terça-feira, 19 de julho de 2016

Marinha restringe navegação em trechos do Rio Madeira entre AM e RO

19/07/2016 16h23 - Atualizado em 19/07/2016 17h24


Inspetores navais identificaram pontos cuja profundidade chega a 2,70m.


Medida ocorre em razão da seca do Rio Madeira.

Do G1 AM
Dragagem do Rio Madeira é antiga reivindicação de empresas de navegação (Foto: Divulgação)Rio Madeira apresenta profundidade abaixo de 4 metros entre Distrito de Calama e Porto Velho (Foto: Divulgação/Marinha)
 
 
A Marinha do Brasil restringiu a navegação em alguns trechos do Rio Madeira situados entre o Amazonas e o estado de Rondônia em razão da seca. O órgão informou que a vazante pode resultar em período crítico na navegação entre os dias 26 de julho a 1º de agosto.



O alerta ocorreu após inspetores navais da Delegacia Fluvial de Porto Velho identificarem pontos críticos que prejudicariam a navegabilidade, especificamente nas proximidades de Humaitá, a 671 km de Manaus.


A navegação noturna para comboios de embarcações está suspensa no trecho do Rio Madeira, entre a cidade de Porto Velho (RO) e o distrito de Calama (RO) desde o dia 13 de julho. Entre as cidades, calcula-se que a profundidade do rio seja inferior a 4 metros. No trecho entre Humaitá e Porto Velho, as embarcações devem ter cuidado nos decursos correspondentes às travessias do tamanduá, dos papagaios e de curicacas.


Na travessia dos papagaios, por exemplo, a equipe registrou profundidade atual de cerca de 3,6 metros. Em curicacas, a profundidade local chega a marca de 3,8 metros. A travessia do tamanduá apresentou profundidade mais rasa, com cerca de 2,7 metros. Diversos bancos de areia foram encontrados nesses trechos, o que pode resultar em acidentes.


Com base nas informações, a Marinha emitiu um ofício destinado a empresas de navegação que suspende a navegação noturna de comboios entre Porto Velho e o distrito de Calama (RO), além de recomendar atenção redobrada para os navegantes, inclusive no período diurno.


O Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma) recomendou atenção redobrada às organizações do setor de transporte aquaviário. Em nota, o presidente da base, Galdino Alencar Júnior, pontuou que se houvesse dragagem periódica, as condições de navegabilidade não seriam prejudicadas.


Dragagem
A dragagem do Rio Madeira, no trecho entre o Amazonas e Rondônia está prevista para setembro, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Segundo o departamento, o processo licitatório iniciado no primeiro semestre deste ano, no valor R$ 81.825.643,70, ainda está sendo finalizado.


O trecho a ser desobstruído vai da capital de Rondônia até o município de Itacoatiara (AM) e tem valor estipulado em 1.086 km de extensão. Os serviços serão realizados com maior periodicidade durante 60 meses.


O Rio Madeira é um dos principais corredores logísticos do país e integra o Arco Norte. Pela Hidrovia do Madeira ocorre o escoamento da produção agrícola, principalmente soja e milho de Mato Grosso e Rondônia, e insumos como combustíveis e fertilizantes, com destino a Porto Velho e Manaus.


Macaco achado acorrentado ganha mãe de pelúcia: 'vai viver', diz soldado


Animal foi encontrado acorrentado em uma casa, em Porto Velho.


Segundo Polícia Ambiental, animal pode voltar à natureza daqui três meses.

Matheus HenriqueDo G1 RO
Macaco foi encontrado acorrentado dentro de casa de palha em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/G1)Macaco foi encontrado acorrentado dentro de casa de palha em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/G1)
 
 
O macaco que foi encontrado acorrentado há 12 dias dentro de uma casa não corre mais risco de morrer. Segundo a Polícia Ambiental, que realizou o resgate em Porto Velho, o mamífero de aproximadamente dois meses foi achado deitado em um lençol com bastante dificuldade para se movimentar. Após ser retirado do local, o animal, que ainda não recebeu um nome, foi levado para Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e desde então recebe acompanhamento especial de veterinários e biólogos. "Vai viver", diz soldado.


Para que o macaquinho não sinta falta da mãe, os profisionais do Cetas deram um brinquedo de pelúcia. Durante todo o dia, o mamífero brinca e abraça a "mãe de pelúcia" na gaiola onde está sendo monitorado. Segundo o soldado da Polícia Ambiental Valdinei Teixeira, o macaco tem reagido bem ao tratamento e dentro de alguns meses poderá voltar ao habitat natural.


Filhote de macaco foi encontrado acorrentado em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/ G1)Filhote de macaco foi encontrado acorrentado em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/ G1)
 
 
"Ele vai sobreviver. Há 12 dias ele estava em um lugar sem condição nenhuma de sobrevivência, mas agora com os cuidados de profissionais e uma alimentação certa vai recuperar os instintos da natureza e voltar para seu habitat. Como ele não tem um contato tão doméstico, quando estiver com um porte grande suas chances serão maiores", disse
Desde que foi resgatado, o animal recebe uma alimentação a base de frutas. Se o tratamento ocorrer como o esperado, o macaco deve ser devolvido à natureza depois de três meses.


Resgate
Segundo o policial Tiago Sampaio, que participou do resgate, uma guarnição foi até a região para verificar uma denúncia de queimada e desmate. Ao entrar na propriedade, viram os animais em uma casa coberta de palha.


"Nós fomos para ver uma situação de crime ambiental, quando nos deparamos com o filhote de macaco e o curió. Lá também tinha várias armadilhas. Ele ficava acorrentado em uma casinha de madeira", disse.


De acordo com a Polícia Ambiental, um adolescente de 16 anos foi detido no local onde estava o macaco. Ele disse à polícia que estava prestando serviços para o dono do imóvel.


