sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Para conter caçadores, Zimbábue retira chifres de rinocerontes

Plano é realizar procedimento com os 700 animais da espécie que vivem no país.
Zimbabue cacadores chifres rinocerontesAnimais são sedados e têm seus chifres retirados por veterinários. (Fotos: Aware Trust Zimbabwe/Divulgação)
Numa iniciativa controversa para conter a caça ilegal, o governo do Zimbábue iniciou nesta semana o projeto de retirar os chifres de todos os rinocerontes adultos que vivem no país. A previsão é que o procedimento seja realizado em aproximadamente 700 animais.

— Nosso objetivo é tirar os chifres de todos os rinocerontes adultos e marcar os jovens para a manutenção de registros — disse Lisa Marabini, diretora da organização ativista Aware Trust Zimbabwe (ATZ), em entrevista à AFP. — A caça é um problema sério neste país. Isso deve agir como uma medida dissuasiva ao reduzir o prêmio potencial para os caçadores.

Os rinocerontes estão entre as maiores vítimas da caça ilegal no Zimbábue, e, por esse motivo, sua população vem diminuindo ao longo dos anos. Segundo Lisa, estimativas indicam que ao menos 50 animais da espécie foram mortos por caçadores dentro de reservas no ano passado.

Os caçadores abatem os animais e retiram apenas os chifres, abandonando a carcaça. Os chifres dos animais são contrabandeados para países asiáticos, onde eles são apreciados por supostas qualidades medicinais.
Zimbabue cacadores chifres rinocerontes2Os chifres crescem cerca de 6 centímetros por ano e, por isso, o procedimento deve ser repetido a cada dois anos.
Em comunicado, a ATZ informou que o projeto está sendo realizado em três parques nacionais, que cobrem aproximadamente metade da população de rinocerontes no país. Os rinocerontes, diz a organização, não possuem predadores naturais e, por esse motivo, não precisam dos chifres para se defenderem.

Os chifres crescem cerca de 6 centímetros por ano nos animais mais jovens, sendo que o ritmo diminui com o avanço da idade. Por isso, o procedimento deve ser repetido a cada dois anos. Todos os chifres retirados são marcados com microchips e entregues ao governo, para evitar que eles alimentem o comércio ilegal.

Fonte: O Globo

Gatinha jogada pela descarga nunca parou de gritar por ajuda


Por Zainab Akande / Tradução de Alice Wehrle Gomide


No começo da semana retrasada, os socorristas do Ford County Fire & EMS (FCFD) em Dodge City, Kansas, nos EUA, receberam uma ligação angustiante – uma gatinha de três semanas de idade estava supostamente presa dentro de um vaso sanitário.
EUA Kansas gatinha jogada descargaO chão após o vaso ter sido removido para resgatar o gatinho. (Fotos: Ford County Fire & EMS)
Ao chegar ao local, a equipe de resgate soube que uma criança de quatro anos de idade que foi deixada sem supervisão pegou a gatinha longe de sua mãe, que tinha acabado de ter um bebê, e decidiu jogar o jovem animal no vaso sanitário .
EUA Kansas gatinha jogada descarga2
Os socorristas escutaram a gatinha miando por ajuda e trabalharam para primeiro remover o vaso completamente, na esperança de recuperar o animal dessa forma – mas seu resgate se tornou um pouco mais difícil.


“A gatinha tinha ‘viajado’ por mais de um metro e fez uma curva no encanamento onde o cano vai para fora para esvaziar”, Robert Boyd, bombeiro chefe do FCFD, contou ao The Dodo. Uma câmera colocada pelo cano mostrou a gatinha firmemente presa bem depois da curva do cano.
EUA Kansas gatinha jogada descarga3
Após quase três horas limpando a sujeira e cortando o cano, os socorristas finalmente conseguiram alcançar e puxar o animal para fora.


