quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Golfinho: um animal quase humano, ou sobre-humano?



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A humanidade precisa ampliar o seu olhar por sobre as demais espécies animais do planeta, deixando de enfatizar apenas os cuidados com os “pets”, aqueles animais domésticos que convivem e nutrem a carência afetiva do homem (que invariavelmente os trata e projeta neles as suas necessidades e neuroses humanas). Todos os seres da natureza possuem um importante papel neste enorme ecossistema terrestre, ainda tão desconsiderado e maltratado pelo homem, que ainda não percebeu as graves consequências de sua postura.

Para ilustrar este importante tema, falaremos um pouco sobre os golfinhos, magnífica espécie animal que está muito além das acrobacias visualizadas nos parques aquáticos ou dramatizadas em histórias fantásticas pelo cinema.

Também chamados de “delfins”, os golfinhos são mamíferos (cetáceos) perfeitamente adaptados para viver no ambiente aquático, podendo mergulhar a grandes profundidades, se alimentando de peixes e de lulas. A designação “golfinho” é aplicada às espécies com um focinho alongado e em forma de bico, com um corpo elegante. Os golfinhos vivem em todos os Oceanos, à exceção das águas frias dos Polos. Habitam também os mares e os golfos do México e da Califórnia. Apesar de seu habitat natural ser o mar, cerca de 12 espécies de golfinhos vivem em rios. Entre essas, existe o golfinho do Ganges (rio da Índia), que é completamente cega, devido a água desse rio ser extremamente poluída e lamacenta.

Existem 37 espécies conhecidas de golfinhos, dentre os de água salgada e água doce. Podem viver de 25 a 40 anos e as fêmeas dão à luz a um filhote de cada vez (gravidez de 12 meses). Vivem em grupos, são animais sociáveis, tanto entre eles, como com outros animais , inclusive humanos.

O cérebro destes animais supera o cérebro humano em muitos aspectos. A complexidade de seu córtex cerebral é enorme. O número de neurônios é 50% maior que o do homem. O cérebro humano adulto pesa cerca de 1450 gramas e o do golfinho cerca de 1700 gramas.
Os golfinhos apresentam um grande desenvolvimento psíquico, e sua inteligência é comparável ou maior à dos primatas.



Os golfinhos apresentam um grau de inteligência similar à de seres humanos, mas ainda existem diversos estudos em andamento para comprovar e quantificar esses níveis de inteligência. O cérebro grande e evoluído dos golfinhos pode ser consequência das necessidades de comunicação em baixo da água e para usarem o sonar com precisão.



A espécie não dorme como nós. São capazes de “desligar” parte de seu cérebro por minutos em um período do dia e muito raramente o “desligam” completamente. Isto se faz necessário porque os golfinhos necessitam emergir para respirar ar pelo menos uma vez a cada 8 minutos.

Os golfinhos possuem uma linguagem peculiar, que se expressa por meio de assobios, sendo 10 vezes mais rápida e mais alta em frequência do que a fala humana. Outra particularidade em sua comunicação é o sonar, que lhes permite determinar as reações internas de outros golfinhos, bem como de humanos e peixes. O tipo de som que eles emitem não tem uma denominação específica, mas não há dúvida de que em seu modo específico, os golfinhos “falam” abundantemente.



Mesmo sendo inteligentes e sociáveis, ainda assim estes incríveis mamíferos continuam sendo perseguidos e mortos. O Japão caça golfinhos para alimentação, no Brasil (no Amapá e Pará) ainda em alto mar os golfinhos mortos são vendidos e transferidos para outros barcos. A carne vai servir de isca para a pesca de tubarões – tubarões também estão correndo risco de extinção: são alvos do “finning” por suas barbatanas, utilizadas na culinária chinesa (seguida por vários países) para sopas, e seu fígado, rico em óleo.



O “finning” é uma prática de pesca cruel, insensível e covarde, na qual o tubarão é capturado, suas barbatanas e nadadeiras cortadas e o animal jogado de volta ao mar, muitas vezes vivo, mas mortalmente mutilado, o tubarão afunda para morrer sangrando, comido por outros peixes ou para apodrecer no fundo do mar.



Partes de golfinhos podem ser encontradas em mercados, como o “Ver-o-Peso”, em Belém, no estado do Pará: os dentes são usados em bijuterias e os olhos viram pequenos amuletos mórbidos vendidos ilegalmente.


