quarta-feira, 20 de julho de 2016

Pecuária é responsável por mais de 80% do desmatamento no Brasil


A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis dos países analisados.

Mais de 80% do desflorestamento ocorrido no Brasil no período de 1990 a 2005 foi associado à conversão de terras em terrenos de pastoreio, mostrou relatório divulgado na última segunda-feira (18) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), denominado “O estado das florestas no mundo”.

A participação do pastoreio no desflorestamento é maior no Brasil do que em outros seis países da região analisados no mesmo período: Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Colômbia e Peru, de acordo com a FAO.

Segundo a agência da ONU, além do pastoreio, o cultivo comercial foi responsável por cerca de 10% do desflorestamento no Brasil no período analisado, enquanto outras formas de exploração da terra, cultivo em pequena escala, agricultura mista, infraestrutura responderam juntos pelos demais 10%.

Na análise dos sete países consolidados, o estudo apontou que 71% do desflorestamento ocorreu devido ao aumento da demanda de pastos; 14% devido aos cultivos comerciais e menos de 2% devido à infraestrutura e à expansão urbana.

A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis dos países analisados. A exceção foi o Peru, onde o aumento das terras cultiváveis em pequena escala foi o fator dominante para 41% do desflorestamento.

Na Argentina, a expansão dos pastos foi responsável por 45% do desflorestamento, enquanto a expansão de terras cultiváveis comerciais respondeu por mais de 43%.

Clique aqui para acessar o estudo.

Fonte: Ciclo Vivo

Arquitetura do futuro usa pneus velhos, barro e garrafas para construir casas


A bioconstrução utiliza técnicas tradicionais, elementos naturais e reaproveita diversos materiais usados.

A arquitetura do futuro está diretamente ligada às técnicas do passado. O projeto Earthship Biotecture é prova disso. O conceito, criado pelo norte-americano Michael Reynolds, busca construir casas sustentáveis e autossuficientes utilizando sistemas simples e de baixa tecnologia.
 
As casas construídas dentro dos parâmetros de Earthship são feitas, sempre que possível, com materiais reaproveitados e todas elas possuem sistemas de aproveitamento de calor e produção de energia limpa. Esses cuidados reduzem drasticamente os impactos da obra, quando comparada às tradicionais, aumentam a eficiência e promovem a independência energética.

A arquitetura do futuro está diretamente ligada às técnicas do passado. O projeto Earthship Biotecture é prova disso. O conceito, criado pelo norte-americano Michael Reynolds, busca construir casas sustentáveis e autossuficientes utilizando sistemas simples e de baixa tecnologia.

As casas construídas dentro dos parâmetros de Earthship são feitas, sempre que possível, com materiais reaproveitados e todas elas possuem sistemas de aproveitamento de calor e produção de energia limpa. Esses cuidados reduzem drasticamente os impactos da obra, quando comparada às tradicionais, aumentam a eficiência e promovem a independência energética.

As técnicas de bioconstrução utilizadas nos projetos de Earthship estão diretamente ligadas às formas mais antigas e tradicionais de construção. O uso de materiais disponíveis em abundância, como areia, terra e madeira, não é nenhuma novidade. Atrelado a isso estão os cuidados com os elementos naturais em todas as fases do projeto, para que recursos como a luz solar e a ventilação natural sejam totalmente aproveitados.

Em entrevista à CNN, Reynolds explicou o que leva esta metodologia a ser a solução para problemas atuais e futuros. Segundo ele, o grande benefício é conseguir ter moradias e até mesmo construções de grande porte que funcionem de maneira independente das estruturas governamentais. Não é necessário gastar muito tempo e dinheiro desenvolvendo sistemas de produção e distribuição de energia se cada residência consegue se manter sozinha.

Além disso, o fato de ser construído com matérias-primas alternativas não significa que a residência perde valor de mercado, pelo contrário. Entre as casas construídas dentro dos padrões de Earthship existem residências comercializadas por até US$ 1,5 milhão. A redução dos custos com os materiais permite um lucro ainda maior do que o de algumas casas construídas de forma tradicional.

Com o intuito de disseminar o conceito de bioconstrução, o Earthship possui cursos e oficinas presenciais de construção. Mas, qualquer pessoa pode acessar o material didático no próprio site do projeto para aprender a trabalhar com os materiais e entender tudo o que é necessário para construir sozinho uma casa sustentável.



As técnicas sustentáveis ainda incluem projetos de residências com agricultura orgânica, reaproveitamento e tratamento de água e resíduos. As possibilidades são inúmeras e variam de acordo com as necessidades e condições de cada local.


Fonte: Ciclo Vivo

Quito é uma das cidades mais sustentáveis do mundo

terça-feira, 19 de julho de 2016


Com uma ampla oferta de espaços verdes, diversidade de flora e fauna e inúmeras iniciativas eco-friendly, Quito continua se esforçando para se tornar uma das cidades mais sustentáveis do mundo e atrair cada vez mais turistas dispostos a descobrir este destino que se desenvolve em harmonia com o meio ambiente.

Por conta das práticas para combater a mudança climática, a capital equatoriana não só tem sido reconhecida como a cidade mais sustentável do país, mas também foi selecionada como uma das 17 finalistas do prêmio mundial de cidade mais sustentável do mundo, um destaque concedido pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em Inglês).

