terça-feira, 9 de agosto de 2016

Megaestrutura alienígena agora conta com triplo sinal


Megaestrutura alienígena agora conta com triplo sinal
Entre as muitas explicações sugeridas para as variações da estrela estão chuvas de cometas tão intensas que seriam capazes de "apagar" um pouco do seu brilho.[Imagem: JPL-Caltech/NASA]
Estrela controlada por ETs
O mistério da estrela que poderia abrigar uma megaestrutura alienígena acaba de se tornar ainda mais enigmático.

A estrela, conhecida como KIC 8462852, cintila de uma forma tão irregular que alguns astrônomos especulam que ela pode abrigar um gigantesco aparato alienígena de geração de energia, conhecido como esfera de Dyson.

Tabetha Boyajian, da Universidade Yale, nos EUA, descobriu essa raridade cósmica analisando dados do telescópio espacial Kepler, que monitorou continuamente 100.000 estrelas entre 2009 e 2013. A luz da KIC 8462852 enfraquece em até 20% sem nenhum intervalo regular, o que significa que a variação não pode ser explicada pela presença de um planeta.

Vários astrônomos sugeriram uma série de explicações possíveis, mas foi Jason Wright, astrônomo da Universidade Estadual da Pensilvânia, quem primeiro defendeu que uma civilização extraterrestre avançada poderia ser responsável pelo sinal.
O Instituto SETI, que procura sinais de inteligência alienígena, logo se interessou pela estrela, mas as primeiras buscas não deram resultado:
Variações de brilho
Contudo, logo depois do alvoroço inicial, Bradley Schaefer, da Universidade Estadual da Louisiana, descobriu que a estrela estava registrada em antigas chapas fotográficas, coletadas de 1890 a 1989. Mais de 1.200 fotos mostraram que a estrela esmaeceu gradualmente em até 15% ao longo de um século.

Agora, Benjamin Montet e Joshua Simon, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, encontraram novas variações de brilho escondidas dentro dos dados do Kepler que foram analisados originalmente por Boyajian.

Na verdade, o brilho da estrela KIC 8462852 diminui em cerca de 0,34% ao ano - duas vezes mais rápido do que o cálculo de Schaefer. Além disso, em apenas 200 dias, o brilho da estrela caiu mais 2,5% antes de começar a nivelar, uma mudança muito mais rápida do que qualquer cálculo anterior.

Isto significa que a estrela passa por três tipos de perda de brilho: as quedas profundas que a tornaram famosa, o declínio relativamente lento observado ao longo de um século e uma queda anômala que ocorreu ao longo de duas centenas de dias.

Em busca de causas naturais
Até agora ninguém se arriscou a oferecer uma hipótese para explicar as anomalias da estrela.

"Podemos chegar a cenários que explicam uma ou talvez duas delas, mas não há nada que explique bem as três", diz Montet.

E os ETs? Será que há mesmo uma estrutura construída por alienígenas que gostam de ficar mudando suas configurações ou que têm demandas de energia extremamente variáveis?

"Seria muito mais satisfatório pensar em uma única causa física que pudesse ser responsável por todas as variações de brilho que observamos. Mas ainda estamos lutando para imaginar o que poderia ser," disse Simon.

Bibliografia:

KIC 8462852 Faded Throughout the Kepler Mission
Benjamin T. Montet, Joshua D. Simon
http://arxiv.org/abs/1608.01316

Bambu para toda obra


Bambu para toda obra
O Brasil não fabrica máquinas capazes de processar o bambu. [Imagem: Juliana Cortez Barbosa]
Olhos para o bambu
Para muitos agricultores brasileiros, deparar-se com uma moita de bambu no seu terreno costuma ser má notícia. A planta da subfamília Bambusoideae é conhecida pela capacidade de se espalhar rapidamente, assim como por sua resistência ao roçado.


Mas é possível que, nos próximos anos, a má-fama dê lugar a uma imagem favorável. É que estudos sobre o uso comercial do bambu estão se multiplicando no mundo todo. É o caso das pesquisas desenvolvidas pela professora Juliana Cortez Barbosa, da Unesp (Universidade Estadual Paulista).


Juliana acaba de receber a patente para um método que aproveita o bambu para reforçar placas feitas de outras madeiras, o que permite seu uso para fazer pisos e móveis.


Painéis EGP com bambu
A pesquisa permitiu a produção de um compósito - um material feito a partir da combinação de diferentes elementos - que alia o bambu à madeira reflorestada de pinus.