Durante muitos anos os seres humanos carregaram consigo a ilusão de serem a única espécie inteligente do planeta. Os achados da ciência têm demonstrado que animais marinhos, como golfinhos e baleias podem ter uma inteligência diferente da nossa, mas ainda assim brilhante.


A descoberta mais recente foi a de que os golfinhos chamam uns aos outros por nomes próprios. Cientistas da “Universidade St. Andrews”, na Escócia, gravaram os chamados dos golfinhos e alteraram o timbre por computador. Depois colocaram o chamado na água. Dos 14 animais pesquisados, 9 responderam. Isso significa que eles reconhecem não só o timbre da mensagem, mas também seu conteúdo, no caso, seu nome.


Uma pesquisa anterior, de 2001, realizada na “Universidade de Columbia”, nos EUA, revelou que os golfinhos também são capazes de reconhecer seu reflexo no espelho.


Essa imagem dos golfinhos como seres inteligentes remonta à Antiguidade Clássica. No livro “Ecologia e Biomidiologia”, Flávio Calazans conta que Ulisses, o herói grego que idealizou o Cavalo de Tróia tinha como brasão um golfinho, o que demonstra que para os helênicos esses animais representavam a inteligência e a esperteza.


Foi também entre os gregos que surgiu o primeiro relato de um homem salvo pelos golfinhos. Airion estava em um navio, indo de Corinto para a Sicília quando marinheiros roubaram seu ouro e o jogaram no mar. Um golfinho levou-o nas costas até a praia, salvando sua vida. Existem diversos relatos a respeito de golfinhos que enfrentaram tubarões para salvar humanos e na Amazônia fala-se que durante os naufrágios os botos aparecem para ajudar a salvar as vítimas.



O neurologista norte americano John Lilly realizou diversas pesquisas com golfinhos e ensinou um casal a falar 30 palavras em inglês, combinando verbos, pronomes e substantivos. Em uma das experiências, Lilly falou para o macho: “Joe, fundo piscina, disco plástico, trazer caixa boiando”. Joe desceu e escolheu um entre os 2 discos plásticos e o colocou na caixa que boiava. Lilly descobriu que esses animais também têm ética e um sentimento de grupo avançados. Quando um golfinho é ferido, todo o grupo, retarda a velocidade e alimenta o ferido, até que ele fique curado”.


(Referência auxiliar para o texto: http://www.anda.jor.br/12/09/2013/golfinhos-e-suas-capacidades-incriveis)

Devemos, de uma vez por todas, nos conscientizar de que os animais são seres sagrados que estão aqui neste planeta a serviço da natureza, para nos auxiliar e também nos ensinar. Atualmente estes seres ainda sofrem em silêncio com tanto desrespeito e insanidade por parte dos humanos.

Trabalhamos para a expansão dessa consciência, que pode auxiliar no despertar das virtudes humanas do homem e levá-lo à sua reconexão com a natureza, estabelecendo assim a harmonia com os demais irmãos animais, para que todos tenham um planeta mais saudável e sustentável, dentro de uma atmosfera de respeito, paz e amor.

Assista à palestra sobre a Espiritualidade dos Animais.


Inscrições pelo site:

http://www.veterinaria-integral.com/contato
(cadastro - assunto - palestra Espiritualidade dos animais)

Florestas ON LINE!


Nós entendemos que estamos em uma nova época e que a crise faz com que pensemos em projetos que possam ajudar cada vez mais pessoas. A proposta é levar informação privilegiada e de qualidade ao maior número de interessados possível, principalmente os profissionais que trabalham ou que estão ingressando na cadeia produtiva de florestas plantadas no Brasil.

O congresso Florestas Online vai acontecer de 17 a 22 de outubro de 2016. As inscrições gratuitas já podem ser feitas pelo site www.florestasonline.com.br. Serão mais de 30 palestrantes de renome conversando em vídeo e em chat ao vivo com cada um. Uma inovação em termos de congresso no setor florestal. A cada semana 4 novos palestrantes serão anunciados. A oportunidade é única, não deixe de participar, você vai se surpreender.

SOS Mata Atlântica quer que Paraná suspenda licenças de desmatamento




Foto: Welington Pedro de Oliveira / Fotos Públicas
Foto: Welington Pedro de Oliveira / Fotos Públicas
Repórter Ana Kruger, da CBN Curitiba
A Fundação SOS Mata Atlântica enviou ao governador Beto Richa um pedido de suspensão das emissões de licenças para desmatamento até 2018 e a revisão das que foram concedidas nos últimos 24 meses. A organização quer frear o avanço do desmatamento no estado, apontado como líder em desmate nos últimos trinta anos.



