma meta que parece cada vez mais idealista e pouco factível.

Por Lyndal Rowlands, da IPS – 
 
 
Nações Unidas, 28/9/2016 – Até o momento, este ano tem sido o mais difícil no caminho para conseguir incluir as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas nos esforços de desenvolvimento.
 
 
 
Por exemplo, na terceira semana deste mês, a reunião de alto nível sobre refugiados e migrantes não pôde garantir o bem-estar de crianças refugiadas.Além disso, ativistas pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) ficaram fora de uma importante reunião sobre HIV/aids realizada em junho, mesmo mês em que nenhuma mulher foi votada para integrar um importante comitê da ONU para pessoas com necessidades especiais.
 
 
 
Nesse sentido,, o secretário-geral da organização Civicus, Danny Sriskandarajah, apontou à IPS que, para conseguir a meta de não deixar nenhuma pessoa para trás, é preciso que os governos considerem a realização de grandes mudanças em matéria política e de normas sociais. “Levar a sério encontrar e ajudar os que estão mais atrasados não é um exercício técnico, mas um exercício profundamente político”, acrescentou.
 
 
 
Para Sriskandarajah, o primeiro passo é garantirmos a identificação e inclusão dos que correm maior risco de ficar para trás. “Se, no acordo, nossos governantes dizem 42 vezes que não deixarão ninguém para trás, precisamos nos apressar e encontrar os atrasados”, ressaltou.
 
 
Mas nem sempre é fácil chegar até às pessoas marginalizadas e excluídas, alertou à IPS o diretor executivo da Aliança Internacional para Deficientes, Vladimir Cuk. “Verdadeiramente para todos significa que se deve chegar às pessoas que são mais difíceis de serem alcançadas, mais difíceis de serem contadas, mais difíceis de serem incluídas nos programas e das quais é mais difícil se saber algo; e essas são as pessoas com necessidades especiais”, afirmou.
 
 
 
Cuk afirmou que houve alguns esforços para incluí-las na Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030, uma mudança muito aplaudida com relação aos anteriores Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que não contemplavam as pessoas deficientes. Chegar até esse setor social particular é mais difícil porque se concentram especialmente entre os que vivem na extrema pobreza, acrescentou.
 
 
E essa é outra das razões pelas quais será difícil ninguém ficar para trás. As diferentes desvantagens e tipos de exclusões costumam sobrepor-se umas às outras. Por exemplo, é o caso dos povos indígenas, que costumam ser “minorias dentro das minorias”, afirmou à IPS Marama Pala, diretora executiva da Fundação INA (Maorí, indígenas e Pacífico Sul) para o HIV/Aids.
 
 
 
“Enquanto os países não atenderem as desigualdades e injustiças que sofrem os povos indígenas, será impossível conseguir os ODS”, opinou Pala, também representante da sociedade civil em reuniões da ONU. Além disso, as comunidades indígenas correm outro risco: a perda de seus territórios, seja por apropriação de terras para o plantio de palma, ou outros cultivos, até para projetos de infraestrutura, e com fundos de organismos multilaterais de crédito.
 
 
 
O fato é que a “enorme demanda por alimentos, combustíveis e outros produtos básicos segue empurrando a indústria para novos territórios”, disse à IPS Alice Harrison, assessora em comunicações da organização Global Witness. “As comunidades estão situadas cada vez mais na linha de fogo, porque adotam uma postura contra o roubo e a destruição de suas terras e de seus recursos naturais”, destacou.
 
 
 
Algumas formas de desigualdades geraram muitos enfrentamentos políticos a respeito de sua inclusão no documento final da Agenda 2030, que deveria ter a aprovação dos 193 membros da ONU. A versão final do texto se refere aos direitos “sem distinção de nenhum tipo, como raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, propriedade, lugar de nascimento, deficiência ou outro status”.
 
 
 
As referências à orientação sexual e à situação migratória tiveram que ser retiradas dos primeiros rascunhos para que se pudesse chegar a um consenso geral. Para lutar contra as desigualdades que deixam muitos setores sociais marginalizados e atrasados, são necessárias mudanças políticas, sociais e econômicas em escalas nacional e multinacional.
 
 
“Uma vez que se comprometam com algo como não deixar ninguém para trás, se destapa um monte de exclusões econômicas e sociais derivadas da cobiça empresarial, da corrupção política e da exclusão social, que requerem mudanças significativas tanto em matéria de normas políticas como sociais, se queremos fazer seu acompanhamento”, explicou Sriskandarajah.
 