O pinus é abundante e comumente usado na confecção de painéis do tipo EGP (Edge Glued Panel). Também conhecido como painel de colagem lateral ou painel de sarrafo, o EGP é feito de lâminas coladas lateralmente, e bastante utilizado em projetos arquitetônicos e na fabricação de móveis.


O pinus tem pouquíssima resistência mecânica, mas os testes mostraram o poder da sua combinação com o bambu.


"Os resultados mostraram que a resistência mecânica do EGP cresceu entre 100% e 200%," conta Juliana. Também houve uma grande melhoria na propriedade conhecida como rigidez superficial: dos cerca de 50 g/cm2 que são comumente encontrados no pinus, chegou-se a cerca de 90 g/cm2.


Bambu para toda obra
Esta casa totalmente feita de bambu foi construída por pesquisadores norte-americanos para demonstrar o potencial do material. [Imagem: USC]
 
 
Só para comparar, a densidade obtida pela dupla pinus-bambu é semelhante àquela encontrada em madeiras de lei como a tatajuba e a garapa, utilizadas em marcenarias, na construção naval e na fabricação de itens de construção civil como vigas, caibros e assoalhos.


O segredo para tamanha solidez é a proporção entre pinus e bambu. "Na verdade o compósito patenteado é quase todo de bambu", diz Juliana. "Só que uma parte dele está em lâminas, e outra é feita de material particulado."


Pisos de bambu
Hoje, já existem pisos de bambu disponíveis no mercado brasileiro. São tão valorizados por sua beleza e resistência que custam até R$ 250 por m2, e são importados.


O que não deixa de ser paradoxal, uma vez que no sudoeste da Amazônia existem 160 mil km2 de florestas conhecidas como tabocais, onde a ocorrência da planta é grande. Só no Acre, os tabocais recobrem 38% de todo o território.


Em países como a China e a Colômbia, erguem-se casas e até edifícios de vários andares usando o bambu na estrutura. Mas Brasil ainda carece até mesmo de maquinário especializado para lidar com o bambu.


"Não há oferta comercial de máquinas. As duas que usamos na universidade foram produzidas especialmente para nossos projetos," conta Juliana, acrescentando que o ideal seria também contar com plantios específicos, que forneçam bambu apenas para atividade econômica.

Pontes e viadutos que imitam natureza podem ser indestrutíveis


Pontes e viadutos indestrutíveis devem imitar a natureza
Esta é uma ponte que faz uso de "arcos perfeitos", projetados por mecanismos naturais de "busca pela forma". [Imagem: Professor Wanda Lewis]
 
 
Geração de forma
A professora Wanda Lewis, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, levou ao próximo nível um processo de design inspirado no mundo natural.


Um nível que promete nada menos que uma nova geração de pontes, viadutos e outras estruturas virtualmente indestrutíveis.


O processo de design é conhecido como "busca pela forma", ou "geração de forma" (form-finding). Ele permite a concepção de estruturas rígidas que seguem uma forma natural, ou seja, estruturas que são sustentadas por uma força pura de compressão ou tensão, sem tensões de flexão, que são os principais pontos de fraqueza nas estruturas feitas pelo homem.


Essa técnica poderá, pela primeira vez, viabilizar o projeto de pontes e edifícios que arquem com qualquer combinação de carga permanente sem gerar tensões complexas, o que lhes daria maior segurança e maior durabilidade.


Estruturas projetadas pela natureza
A estrutura de uma árvore ou mesmo de uma folha, a curvatura de uma concha, a forma como um filme de sabão se sustenta em grandes vãos, são todos exemplos de projetos naturais de grande eficiência e resistência.


A professora Lewis desenvolveu agora modelos matemáticos que analisam esses princípios da natureza e geram padrões de estresse simples para cada estrutura. Os princípios que sustentam os modelos matemáticos são ilustrados usando experimentos de "geração de forma" que envolvem peças de tecido ou correntes.


Um pedaço de tecido, por exemplo, é suspenso e então relaxa na sua forma natural de energia mínima, puxado apenas pela gravidade. Em seguida, sua forma final é congelada em um objeto rígido, e então invertido. Isto produz uma forma natural - gerada unicamente pela ação da gravidade - que pode suportar cargas com grande eficiência.


Estética arquitetônica
Talvez não saia ao gosto dos olhos dos arquitetos, mas as formas resultantes têm uma resistência que não encontra equivalentes nos conceitos de engenharia convencionais.