Em maio, a fundação divulgou um levantamento em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Paraná é o estado que mais desmatou nos últimos trinta anos, segundo a pesquisa. Entre 1985 e 2015, foram desmatados mais de 456 mil hectares, área equivalente a mais de dez cidades de Curitiba. Só entre 2014 e 2015, o estado desmatou 1.988 hectares.




A diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, é uma das autoras do pedido de moratória. Segundo ela, os desmates ficaram concentrados na região centro-sul do Paraná. “Nesse período, o desmatamento estiveram concentrados na região da formação das araucárias. Quando lançamos os dados em maio, nós fizemos esse alerta à sociedade. Agora, nosso objetivo é verificar as licenças e como foram emitidas e os desmatamentos ilegais da região”, diz.
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O pedido de moratória também foi enviado ao Ministério Público do Paraná (MPPR) e é analisado pelo promotor Alexandre Gaio, da promotoria de proteção ao meio ambiente. Segundo o órgão, a medida coincide com uma recomendação já feita ao governo do estado.

A Mata Atlântica é o único bioma que possui uma legislação específica. A lei autoriza o desmate de mata nativa apenas em casos de utilidade pública e de interesse social. O pedido feito ao governo do estado busca identificar se todo o desmate do estado é autorizado ou se parte é ilegal.

“Nós não sabemos como está sendo feito a emissão de licença para autorização de desmatamento, para qualquer finalidade. Então tem um trabalho que o órgão ambiental, no caso o IAP [Instituto Ambiental do Paraná], que vem emitindo as licenças, para checar como que isso vem sendo feito em todo o estado. A partir dai, dá pra saber se esses desmatamentos são autorizados ou não”, afirma Hirota.

Em maio do ano passado, secretarias estaduais de meio ambiente de vários estados brasileiros, inclusive do Paraná, assinaram a “Carta nova história para a mata atlântica”. Desde então, o Paraná se comprometeu a zerar o desmate ilegal até 2018.

“Nós já temos estados importantes, como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão com desmatamento zero há alguns anos. Então isso é algo realmente possível. Esse é o compromisso que a Secretaria do Meio Ambiente também estabeleceu e a gente espera que eles consigam atuar de forma a evitar que novos desmatamentos aconteçam no futuro”, diz a diretora da fundação.

Em nota, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) disse que analisa o pedido de moratória e que, por recomendação do Ministério Público, já revisa a emissão de autorizações de desmate.


O órgão informou ainda que combate o desmatamento ilegal com uma força tarefa de fiscalização. No primeiro semestre deste ano, o IAP identificou cerca de 514 hectares desmatados de forma irregular. Também foram achadas 1373 araucárias derrubadas sem a devida autorização ambiental. No mesmo período, as multas aplicadas somam cerca de R$ 6 milhões.

Soja, gado, madeira e palma respondem por um terço do desmatamento mundial


Publicado em agosto 18, 2016 por


No Brasil duas iniciativas na Amazônia já estabelecem controles para impedir a venda de gado criado em áreas desmatadas, diz estudo baseado em dados do CDP e WWF.



O relatório “Supply Change: Tracking Corporate Commitments to Deforestation-free Supply Chains, 2016”, que usa dados do CDP (Carbon Disclosure Project) e WWF (World Wide Found for Nature), mostra que os quatro maiores commodities agrícolas – óleo de palma, produtos de madeira, soja e gado – são responsáveis por mais de 3,83 milhões de hectares de desmatamento tropical a cada ano – mais de um terço dos 9,9 milhões de hectares de florestas tropicais que são perdidos globalmente por ano.


“Desmatamento é um tema que tem tido grande repercussão em todo o mundo e afetado diretamente as grandes cadeias produtivas. O relatório nos mostra um sensível avanço de grandes players do mercado buscando soluções e efetivamente tomando iniciativas para reduzir e garantir que sua matéria prima não venha de áreas desmatadas.


Apesar das iniciativas citadas no estudo, ainda há muito que ser feito para alcançar as metas de desmatamento zero planejadas pelas empresas. Outro ponto que chama atenção é a inercia de alguns setores que não tem iniciativas nesse sentido. Acredito que ainda tem que ser feito um grande trabalho de engajamento, tanto com fornecedores quanto com os clientes, para que eles entendam a importância desse trabalho”, afirma Lauro Marins, gerente do programa CDP Supply Chain na América Latina.