 
Os ODS também contemplam as desigualdades entre os países. Mas alguns dos esforços para combatê-las, como um organismo para a cooperação, também estão paralisados. 
Fonte: Envolverde

Filme ‘A Lei Da Água – Novo Código Florestal’ Está Disponível Gratuitamente Nas Plataformas Youtube E Vimeo




Com direção de André D’Elia e produção executiva de Fernando Meirelles, filme alerta sobre consequências da nova lei e o que ainda pode ser feito para evitar mais prejuízos ao meio ambiente.




A O2 Play, distribuidora da O2 Filmes, disponibilizará gratuitamente o documentário “A Lei da Água – Novo Código Florestal” nas plataformas online Vimeo e em seu canal no Youtube. O longa tem direção de André D’Elia, com produção executiva de Fernando Meirelles, e retrata a polêmica sobre as mudanças na legislação que prevê a importância das florestas para a conservação dos recursos hídricos no Brasil, nas propriedades rurais e cidades brasileiras. A produção é da Cinedelia, produtora de cinema e vídeo especializada em projetos socioambientais, e a co-produção da O2 Filmes.


O longa “A Lei da Água – Novo Código Florestal” é um documentário realizado sem fins lucrativos, com financiamento coletivo e parcerias entre o Instituto Socioambiental (ISA), WWF-Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e Bem-Te-Vi Diversidade.





O documentário atingiu um financiamento coletivo online, que permitiu a viabilização do filme “A Lei da Água” em 14 salas de cinema de todo o Brasil, além da produção de 1.500 cartilhas que foram distribuídas em debates com especialistas durante as exibições do filme. Os produtores de “A Lei da Água” destinaram a verba arrecadada em prol de exibições em escolas públicas e ONGs, foram mais de 400 exibições gratuitas, com uma estimativa de público de 20.000 espectadores.




O documentário brasileiro retrata a importância das florestas para a conservação das águas, explicando a relação do novo Código Florestal e a crise hídrica brasileira. As florestas são importantes para a preservação da água, do solo e também para a produção de alimentos que necessitam a ação de polinizadores, como o café, o milho e a soja. 


O diretor André D’Elia entrevistou agricultores, especialistas, cientistas e parlamentares que apoiam a Ação Direta de Inconstitucionalidade do novo Código Florestal no Supremo Tribunal Federal. Entre os entrevistados no filme, estão o senador e ex-governador Blairo Maggi (PR-MT), os deputados federais Ivan Valente (PSOl-SP) e Ricardo Trípoli (PSDB-SP), a sub-procuradora da República Sandra Cureau, o ambientalista Mário Mantovani, pesquisadores de instituições como a USP e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outros.



A distribuição da O2 Play foi realizada de forma diferenciada e não convencional, através da concretização do financiamento. As sessões foram realizadas exclusivamente em cada cidade e quando o número era atingido o mínimo necessário para a exibição em uma sala, outra sessão para esta mesma cidade era aberta para compra. Ao fim de cada sessão, os financiadores participavam de um debate especial sobre o filme, e recebiam uma cartilha com dicas de como ajudar na campanha. “É um jeito de oferecer mais do que uma sessão de cinema, mas uma experiência completa que permita um aprofundamento a respeito da questão ambiental” afirma Igor Kupstas, Diretor da O2 Play.




A disponibilidade gratuita nos canais online permite um alcance de público ainda maior, além de trazer esclarecimentos necessários sobre o novo código para a sociedade. “Em um momento como o que estamos vivendo, de crise hídrica, o público tem solicitado cada vez mais exibições do filme, até mesmo para entender o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional”, explica o diretor André D’Elia.



Atualmente, o Instituto Socioambiental (ISA) e as organizações Mater Natura, Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) fazem parte das quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lei 12.651/2012, que revogou o antigo Código Florestal.



O ISA encaminhou ao tribunal uma manifestação conhecida como amici curiae, que é um levantamento de dados científicos recentes que demonstram a importância para a população e a economia brasileiras dos serviços socioambientais prestados pela vegetação nativa. O documentário “A Lei da Água – Novo Código Florestal” também foi anexado à petição.



As entidades ambientalistas, preocupadas com os impactos negativos gerados pela nova lei, exigem urgência no julgamento das ADIs. “As ADIs do Código Florestal são as ações judiciais de maior relevância para a pauta ambiental da história, já que impactam diretamente a proteção florestal brasileira”, reforça Maurício Guetta, advogado do ISA responsável pela manifestação.



 “Há questões nesse processo sobre as quais o STF se pronunciará pela primeira vez, tornando este caso emblemático em termos de evolução da jurisprudência. Por isso, apresentamos agora ao STF a compilação dos estudos jurídicos e técnico-científicos sobre o tema, de modo a municiar os ministros dos elementos necessários para o julgamento”, conclui.