Este reconhecimento é o resultado dos esforços que têm sido feitos nos últimos anos para converter Quito em um destino turístico sustentável por excelência.

Os avanços são evidentes. A cidade deu passos significativos para reduzir a pegada de carbono por meio do reflorestamento e uso de energia limpa. Desde janeiro de 2015, mais de 385 mil árvores foram plantadas. Ainda, a iluminação pública se tornou mais eficiente com a instalação de luzes LED. Quito também promove uma política de gestão de resíduos sólidos, que visa reduzir a produção de resíduos per capita em 5%, além de incentivar práticas como a reciclagem.


As razões que fazem de Quito um destino sustentável não param por aí. O turismo é uma das indústrias que mais são beneficiadas pelas iniciativas verdes, oferecendo aos visitantes uma grande variedade de opções eco-friendly.

Uma delas é a observação de aves, uma experiência que agrega cada vez mais adeptos e que pode ser realizada em vários pontos da cidade e nos arredores, onde há sinais que indicam as espécies mais fáceis de serem observadas.

A diversidade de microclimas na área, que estão entre 500 e 4700 metros. Oferecem habitats perfeitos para 542 espécies de aves endêmicas e exóticas. Hotéis e reservas naturais particulares também oferecem tours e passeios para esta prática.

Além disso, para os viajantes que gostam de natureza e, ao mesmo tempo, de interagir com os moradores, há opções atraentes a poucos quilômetros de Quito.

Fonte: Catraca Livre

Com mina abandonada no Sul de SC, água ácida vai parar direto em rio

terça-feira, 19 de julho de 2016


Galerias abertas para extração de carvão podem inundar a qualquer hora. Segundo MPF, local é bomba-relógio e ameaça Criciúma e Forquilhinha.

Com mina abandonada no Sul de SC, água ácida vai parar direto em rio
Galerias abertas para extração de carvão podem inundar a qualquer hora.
Segundo MPF, local é bomba-relógio e ameaça Criciúma e Forquilhinha.

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Uma mina abandonada no Sul de Santa Catarina desde junho de 2015 se tornou um dos maiores problemas ambientais do estado. As galerias abertas para a extração de carvão podem inundar a qualquer momento, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

Com isso, a água ácida da mina pode atingir diversas áreas de Criciúma e Forquilhinha, como mostrou a primeira reportagem de uma série especial do RBS Notícias, nesta quarta-feira (13).

Santa Catarina produz quase metade de todo o carvão mineral do país. A mina, com 10 quilômetros de extensão, já produziu um milhão de toneladas de carvão por ano.
Abandonada e sem um plano de fechamento das galerias, a mina é atualmente uma bomba-relógio, segundo o MPF.


Risco de inundação
"Se essa mina inundar de forma irregular, há grande chance de uma área rural que atinge o município de Criciúma e Forquilhinha, de aproximadamente de 300 hectares, se transformar num grande vertedouro de água ácida e provocar um grande dano ambiental sem a mínima capacidade de regressão", afirmou o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Anderson Lodetti Oliveira.


Durante os últimos 40 anos, para extrair carvão, as empresas escavaram até atingir o lençol freático e os poços artesianos. Toda a água vai parar na mina.
"Uma mina de carvão não pode parar de operar. Tem uma série de coisas que têm que ser feitas visando o fechamento", afirmou o geólogo do MPF Sidnei Zomer.


Bombeamento feito por mineiros
Porém, nada foi feito e o bombeamento da água só continua porque 47 mineiros fazem isso de forma improvisada para salvar os equipamentos. Mais tarde, essas máquinas podem servir para eles receberem parte das dívidas trabalhistas.

"É tudo precário, pode ver. Nós mesmos que estamos fazendo a manutenção das máquinas, de bomba, essas coisas", disse o mineiro Edson Miranda dos Santos.


As bombas drenam 180 litros por segundo. Se esse trabalho for interrompido, a mina pode alagar completamente em 40 dias. Mais de 15 milhões de litros com alta concentração de ferro e manganês  saem da tubulação todos os dias.


Água ácida no rio
Com a desativação da estação de tratamento, toda a água ácida que vem de baixo da mina, antes tratada, vai direto para o rio Sangão, que tem coloração amarelada.

"A gente tem uma mina drenando obrigatoriamente essa água do subsolo e jogando no rio. Isso significa um revés para qualidade da água desse rio, da fauna aquática", disse o geólogo do MPF. A água ácida que vai direto para o Rio Sangão pode chegar até o Rio Araranguá, um dos maiores da região.


Resíduos e falta de abastecimento
A água faz falta para a comunidade de São Gabriel, onde 20 famílias já viviam antes da mina ser aberta. A mineração secou os poços artesianos. Como medida compensatória, a Carbonífera Criciúma era obrigada a trazer água num caminhão pipa. Mas, agora que a mina está abandonada, os moradores estão sem abastecimento.

"A mina eu vejo hoje como uma desgraça. Alguns ganharam dinheiro e os outros estão pagando por isso", afirmou o agricultor Mário Westrup.

Outro problema é o depósito de resíduos. Durante as vistorias, os técnicos do MPF descobriram que esse depósito não tem uma camada impermeabilizante de argila. Além disso, as pilhas de resíduos estão a céu aberto. Em uma imagem aérea, é possível se ver uma imensa área negra de 50 hectares. Pilhas e mais pilhas de resíduos de carvão.