“A gatinha estava muito letárgica e não se mexia muito”, Boyd disse. “Nós imediatamente começamos a aquecê-la e a colocamos em uma toalha. Os tutores deram um banho nela e a colocaram de volta com sua mãe”.
EUA Kansas gatinha jogada descarga4A gatinha resgatada, que conseguiu sobreviver ao episódio.
Mais tarde naquele dia, a gatinha foi informada como indo muito bem – ela tinha milagrosamente sobrevivido e, naturalmente, recebeu o nome de Miracle (Milagre) pelos seus tutores.
EUA Kansas gatinha jogada descarga5Foto: Facebook/Kristin Schmitz
“Nós já resgatamos animais antes, mas este foi o primeiro que tivemos que puxar de um vaso sanitário”, Boyd disse.

Fonte: The Dodo

População de elefantes na África caiu 30% em sete anos, diz Censo


Caça ilegal para alimentar mercado internacional de marfim é o principal motivo.
Africa populacao elefantes caiu 30porcento sete anos1Elefantes atravessam trecho de savana na planície africana (Foto: Great Elephant Census / AP)
A população de elefantes na savana africana está em acentuado declínio, principalmente devido à caça ilegal motivada pelo mercado internacional e doméstico de marfim.


De acordo com o Censo do Grande Elefante, financiado pelo empresário Paul Allen, co-fundador da Microsoft, a população da espécie na África sofreu uma assustadora queda de 30% em apenas sete anos, de 2007 a 2014, e continua caindo a uma taxa de 8% ao ano.


A pesquisa áerea cobriu 18 países do continente usando dúzias de aeronaves. A distância percorrida durante o trabalho foi equivalente a uma viagem de ida à Lua e parte do retorno. Noventa cientistas participaram do estudo, que concluiu que a África tem, hoje, 352.271 elefantes em suas áreas de savana


Ao longo do censo, os persquisadores localizaram cerca de 12 carcaças para cada elefante vivo, indicando que a caça ilegal está num nível alto o suficiente para causar o declínio da população. Mas eles observaram que a relação entre carcaças e animais vivos é muito mais do que essa em alguns países.


Ainda de acordo com a pesquisa, que está gerando repercussão internacional, os raros elefantes-da-floresta africanos, essenciais na restauração das florestas tropicais da África Central, precisarão de quase um século para se recuperar dos massacres de caçadores.


Africa populacao elefantes caiu 30porcento sete anos2Em foto de abril de 2016, pila de marfim apreendido é empilhada antes de ser queimada em Camarões (Foto: Andrew Harnik / AP)
O trabalho da Wildlife Conservation Society é o primeiro a analisar a demografia de um animal esquivo (apesar do seu tamanho e de viver em grandes manadas) que habita matas remotas e fechadas.


Mas a área tropical de mata fechada onde vivem não está imune a caçadores, que reduziram sua população em incríveis 65% entre 2002 e 2013 para atender o comércio de marfim na China e outros países asiáticos.


"Desde 2013 diminuiu ainda mais dos 100 mil elefantes, podemos ter caído para 70 mil. Para voltar a população que tinham antes de 2002, com sua taxa de natalidade natural, demorariam quase um século", disse à agência de notícias Reuters Peter Wrege, da Universidade de Cornell, nos EUA, um dos autores do estudo.


Muito mais está em jogo do que "apenas" a sobrevivência da espécie (se é que podemos dizer, mesmo com aspas, apenas a sobrevivência de uma espécie): os elefantes-da-floresta são considerados pelos biólogos como uma espécie essencial na preservação dos ecossistemas florestais da África Central, diz o estudo, publicado no "Journal of Applied Ecology".


Muitas espécies de plantas dependem dos elefantes para terem suas sementes espalhadas: os animais as comem, andam muito, comem mais e produzem vastas quantidades de esterco, onde as sementes saem e florescem, gerando novas árvores. Suas viagens pela floresta (e sua alimentação no caminho) também criam trilhas para espécies menores. "A estrutura das matas mudaria sem eles fazem essa dispersão das plantas, abrindo caminhos", diz o pesquisador.


A saúde das florestas tropicais da África Central tem consequências globais, já que são a segunda maior área de retenção de carbono no mundo: elas retém o carbono produzido pelo homem, diminuindo o impacto das mudanças climáticas.


"Os elefantes-da-floresta estão passando pelos maiores níveis de caça na África, com entre 10 e 18% de sua população morta por ano", diz o estudo.