Extinção
Segundo o biólogo Flávio Terassini, o macaco conhecido popularmente como Barrigudo está correndo risco de ser extinto da Amazônia, por causa dos desmatamentos. Ele acredita que o animal tenha apenas dois meses de vida e está bastante debilitado.
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Polícia encontrou várias armadilhas para capturar animais no local (Foto: Matheus Henrique/G1)Polícia encontrou várias armadilhas para capturar animais no local (Foto: Matheus Henrique/G1)

Toureira (MONSTRO!) exibe orelhas de touro como troféu em ato de extrema brutalidade

CONTEÚDO ANDA

18 de julho de 2016 às 20:20

Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Reprodução/GettyImages
Reprodução/GettyImages

Em um ato que nos faz desacreditar da humanidade, uma toureira exibiu as orelhas de um touro momentos depois que o animal aterrorizado a atingiu enquanto lutava para sobreviver.

Lea Vicens caiu de seu cavalo no festival Feria de Nimes no sul da França e o touro tentou se defender, informa o Express.

Ela então ficou de pé e cortou as orelhas do animal , um ato hediondo que lamentavelmente foi recebido com enorme louvor no país. 

Em 2012, a toureira cortou os rabos de 10 de touros e 60 orelhas para guardá-los como “troféus”, orgulhosa de massacrar e mutilar animais inocentes.

Após a morte de um touro, o presidente – ou o responsável pela organização do evento – decide se o matador pode levar uma orelha para casa.

Durante uma tourada típica, o touro entra na arena e é atacado com duas lanças que rasgam os músculos do animal e o impedem de levantar a cabeça para se defender.

Em seguida, as lanças são torcidas para que o animal perca uma quantidade significativa de sangue.

Em seguida, os chamados banderilleros distraem o touro enquanto o golpeiam com varas de arpão coloridas em suas costas.

O touro é obrigado a correr em círculos para ficar tonto, o que é agravado pela extrema perda de sangue. Em seguida, o toureiro (ou toureira) aparece e tenta matar o animal com sua espada.

De acordo com a PETA, a oposição a esses atos cruéis está crescendo em todo o mundo.
O Parlamento do Ctalonia proibiu as touradas em 2010, e em maio de 2013, o estado mexicano de Sonora fez o mesmo.

Em 2008, cerca de 3,3 mil touradas foram realizadas em Espanha, mas em 2012, elas caíram para menos de 2 mil. A luta dos ativistas pelos direitos animais continua para proibir definitivamente o horror das touradas.

Cabra morre afogada ao fugir de turistas (idiotas!!)que queriam selfies

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O animal não conseguiu voltar à margem porque havia muita gente no local.
EUA Alasca cabra morre afogadaFoto: PixaBay
Uma cabra se afogou no Alasca, Estados Unidos, após se jogar no mar para fugir de uma multidão que queria fotografá-la. O animal não conseguiu retornar para a margem em função da grande quantidade de pessoas que estavam ali.


De acordo com o G1, mesmo com o alerta do departamento de Guarda Florestal do Alasca de que é primordial respeitar o espaço adequado dos animais, em Seward, no sábado (16), isso não aconteceu e um dos agentes disse que isso “resultou em um animal selvagem morrendo sem razão”.


O caso ocorreu em meio a uma série de acidentes provocados por pessoas que se aproximam demais de animais selvagens, em busca de selfies perfeitas.


No Alasca, os guardas foram informados sobre pessoas perturbando a cabra e outra sobre um grande grupo a seguindo pelas rochas do quebra-mar.


Fonte: Notícias ao Minuto

Estes filhotes de morcego foram salvos do congelamento

Por Zainab Akande / Tradução de Mitsue Siqueira

Se não tivessem sido encontrados em tempo, provavelmente essas raposinhas voadoras teriam perdido a vida para o clima frio do inverno da Austrália. Felizmente, uma especialista em morcegos da região de Gold Coast surgiu no caminho logo quando eles mais precisavam.
Australia filhotes morcego salvos congelamentoFotos: Australia Zoo
No dia 30 de junho, depois de terem caído da árvore no frio, 28 morcegos foram encontrados e deram entrada no Australia Zoo Wildlife Hospital. Em pouco tempo o resgate se tornou um esforço coletivo da equipe do hospital, já que os animais estavam sofrendo de hipotermia.
Australia filhotes morcego salvos congelamento2
Esta situação é incomum, conforme observado em um comunicado de imprensa: raposas voadoras vermelhas não costumam ser vistas com seus filhotes no extremo sul da Austrália, pois elas normalmente têm os filhotes na região norte, onde o clima é mais quente.
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Segundo o comunicado, "O que acontece na maioria das vezes é a mãe deixar o filhote em uma árvore enquanto sai em busca de alimento, mas ela volta logo depois. No entanto neste caso, imagina-se que os filhotes não tenham lidado bem com a temperatura mais baixa durante a ausência da mãe e caíram do abrigo na árvore".
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Os morceguinhos foram aquecidos com uma combinação de fluidos eletrólitos e cobertores especiais para morcegos, o que confere a eles uma aparência inconfundível e adorável de pequenos burritos de morcego. Para ajudá-los a manter a calma durante esse período potencialmente estressante, eles receberam cuidados especiais.
Australia filhotes morcego salvos congelamento5
“Assim como as crianças humanas, os filhotes de morcego são acalmados por determinados objetos e formatos; então, cada um dos 28 pacientes recebeu sua própria chupeta”, afirma a doutora Rebecca Miller, uma das veterinárias que cuidou dos morcegos no hospital.
Australia filhotes morcego salvos congelamento6
Depois de passarem pela triagem do hospital, os morcegos ficaram sob os cuidados da especialista que os encontrou, e ela se encarregará de tudo até que eles estejam prontos para voltar à vida selvagem.