Caso está na Justiça
O MPF tenta obrigar na Justiça os responsáveis a corrigir o que ainda está em tempo de ser feito. Mas não há prazo para uma sentença definitiva.

A reportagem procurou a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e a assessoria de imprensa informou que só pode se pronunciar após fazer uma vistoria, marcada para esta quinta (14).

A RBS TV também procurou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
A Carbonífera Criciúma não quis comentar sobre a mina.

ICMBio e Policia Ambiental do DF iniciam parceria para a Proteção Ambiental de Brasília

 


por Mauricio Laxe, APA do Planalto Central


O ICMBIO, por intermédio da APA do Planalto Central começa a estabelecer uma nova parceria interinstitucional com o Batalhão Ambiental da Policia Militar do DF, no âmbito do processo de elaboração do Programa de Proteção Ambiental Integrado que a equipe desta Unidade de Conservação Federal vem propondo aos demais órgãos públicos da região do DF, tanto federais como distritais, que estejam atuando no controle ambiental e na fiscalização socioambiental e territorial em Brasília.

Nesse sentido, os técnicos responsáveis pela fiscalização ambiental da APA do Planalto Central, estão realizando reuniões técnicas com setores do Batalhão Ambiental da PM de Brasília, inclusive já tendo efetivado uma serie de ações conjuntas de fiscalização ambiental, em regiões rurais de Sobradinho e Planaltina do DF, como na região da Fercal e dos Núcleos Rurais do Lago Oeste, Rodeador e Morada dos Pássaros.

Além disso, um dos pontos que também está sendo debatido entre esses dois órgãos públicos é a de se estabelecer uma parceria formal, por meio de um Termo de Cooperação que já se encontra em tramitação no ICMBio, que poderá impulsionar esta integração técnica, para as ações de controle ambiental e de fiscalização na defesa do meio ambiente, assim como para a execução de operações conjuntas de repressão aos crimes ambientais, que ocorrem no Distrito Federal e ainda na efetivação de ações de capacitação técnica conjunta.

Inclusive, no âmbito desse processo de articulação e integração para uma melhor defesa do meio ambiente no DF, estas instituições ambientais poderão analisar a possibilidade dos policiais militares que atuam no Batalhão Ambiental, virem a atuar de forma mais direta no combate aos crimes ambientais, não só do ponto de vista penal, como já se dá hoje, mas também no registro e comunicação dessas irregularidades aos Órgãos Ambientais, para que sejam procedidas as devidas punições administrativas e monetárias, que podem inibir
ainda mais os infratores ambientais.

Nesse sentido, há também a possibilidade concreta para efetivação de tais iniciativas, do uso de um instrumento administrativo que os Policias Ambientais já possuem, mas que é pouco utilizado quando do fragrante de um ilícito ambiental, que vem a ser a emissão de um “Auto de Constatação” em loco, que seria elaborado pelos membros do Batalhão Ambiental, quanto for constatada a respectiva irregularidade ambiental.

Uma das sugestões que vem sendo proposta, inclusive por setores da sociedade civil, é no sentido de que durante uma fase experimental, os Policias Ambientais sejam incentivados a emitir o referido ”Auto de Constatação”, os quais poderão ser reproduzidos e repassados, de acordo com critérios, tais como; - a região, a tipificação e natureza do ilícito, aos respectivos Órgãos Ambientais competentes, para a emissão do devido “Auto de Infração“ e aplicação das respectivas multas e demais penas ambientais correspondentes.

Tal medida, ao menos em caráter transitório, poderia ampliar rapidamente a capacidade de controle e de atuação integrada dos órgãos públicos na proteção ambiental, potencializando braços e olhos dessas Instituições que atuam na defesa ambiental, principalmente nas diversas áreas protegidas e áreas rurais do Distrito Federal.


Junho de 2016 foi o mais quente desde 1880, diz agência dos EUA

Agencia EFE19/07/2016 20h03 - Atualizado em 19/07/2016 20h03


Mês passado teve a média mais alta de temperatura desde o século 19.
Calor superou recorde anterior, registrado em 2015.

Da EFE
Participante da Conferência do Clima da ONU, a COP 20, observa mapa em telão que mostra a temperatura dos oceanos na Terra. As cores mais alaranjadas representam temperaturas maiores (Foto: UNFCCC)Telão mostra a temperatura dos oceanos na Terra. As cores mais alaranjadas representam temperaturas maiores (Foto: UNFCCC)
 
O mês passado foi o junho mais quente no planeta desde o início dos registros, em 1880, com cerca de 15,5º C de média, informou nesta terça-feira (19) a Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA).

"A temperatura média mundial de superfícies terrestres e oceânicas para junho de 2016 foi a mais alta para este mês desde 1880, ano em que começaram os registros de dados de temperatura global", indicou a NOAA.

A autoridade meteorológica americana disse que junho foi também o 14º mês consecutivo com recorde de temperaturas altas na Terra. Devido a esse aumento, a Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) afirmou que foram "quebrados vários recordes no primeiro semestre de 2016".

"Apesar destes dois indicadores do clima terem superado os registros em 2016, os cientistas da Nasa disseram que é mais significativo que a temperatura global e o gelo marinho do Ártico continuem suas décadas de tendências de mudança", destacou a agência.