Uma das duas espécies de elefantes da África - a outra é a maior e mais numerosa elefante-da-savana - os elefantes-da-floresta não podem aguentar essa pressão letal. Poucos outros mamíferos se reproduzem tão lentamente.


Segundo o estudo, as fêmeas começam a ter filhotes aos 23 anos, cerca de uma década depois de suas primas da savana. E as fêmeas da floresta só tem um bebê a cada 5 ou 6 anos, comparado ao intervalo de 3 a 4 anos da savana.


Africa populacao elefantes caiu 30porcento sete anos3Elefante no Parque Nacional de Tsavo, no Quênia (Foto: TONY KARUMBA / AFP)
Alguns dos piores massacres de caça do mundo estão ocorrendo nos habitats dos elefantes na República Central Africana e na República Democrática do Congo, países pobres que sofrem com governos corruptos e conflitos.


O estudo foi divulgado um mês antes de uma reunião das Nações Unidas em Joanesburgo no fim de setembro, na qual o Zimbábue e a Namíbia pressionarão por permissão para vender estoques de marfim apreendido de contrabandistas.


Segundo ambos os governos, a venda dos estoques financiaria a proteção dos animais. Já a sua destruição faria o preço do marfim subir, o que tornaria a caça ainda mais atraente para os criminosos. A enorme maioria dos países africanos é contra a venda, dizendo que irá ajudar os caçadores e tornar a venda socialmente aceitável.


Fonte: O Globo (com informações da Reuters)

Vídeo chocante mostra golfinho cativo escapando de um tanque minúsculo

Por Veronica Chavez / Tradução de Jade Medeiros
EUA Florida golfinho escapando tanqueFoto: nikki/vine


Perdemos as contas de quantas vezes animais marinhos mantidos em cativeiro expressaram para nós o quão infelizes ficam quando presos em tanques de parques marinhos. Orcas encalharam a si mesmas por períodos de tempo absurdamente longos, muitas morderam desesperadamente as grades dos tanques e algumas (vencidas pelo tédio) recorreram simplesmente a flutuar na superfície da água, estáticas.

https://vine.co/v/egZuuO0TZgw

Animais marinhos mantidos em cativeiro, como orcas e golfinhos exibem este comportamento porque eles não são animais irracionais, eles são inteligentes, incrivelmente emotivos e capazes de medidas extremas, às vezes até suicidas, quando estão seriamente deprimidos. Apesar desses fatos, os parques marinhos insistem em manter essas criaturas perceptivas encarceradas.


Golfinhos não aguentam todo esse abuso parados, todavia.


Por serem as criaturas inteligentes que são, às vezes contra-atacam os olhares fixos dos visitantes dos parques e até tentam fugir. No início de agosto, nós testemunhamos um golfinho arrancar um iPad de uma mulher que estava movendo-se gradualmente parra muito perto do tanque e, nesse caso, vimos um golfinho do Gulf World Marine Park, na cidade de Panama City Beach, Flórida, nos EUA, saltar para fora do tanque na frente de uma multidão de pessoas!


Nós diríamos que estamos surpresos com essa cena, mas não estamos… de modo algum. Os golfinhos são uma das criaturas mais inteligentes do mundo e são extremamente conscientes. Na natureza, eles têm vidas multifacetadas e ligações sociais profundas e emotivas com os membros de seu grupo.


Golfinhos têm cérebros grandes e altamente desenvolvidos que os permitem aprender e a se ajustar ao entorno. Golfinhos também têm demonstrado a habilidade de imitar a fala e a vocalização humanas. 


O golfinho no vídeo acima está agindo da mesma maneira que qualquer ser humano que estivesse preso num tanque agiria – frustrado e desesperado para fugir.

https://vine.co/v/egZuuO0TZgw

Apesar de não podermos ir a parques marinhos para darmos nós mesmos a liberdade para essas lindas criaturas, ainda podemos ajudá-las a terem a libertação que merecem ao boicotar todos os parques marinhos e compartilhar vídeos como esse para promover a conscientização! Está em nossas mãos dar a essas espécies o respeito que elas merecem. É hora de #EmptyTheTanks (esvaziar os tanques)!