O documentário “A Lei da Água – Novo Código Florestal” teve sua pré-estreia no auditório do Ibirapuera, dia 31 de agosto de 2014, no encerramento da Virada Sustentável de 2014, e o lançamento mundial, aconteceu no dia 14 de maio de 2015.



O documentário foi premiado no Festival Brasil de Cinema Internacional, como Melhor Filme na categoria “Nosso Planeta” e Melhor Produtor, além do prêmio de Melhor Filme pelo público da Competição Latino-Americana pela 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.



Assista “A Lei da Água – Novo Código Florestal”




Programa de conservação traz esperança para recuperar muriquis

sexta-feira, 30 de setembro de 2016


 
 
O primata está classificado como “criticamente em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

 
 
 
 
Os muriquis-do-norte ou muriquis-de-minas (Brachyteles hypoxanthus) – que são os primatas mais ameaçados de extinção das Américas – ganham uma nova esperança para sua preservação. Trata-se do lançamento do Programa de Conservação Muriquis de Minas, idealizado por especialistas da organização não governamental Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), e agora executado pela Fundação Biodiversitas, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
 
 
 
 
O macaco muriqui-do-norte – que existe apenas na Mata Atlântica – é uma das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo. Atualmente, são identificados apenas mil indivíduos que vivem todos no Brasil, sendo que 800 estão localizados em Minas Gerais.
 
 
 
 
Além do estado mineiro, o muriqui-do-norte já povoou Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo e existe registro de mais de um milhão de indivíduos na época do Descobrimento do país. Porém, a fragmentação de seu habitat natural resultou no confinamento da espécie em pequenas porções de floresta, que atualmente correspondem a oito localidades em Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro e três no Espírito Santo.
 
 
 
 
Devido a essas ameaças, o primata está classificado como “criticamente em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Ministério do Meio Ambiente e pela avaliação da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Por isso, muriqui-do-norte é uma das espécies ameaçadas da fauna brasileira que possui um Plano de Ação Nacional (PAN) para sua conservação, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e elaborado por especialistas de diversas instituições brasileiras.
 
 
 
 
Contudo, segundo o Dr. Fabiano Melo, biólogo, professor e pesquisador responsável pelo Programa de Conservação Muriquis de Minas, até o momento, grande parte das ações elaboradas para proteger os muriquis não foi implementada ou apresenta entraves de execução, especialmente por falta de financiamento. “Esse Programa pretende preencher essa lacuna, contemplando a implementação das ações prioritárias para a conservação da espécie já previstas no PAN Muriquis”, explica Fabiano. Para isso, o Programa contará com uma equipe multidisciplinar, formada por cientistas, estudantes, educadores, e envolve três vertentes de trabalho: pesquisa, manejo e educação.
 
 
 
 
Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, o apoio a um programa como esse dos muriquis é um bom exemplo do que a Fundação tem feito nestes 26 anos de existência: parcerias com instituições que possam trazer ações efetivas e auxiliar o poder público e as comunidades locais a manterem a biodiversidade dos locais em que estão inseridos. “O Programa dos Muriquis envolve não apenas a conservação do primata, mas também de todo o ecossistema em que ele ocorre. Dessa forma, serão beneficiadas outras espécies e também as populações que vivem na Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais devastados do Brasil e do mundo”, afirma Malu Nunes.
 
 
 
 
A ideia é utilizar o potencial guarda-chuva da espécie para a conservação de áreas florestais prioritárias. “Esperamos promover a conservação dos muriquis por meio da estruturação de modelos de sustentabilidade, visando a inclusão social das comunidades e a manutenção de processos ecológicos básicos para a melhoria da qualidade ambiental”, afirma Gláucia Drummond, bióloga, presidente e superintendente geral da Fundação Biodiversitas.
 
 
 
 
A expectativa dos pesquisadores é que nos próximos anos já possam ser gerados resultados, como o nascimento de filhotes nas regiões estudadas, pois cada fêmea de muriqui engravida de três em três anos. “Um fato positivo é que elas podem acasalar com diversos machos no mesmo período, o que aumenta a possibilidade de fertilização”, explica o professor Fabiano.
 
 
 
 
Além da ONG MIB, da Fundação Biodiversitas e da Fundação Grupo Boticário, também são parceiras institucionais nesta iniciativa a Reserva do Ibitipoca, Storm Security, as Universidades Federais de Goiás, Regional Jataí (UFG/REJ) e de Viçosa (UFV).
Fonte: Ciclo Vivo

Importantes Zonas De Biodiversidade Permanecem Desprotegidas No Mundo, Diz PNUMA





As áreas de proteção ambiental cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do planeta, número que está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que prevê 17% de cobertura em 2020.