Segundo a NOAA, os 15,5º C registrados de média em junho na Terra são a temperatura mais alta para este mês desde 1880, superando o recorde anterior, estabelecido em 2015.

Desde fevereiro de 2015, foram registrados 14 dos 15 meses mais quentes, o que indica que a temperatura da superfície do mar registrou um novo patamar máximo para um mês de junho.
Entre as anomalias registradas em junho, os cientistas destacaram a diminuição do gelo no Ártico, que ficou 11,4% abaixo da média do período 1981-2010, e as contínuas precipitações no centro e no norte da Europa.

Para a Nasa, a relevância da tendência mundial de aumento das temperaturas se vê superada pelo aquecimento da região ártica.

"Foi um ano recorde em temperatura global, mas as altas temperaturas recorde no Ártico nos últimos seis meses foram ainda mais extremas", disse o cientista Walt Meier, da Nasa.

A extensão de gelo marinho do Ártico no pico da temporada de degelo do verão cobre na atualidade 40% a menos de superfície que no final dos anos 70 e começo dos 80, segundo os dados da NOAA.
Garotos brincam na fonte dos jardins do Trocadero, em frente à Torre Eiffel, em Paris (Foto: Thibault Camus/AP)Garotos brincam na fonte dos jardins do Trocadero, em frente à Torre Eiffel, em Paris (Foto: Thibault Camus/AP)

Cidade onde os golfinhos ajudam os pescadores a pescar.Lindo!

Laguna é oficializada como Capital Nacional dos Botos Pescadores


https://www.youtube.com/watch?v=hTHsJp-USZQ

(foto: Elvis Palma/cortesia)
(foto: Elvis Palma/cortesia)


Laguna vai e tornar oficialmente a Capital Nacional dos Botos Pescadores. A sanção da lei que confere este título à cidade Juliana será realizada em uma cerimônia, às 11 horas da manhã, nesta quarta-feira (20), no gabinete do atual presidente em exercício Michel Temer, no Palácio do Planalto, em Brasília.


O prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos, acompanhado do secretário secretário de Turismo, Lazer e Comunicação, Iberê Aguiar Jacques, participarão da solenidade.


O boto pescador foi declarado Patrimônio Natural do Município de Laguna em 1997, pela lei 521/97, e é um dos diversos atrativos turísticos da região.


A denominação vem do fato de a cidade catarinense desenvolver a pesca cooperativa da tainha com o golfinho da espécie Tursiops truncatus. No mundo, apenas duas outras localidades adotam prática semelhante: Mauritânia, na África, e Mianmar, na Ásia.


A relação entre golfinhos e pescadores catarinenses já dura cerca de 150 anos. Os botos, em um movimento sincronizado, ainda inexplicado pela ciência, cercam o cardume de tainhas e emitem um sinal, cada um a seu modo, do momento certo para que o pescador lance a tarrafa ao mar. O aviso permite que a ele capturar mais peixes do que sem a ajuda. Essa interação ocorre o ano inteiro.


O autor do PLC, deputado Espiridião Amin (PP-SC), explica que, apesar de ser avistado em todo o litoral brasileiro, só em Laguna, na região do Canal da Barra, nos Molhes, o golfinho tem esse comportamento.


A intenção de dar à cidade o título de Capital Nacional dos Botos Pescadores é não apenas divulgar essa forma peculiar de cooperação entre golfinhos e pescadores, mas também chamar a atenção para a necessidade de conservar os ecossistemas lagunares da região.


(Com informações adicionais da Agência Senado) 

Poluição Luminosa: Apague a luz, por favor! artigo de Antonio Silvio Hendges


Publicado em julho 20, 2016 por


Exemplo de poluição luminosa – Antes e durante o apagão 2003, no nordeste dos EUA Foto de Todd Carlson

[EcoDebate] Muitos pesquisadores afirmam que atualmente as intervenções humanas e seus impactos são comparáveis aos efeitos de uma era geológica e que a partir especialmente da Segunda Revolução Industrial, justifica-se a determinação de um novo período, o holoceno ou tecnógeno, caracterizado pela não existência de espaços sem interferência humana, mesmo quando se tratam de locais preservados, caracterizados como uma “concessão” das atividades antrópicas.


Uma das características marcantes das ações humanas no planeta é a emissão de luzes artificiais, com mais intensidade proporcional ao desenvolvimento industrial e por isso mesmo em expansão infinita, posto que a industrialização seja o modelo de desenvolvimento humano e econômico dominante. As fontes emissoras são em geral alimentadas por combustíveis não renováveis, energia nuclear, termoelétricas e hidrelétricas. Em pequena escala são utilizadas fontes renováveis como solar fotovoltaica, eólica, biomassa e outras que ainda não são economicamente e tecnicamente viáveis em um sistema de produção maciça de bens de consumo em um só sentido de uso e desperdício da energia, sem as características cíclicas da matéria presentes nos sistemas naturais.


O resultado desta produção e consumo linear da energia são os resíduos, desde os nucleares, particulados, industriais, pós consumo, até as sobras de alimentos das refeições diárias. E poluição luminosa. Desde o excesso local, mau planejamento do dimensionamento e distribuição dos pontos, uso errôneo de lâmpadas e luminárias, incidência de luz direta sobre pessoas, plantas, animais e produtos, até o sky glow – poluição luminosa caracterizada pelo efeito brilhante e reflexivo noturno nos espaços aéreos das grandes aglomerações urbanas.