Fonte: One Green Planet

Ibama aplica multa de 12,5 milhões à Petrobras por acidente ambiental em Sergipe





Ibama aplica multa de 12,5 milhões à Petrobras por acidente ambiental em Sergipe

O Ibama identificou a origem de mancha de óleo que causou poluição nas praias de Atalaia, em Sergipe, e aplicou multa de 12,5 milhões de reais à Petrobras. O acidente, que poluiu 4 km de praias, ocorreu em maio, mas sua origem ainda não havia sido determinada.

A equipe de emergências ambientais da Superintendência do Ibama em Sergipe realizou vistorias à época, reunindo-se com a Marinha, o órgão estadual de Meio Ambiente e a Petrobras, com o objetivo de apontar a fonte poluidora.

Após análises laboratoriais, a Petrobras assumiu a autoria do acidente, concluindo que o emissário submarino do Polo Atalaia (conhecido como PAP-1) foi o causador da mancha. Com a apuração, concluiu-se que a substância era uma mistura de sulfeto de ferro com traços de óleo, compatível com o petróleo produzido na Bacia de Sergipe-Alagoas.

Devido ao lançamento de resíduo no mar em desacordo com a legislação vigente, a empresa recebeu um auto de infração do Ibama no valor de 12,5 milhões de reais.

Embora não seja um empreendimento licenciado pelo Ibama, o Instituto já havia identificado falhas no descarte de água

Fonte: Ibama

in EcoDebate, 02/09/2016

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Contaminação da biodiversidade por transgênicos


, Parte 6/6, artigo de Roberto Naime




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[EcoDebate] NODARI et. al. (2010) registram que já em 1989, pelo menos 15 anos antes da liberação no meio ambiente da primeira planta transgênica, o tomate Flavr Svr segundo TIEDJE et al. (1989), se anteciparam os principais riscos ambientais.


A criação de novas pragas e plantas daninhas, um aumento das pragas já existentes por meio da recombinação gênica entre a planta transgênica e outras espécies filogeneticamente relacionadas e a produção de substâncias que são ou poderiam ser tóxicas a organismos não-alvos, são efeitos que ocorrem.


O efeito disruptivo em comunidades bióticas e o desperdício de valiosos recursos genéticos, seguido de contaminação de espécies nativas com características originadas de parentes distantes ou de espécies não relacionadas também ocorrem.


E efeitos adversos em processos dos ecossistemas e origem de substâncias secundárias tóxicas após a degradação incompleta de químicos perigosos, além do efeito adverso nos processos ecológicos e extravagância de recursos biológicos valorosos, também se registram, conforme assinalam NODARI et. al. (2010).


Praticamente todos os efeitos adversos previstos ocorreram com os organismos geneticamente modificados (OGMs) liberados. Portanto, não é correto dizer que os mesmos são imprevistos, pois os efeitos adversos ou os danos foram alertados por parte da própria comunidade científica.


Uma das consequências mais dramáticas e mais preocupantes de cultivo de variedades transgênicas é a contaminação genética de variedades crioulas ou populações silvestres de uma espécie cultivada, em centro de origem ou de diversidade genética, com os transgenes (TIEDJE et al., 1989 e NODARI e GUERRA, 2004).


A contaminação genética tem muitas consequências. Primeiro, a contaminação de variedades convencionais tem consequências socioeconômicas. É ilustrativo o caso do milho transgênico StarLink, um tipo que produz uma toxina de Bt a partir do gene Cry9C, aprovado pela agência americana “Environmental Protection Agency (EPA)” para alimentação animal mas não para consumo humano.



Este milho contém uma proteína (Cry9C) que pode causar reações alérgicas em humanos, uma vez que ela não seja quebrada imediatamente nos testes de digestão. Como nos Estados Unidos a rotulagem não é utilizada, em apenas dois anos de cultivo causou uma enorme contaminação em outras variedades e na cadeia alimentar.



Detectado em produtos alimentares para humanos nos Estados Unidos; em alimentos e bebidas em outros países e em lotes de sementes de outras variedades (THE ROYAL SOCIETY OF CANADA, 2001).