Assista a este vídeo dos filhotinhos exercitando suas forças para voarem sozinhos um dia:

https://www.facebook.com/thedodosite/videos/827214374079906/

Fonte: The Dodo

Garota surda ensina a linguagem dos sinais para cãozinho também surdo


 Após ser resgatado de um abrigo, Walter virou o melhor amigo de Julia.


Por Ataide de Almeida Jr.
SOLIDARIEDADE garota1FACEBOOK/REPRODUÇÃO


Essa é a história real de uma garotinha de 10 anos, que nasceu surda, e de um cachorrinho, de sete meses, que também tem a mesma condição. Certo dia, a mãe de Julia pegou Walter em um abrigo para dar à filha. “Quando segurei a Julia, ela não podia me ouvir. O primeiro gesto, foi cheirar o meu pescoço. E quando segurei Walter pela primeira vez, ele fez a mesma. Eu olhei para ele e vi que tinha que ser nosso”, contou a mãe.


A partir daí, os dois começaram uma verdadeira amizade. “Eles são iguais. Ele espera Julia terminar a lição de casa para depois irem brincar. Além disso, aprendem um monte de coisas juntos”, explica a mãe. Julia, agora, está ensinando Walter a linguagem dos sinais e o adestrando.


https://www.facebook.com/pasadenahumane/videos/10153848446184926/

“Eu amo Walter. Ele é meu melhor amigo.”, disse a menina em um vídeo publicado pela Pasadena Humane Society & SPCA, uma sociedade de proteção ao animais da Califórnia. A mensagem final do vídeo também é emocionante. “Sempre que você se sentir diferente ou sozinho, lembre-se de Walter e Julia. Há alguém lá fora feito para todos.” E essa história ainda tem vários capítulos para serem escritos.


Fonte: Metrópoles

Suíços criam canudo que filtra água contaminada

segunda-feira, 18 de julho de 2016


Cada canudo possui um potente sistema de filtragem, que pode ser usado para limpar até 700 litros de água.



Uma empresa suíça criou um canudo que elimina elementos nocivos à saúde encontrados na água contaminada, como bactérias e vírus. Cada canudo possui um potente sistema de filtragem, que pode ser usado para limpar até 700 litros de água – quantidade média consumida anualmente por cada pessoa.


Batizado de LifeStraw (em português, “Canudo da Vida”), o tubo de plástico é bem mais grosso que um canudinho convencional e elimina praticamente todos os elementos nocivos que contaminam a água, responsáveis por causar doenças como cólera, diarreia e febre tifoide.  Além disso, o “Canudo da Vida” destrói 99% dos vírus que circulam no sistema de filtragem, elaborado a partir de fibra halógena.


Ao longo de uma série de testes, a Universidade da Carolina do Norte comprovou que o canudo consegue filtrar totalmente as amostras de água contaminada com as bactérias Escherichia coli B e Enterococcus faecalis, além do vírus MS2 colifago, iodo e prata. Assim, as cobaias ingeriram água potável por meio do canudo de filtragem instantânea.


No entanto, o LifeStraw não consegue eliminar metais pesados da água, como ferro e flúor, e também não está apto a remover parasitas, como a giárdia e o criptosporídio. Cada canudo, que tem menos de 25 centímetros de comprimento, pode filtrar até 700 litros de água – estimativa média do consumo anual de água por pessoa.


Agora, o objetivo dos criadores é levar o produto a ONGs e grupos de ajuda humanitária, mas, de acordo com o CEO da empresa, Mikkel Frandsen, nem todos demonstram interesse por soluções que melhorem o acesso e a qualidade da água nas regiões carentes. “Ninguém está estrelando uma campanha de erradicação da diarreia”, declarou o CEO para a Scientific American.


A empresa de relações públicas Saatchi & Saatchi indicou o Canudo da Vida como a principal ideia que mudará o mundo nos próximos anos, em uma competição recente entre inovações tecnológicas com impacto na ajuda humanitária, na educação e na medicina. O grupo Vestergaard Frandsen, que desenvolveu o sistema, recebeu uma quantia de 100 mil dólares para ser investida no produto. Com informações da Scientific American.


Fonte: Ciclo Vivo

Rio Doce: a negligência com a bacia hidrográfica é histórica

segunda-feira, 18 de julho de 2016


Rio Doce: a negligência com a bacia hidrográfica é histórica. Entrevista especial com Fabiano de Melo

“Em Minas Gerais há uma discussão muito intensa no sentido de que tudo que se faça em termos de fiscalização ou de licenciamento ambiental seja feito no âmbito da Bacia Hidrográfica. Isso porque a Bacia, teoricamente, é aquele elemento da paisagem que dá uma noção melhor do sinergismo dos impactos ao longo da cadeia produtiva”, comenta o biólogo.


“O que chama a atenção em relação ao desastre da Samarco é que as pessoas falavam como se o desastre fosse o culpado em si pela grande morte do Rio Doce, mas não foi, porque já estávamos degradando o rio lentamente. O desastre foi uma situação extrema em que, de novo, o rio foi colocado em uma condição muito pior”, diz Fabiano de Melo à IHU On-Line.


Segundo o biólogo, que conhece de perto a realidade da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, há anos o entorno do rio vem sofrendo com a intervenção humana e com o desmatamento das matas ciliares. As Áreas de Preservação Permanente – APP, por exemplo, que “deveriam sobrar nas áreas de reserva legal, foram totalmente destruídas e esse cenário de degradação levou ao empobrecimento do solo, o que, por sua vez, levou ao empobrecimento das próprias sociedades e das cidades que estavam ali, ao longo da bacia”, informa.