Portanto, o holoceno também se caracteriza pela emissão massiva de luzes artificiais que interferem nos ecossistemas do planeta, inclusive naqueles relacionados com os usuários não humanos dos espaços aéreos como insetos, aves e sementes, com previsíveis impactos negativos sobre a biodiversidade.


Os impactos ambientais da poluição luminosa afetam os ciclos migratórios, reprodutivos e alimentares de muitas espécies de vertebrados e invertebrados, principalmente causando desorientação aos organismos adaptados aos espaços escuros: os filhotes das tartarugas são atraídos pelas luzes artificiais nas praias e são desviados de seu caminho para o oceano; as fêmeas dos vagalumes atraem os machos a 45 metros de distância e as luzes artificiais reduzem ou mesmo eliminam a visibilidade, prejudicando a reprodução; os períodos de floração de plantas são alterados, impactando o balanço natural na produção de pólen, flores e frutos; há um aumento da atração de insetos vetores de doenças e um desequilíbrio em suas populações com o aumento destas em áreas antropizadas; animais selvagens perdem-se e são atropelados nas rodovias e cidades, inclusive morcegos; aves migratórias e noturnas também são impactadas negativamente pelos excessos das luzes artificiais.


Na saúde humana, causa cansaço visual e sonolência, ardência nos olhos, dor de cabeça, stress e pesquisas indicam uma relação direta entre a poluição luminosa e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. A diminuição da capacidade de trabalho e consequentemente da produção é outro efeito econômico e social da iluminação excessiva. Acidentes de trânsito também são comuns causados pelo ofuscamento e excessos de luz.


Também está comprovado que espaços excessivamente iluminados não diminuem a criminalidade, dando uma falsa impressão pessoal de segurança e mesmo facilitando rotas de fuga. Economicamente, toda iluminação acima da linha do horizonte é energia completamente desperdiçada. Estima-se um desperdício de 30% da energia utilizada pelos governos, empresas e consumidores na iluminação externa das áreas de ocupação humana.


A poluição luminosa também prejudica as pesquisas em diversas áreas relacionadas com a observação do espaço, como a astronomia e a astrofísica, que tem a capacidades dos telescópios e equipamentos prejudicados pelos reflexos e ofuscamentos das luzes artificiais, mesmo de aglomerados urbanos distantes de onde estão localizados.


O descarte incorreto pós uso dos diversos tipos de lâmpadas é outro impacto aumentado pelos excessos de iluminação. Os elementos utilizados nos componentes como mercúrio, vanádio, chumbo, cádmio, bário, sódio, antimônio, estrôncio e outros são altamente tóxicos e apresentam efeitos acumulativos no meio ambiente e nos organismos.


Apague a luz, por favor!


Antonio Silvio Hendges, Articulista no EcoDebate, Professor de Biologia, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria e consultoria em educação ambiental e sustentabilidade – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br

in EcoDebate, 20/07/2016
"Poluição Luminosa: Apague a luz, por favor! artigo de Antonio Silvio Hendges," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/07/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/07/20/poluicao-luminosa-apague-a-luz-por-favor-artigo-de-antonio-silvio-hendges/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Os riscos ambientais e a queda da natalidade, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


Publicado em julho 20, 2016 por




“Certo ar de falência, certa estrela
na testa, certa sorte bifronte, certos
objetos entesourados
no fundo de uma mala, certa mágoa
ambígua, o som de certos ambientes, a
impressão incerta de estar numa
travessia sem freios, a defesa
de certos itens na lembrança
caolha, certos
calafrios sem causa, o grau
de inocência e tristeza em certas horas
sombrias, a importância de certos
detalhes, a pergunta não-feita e sua certa
resposta incerta, o brilho
anterior a certos sinais dados
pela palavra espanto”
Leonardo Fróes

160720

[EcoDebate] O sociólogo Ulrich Beck, no livro “Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade” (Editora 34, 2010) faz uma distinção entre a “modernidade clássica” (ou primeira modernidade) e a modernidade tardia (ou segunda modernidade). No primeiro caso, quando prevalecia a “sociedade industrial” ou “sociedade de classes” a dinâmica econômica e demográfica girava em torno da questão de como a riqueza socialmente produzida poderia ser distribuída de forma socialmente desigual e ao mesmo tempo “legítima”: “O pensamento e a ação das pessoas eram dominados pela evidência da carência material, pela ‘ditadura da escassez’” (p. 24).


Mas na modernidade tardia surge um novo paradigma da sociedade de risco. Assim como no século XIX a modernização dissolveu a esclerosada sociedade agrária estamental e, ao depurá-la, extraiu a imagem estrutural da sociedade industrial, hoje a modernização dissolve os contornos da sociedade industrial e, na continuidade da modernidade, surge uma outra configuração social.


Beck diz: “Enquanto na sociedade industrial, a ‘lógica’ da produção de riquezas domina a ‘lógica’ da produção de riscos, na sociedade de risco, essa relação se inverte”. Na reflexividade dos processos de modernização, as forças produtivas perderam a inocência. O acúmulo de poder do progresso tecnológico-econômico é cada vez mais ofuscado pela produção de riscos” (p. 15). Entre os principais riscos da modernidade radicalizada estão a degradação ambiental e o aquecimento global. Nesses novos conflitos ecológicos, o que está em jogo são negatividades: “perdas, devastação e ameaças”.