A contaminação nas áreas de cultivo em apenas dois anos alcançou aproximadamente 9% das amostras coletadas num raio de 9 km das áreas cultivadas com a variedade Starlink pela Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos (10.688 de 118.622 amostras). Neste relatório da Academia de Ciências do Canadá consta ainda que a toxina Cry9C é suspeita de causar alergia em pessoas.



No Brasil são comuns as contaminações por transgenes de variedades convencionais ou produzidas organicamente.


NODARI et. al. (2010) relatam que dedicado ao cultivo de produtos orgânicos, sem agrotóxicos e com sementes naturais, por mais de 30 anos, o agricultor Max Enro Dockhorn, de 73 anos, desistiu, no ano passado, da lavoura de soja que mantinha em uma área de 70 ha no município gaúcho de Três Passos.



Dockhorn disse também à revista Carta Capital (2007) “Na safra de 2005 para 2006 perdi metade da minha produção orgânica. No momento de vender, testes identificaram proteína transgênica na minha soja, bastou que, ao redor de minha propriedade, outros produtores usassem sementes transgênicas para haver a contaminação”. Além da perda de valor, que superava os 10 reais por saca, ele teve de pagar royalties por ter sido acusado de usar sementes transgênicas.



Por ocasião da liberação comercial da soja transgênica pelo governo brasileiro era admitido que, por ser uma espécie autógama, a taxa de fecundação cruzara era mínima e, até, desprezível.



No entanto, estudos científicos realizados após esta decisão da CTNBio em 2008, demonstraram que plantas de sojas distantes até 7 m podem se cruzar (ABUD et al., 2003 e SCHUSTER et al., 2007).
Além disso, na época, a CTNBio também desprezou o fato de que o fluxo gênico, ou seja, a dispersão de transgenes, também se dá por mistura de sementes, especialmente pelo uso coletivo ou contratação de máquinas para plantio ou colheita de terceiros, prática muito comum na realidade dos pequenos agricultores brasileiros e da impossibilidade de segregação no sistema de transporte, secagem e armazenagem hoje disponíveis.


Estes dados aliados a tantos outros indicam que a transgenia é uma tecnologia totalitária, e falível, ao contrário do que argumentam seus defensores, pois suas variedades não coexistem com aquelas cultivadas em outros sistemas de cultivo, como o convencional, o orgânico e o agro-ecológico, sem causar efeitos adversos ou negativos, particularmente a quem não quer utilizar transgênicos.


Mas, a contaminação de variedades crioulas por transgenes causa mais impactos que em variedades convencionais. Variedades crioulas são cultivadas especialmente para alimentação humana, cujos produtos são típicos da cultura das comunidades que os produzem. Atualmente estas variedades estão sendo contaminadas principalmente com toxinas de Bt.


Também o reservatório genético, que é uma fonte de variabilidade genética, é prejudicado de diferentes formas pela contaminação genética (ELLSTRAND, 2003).


Para os agricultores, as consequências da contaminação genética são a diminuição da diversidade genética em cultivo, em razão do pequeno número de variedades transgênicas disponíveis, a redução da fonte de novos alelos ou combinações alélicas tanto para a seleção praticada pelos agricultores em suas propriedades como para os programas de melhoramento genético e o prejuízo aos efeitos da seleção natural em favor da adaptação aos ambientes locais (ELLSTRAND, 2003).


Referências:
ABUD, S., SOUZA, P. I. M., MOREIRA, C. T.; ANDRADE, S. R. M., ULBRICH, A. V., VIANNA, G. R., RECH, E. L. e ARAGÃO, F. J. L., Dispersão de pólen em soja transgênica na região do Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, p.1229-1235, 2003.

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Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.


Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Nota da Redação: Leiam, também, os artigos anteriores desta série
Contaminação da biodiversidade por transgênicos, Parte 1/6
Contaminação da biodiversidade por transgênicos, Parte 2/6
Contaminação da biodiversidade por transgênicos, Parte 3/6
Contaminação da biodiversidade por transgênicos, Parte 4/6
Contaminação da biodiversidade por transgênicos, Parte 5/6

in EcoDebate, 02/09/2016

Alertas do DETER/INPE estimam 2.013 km² de corte raso na Amazônia entre maio e julho




Nos meses de maio, junho e julho, os alertas de alteração na cobertura florestal por corte raso ou degradação na Amazônia somaram 2.993 km². Deste total, estima-se que 2.013 km² são de áreas de desmatamento por corte raso e 884 km² correspondem à degradação florestal, além de 56 km2 de desmatamentos não confirmados, conforme registro do DETER, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).


As distribuições das áreas de Alertas nos Estados em cada mês, bem como a respectiva cobertura de nuvens, são apresentadas na tabela a seguir.

DETER(*)
Mai (km2)
Nuvens
Mai (%)
DETER(*)
Jun (Km2)
Nuvens
Jun (%)
DETER(*)
Jul (km2)
Nuvens
Jul (%)
Acre
5,2
1
2,8
0
25,8
0
Amazonas
155,5
44
275,7
26
175,6
13
Maranhão
4,2
41
40,3
10
4,0
10
Mato Grosso
181,1
0
131,4
0
125,9
0
Pará
307,8
50
830,7
15
255,6
11
Rondônia
122,5
0
148,8
0
148,7
0
Tocantins
7,5
0
0.8
0
1.9
0
TOTAL
784,1
35
1430,8
18
737,7
12
(*) Soma das áreas de alerta de corte raso, degradação florestal e falsos positivos.

 
Baseado em dados de satélites de resolução moderada (250 m) – Terra/MODIS, o DETER é uma ferramenta de suporte à fiscalização de desmatamento e demais alterações na cobertura florestal ilegais, prioritariamente orientado para as necessidades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).


As imagens são analisadas e, em prazo de até cinco dias após a passagem do satélite, mapas de Alertas de alteração na cobertura florestal são enviados ao IBAMA. Os alertas podem se referir indistintamente ao desmatamento propriamente dito, quando há a remoção drástica da cobertura florestal por corte raso, e também a eventos de degradação florestal, que podem ser exploração madeireira por corte seletivo, preparação da área para o corte raso, localmente denominada brocagem, ou cicatrizes de incêndio florestal.


Os resultados do DETER devem ser analisados em conjunto com as informações sobre a cobertura de nuvens, que afeta a observação por satélites. As áreas em rosa dos mapas a seguir correspondem aos locais que estiveram encobertos no período. Nos mesmos mapas, os pontos amarelos mostram a localização dos Alertas emitidos pelo DETER.




Mapa de alertas de maio, mês em que a cobertura de nuvens impediu a observação de 35% da Amazônia

Mapa de alertas de junho, mês em que a cobertura de nuvens impediu a observação de 18% da Amazônia
Mapa de alertas de julho, mês em que a cobertura de nuvens impediu a observação de 12% da Amazônia

 
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o INPE não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo sistema DETER.


Estimativa de corte raso e degradação florestal


Uma validação dos dados do DETER é realizada regularmente pelo INPE desde 2008 e, como resultado, obtém-se uma estimativa amostral da proporção de áreas de corte raso, de degradação florestal e de falsos positivos. A validação dos dados do DETER tem como objetivo caracterizar mensalmente os Alertas de Alteração na Cobertura Florestal na Amazônia. Para a qualificação, faz-se uso de imagens provenientes do satélite Landsat (ou similar), adquiridas em período equivalente as imagens MODIS utilizadas pelo DETER.


A tabela a seguir detalha as estimativas das áreas de Corte raso, Degradação e Falsos positivos calculados a partir dos resultados da validação do trimestre para toda Amazônia Legal.

Classe
Maio
Junho
Julho
Total
Corte Raso
453.3
1000.1
559.9
2013.3
Degradação
312.1
409.2
163.0
884.3
Falso positivo
19.6
21.5
14.8
55.9
Soma
785.0
1430.8
737.7
2953.5


A fatoração da área de alerta em corte raso e em degradação florestal atende a uma solicitação do IBAMA, ratificada por um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado em novembro de 2014 entre as duas instituições. A fatoração poderá ser aplicada toda vez que houver dados de satélites de alta resolução (20-30 m) disponíveis no mês em questão e com baixa cobertura de nuvens em quantidade suficiente para cobrir ao menos 30% dos eventos de alertas e 30% de sua área total.