Na entrevista a seguir, concedida por telefone, Melo apresenta o atual cenário da região e chama atenção para a “queda vertiginosa na qualidade da água”, para o processo de “assoreamento do rio e de seus principais afluentes” e para o desmatamento da cobertura florestal nas proximidades da nascente. “São décadas de degradação em que, literalmente, vimos a morte do Rio Doce”, lamenta.



Ele frisa ainda que, com o agravamento das mudanças climáticas, os riscos são ainda maiores para as Unidades de Conservação que existem nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, como o Parque Estadual do Rio Doce e aReserva Biológica de Sooretama.



“As mudanças climáticas têm levado a períodos de seca mais intensos e, portanto, aumentado as condições de pegar fogo na vegetação. Este ano vimos Sooretama pegar fogo, o que é raro devido às condições de umidade que esperaríamos para aquela região do Espírito Santo. O Parque Estadual do Rio Doce, a cada ano que passa, sofre ameaças de fogo em suas bordas, nas áreas do entorno da reserva, por conta desse período seco e extremo que estamos vivendo anualmente”, adverte.



Fabiano de Melo é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – UFV, mestre em Genética e Melhoramento pela mesma universidade e doutor em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Atualmente leciona na Universidade Federal de Goiás – UFG.


Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual é a situação do Rio Doce hoje? O que tem sido feito desde o rompimento da barragem? O poder público tem agido em relação à recuperação do Rio?



Fabiano de Melo – Sou da cidade de Governador Valadares e conheço muito bem o Rio Doce, e percebo que pelo grande impacto que a Bacia já sofreu ao longo das décadas, ela foi muito modificada pela interferência humana. Então, antes do acidente da Samarco já havia um quadro muito crítico, porque a Bacia do Rio Doce, de modo geral, já tinha sofrido um impacto humano muito grande, o que a deixou debilitada. O acidente foi a gota d’água. Portanto, o cenário atual é realmente mais crítico do que já era há pouco tempo.


Por conta do rompimento da barragem, que levou muito sedimento e muita lama para a calha principal do rio, vários organismos e plantas morreram, e o acidente levou a Bacia a um estado de saúde muito mais precário do que o que já era registrado. Acredito que estamos diante de uma boa oportunidade de tentar recuperá-la e colocá-la em uma condição muito melhor do que ela estava alguns anos atrás. Esse cenário do desastre, apesar de ter sido muito ruim, de ter colocado a Bacia em uma condição pior do que ela estava, é também um cenário de oportunidade.


Sobre a fiscalização, os órgãos de prefeituras, principalmente, estão preocupados com a questão da qualidade da água para a captação e para a população. Eles estão acompanhando isso mais de perto, e os próprios órgãos ambientais do estado e da União também estão tentando a todo o momento não só impedir que novos desastres aconteçam, mas também mensurar o impacto financeiro que ocorreu na Bacia. Meu medo é que pelo fato de estarmos em uma crise econômica, essa situação possa impedir uma apuração mais cirúrgica na reconstrução da Bacia.


IHU On-Line – Entre as situações que causaram o rompimento da barragem da Samarco, destacou-se a drenagem insuficiente na Barragem do Fundão, em Bento Rodrigues. Que informações o senhor tem sobre a Barragem do Fundão?


Fabiano de Melo – Ficamos horrorizados com a divulgação dos laudos entre os funcionários das empresas envolvidas, cientes dos riscos que eles estavam correndo em relação à barragem. Isso demonstra que, apesar de haver um controle e uma fiscalização, aparentemente ainda existem brechas que possibilitam que empresas possam ter procedimentos que não sejam adequados.



O que percebemos, lendo as últimas reportagens, é que foi feita uma contenção, a pedido do próprio Ibama, para que não houvesse mais a eliminação dos rejeitos da barragem, porque ela continuava enviando para o rio uma quantidade de rejeitos. Então uma parte da barragem foi reconstruída exatamente para impedir que uma quantidade enorme de rejeitos continuasse sendo carreada para o rio. Essa medida é importante, porque para com a contaminação imediata da água e permite que, com as próximas chuvas, se tenha uma melhora substancial da qualidade da água.


“Hoje, com o cenário de mudanças climáticas, estamos vendo a coisa piorar muito rápido: o rio em si, a questão da água em si, a poluição industrial e das cidades, tudo está sendo degradado”


IHU On-Line – Em artigo recente o senhor menciona que a morte da bacia do Rio Doce vem ocorrendo há pelo menos um século e é fruto do processo desorganizado de interiorização do país, ou seja, antes do desastre da Samarco, a bacia do Rio Doce já estava sendo negligenciada. Pode nos explicar como esse processo vem acontecendo na região do Rio Doce? Que fatores mais têm contribuído para a destruição da Bacia ao longo dos anos?




Fabiano de Melo – Fico muito triste quando leio a história de ocupação do Vale do Rio Doce e percebo que essa região, particularmente a do médio para o baixo Rio Doce – Região do Vale do Aço, da cidade de Governador Valadares até a foz do Rio Doce no Espírito Santo -, foi uma das últimas fronteiras de ocupação e tinha, portanto, maciços florestais gigantes, enormes ao longo desse trecho até a década de 1940, ou seja, estou falando de 76 anos atrás. À época, havia uma grande quantidade de florestas, índios e uma situação muito próxima da original. No entanto, com o avanço da fronteira agrícola e da ocupação, essa paisagem se alterou muito rapidamente e houve uma conversão das florestas em áreas de pastagem e cidades e, portanto, houve um impacto imediato de empobrecimento natural dos solos.