No entanto, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as conquistas em número e tamanho têm de ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade, com a proteção de lugares com maior diversidade biológica.




Com 14,7% da superfície da Terra e 12% de suas águas territoriais protegidas, o mundo está a caminho de cumprir um importante objetivo global de conservação, de acordo com novo relatório apresentado no início deste mês pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).



No entanto, o relatório “Planeja Protegido 2016” mostrou que áreas cruciais de biodiversidade permanecem desprotegidas, enquanto espécies e habitats estão subrepresentados e uma gestão inadequada limita a efetividade dessas áreas.



“As grandes conquistas em número e tamanho das áreas protegidas das últimas décadas têm que ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Erik Solheim.



“O mundo deve fazer mais para proteger de forma efetiva os lugares com maior diversidade biológica. As áreas protegidas devem estar mais bem conectadas, para permitir que as populações de animais e plantas se mesclem e se disseminem. Também é importante assegurar que as comunidades locais estejam envolvidas nos esforços de proteção. Seu apoio é crucial para a conservação no longo prazo”, completou.




“Hoje, o mundo enfrenta desafios ambientais e sociais críticos, como a mudança climática e a segurança alimentar e da água”, disse, por sua vez, Inger Andersen, diretor-geral da UICN. “As áreas protegidas têm um importante papel na conservação das espécies e nos ecossistemas que nos ajudam a fazer frente a esses desafios. Assegurar que sejam cuidadosamente mapeados e eficientemente administrados é crucial se quisermos continuar prosperando neste planeta”.




Segundo os cientistas da UICN e do Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do PNUMA, atualmente há 202.467 áreas protegidas que cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou 14,7% do planeta, com exceção da Antártida. Esse número está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que preveem 17% de cobertura em 2020.



A cobertura de áreas protegidas caiu 0,7% desde o último relatório Planeta Protegido. Os cientistas acreditam que não se trata de uma diminuição real da cobertura de solos, mas uma consequência de fatores relacionados a fluxos de dados, tais como mudanças nas fronteiras, eliminação de alguns sítios de grande porte da Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas ou de uma melhora na qualidade das informações.



A região da América Latina e do Caribe possui a maior área protegida do mundo, quase 5 milhões de quilômetros quadrados. Cerca da metade está no Brasil, país com o maior sistema de terras protegidas do mundo, com 2,47 milhões de quilômetros quadrados.




O Oriente Médio, por outro lado, tem o índice mais baixo de proteção de terras, com cerca de 3%, que equivale a cerca de 119 mil quilômetros quadrados.





A última década viu um progresso notável na proteção dos oceanos no mundo. O tamanho das áreas marinhas protegidas aumentou de pouco mais de 4 milhões em 2006 para quase 17 milhões de quilômetros quadrados atualmente, o que cobre 4% dos oceanos da Terra, quase o tamanho da Rússia. No entanto, apesar do crescimento, ainda resta muito a fazer para melhorar a qualidade das áreas protegidas, segundo o PNUMA.



Áreas de importância para a biodiversidade
Atualmente, menos de 20% das áreas-chave de biodiversidade do mundo estão completamente cobertas por áreas protegidas, enquanto menos de 20% dos países cumpriram seus compromissos para avaliar a gestão de suas áreas protegidas, o que levanta dúvidas sobre a qualidade e a eficácia das medidas de conservação existentes.



O relatório recomenda investir em áreas protegidas para fortalecer a gestão sustentável da pesca, controlar as espécies invasoras, fazer frente à mudança climática e reduzir os incentivos prejudiciais, como os subsídios, que ameaçam a biodiversidade.



A adoção dessas recomendações ajudaria a deter a perda de biodiversidade, melhorar a 
segurança alimentar e da água, permitir às comunidades vulneráveis fazer frente aos desastres naturais e conservar o conhecimento tradicional.


Novos dados
Desde que os dados do relatório foram coletados, foram declaradas novas áreas marinhas protegidas, como a recente expansão ordenada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, do Monumento Nacional Marinho Papahanaumokuakea no Havaí, oito novos sítios protegidos em Malta e grandes áreas marinhas protegidas no Chile e em Palau. Isso fez com que a taxa das águas territoriais protegidas aumentasse para 11,95%, ante 10,2% citado no documento.



O relatório Planeta Protegido 2016 avalia a forma com a qual as áreas protegidas contribuem para a realização do Plano Estratégico para a Diversidade Biológica e as metas pertinentes dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Nele se destacam estudos de pesquisa e casos atuais sobre o papel que as áreas protegidas desempenham na conservação da biodiversidade e do patrimônio cultural.