Conforme o ACT firmado, a divulgação do DETER é referente a um trimestre, realizada no fim do mês seguinte ao término do trimestre e, além dos relatórios de dados (1) e de validação (2), o INPE divulga mapas da distribuição espacial das ocorrências de alertas de cada mês deste trimestre agregados em células de 50 km X 50km (3) e o mapa com os polígonos de alertas do trimestre anterior (4). O INPE também fornece uma interface gráfica para a visualização dos dados do DETER e outras informações pertinentes sobre as alterações da cobertura florestal na Amazônia (5).


(1)http://www.obt.inpe.br/deter/nuvens.php
(2)http://www.obt.inpe.br/deter/avaliacao/?M=D/
(3)http://www.obt.inpe.br/deter/dados/grade/?M=D/
(4)http://www.obt.inpe.br/deter/dados/
(5)http://www.obt.inpe.br/deter/indexdeter.php
 

Sistema DETER


Realizado pela Coordenação de Observação da Terra (OBT) do INPE, o DETER é um serviço de alerta de desmatamento e degradação florestal na Amazônia Legal baseado em dados de satélite de alta frequência de revisita.


O DETER utiliza imagens do sensor MODIS do satélite Terra, com resolução espacial de 250 metros, que possibilitam detectar polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares. Nem todos os desmatamentos são identificados devido à ocorrência de cobertura de nuvens.


Os alertas produzidos pelo DETER foram concebidos e são produzidos para orientar a fiscalização do desmatamento ilegal na Amazônia. Os mapas de alertas do DETER são enviados diariamente ao IBAMA com a localização precisa de eventos de desmatamento e degradação florestal e um indicativo de área que tem qualidade limitada pela resolução do satélite, que permite representação acurada de área apenas para eventos de tamanho superior a 100 ha.


Por isso, o INPE não recomenda que os dados de área de alertas do DETER sejam utilizados como indicativo do andamento da intensidade de desmatamento. Para medir esta intensidade o INPE produz desde 1988 o mapa de desmatamento feito com imagens de resolução de 20 a 30 m (Landsat, CCD/CBERS, LISS3/ResourceSAT, DMC e SPOT). Deste mapa o INPE calcula a taxa de desmatamento anual em km2 medida pelo PRODES.

A menor resolução dos sensores usados pelo DETER é compensada pela capacidade de observação diária, que torna o sistema uma ferramenta ideal para informar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre novos desmatamentos.

Este sistema registra tanto áreas de corte raso, quando os satélites detectam a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas com evidência de degradação decorrente de extração de madeira, preparação para desmatamento (brocagem) ou incêndios florestais, que podem ser parte do processo de desmatamento na região.

A cada divulgação sobre o sistema de alerta DETER, o INPE apresenta ainda um relatório de avaliação amostral dos dados. Os relatórios, assim como demais dados relativos ao DETER, podem ser consultados em www.obt.inpe.br/deter.

Fonte: INPE


in EcoDebate, 02/09/2016

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Beleza ameaçada.


, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Quando meus olhos estão sujos da civilização, cresce por dentro deles
um desejo de árvores e pássaros” Manoel de Barros

160902a

[EcoDebate] A biodiversidade da Terra está sob ataque. É preciso voltar a 65 milhões de anos para encontrar taxas de extinção de espécies tão altas quanto ocorre atualmente.


O Índice do Planeta Vivo, da WWF, que mede as tendências de milhares de populações de vertebrados, diminuiu 52% entre 1970 e 2010. Em outras palavras, a quantidade de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes em todo o planeta se reduziu pela metade nos últimos 40 anos.


A jornalista e escritora Elisabeth Kolbert no livro “A sexta extinção: uma história não natural” chega à conclusão de que uma quantidade inigualável de animais está desaparecendo a uma taxa assustadora. A sexta extinção tem o potencial para ser a mais devastadora da história da Terra. Mas, dessa vez, a causa não será um asteroide ou algo semelhante. O crescimento da civilização, a ganância e o egoísmo humanos são os motivos principais.