Percebo o quanto as fazendas hoje não dão mais lucro – são fazendas típicas de gado de corte, e, em algumas regiões mais montanhosas, de gado de leite -, ou seja, elas têm um rendimento bem menor exatamente pela deterioração do solo. As Áreas de Preservação Permanente – APP e as matas que deveriam sobrar nas áreas de reserva legal foram totalmente destruídas e esse cenário de degradação levou ao empobrecimento do solo, o que, por sua vez, levou ao empobrecimento das próprias sociedades e das cidades que estavam ali, ao longo da bacia.


Hoje, com o cenário de mudanças climáticas, estamos vendo a coisa piorar muito rápido: o rio em si, a questão da água em si, a poluição industrial e das cidades, tudo está sendo degradado. Com isso houve uma queda vertiginosa na qualidade da água, assoreamento do rio e de seus principais afluentes, e mesmo no alto da bacia, que é a parte mais próxima da Região Metropolitana, onde estão algumas das principais nascentes, houve um grande impacto também na cobertura florestal. Ou seja, são décadas de degradação em que, literalmente, vimos a morte do Rio Doce. O que nos chama a atenção em relação ao desastre da Samarco é que as pessoas falavam como se o desastre fosse o culpado em si da grande morte do Rio Doce, mas não foi, porque já estávamos degradando o rio lentamente. O desastre foi aquela situação extrema em que, de novo, o rio foi colocado em uma condição muito pior.


Então, temos que olhar no espelho e ver que já estávamos fazendo uma coisa muito grave com a própria Bacia, isto é, já não estávamos tendo o cuidado necessário com ela e esse acidente veio, literalmente, nos mostrar o quão displicentes e negligentes estávamos sendo com essa Bacia.


“À medida que os anos passarem, teremos mais dificuldades de combater o fogo, que é uma grande ameaça para esses territórios”


IHU On-Line – No artigo o senhor menciona ainda que a região do Rio Doce ficou mais vulnerável aos efeitos adversos das mudanças climáticas em curso, especialmente o Parque Estadual do Rio Doce (MG) e a Reserva Biológica de Sooretama (ES). Qual é a situação ambiental desses locais?


Fabiano de Melo – A questão das mudanças climáticas é um ponto sério para as Unidades de Conservação, porque as mudanças climáticas têm levado a períodos de seca mais intensos e, portanto, aumentado as condições de pegar fogo na vegetação. Este ano vimos Sooretama pegar fogo, o que é raro devido às condições de umidade que esperaríamos para aquela região do Espírito Santo. O Parque Estadual do Rio Doce, a cada ano que passa, sofre ameaças de fogo em suas bordas, nas áreas do entorno da reserva, por conta desse período seco e extremo que estamos vivendo anualmente, em função das mudanças climáticas.


Essa é uma situação grave, à qual temos que prestar atenção porque, à medida que os anos passarem, teremos mais dificuldades de combater o fogo, que é uma grande ameaça para esses territórios. No Parque do Rio Doce essa situação é mais evidente porque há várias cidades em volta do Parque.



Além disso, as duas Unidades sofrem muito com a questão da caça. No Espírito Santo, há registros de casos e relatos constantes de equipes que fazem fiscalização, do próprio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio e de outros órgãos, e com isso percebemos que há ainda uma grande presença de caçadores ilegais no interior dessas unidades abatendo animais silvestres. Isso é muito grave porque algumas espécies já estão ameaçadas de extinção.


Em termos de área, há um problema maior porque a BR 101 corta as Unidades de Conservação, e por conta do tráfego pesado muitas espécies raras, como onças pintadas e onças pardas, são atropeladas. Outro dia foi capturada uma harpia, que é a maior ave de rapina existente no Brasil, ameaçada de extinção.


IHU On-Line – Depois de todas as constatações que o senhor faz sobre o processo de destruição da Bacia do Rio Doce, é possível reverter esse quadro?


Fabiano de Melo – Claro! Temos que fazer um projeto de recomposição florestal, e a primeira coisa que precisa ser feita é respeitar as leis, porque o Código Florestal nos exige a manutenção de florestas ao longo das calhas dos rios – independente do tamanho do rio – e no entorno das nascentes. Se já estivéssemos cumprindo com esse dever de casa, já teríamos outra realidade ao longo da Bacia.



O mais importante agora é, portanto, tentar promover a recomposição florestal, apoiando mesmo os proprietários rurais que tiverem interesse, inclusive, de reflorestar mais áreas do que é exigido por lei. Hoje nós precisamos de mais florestas. Se não tivermos uma boa quantidade de florestas em um futuro próximo, essa situação das mudanças climáticas atingirá muito mais dramaticamente essa região.


Portanto, temos de proteger não só as populações humanas que vivem nas cidades, mas particularmente as populações de animais silvestres que temos na região, pois todas essas espécies de modo geral estão muito ameaçadas. A ariranha – conhecida também como onça d’água -, por exemplo, é o maior mustelídeo que temos no mundo, e só há dois registros para a Mata Atlântica inteira, para a região do Rio Doce. Isto é, ninguém mais registrou ariranha em outras áreas de floresta ao longo do leste do Brasil.



Isso mostra a pujança e a riqueza de espécies que tínhamos na Bacia e que hoje simplesmente não existem mais porque não temos florestas. Então, acredito que a chance que estamos tendo é uma chance real. Precisaríamos de políticas sérias que promovam essa recuperação florestal, inclusive incentivando os proprietários a terem isso como uma meta.
IHU On-Line – Em termos de legislação ambiental e de políticas públicas, além do reflorestamento, o que deveria e poderia ser feito para recuperar as bacias hidrográficas?




Fabiano de Melo – Em Minas Gerais há uma discussão muito intensa no sentido de que tudo que se faça em termos defiscalização ou de licenciamento ambiental seja feito no âmbito da Bacia.Isso porque a Bacia, teoricamente, é aquele elemento da paisagem que dá uma noção melhor do sinergismo dos impactos ao longo da cadeia produtiva, ou seja, das hidrelétricas, indústrias, cidades, propriedades rurais.