"A estética é um aspecto importante de qualquer projeto, e nós fomos programados para ver algumas formas, como arcos circulares ou cúpulas esféricas, como estéticas.


Nós frequentemente as construímos independentemente do fato de que elas geram tensões complexas, e são, portanto, estruturalmente ineficientes," defende Lewis.

O último dia do ano nunca chegou tão cedo

O último dia do ano nunca chegou tão cedo

Por Michel de Souza Rodrigues dos Santos
Terra
O Dia da Sobrecarga nos lembra que estamos usando mais recursos e produzindo
mais carbono do que o planeta é capaz de suportar. Na imagem, a Terra vista da Estação
Internacional. Foto: Nasa


Hoje é dia 8 de agosto de 2016. Do ponto de vista da capacidade da Terra em regenerar os recursos naturais utilizados pela humanidade, já estamos no final o ano. Eu explico. Chegamos ao Dia de Sobrecarga da Terra (Overshoot Day, em inglês), quando a demanda exercida pelos nossos hábitos de consumo sobre a natureza esgota o que o planeta pode restabelecer no período de um ano.




Mais claro ainda? Entramos no cheque especial do planeta quase cinco meses antes do fim do ano. Os cálculos são feitos pela Global Footprint Network (EFN), organização internacional parceira da Rede WWF e que monitora a Pegada Ecológica das cidades pelo mundo.




Em 2000, o Overshoot Day aconteceu em 5 de outubro. Dez anos depois, já havia se adiantado para 31 de agosto. E agora reduziu mais 18 longos dias. Ele é calculado com base em quatro fatores-chave: o quanto nós consumimos; com qual eficiência os produtos são feitos; qual o tamanho da população do planeta; e o quanto de recursos renováveis os ecossistemas da natureza são capazes de produzir.




No mundo, a Pegada Ecológica (cálculo que avalia os recursos naturais renováveis disponíveis em comparação ao volume utilizado pela população) é de 2,7 hectares globais por habitante – o Brasil tem média um pouco mais alta, de 2,9.


"A quantidade de carbono equivalente (a soma dos gases de efeito estufa) emitida representa 60% da Pegada Ecológica da Terra, e cresce em alta velocidade"


Ou seja, precisaríamos de 1,6 planeta para sustentar o estilo de vida atual.


Caso as projeções moderadas das Nações Unidas para o crescimento da população e consumo se confirmem, necessitaremos da capacidade de dois planetas para suprir nossas demandas em 2030.




A partir de amanhã, e com apenas 2/3 do ano completos, passamos a operar novamente em déficit ecológico, dívida que já se acumula desde meados da década de 1970 e que cobra seu preço nas formas de erosão do solo, desertificação, desflorestamento, extinção massiva de espécies, colapso no estoque de pesca e, obviamente, aumento da concentração de carbono na atmosfera, responsável pelas mudanças no clima.



A boa notícia é que há esperança.
A quantidade de carbono equivalente (a soma dos gases de efeito estufa) emitida representa 60% da Pegada Ecológica da Terra, e cresce em alta velocidade.



Em abril desse ano 195 países, incluindo o Brasil, assinaram o Acordo de Paris, documento aprovado durante a Convenção das Partes das Nações Unidas (COP 21) em dezembro, na capital francesa. Ele limita o aumento médio global da temperatura em 2 graus Celsius baseado nos níveis pré-industriais, com esforços para não ultrapassar a barreira do 1,5 grau C.



No entanto, mesmo que os países cumpram tudo o que está oficialmente prometido para o Acordo de Paris, ainda estaremos longe de alcançar a meta proposta.


Mas não são apenas as nações, enquanto entidades distantes de nossa vida prática, que podem contribuir para o combate às mudanças no clima. Isso deve partir também de você.


Como?
Existem inúmeras maneiras, como cobrar o poder público por mais medidas rumo a uma economia de baixo carbono, se voluntariar em uma ONG que trabalhe com o tema, como o WWF-Brasil, reduzir o uso de automóveis e o desperdício de alimentos, ou separar o lixo de sua casa, entre recicláveis e orgânicos.



Mas você pode começar de um jeito ainda mais simples: com um tuíte, ou um post em suas redes sociais, sobre o Dia de Sobrecarga da Terra. Eu te convido a inundar a internet para falar desse assunto. Vamos juntos?

Diga NÃO à extinção!!Mais verde e menos Patetas!