Fonte: EcoDebate

Campanha Nacional Em Defesa Do Cerrado Quer Garantir Preservação Da Água No Bioma

quarta-feira, 28 de setembro de 2016


Um grupo de 36 organizações se uniu para defender a preservação da água no Cerrado em mobilização lançada ontem (27), em Brasília. A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado busca conscientizar a sociedade dos problemas que a falta de água tem provocado na biodiversidade da região e na vida de comunidades indígenas e povos tradicionais.

 
 
“O Cerrado é fundamental para essas comunidades. Essa campanha está sendo lançada hoje, na expectativa de atingir toda a sociedade brasileira para chamar atenção dessa realidade que o Cerrado está vivendo”, disse Isolete Wichinieski, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma das entidades envolvidas na campanha. Além da CPT, outras organizações religiosas e de defesa da agricultura familiar e dos e direitos humanos integram a campanha.
 
 
Segundo Isolete, os povos tradicionais e comunidades indígenas têm um papel importante “na defesa desse território, no uso que eles fazem e na maneira como foram se adaptando e convivendo com esse bioma”.
 
 
A campanha pretende mostrar que um dos grandes responsáveis pelo processo de escassez da água e empobrecimento do solo do Cerrado é a monocultura ligada ao agronegócio.
 
 
“Nosso Cerrado está totalmente destruído. O agronegócio está avançando. A produção de soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto no território Guarani-Kaiowá trouxe prejuízo para a nossa comunidade”, disse o indígena Elson Guarani-Kaiowá durante o lançamento da campanha.
 
 
“Sofremos também vários ataques de agrotóxicos que foram despejados na comunidade indígena. Quando chove, esse agrotóxico cai nos rios, matando os peixes e os animais que ainda restam nas matas. Isso para a gente é uma grande preocupação”, acrescentou.
PEC do Cerrado
 
 
Entre as ações da campanha, estão a defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504/2010, que torna o Cerrado patrimônio nacional. Outra medida é estudar e cobrar políticas para frear o desmatamento na região. “Hoje o cerrado tem menos de 48% de vegetação [original]. A gente precisa conservar esse Cerrado em pé e pensar políticas que possam realmente recuperar o que a gente ainda consegue recuperar. Porque nem tudo a gente vai conseguir recuperar desse território, da vegetação e da sua biodiversidade”, lamentou.
 
Outra preocupação das entidades envolvidas na campanha é a inclusão do bioma no Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba (sigla para a região de Cerrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, considerada a grande fronteira agrícola do país atualmente). “Esse plano vai impactar muito mais o Cerrado. Se a gente não tiver um processo de discutir com as comunidades, de ver como barrar esse plano de desenvolvimento, teremos graves consequências para o Cerrado”, disse Isolete Wichinieski, da CPT.
 
Fonte: EcoDebate

Senhoras transformam sacos plásticos em esteiras para moradores de rua

segunda-feira, 26 de setembro de 2016


Elas já reaproveitaram mais de 52 mil sacolas plásticas que seriam simplesmente descartadas.

Um grupo de senhoras no Tennessee, Estados Unidos, encontrou um jeito muito eficiente de passar o tempo, colaborar com o meio ambiente e ainda ajudar pessoas que estão em situação de rua.



Elas se juntam semanalmente para fazer “crochê” com sacolas plásticas.
O trabalho foi apelidado de “The Bag Ladies”, algo como: as senhoras do saco. A técnica troca as linhas por sacolas plásticas, que não precisam de nenhum processo industrial para serem trabalhadas em pontos semelhantes ao do crochê.


O resultado são esteiras plásticas, doadas para que pessoas em situação de rua tenham onde dormir. Parte da produção também já foi doada a famílias que perderam tudo em consequência de desastres naturais.


Conforme informado pelas voluntárias em declaração a um canal de TV local, são necessárias 600 sacolas plásticas para cada esteira. Desde o início do trabalho, mais de 52 mil sacos plásticos já foram reaproveitados e se tornaram 88 esteiras.


O grupo de artesãs voluntárias é formado por mulheres idosas, que se reúnem semanalmente em uma igreja da comunidade.


Fonte: Ciclo Vivo

Exemplos de contaminação de metais em solos urbanos, artigo de Carlos Augusto de Medeiros Filho



[EcoDebate] Em continuidade às considerações sobre a geoquímica urbana, já apresentada em outras crônicas (Medeiros Filho, 2016 a, b, c, d), serão discutidos exemplos de contaminação de metais traços em solos urbanos, compiladas, especialmente, de Wong et al. (2006). O termo metal traço tem sido usado para definir metais presentes em baixas concentrações em solos e plantas, usualmente com menos de 0,1% ou 1000 ppm.