Isto é, quando se coloca em uma escala a paisagem da bacia, se consegue de forma muito mais expressiva e cirúrgica interferir de modo positivo nos impactos ambientais que estão ocorrendo nela.


Portanto, precisamos de uma mudança de paradigma na sociedade brasileira e nos órgãos de fiscalização. Quando formos fazer uma análise de impacto ambiental, temos que incluir essas questões. O que quero dizer é que precisamos colocar isso como uma rotina no sentido de avaliar a Bacia no seu todo para saber exatamente quais são seus impactos.


IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?


Fabiano de Melo – Gostaria que a sociedade acordasse e percebesse que a questão ambiental sempre esteve ligada à nossa sobrevivência, mas nunca prestamos atenção nisso porque o Brasil, por exemplo, sempre foi um país de abundância de recursos naturais. Nunca nos faltou água, não nos faltam espaços para produção de alimentos, enfim, sempre tivemos a sensação de que os recursos são infinitos, mas não, tudo o que temos e consumimos no mundo tem uma limitação e um fim.



Então, gostaria que a sociedade acordasse para o fato de que precisamos tomar mais cuidado, ter mais atenção com essas questões ambientais. Não gostaria que aprendêssemos com a dor, creio que a sociedade pode aprender com as experiências vividas, inclusive, com civilizações do passado, que já enfrentaram situações parecidas de esgotamento dos seus recursos naturais e de extinção literal das suas civilizações. Ou seja, não precisamos chegar a esse ponto para fazer o dever de casa, para que possamos viver em harmonia e ter a nossa sobrevivência garantida.


Fonte: EcoDebate

Os sinais de alerta vêm da nossa caixa d’água

segunda-feira, 18 de julho de 2016


Precisamos evoluir para modos de vida mais adequados, compatíveis com estes tempos.

Até há bem pouco tempo era raro que o noticiário sobre mudanças climáticas e seus efeitos preocupantes se referissem a problemas no Brasil – em geral informavam sobre dramas muito graves em outras partes do mundo. Esse tempo já passou. Agora são frequentes as notícias sobre questões muito inquietantes em várias regiões do País. Algumas das mais recentes se referem a problemas muito sérios na Paraíba, onde a seca prolongada já levou à redução no abastecimento de água em Campina Grande e mais 17 cidades e agora está sendo ampliado.

Campina Grande vai ser dividida em duas zonas. Uma será abastecida da manhã de segunda-feira até a meia-noite de quarta-feira; a segunda, de 5 da manhã de quinta até as 13 horas de sábado; das 13 horas de sábado às 5 da manhã de segunda não haverá abastecimento (Suassuna.net, 12/7). E 17 cidades da chamada Região do Brejo só terão água por 48 horas a cada 15 dias, a partir do próximo dia 18. Haverá ainda outros problemas em vários locais. O nível da água no principal açude está em apenas 8,4%, o pior de todos os tempos, suficiente – se não chover – para abastecer apenas até janeiro de 2017.

Na verdade, diz Ana Lúcia Azevedo (O Globo, 9/4), toda a Chapada Diamantina está ameaçada e com a situação agravada desde um grande incêndio que se manteve de 2015 a janeiro de 2016, ali onde fica a “caixa d’água da Bahia – nela nascem 80% dos rios do Estado. Só o Rio Paraguaçu abastece 3 milhões de pessoas e fornece 60% da água usada em Salvador. E toda a região de 38 mil quilômetros quadrados – desde serras e planaltos da Mata Atlântica da região até o Cerrado e a Caatinga – é beneficiada pelo rio.


Mas o agravamento do El Niño agora leva a situação a extremos. Para complicar mais, dizem cientistas da Nasa e da Universidade da Califórnia em San Diego, publicados pela revista Nature, que as mudanças climáticas estão provocando um deslocamento das nuvens para os polos. O estudo, que abrange o período 1983-2009, afirma que com menos nuvens há aumento da temperatura da superfície e mais evaporação, “agravando as secas”. Até o PIB da agropecuária brasileira tem sofrido com as condições: caiu 0,37% no primeiro trimestre deste ano, segundo o Ministério da Agricultura (1.º/6) e o IBGE; também o PIB geral declinou 5,4%.

A concentração de gases de efeito estufa foi recorde no ano passado (O Globo, 13/6). Por isso mesmo 7.100 cidades de seis continentes se juntaram numa rede – Global Covenant of Mayors for Climate and Energy – para enfrentar a questão, já que as cidades respondem por 75% das emissões. EUA, Canadá e México assumiram o compromisso de aumentar o uso de “energias limpas” para 50%, de modo a cortar de 40% a 45% as emissões de gases poluentes (nos últimos três anos a redução foi de 4,5%; em 25 anos, baixa de 38%) – 55 países, responsáveis por mais de 50% dos gases, já os estão reduzindo (Reuters, 27/6).
São muitas questões.


Estudos de J. A. Marengo Orsini, com base em relatórios de avaliação do IPCC/Painel do Clima (Eco21, abril 2016), mostram que até 2100 a temperatura do Pantanal brasileiro pode subir 7 graus Celsius por causa da redução de chuvas e do aumento da evaporação. Com 140 mil quilômetros quadrados, o Pantanal tem 80% de sua área em regiões semiáridas. Mas, de modo geral, racionamento “é desastre anunciado”, antevê Joaquim F. Carvalho, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Folha de S.Paulo, 25/2) – embora tenhamos potencial hidrelétrico, eólico, fotovoltaico e bioenergético disponível e toda a energia consumida na região e no País possa vir de fontes renováveis.