No Brasil
Além disso, o reporte destaca projetos regionais que contribuem para a redução do desmatamento no Brasil. Na Amazônia, por exemplo, existem duas iniciativas para reduzir os impactos ambientais provocados pelo desmatamento – a Moratória da Soja e do Acordo de compra de gado. Esses acordos garantem que soja proveniente de áreas desmatadas não será comercializada. Outro exemplo é a JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, que desenvolveu um sistema de monitoramento por satélite que supervisiona a gestão sustentável da compra de gado de fornecedores da companhia, para atingir o compromisso de desmatamento zero.


Panorama Global
O levantamento feito pelo projeto Forest Trends’ Supply Change acompanha o progresso de 579 compromissos públicos firmados por 566 empresas que representam, pelo menos, US$ 7,3 trilhões em capitalização de mercado e que foram identificadas como tendo riscos de desmatamento vinculados a esses quatro commodities dentro de suas cadeias de suprimentos. Destas empresas, 366 firmaram compromissos para mudar para fontes sustentáveis e livres de desmatamento.


O relatório apontou que as empresas são mais propensas a assumirem compromissos relacionados à palma, madeira e celulose. Das empresas ativas na palma, 61% adotaram compromissos, em comparação com apenas 15% e 19% dessas empresas ativas no gado e na soja, respectivamente. A diferença é alarmante, pois se estima que a produção de gado cause dez vezes mais desmatamento do que a palma. Em relação às grandes empresas públicas, nota-se que elas assumem mais compromissos do que companhias menores e privadas. Muitas dessas grandes empresas são entidades voltadas ao consumidor com sede na América do Norte e Europa, longe do dano ambiental causado pela agricultura de commodities.

O relatório também mostrou:
· Empresas que operam upstream (produtores, processadores e comerciantes) tendem a assumirem mais compromissos do que suas parceiras downstream (fabricantes e varejistas) – e suas promessas são potencialmente mais impactantes.

· Os atores upstream representam apenas 26% das empresas controladas, mas 80% têm feito um compromisso, em comparação com 62% das empresas downstream.

· A divulgação atual é insuficiente, uma vez que as empresas só têm relatado progresso quantificável em um de cada três compromissos. Mesmo entre compromissos cujas datas-chave já passaram, as empresas têm revelado progressos em menos da metade.

Veja o Sumário Executivo do “Supply Change: Tracking Corporate Commitments to 

Deforestation-free Supply Chains, 2016” na íntegra: http://bit.ly/28IQQSK

Colaboração de Sandro Silva, in EcoDebate, 18/08/2016

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Jogos Olimpicos.Medalha da crueldade!

quinta-feira, agosto 18, 2016

O ópio do povo - CORA RÓNAI

O Globo - 18/08

Foi bom parar de falar na crise e na política. Não quero nem pensar na próxima segunda-feira, essa espécie de quartafeira amplificada que nos aguarda ali na esquina, sem Olimpíada, sem uma festa emendando na outra, sem todas as línguas do mundo se misturando no calçadão e no Boulevard; não quero nem pensar na cidade sem Guarda Nacional, ou nos estádios vazios; não quero nem pensar na conta.

Fui contra a realização da Olimpíada no Rio, assim como fui contra a Copa do Mundo: acho que o país tinha, e continua tendo, outras prioridades. Não me conformo com o desperdício dos estádios construídos para a Copa nos lugares mais inviáveis, e me revoltam as muitas demolições e reconstruções do Maracanã, em particular, assim como a arrogância da Fifa e do COI, em geral, exigindo equipamentos insustentáveis de primeiro mundo num país com tantas dificuldades. A lista de absurdos é imensa, e algo me diz que ainda vamos ter muitas surpresas desagradáveis ao longo do tempo à medida que formos contabilizando os prejuízos.

Por outro lado, não posso negar que foi bom viver essa pausa na enxurrada de más notícias dos últimos tempos. Foi bom parar de falar na crise e na política, dois motivos de permanente depressão, e usar um pouco de indignação para defender o Biscoito Globo.