Faço a revisão acima, para refletir sobre a questão populacional no quadro atual da modernidade tardia e da sociedade de risco. Em especial, pretendo questionar a validade do bordão “O desenvolvimento é o melhor contraceptivo” lançado na Conferência Mundial de População, ocorrida em 1974, na cidade de Bucareste. Como se sabe, este bordão foi lançado para combater as visões neomalthusianas que defendiam uma aceleração da transição da fecundidade no mundo e para marcar a defesa do desenvolvimentismo como forma de solucionar os problemas da pobreza e do engrandecimento das nações do “Terceiro Mundo”.


Os dois países mais populosos do mundo (China e Índia), com apoio do demais países do movimento dos “não-alinhados” (inclusive Brasil) colocaram o crescimento econômico como prioridade da agenda nacional e internacional. O que a Conferência de População de Bucareste fez foi reforçar a intenção de mimetizar o processo de desenvolvimento da sociedade industrial do “Primeiro Mundo”, como se o modelo da primeira modernidade fosse um evento positivo (a la Augusto Comte) que mereceria ser globalizado, generalizado e absorvido por todos os países do Planeta. O desenvolvimento é encarado como a utopia da grandeza econômica, nacional, cultural, religiosa, militar, etc.


A ideologia desenvolvimentista no campo de população e da acumulação de capital, em geral, ignora ou subestima os riscos ambientais globais e minimiza os desafios do crescimento demoeconômico em nome da escalada do progresso industrial e do avanço das forças produtivas capazes de dominar e controlar a natureza.


Ou seja, a Conferência de Bucareste (e de certa forma o ODM, do ano 2000 e o ODS, da agenda 2015-2030) estabeleceu uma prioridade em relação à transição da economia agrária e rural para a economia urbano-industrial em detrimento da transição demográfica. Como disse o Papa Paulo VI, no espírito da encíclica Humanae Vitae, com seus princípios natalistas e populacionistas: “Precisamos aumentar o banquete e não diminuir os comensais”.


Mas em 1960, o mundo tinha uma população de 3 bilhões de habitantes. Em 2016 já são 7,4 bilhões de habitantes. Um aumento de 4,4 bilhões em apenas 56 anos. A projeção média para o final do século é de 11,2 bilhões de habitantes em 2100. Serão, portanto, acrescidos outros 4 bilhões. Se fosse na lógica da segurança da “modernidade sólida” (expressão de Bauman) a questão central seria como produzir riquezas e como repartir os seus frutos.


Mas na lógica da sociedade de riscos, este crescimento populacional pode simplesmente estar colocando pessoas no mundo para sofrer com as inseguranças da modernidade tardia e colocar ainda mais estresse sobre o meio ambiente. Na primeira modernidade cada indivíduo era uma fonte de capital humano e um potencial consumidor. Na segunda modernidade, cada nova pessoa é fonte de risco para si e para o planeta, pois os riscos são globalizados e não possuem fronteiras.


Como mostra Herman Daly (2014), a primeira modernidade avançou sobre um mundo antropicamente vazio, em que a escala de produção de bens e serviços era pequena, o elemento escasso ou fator limitante da produção era o capital manufaturado, enquanto os recursos naturais e ambientais (capital natural) eram abundantes. Havia milhões de rios e florestas e nenhum assentamento humano próximo a eles; assim, o custo de oportunidade do uso desses rios era praticamente zero e o conceito de externalidade negativa tinha pouca importância.


Mas no mundo cheio – superpovoado, superconsumista e superexplorador da natureza – em que o tamanho da economia passa a sufocar a capacidade de sobrevivência do capital natural fica difícil gerar os serviços ambientais necessários para o bem-estar humano. O custo de oportunidade no uso dos recursos naturais é alto e o conceito de externalidade negativa adquire importância elevada.



Não por acaso, neste mundo, os novos projetos precisam demonstrar que geram muito mais benefícios que custos. No mundo cheio há excesso, e não escassez, tanto de capital manufaturado como de mão-de-obra. Nele, o fator limitante da produção material passou a ser o capital natural, tanto no que se refere à disponibilidade de recursos naturais e de serviços ambientais (sources) como em capacidade de acúmulo e absorção de resíduos (sinks).


O panorama descrito acima mostra que as condições econômicas, sociais, demográficas e ambientais do século XXI são muito diferentes das condições existentes nos séculos anteriores. A humanidade já provocou grandes danos nos ecossistemas do Planeta. Desmatou florestas para explorar a agricultura e a pecuária; represou rios, drenou pântanos, alterou a paisagem natural e está provocando a 6ª extinção em massa de espécies.


Revolveu a terra para extrair minérios, foi buscar petróleo no fundo do subsolo e emitiu gases de efeito estufa que alteram a química da atmosfera, provocando o aquecimento global e a acidificação dos solos e das águas. A degradação da biodiversidade e o aquecimento global são os grandes riscos colocados à civilização e à vida na Terra.


Desta forma, é preciso repensar o crescimento populacional na sociedade de risco, de Ulrich Beck, e no mundo cheio, de Herman Daly. Não faz mais sentido manter taxas positivas de crescimento demográfico, quando as condições ambientais apresentam taxas negativas e o colapso ambiental está desenhado no horizonte.