Estudo do IPCC/Painel do Clima (Eco-Finanças 11/7) cria e analisa alguns cenários para a questão do clima. Num cenário de inércia, a temperatura planetária pode se elevar entre 4,1 e 5,6 graus Celsius; num cenário com continuidade das políticas atuais, o aumento ficará entre 3,2 e 4,4 graus; num cenário em que sejam cumpridos todos os compromissos voluntários já assumidos, a elevação estará entre 2,9 e 3,8 graus. Hoje a temperatura global está com aumento de quase um grau, comparada com a do início da era industrial. Entre os fatores que contribuíram para o aumento estão o derretimento de geleiras e furacões e secas mais frequentes, diz a análise.

É possível que o futuro seja ainda mais complicado. Para evitar isso é preciso chegar a uma transição para economia de baixo carbono, que exigirá investimentos de nada menos que US$ 3 trilhões por ano, 30 vezes mais que os US$ 100 bilhões anuais que tanta polêmica provocam nas conferências do clima. É decisivo também taxar o uso do carbono e redirecionar quase US$ 1 trilhão em subsídios a combustíveis fósseis.

Enquanto esses avanços não se concretizam, a Organização Mundial de Saúde alerta, em Paris (aviv, 8/7), para os riscos para a saúde causados pelas mudanças do clima; 7 milhões de pessoas já morrem a cada ano por esses fatores.

Ainda segundo o IPCC, o aumento da temperatura global “é inequívoco” e pode ultrapassar 4 graus Celsius. Em qualquer situação, pesa mais sobre a população mais pobre, em toda parte.

Em meio a tanto problema, uma pesquisa da Nature Scientific (Dia de Campo, 8/7) chama a atenção para o fato de um levantamento otimista feito na região central do Cerrado brasileiro haver concluído que os estoques de carbono no solo, no sistema de plantio direto, em longo prazo podem equiparar-se aos valores observados no Cerrado nativo – como avaliavam desde 2001 trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Cerrados.

Precisamos evoluir para modos de vida mais adequados, compatíveis com estes tempos, que ainda podem chegar a situações mais graves. E isso pressupõe conceber e levar à prática políticas governamentais severas, que obriguem cada cidadão, cada empresa, cada órgão de governo a assumir a sua parte na equação. Estejam onde estiverem, morem onde morarem. (O Estado de S. Paulo/ #Envolverde)

* Washington Novaes é jornalista. (Email: wlrnovaes@uol.com.br.

Fonte: Envolverde

Ibama e PF realizam Operação Hymenaea no Maranhão e destroem 21 serrarias


Publicado em julho 19, 2016 por



Ibama e PF realizam Operação Hymenaea no Maranhão e destroem 21 serrarias

A Polícia Federal (PF) e o Ibama iniciaram na quinta-feira (14/07) a Operação Hymenaea, com o objetivo de combater grupo criminoso ligado à extração e comercialização de grandes quantidades de madeira da Terra Indígena (TI) Caru e da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, no Maranhão.


A retirada ilegal de madeira das duas unidades de conservação chega a 120 mil m3 por ano, o equivalente a cerca de 30 mil árvores, segundo estimativa da movimentação nas serrarias do entorno. Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, a operação é resultado da parceria com a PF no Maranhão, que desarticula mais uma quadrilha do crime organizado, tendo como resultado a redução da pressão sobre a floresta.



Servidores da PF e do Ibama, com o apoio de três aeronaves e de explosivistas do Bope de Brasília e do Rio de Janeiro, cumpriram 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 de prisão temporária, 56 de busca e apreensão, além da suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras nas cidades de São Luís, Imperatriz, Buriticupu, Açailância, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom Jardim, Governador Nunes Freire, todas no Maranhão. Mais quatro no Rio Grande do Norte (Tibau, Mossoró, Parnamirin e Natal) e uma no Ceará: Capuí.


As serrarias e os equipamentos foram destruídos no local. Segundo o coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama, Roberto Cabral, uma ação mais enérgica, com a destruição das 21 serrarias, é a última e mais adequada medida, pois várias delas já haviam sido autuadas, embargadas e desmontadas, mas voltaram a funcionar.



Ibama e PF realizam Operação Hymenaea no Maranhão e destroem 21 serrarias

A organização criminosa atuava extraindo madeira ilegalmente das reservas, que era esquentada por meio de documentação fraudulenta. Um integrante da quadrilha era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do Norte, sendo que o real objetivo da manobra era desviar a madeira para receptadores em todo o Nordeste.



A exploração ilegal causa danos ambientais nos últimos remanescentes da floresta amazônica na região nordestina. De acordo com a PF, o grupo teria movimentado pelo menos R$ 60 milhões. Segundo Roberto Cabral, a degradação ambiental causada pelos cortes torna as áreas mais sujeitas a incêndios florestais, como o que ocorreu em 2015 na TI Araribóia.


 “Outro dano silencioso é a morte de animais com a caça ilegal pelos infratores.”
As autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas, provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira.



Os investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru, desmatamento na Reserva Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre outros.


A TI Caru é abrigo de tribos indígenas insoladas da etnia Awa. Essas tribos foram contatadas recentemente e ganharam distinção internacional como uma das últimas isoladas da região.


A operação foi batizada de Hymenaea em referência ao gênero de uma das espécies (Jatobá – hymenaea courbaril) ilegalmente exploradas na Terra Indígena Caru e na Reserva Biológica do Gurupi.


Operação Lignum
Em março deste ano, em conjunto com a PF, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério Público Federal (MPF), o Ibama realizou a Operação Lignum (madeira em latim) para coibir o roubo de madeira de Terras Indígenas e Unidades de Conservação no Maranhão. A ação resultou na prisão de 11 pessoas e na desativação de 10 serrarias ilegais, localizadas no entorno das TIs Alto Turiaçu, Caru e Awá, além da Rebio do Gurupi.