Em geral, as pessoas preocupadas com a conservação das espécies dão ênfase à situação crítica que ameaça os grandes animais: tigres, ursos polares, baleias, gorilas, rinocerontes, etc. Também há grande temor com a Síndrome do Colapso das Colmeias, pois as abelhas são polinizadoras fundamentais para se garantir a produção agrícola essencial para a alimentação dos mais de 7 bilhões de habitantes do globo.


Mas o que acontece com a grande maioria da vida animal que os habitantes das cidades nem conhecem? O que dizer dos insetos e larvas que podem desaparecer dos ecossistemas sem qualquer impacto aparente? Qual a situação das aves canoras que alegram a sinfonia da vida selvagem? O que tem sucedido com o canarinho que é símbolo da seleção brasileira?


Um novo estudo publicado na revista Ecology, em agosto de 2016, demonstra que a biodiversidade tem um valor inestimável para os ecossistemas. Na verdade, a presença ou ausência de espécies raras podem fornecer pistas importantes se um bioma está próximo de um possível colapso. O uso exagerado e indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos tem um grande impacto ambiental e as aves raras são as primeiras a sofrer.


Mas existem iniciativas que tentam interromper o colapso. A animação “Rio”, trouxe, para os cinemas do globo, os dramas da ararinha-azul, do crime do desmatamento e do tráfico de animais silvestres. O diretor Carlos Saldanha deu vida a uma bela, inteligente e bonita ararinha, chamada Blu, que conquista o público e alerta o mundo para os riscos de extinção da flora e fauna tropical.


Felizmente, há outras importantes iniciativas. O “Projeto Beleza Ameaçada” é uma luz de esperança para as aves raras brasileiras. O fotógrafo Tony Genérico, perito e experto na técnica dos splashes, utilizou seus conhecimentos de fotografia de alta velocidade para registrar alguns pássaros símbolos alçando voo.


Não existem dois splashes idênticos. Usando a desconstrução das cores de forma dialética e dinâmica, os splashes parecem ameaçar e ao mesmo tempo realçar a beleza das aves. Cada foto é única e jamais poderá ser repetida. O resultado é belo, original, artístico, impactante e contribui para a preservação da rica biodiversidade das aves brasileiras.

160902b

O trabalho inovador do fotógrafo Tony Genérico estará à disponível à visitação do público no Forte de Paraty. Evento promovido pelo Festival de Aves de Paraty em parceria com o Paraty em Foco, 12º Festival Internacional de Fotografia, que vai ocorrer na cidade de Paraty, RJ, entre os dias 14 e 18 de setembro de 2016.


A ave símbolo do festival Aves de Paraty (Paraty em Foco) será o Formigueiro-de-cabeça-negra. A espécie, endêmica do Sul Fluminense, foi descrita pela primeira vez em 1851, mas durante décadas foi considerada extinta. Todavia, felizmente, um casal de observadores de aves redescobriu a espécie em setembro de 1987 e estima-se atualmente a existência de 50 indivíduos.


A espécie Formigueiro-de-cabeça-negra vive na divisa de Paraty com Angra dos Reis e conta com a solidariedade das pessoas amigas da natureza para sobreviver e demonstrar que ainda existe alguma esperança para a manutenção da diversidade biológica e da vida em todas as suas manifestações.


A resiliência dos ecossistemas brasileiros depende de iniciativas como esta para mostrar que “nossos bosques têm mais vida” e para evitar que a beleza seja permanente e constantemente ameaçada.


Referências:

Tony Genérico: http://www.tonygenerico.com.br/
Galeria ArtShot: http://artshot.com/artistas/tony-generico/
Festival Aves de Paraty: http://www.paraty.com.br/aves_de_paraty.asp
Paraty em Foco: http://www.pefparatyemfoco.com.br/#!daniel-cywinsk/goqjw

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 02/09/2016

"Beleza ameaçada, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2/09/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/09/02/beleza-ameacada-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]