Solos urbanos são um importante indicador de exposição humana aos metais traços no ambiente terrestre urbano, sendo altamente susceptíveis à perturbação física e contaminação química, devido à sua proximidade com intensas atividades humanas.
Ao contrário de solos em áreas rurais e suburbanas, no ambiente urbano, os solos com ou sem vegetação, ocupam áreas relativamente restritas.



Por causa do planejamento urbano, eles são comumente encontrados em cinturões verdes ao longo das estradas e em áreas de lazer, tais como parques e playgrounds. Eles também podem, por vezes, ser encontrados em quintais privados, em pequenas parcelas, utilizadas como jardins ou para produzir alimentos. As instalações públicas de lazer, como os parques, são um componente de integração da vida urbana.


Uma vez que eles são frequentemente visitados por crianças e idosos, uma compreensão da sua qualidade ambiental é crucial.



Estudos sobre contaminação de solo urbano por metais traços têm sido conduzidos em muitas partes do mundo, tanto em países desenvolvidos, como em desenvolvimento, e para uma variedade grande de elementos químicos.



O Reino Unido e Hong Kong são provavelmente dois dos ambientes urbanos mais estudados. O primeiro representa um país europeu com uma longa história de atividades industriais e de mineração, enquanto o segundo representa uma área metropolitana asiática com elevada densidade da população, de tráfego e de indústrias.

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Hong Kong (Fonte: www.boredpanda)

Hong Kong está localizada ao longo da costa sudeste da China, sendo uma cidade densamente povoada, com uma população de quase 7 milhões e uma área total de 1100 km2. Tem cerca de 520.000 veículos em 1928 km de estradas. Contaminação por metais traços dos solos urbanos em Hong Kong tem sido estudada desde os anos 1970. Wong e Tam (1978) identificaram contaminações de Pb em solos e vegetais ao lado de estradas em Hong Kong.



Cd, Cu, Pb e Zn são os metais traços mais frequentemente investigados em solos urbanos em Hong Kong. A grande maioria dos estudos examinou a distribuição de metais em solos superficiais (< 20 cm). Este método tem sido frequentemente utilizado principalmente porque o impacto da contaminação por metais traço é geralmente mais evidente nas camadas superiores do solo.



Li et al. (2001) conduziram uma extensiva pesquisa sobre qualidade de solo em Hong Kong, coletando 600 amostras de solo em profundidade entre 0 a 15 cm. Uma comparação das concentrações de Cu, Pb, Zn em solos nos parques urbanos e rurais indicou que os solos no ambiente urbano foram geralmente mais enriquecido do que aqueles que estão fora do perímetro urbano.



As concentrações médias de Cu e Zn em solos urbanos (24,8 e 168 mg/kg, respectivamente) foram, pelo menos, quatro e duas vezes mais elevadas do que os dos solos rurais (5,17 e 76,6 mg/kg, respectivamente), enquanto a média da concentração de Pb de solos urbanos (89,9 mg/kg) foi uma intensamente maior do que a de solos rurais (8,66 mg / kg).



Li et al. (2004) desenvolveu uma sistemática amostragem (4 a 5 amostras por km2), coletando 152 amostras de solo urbano na área fortemente urbanizada e povoada de Kowloon, com uma densidade populacional de 17.200 pessoas/km2. Esse estudo revelou uma forte associação entre o enriquecimento metais traços e os locais de cruzamentos de rodovias, estradas principais e edifícios industriais.



Esses exemplos demonstram que a pressão das atividades nas grandes cidades resulta em emissões antropogênicas de metais traços potencialmente tóxicos na região urbana. Equilibrar o delicado ciclo geoquímico no ambiente urbano, em paralelo com as ações de uma densa população é um exercício muito desafiador. A geoquímica urbana, como disciplina científica, tem proporcionado um conhecimento valioso sobre a mobilização, dispersão, deposição e distribuição de metais potencialmente tóxicos. Este conhecimento é, sem dúvida, fundamental para o desenvolvimento sustentável do ambiente urbano.



Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 30 anos em Pesquisa Mineral.

in EcoDebate, 03/10/2016
"Exemplos de contaminação de metais em solos urbanos, artigo de Carlos Augusto de Medeiros Filho," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 3/10/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/10/03/exemplos-de-contaminacao-de-metais-em-solos-urbanos-artigo-de-carlos-augusto-de-medeiros-filho/.