Do Ibama, com informações da Polícia Federal

in EcoDebate, 19/07/2016

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Economia Verde, artigo de Roberto Naime


Publicado em julho 19, 2016 por


investimentos verdes - economia de baixo carbono

[EcoDebate] DINIZ e BERMANN (2012) asseveram que a ideia de economia verde surgiu recentemente e ganha projeção cada vez mais acentuada. Para entender um pouco melhor, precisamos buscar a gênese do conceito, que se encontra na idéia de desenvolvimento econômico sustentável, também chamada de desenvolvimento sustentável.


A definição clássica de desenvolvimento sustentável, expressa no chamado Relatório Brundtland, é a da evolução que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (WORLD COMMISSION…, 1987).


Por trás desse conceito temos a necessidade de repensar o desenvolvimento econômico de uma nova forma, levando em conta a igualdade entre gerações. Até então, o desenvolvimento econômico tinha uma concepção um pouco mais restrita e normalmente considerava os determinantes fundamentais do crescimento econômico sem levar em conta o meio ambiente.


Esses determinantes fundamentais em última instância produziam alterações na acumulação de fatores de produção e na produtividade, que engloba o progresso tecnológico e as alterações na eficiência com que os fatores são empregados, além de influenciar a velocidade de crescimento do país.


DINIZ e BERMANN (2012) manifestam que correntes menos ortodoxas estudavam também problemas de distribuição de renda e outros temas, utilizando uma formalização menos rigorosa. Idéias menos ortodoxas são incorporadas em modelos econômicos, em grande parte pela disseminação de métodos matemáticos mais sofisticados na Economia (KRUGMAN, 1995).


A análise empírica de modelos de crescimento econômico também ganhou novo alento desde que o interesse nos modelos de crescimento econômico foi renovado, em meados da década de 1980.


A relação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente se tornou mais explícita a partir da década de 1970, quando pesquisadores passaram a examinar quais seriam os limites do crescimento em um contexto onde os recursos naturais são finitos.


Na ocasião, diversas previsões preocupantes foram obtidas (MEADOWS et. al., 1972), as quais posteriormente foram relativizadas ao se incorporar na análise uma modelagem mais sofisticada contemplando o progresso tecnológico, a descoberta de novas jazidas e o uso de jazidas que anteriormente não eram economicamente viáveis.


O desenvolvimento sustentável é uma evolução em relação à antiga concepção de desenvolvimento ao incorporar a necessidade de uma igualdade entre gerações.


Essa eliminação da desigualdade entre gerações é um pouco mais ampla que a redução da desigualdade de renda. A desigualdade de renda dentro de um país pode ser reduzida, e os dados mostram que efetivamente isso aconteceu no mundo como um todo desde a primeira metade do século XIX (BOURGUIGNON & MORRISON, 2002).


A desigualdade entre gerações é algo mais amplo, que envolve uma medida de bem-estar, e não simplesmente uma comparação da renda (como em BECKER et al., 2005).


A questão da igualdade entre gerações sob a dimensão da sustentabilidade significa que cada geração deve ter o mesmo bem-estar, ou a mesma igualdade de oportunidades, que as demais.


Em termos do meio ambiente, não deve haver uma deterioração que impeça uma geração de alcançar o mesmo bem-estar que uma geração anterior. Logo, a preservação do meio ambiente surge como uma forma de evitar o aumento da desigualdade entre gerações.


Obviamente ninguém defende a preservação a qualquer custo, mas é necessário que haja critérios que norteiem o uso racional dos recursos naturais de modo sustentável.


A noção de economia verde é mais recente que o conceito de desenvolvimento sustentável. Pode-se definir economia verde como aquela que “resulta em melhoria do bem-estar humano e equidade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica” (UNITED NATIONS…, 2011, p.16).


Uma economia verde possui baixas emissões de carbono, eficiência no uso de recursos naturais e inclusão social. Os autores dessa linha de pesquisa argumentam que a evidência empírica mostra que não há dilema entre sustentabilidade e crescimento econômico e a transição para uma economia verde pode ser feita tanto por países ricos quanto por países pobres.


A inexistência de um dilema entre sustentabilidade e crescimento econômico pode ser contestada pela evidência empírica que aponta para um dilema nas primeiras etapas do desenvolvimento e depois passa a ocorrer crescimento com redução das emissões de poluentes que é uma regularidade empírica conhecida como Curva Ambiental de Kuznets.


Dentro da dimensão macroeconomia, pode ser pesquisada a relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico. DINIZ e BERMANN (2012) assinalam que pode ser avaliada a existência ou não de uma Curva Ambiental de Kuznets para um dado poluente, e se a presença de poluentes interfere na convergência condicional dos países para uma renda “per capita” de equilíbrio e em sua velocidade de incremento.


Referências:

BECKER, G. S. et al. The Quantity and Quality of Life and the Evolution of World Inequality. American Economic Review, v. 95, 2005.
BOURGUIGNON, F.; MORRISON, C. Inequality Among World Citizens: 1820-1992. American Economic Review, v. 92, 2002.
KRUGMAN, P. The Fall and Rise of Development Economics. In: KRUGMAN, P. (Org.) Development, Geography, and Economic Theory. Cambridge, MA: MIT Press, 1995. p.1-29.
MEADOWS, D. H. et al. The limits to growth. New York: Universe Books, 1972.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Towards a green economy: pathways to sustainable development and poverty eradication. S. l.: Unep, 2011.
WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our Common Future. Oxford: Oxford University Press, 1987.
DINIZ, Eliezer M. e BERMANN, Célio – Economia verde e sustentabilidade Estud. Av. vol. 26 no. 74 São Paulo 2012.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 19/07/2016
"Economia Verde, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/07/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/07/19/economia-verde-artigo-de-roberto-naime/.

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