Ou seja, não dá para manter o progresso humano às custas do regresso ambiental. Existe um sobrecarga da Terra que nos alertam as metodologias da Pegada Ecológica e das Fronteiras Planetárias, que mostram que a humanidade já ultrapassou os limites da sustentabilidade da capacidade de carga Terra. Não dá para continuar com o crescimento demoeconômico às custas do empobrecimento e da degradação da biocapacidade do meio ambiente.


A questão demográfica deve ser estudada, atualmente, dentro deste contexto da sociedade de risco e do mundo cheio, ou seja, numa situação global de déficit ambiental. Nascem, nos dias atuais, 140 milhões de bebês todos os anos no mundo. Se este número ficar estável e a esperança de vida ao nascer alcançar 80 anos, então a população mundial chegaria a 11,2 bilhões de habitantes (140 milhões vezes 80), em 2100, e ficaria estável em torno deste número se a natalidade e a esperança de vida permanecessem nesses patamares durante as próximas décadas. Isto significaria que a população mundial de 6 bilhões de habitantes, em 1999, teria um acréscimo de 5,2 bilhões de pessoas no século XXI.


Acontece que a pegada ecológica já superava a biocapacidade da Terra em 64% em 2012 (a humanidade está utilizando 1,64 planetas). No ritmo das últimas décadas chegaríamos em 2100 consumindo mais de 5 planetas. Seria uma coisa totalmente insustentável, o que poderia levar a civilização e os ecossistemas ao colapso.


O déficit ambiental ocorre devido ao aumento do consumo médio (pegada ecológica) dos habitantes do globo e da diminuição da biocapacidade (devido ao aumento da população). Evidentemente, são as parcelas mais ricas da população mundial que mais contribuem para o aumento do consumo. Mas mesmo que houvesse uma hipotética distribuição justa do consumo, assim mesmo o déficit permaneceria elevado e os riscos teriam efeitos globais.



Portanto, é preciso diminuir o consumo e a população. Acontece que a população vai continuar crescendo devido à inercia demográfica. Por conta disto, há quem diga que só dá para mexer no consumo e não na população. Mas essa visão é fruto de um equívoco. Realmente não dá para diminuir o tamanho da população imediatamente, mas dá para reduzir desde já o ritmo de crescimento e determinar, no presente, a queda futura do decrescimento demográfico.


Portanto, mesmo não dando para diminuir a população imediatamente, dá para reduzir o ritmo de crescimento. Basta reduzir a natalidade mundial. Ao invés do nascimento de 140 milhões de bebês todos os anos, poderia haver uma diminuição da natalidade para 130, 120, 110 ou 100 milhões de nascimentos. Por exemplo, se a natalidade mundial diminuir para 100 milhões de bebês até 2030 (e ficar neste patamar) e a esperança de vida subir para 80 anos, então teríamos uma população estável de 8 bilhões ao invés de 11,2 bilhões de habitantes no mundo.


O gráfico acima mostra que o número de nascimentos no mundo passou de 97 milhões de bebês, na média do quinquênio 1950-55, para 140 milhões na média do quinquênio 2015-20. A projeção média da ONU indica que este número de nascimentos deve se manter aproximadamente neste nível até o final do século, gerando uma população de 11,2 bilhões em 2100.


Porém, na hipótese de uma queda mais rápida da natalidade, o número de nascimentos poderia cair para 70 milhões de bebês até 2100. Se este número ficar estável e a esperança de vida ficar em 80 anos, então a população poderia se estabilizar em 5,6 bilhões ao invés dos 11,2 bilhões de habitantes. O número de pessoas sujeitas aos riscos ecológicos se reduziria pela metade.


Além do mais, a queda da natalidade poderia gerar outros efeitos benéficos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existem mais de 220 milhões de mulheres em período reprodutivo sem acesso aos métodos de regulação da fecundidade. O número de gravidez indesejada é alto. A meta # 5B dos ODMs dizia: “Alcançar, até 2015, o acesso universal à saúde reprodutiva”.


Esta meta não foi alcançada. Agora, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) também colocam como meta a universalização dos serviços de saúde sexual e reprodutiva até 2030. Evidentemente, esta procrastinação não é boa para a saúde das mulheres e nem para os bebês que nascem de uma gravidez indesejada e vão correr riscos cada vez maiores diante dos desafios econômicos, sociais e ambientais. Por exemplo, o surto dos casos de microcefalia, diante da epidemia de zika, poderia ser evitado se houvesse bons serviços de saúde reprodutiva no país.


Segundo o International Food Policy Research Institute (IFPRI), o Índice Global da Fome (IGF) apresenta as categorias alarmante e extremamente alarmante, especialmente naqueles países onde existem altas taxas de fecundidade. Também as taxas de mortalidade materna são mais altas onde é menor o acesso aos direitos sexuais e reprodutivos.


Além disto, muitas mulheres são vítimas de violência sexual e da segregação de gênero, o que impede que elas tenham autonomia social e capacidade de autodeterminação reprodutiva. Além disto, alta dependência demográfica nas famílias aumenta a competição por alimento entre os filhos, o que prejudica os mais fracos e necessitados. O fim da gravidez indesejada ajudaria a reduzir a fome, reduziria os níveis de mortalidade materna e fortaleceria o bônus demográfico feminino.