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MEC adverte: Educação faz mal à Saúde, artigo de Daniel Clemente




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Frase de Nelson Mandela, em ocupação de escola pública. Imagem: Fotos Públicas

[EcoDebate] O maior “legado” dos Jogos Olímpicos Rio 2016: A exclusão da educação física da grade curricular do ensino médio. “Se o penhor dessa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte”. Meu hino meu mito! Nada de igualdade na hora de decidir, nada de braço forte na sedentária proposta desferida pelo ministro da educação Mendonça Filho, que fez da caneta um instrumento de amputação, desfigurando conceitos de formação social perante da escolarização.



As quadras das escolas, espaços de confraternizações e aprendizagens, foram condenadas ao desuso, ao sucateamento. Antes a promessa de socialização pelo esporte, agora um vácuo existencial.


Da noite para o dia os professores de educação física, portando horas de estudos e experiências, tornaram-se especialistas em atividades obsoletas. A saúde e o conhecimento sobre o corpo foram negligenciados. O descaso com os interesses dos estudantes é a essência da reforma educacional apresentada pelo governo.



O maior “legado” do bicentenário da Missão Artística Francesa: A exclusão do ensino de artes da grade curricular do ensino médio. “És belo, és forte, impávido colosso, e o teu futuro espelha essa grandeza” Meu hino meu mito! Como identificar o belo sem a presença das artes? Que futuro espelhar sem representatividade artística? A arte é ideia materializada, uma visão para além do apresentado aos olhos. Sem as artes, somos cegos intelectuais.



Em 1816, a “Missão Artística Francesa” registrou pelas artes um Brasil com as faces da Coroa Portuguesa. Instalada desde 1808 em terras sul-americanas, a Família Real de Portugal fez da arte um instrumento de divulgação e propaganda, com o propósito de legitimar sua permanência às margens do atlântico sul. Após duzentos anos, os registros históricos e artísticos estão expostos no Museu Chácara do Céu. Mas no país que nega aos seus jovens o conhecimento sobre as artes, dispensa convite aos festejos de dois séculos das ideias materializadas.


O maior “legado” do cântico das panelas: A exclusão do pensamento filosófico e sociológico da grade curricular do ensino médio. “Mas se ergues da justiça à clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora a própria morte”. Meu hino meu mito! Oh filosofia, o que é justiça? Em qual contexto social a morte não é temor? O conhecimento nasce no questionamento e formulação de novas perguntas. As respostas prontas não proporcionam saber absoluto ou verdades inalteráveis, são apenas palpites!



Uma sociedade é moldada a partir da maneira na qual produz seus bens, sendo a educação no Brasil um afunilamento de possibilidades e coveiro de perspectivas. A reforma desastrosa na área educacional demonstra o projeto de nação que está sendo implementado: “no final, você é apenas outro tijolo no muro”.

Daniel Carlos Clemente
 
Professor de História
 
Colégio Adventista de Santos
 
www.danielcarlosclemente.com

in EcoDebate, 30/09/2016
"MEC adverte: Educação faz mal à Saúde, artigo de Daniel Clemente," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/09/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/09/30/mec-adverte-educacao-faz-mal-a-saude-artigo-de-daniel-clemente/.

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Osteoporose – a doença silenciosa e sua prevenção




saude
Em 1º de outubro é comemorado o Dia do Idoso, os quais esperamos ver ativos e com qualidade de vida garantida


A Osteoporose que geralmente atinge uma boa parcela de idosos, aparece sem avisar, ou seja, não tem sintomas. De acordo com dados de pesquisas da International Osteoporosis Foundation (IOF) e da Federação Nacional e de Associações de Pacientes e de Combate à Osteoporose, 10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose e 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura provocada pela fraqueza dos ossos gerada pela patologia.
Os ossos mais afetados são o fêmur, coluna vertebral, ombros e punhos e, além de fraturas, doença pode acarretar em achatamento da vértebra, encurvamento da coluna (“corcunda”) e ainda diminuição da altura do paciente, alterando e diminuindo a qualidade de vida.


A Dra. Cibele Fabichak (CRM-SP 59.658) lista algumas dicas para prevenção da osteoporose e para evitar o seu agravamento.


1.      Exercícios suaves: desde caminhadas até a realização de um programa de exercícios estabelecido pelo médico ou pelo fisioterapeuta como alongamento e atividades para melhorar o equilíbrio e para fortalecimento dos músculos.

2.      Nutrição adequada: dieta rica em cálcio para fortalecimento dos ossos como leite e derivados.

3.      Parar de fumar – um fumante chega a perder 1% de massa óssea por ano. As toxinas liberadas pelo cigarro favorecem a diminuição da saúde dos ossos.