Foi bom ver as redes sociais cheias de especialistas em esportes aos quais nunca prestamos atenção, e ver o Rio transformado em centro do mundo; apesar de todas as reportagens negativas, valeu ver a nossa cidade sendo filmada com amor e, eventualmente, sendo descrita com entusiasmo. O Rio não é só beleza, mas também não é só violência; agradeço aos colegas de todos os países que se deram ao trabalho de tentar explicar a nossa complexidade aos seus leitores sem cair nos velhos chavões. ______ Foi bom — é sempre bom — ver como os outros nos veem. Ao contrário do que imaginam as pessoas que não convivem com estrangeiros, têm horror a estrangeiros e acham que qualquer cortesia feita a um estrangeiro é um golpe no amor próprio da Pátria, descobrir o olhar do outro é sempre interessante, ainda que às vezes nos cause desconforto.

Tenho uma secreta inveja de cidades como Veneza ou Nova York, que têm vastas bibliografias em qualquer língua conhecida, e são cenário de tantos filmes e romances diferentes. Gosto de comparar versões e experiências, e adoro saber como tanta coisa que me parece familiar e trivial é vista por gente para quem tudo é novidade. ______ Não sei se o Rio já foi uma cidade mais turística do que é hoje, se o Brasil já foi mais educado e gentil, mas foi triste ver a repercussão do post de uma universitária que, apesar de falar inglês, se vangloriava de ter negado informações a um estrangeiro: “Gringo tá no Rio e eu que tenho que falar inglês?”.

Para muita gente imbuída de uma noção perversa de patriotismo, a moça tomou a decisão certa. Como assim, dar informação a uma pessoa que, visitando o Brasil, não se deu ao trabalho de aprender português?! Coisa tão fácil, tão simples...

Quero ver como essa turma vai se virar na próxima Olimpíada, em Tóquio. ______ Por falar em patriotismo — segundo o dr. Johnson, “o último refúgio dos canalhas” —, a medalha da vergonha vai, sem dúvida, para o judoca egípcio que se recusou a apertar a mão do rival israelense. Ela pode ser compartilhada com todos que acharam a atitude louvável.

O Comitê Olímpico do Egito fez o que se esperava e desligou o infame El Shehaby da delegação. Parabéns para o comitê. E parabéns para a nossa torcida, que o cobriu de vaias.

Essa foi a única vez, aliás, que concordei com as vaias. Na maioria dos casos me senti profundamente envergonhada: nenhum atleta que esteja competindo de forma limpa e digna, dando o melhor de si, merece vaia. Torcer pelos brasileiros é uma coisa, vaiar as demais equipes e demais atletas é o suprassumo da baixaria.

Não entendi os comentaristas que tentaram relativizar o péssimo comportamento das nossas arquibancadas. Não há “alegria”, “espontaneidade” ou “autenticidade” que justifique isso. ______ A medalha da crueldade vai para o cavaleiro brasileiro Stephan Barcha, desclassificado na disputa do salto por abusar das esporas e ferir seu parceiro Landpeter do Feroleto. Foto da dupla abaixo:



Brazil’s Stephan de Freitas Barcha and Landpeter do Feroleto in the Jumping training session at Deodoro Olympic Park, Rio de Janeiro (BRA) today. (Arnd Bronkhorst/FEI)  
Ele tem muito a aprender com Adelinde Cornelissen, da Holanda, que desistiu da competição para poupar o cavalo Parzival, que havia estado doente. Pode começar a aprendizagem pela leitura do post que ela escreveu no Facebook:

“Desisti, para protegê-lo... Meu camarada, meu amigo, o cavalo que sempre fez tudo por mim na sua vida não merece isso... De modo que saudei (a plateia) e me retirei da arena”.

A ferida de Landpeter foi considerada “uma fatalidade” pela equipe. Questiono esse tipo de “fatalidade” na barriga de um animal que, para começo de conversa, nunca pediu para competir. ______ As casas dos vários países foram um dos pontos altos da Olimpíada. Queria que elas ficassem aqui para sempre, com a sua música, os seus sabores, a sua troca de culturas e o seu jeitinho de Feira da Providência. ______ Levo um saldo pessoal muito positivo da Rio-2016: conheci Buzz Aldrin, o astronauta, um dos meus ídolos da vida toda, vi o primeiro jogo da nossa seleção feminina contra a Suécia (aquele, o bom!) e tive o privilégio de ver Simone Biles ganhar uma medalha de ouro.

Nunca pensei que tudo isso pudesse acontecer num espaço tão curto de tempo.