Para Beck, a natureza não pode mais ser concebida sem a sociedade e a sociedade (e a população) não mais sem a natureza. A destruição da natureza passa “a ser elemento constitutivo da dinâmica social, econômica e política. O imprevisto efeito colateral da socialização da natureza é a socialização das destruições e ameaças incidentes sobre a natureza” (p. 98).


Ou seja, a humanidade já ultrapassou a capacidade de carga e está explorando o meio ambiente a uma taxa mais alta do que a capacidade de regeneração. O crescimento ficou deseconômico, como mostra Herman Daly e o mundo caminha para uma estagnação secular, como mostra Larry Summers. Neste quadro, seria irresponsabilidade as políticas públicas continuar apoiando o crescimento demoeconômico.


O mundo precisa de decrescimento pois já ultrapassou a capacidade de carga do Planeta. Mesmo, em uma situação hipotética em que houvesse uma justa distribuição de renda no mundo, ainda assim nosso modelo de produção e consumo seria insustentável. Portanto, não basta combater a desigualdade é preciso decrescer o tamanho da economia e do impacto humano sobre o Planeta, pois o problema não é simplesmente o consumo dos ricos, mas sim o volume do consumo global (Alves, 29/08/2014; Mantilla, 07/07/2016).


Estas ideias não são novas e já foram antecipadas no livro “O Declínio Próspero” de H. T. Odum, conforme pode ser consultado em Ortega (2015). Diante da possibilidade do colapso das condições que sustentam a Economia, a População e o Meio Ambiente em escala planetária, “o livro coloca a possibilidade de um declínio com prosperidade apesar das condições desfavoráveis existentes, e oferece ideias para promover a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, cuidar da mitigação das mudanças climáticas e das mazelas sociais”.


Como escrevi em um outro artigo (Alves, 11/07/2016): “A natureza não depende da sociedade, a sociedade depende da natureza. O lema do debate sobre população e desenvolvimento no século XXI deveria ser: menos gente, menos consumo, menor desigualdade social e maior qualidade de vida humana e ambiental”. Os direitos humanos devem estar em sintonia com os direitos ambientais e o bem-estar das espécies não humanas.


Portanto, pode-se considerar o debate entre população, economia e ambiente com parâmetros diferentes daqueles estabelecidos na velha dicotomia entre controlismo versus natalismo. Numa perspectiva que integre os direitos humanos com os direitos ambientais, a queda da natalidade pode ser vista como uma forma de evitar o aumento do sofrimento humano na sociedade de risco e uma forma de reduzir a degradação ambiental e a perda de biodiversidade.


Assim, avançar na implementação dos direitos sexuais e reprodutivos é uma forma de melhorar a qualidade de vida do ser humano, especialmente para as mulheres que mais sofrem com as relações patriarcais, diminuir os riscos e a população em risco, e evitar uma catástrofe ecológica nos tempos do acirramento das externalidades negativas do “mundo cheio” da hipermodernidade.


Referências:


ALVES, JED. Dia Mundial de População, #Colabora, RJ, 11/07/2016
ALVES, JED. Uma distribuição justa da renda e do consumo resolveria a questão ambiental? RJ, Ecodebate, 29/08/2014
ALVES, JED. Mundo cheio e decrescimento, RJ, Ecodebate, 03/06/2016
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco. Rumo a uma Outra Modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010.
DALY, Herman. Economics for a full world, 2014
Diego Mantilla. Equality and Sustainability: can we have both? Resilience, 07/07/2016
Enrique Ortega. “O Declínio Próspero: Princípios e Políticas” de Howard e Elisabeth Odum, Laboratório de Engenharia Ecológica da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, 2015

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 20/07/2016
"Os riscos ambientais e a queda da natalidade, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/07/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/07/20/os-riscos-ambientais-e-a-queda-da-natalidade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Nós, do Park Way...

....temos lutado e muito por  quatro  coisas que consideramos importantes e das quais a comunidade não abre mão e se orgulha.


1. ESTAR dentro de uma unidade de conservação e querer permanecer sendo vista como tal. Seja dentro de qualquer instrumento que trate de planejamento e gestão territorial e ambiental;


2. ESTAR dentro de um programa internacional que é  a Reserva da Biosfera da UNESCO. E estar na zona de amortecimento da Reserva que EXIGE baixa densidade populacional;


3. ESTAR na zona de tutela do IPHAN,  uma vez que o Park Way está na bacia do Paranoá, que é a área de tamponamento do Conjunto Urbanístico de Brasília. Isso significa que a Portaria IPHAN n.68 /2012 que dispõe sobre delimitação e diretrizes para a área do entorno de Brasília faz com que haja altura máxima de prédios  também para o Park Way, para não comprometer a visibilidade do horizonte a partir da área tombada;


4.  SER fornecedora de importante serviço ambiental para a população do Distrito Federal.  Afinal, a comunidade, há anos, preserva, regenera e recompõe o Cerrado, para garantir os corredores ecológicos para diversas espécies. E também contribui para a integridade dos ecossistemas aquáticos, ajudando a qualidade e quantidade de água das drenagens que correm para dentro do Lago Paranoá,  futuro reservatório para abastecimento da população do DF.

Assim, mais que as nossas reivindicações,   as políticas públicas federal e distrital e compromissos internacionais fizeram do Park Way uma área estratégica do ponto de vista ambiental e cultural. E isso muito nos orgulha. E sua comunidade fará  de tudo para corresponder a esse legado.