4.      Evitar excesso de álcool Pacientes alcoolistas apresentam frequentemente hipocalcemia (é um nível elevado de cálcio no sangue), hipomagnesemia (concentração sérica baixa de magnésio) e hipoparatireodismo (diminuição ou ausência da secreção das glândulas paratireóides), acarretando disfunções que levam à osteoporose.

5.      Também não se deve abusar do café – a cafeína, presente no café, é rica em xantina, substância que pode promover a maior excreção de cálcio pelos rins e, ao mesmo tempo, reduzir a absorção do nutriente pelo intestino. Por isso, a bebida, consumida em excesso, está associada ao risco de osteoporose e, consequentemente, fraturas. A cafeína também é encontrada na Coca-Cola e outros refrigerantes, bem como no chocolate, no chá mate e nos chás preto, verde e branco.

6.      Evitar quedas – para isso uma série de cuidados são fundamentais para evitar fraturas:
·        Não deixe fios de telefone e televisão expostos ou soltos no chão.
·        Não deixe objetos espalhados pelo chão.
·        Não deixe tapetes soltos.
·        Evite calçados de saltos e com solado liso; use sapatos confortáveis com solado antiderrapante.
·        Não encere o assoalho, pois isso torna o chão escorregadio.
Não ande em locais pouco iluminados e com chão molhado.
·        Utilize corrimão dos dois lados; não coloque tapetes nas escadas.
·        Não guarde objetos em prateleiras altas.
·        Coloque banco de plástico dentro do boxe para, sentado, lavar os pés e use ducha móvel.
·        Coloque barras de segurança no banheiro. Se possível tenha piso antiderrapante na cozinha e no banheiro.
·        Coloque corrimões e barras de apoio próximo à cama, ao vaso sanitário e dentro do boxe do banheiro.
·         Quando acordar à noite, espere alguns minutos antes de levantar para ir ao banheiro ou tomar água, principalmente se estiver usando remédio que provoque tontura.
·         À noite, tenha sempre uma lanterna no criado mudo.
·         Uma boa visão é fundamental para o bom equilíbrio, portanto, visite com frequência seu oftalmologista.

in EcoDebate, 30/09/2016

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Campanha #SalveOBoto: Vítima da ação humana, boto-cinza pode desaparecer em 10 anos



Vítima da ação humana, golfinho pode desaparecer em 10 anos
#SalveOBoto: pesca incidental, desnutrição e doenças são algumas formas de morte do boto-cinza
Na Lista da Fauna Brasileira de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA 44417/2014), o boto-cinza sente, a cada dia, o cerco se fechando. 



Os cerca de 800 exemplares que ainda existem na Baía de Sepetiba (RJ) – local que concentra a maior população de botos-cinza do mundo – estão encurralados de um lado pelo desenvolvimento portuário, industrial e urbano e do outro pela pesca predatória que avança e acaba com os peixes dos quais eles se alimentam.



Como não têm o hábito de migrar, os animais dependem, exclusivamente, do equilíbrio do local onde vivem, e um dos grandes riscos para a sobrevivência do golfinho é a poluição. Com a chegada de grandes indústrias na região portuária da baía – cerca de 450 , os botos sofrem com as concentrações de metais pesados, que afetam seus sistemas imunológicos e hormonais, deixando os animais mais suscetíveis a doenças de pele, ossos.



O rápido crescimento da região também fez com que os botos-cinza e os pescadores artesanais tivessem que disputar espaços de pesca. A baía, que tem 536 Km², abriga três terminais portuários e um estaleiro da Marinha. Os empreendimentos têm direito às chamadas áreas de exclusão, locais onde a atividade pesqueira é proibida. 



Com isso, os pescadores artesanais são empurrados para a área que os botos-cinza costumam habitar. Em alguns casos, o boto fica preso nas redes de emalhe e não consegue subir à superfície para respirar, quando não se machuca em equipamentos, como anzóis.




Como se não bastassem esses problemas, o boto também disputa comida com os grandes barcos ilegais que cometem pesca predatória na região. Os grandes pesqueiros buscam peixes da cadeia alimentar do boto-cinza, que acabam morrendo por desnutrição. A pesca ilegal também não respeita o período de defeso (quando a pesca é proibida) dos peixes consumidos pelo golfinho.




Campanha – De 18 setembro a 8 de outubro, o MPF promove a campanha #SalveoBoto, nas redes sociais do órgão, com vídeos, posts e matérias sobre o tema. Realizada em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e o Instituto Boto Cinza, a campanha estimula o uso da hashtag #SalveoBoto com objetivo de mobilizar internautas e organizações a derem visibilidade ao risco de extinção do boto-cinza.
Saiba mais em www.salveoboto.mpf.mp.br.

Do MPF, in EcoDebate, 03/10/2016

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