terça-feira, 5 de julho de 2016

Encontro de bebê gorila com menina de 2 anos causa comoção





O bebê gorila com a menina de 2 anos
O bebê gorila com a menina de 2 anos Foto: Reprodução do Facebook/ /FortWorthZoo

Extra

Um encontro emocionante entre um gorila bebê e uma menininha causou comoção na internet. A foto do animal de um lado do vidro e da criança do outro foi divulgada pelo zoológico de Fort Worth no Texas, nos Estados Unidos, e logo gerou comentários de centenas de pessoas.


Segundo o “Telegraph”, o gorila Augustus foi o primeiro de sua espécie a nascer no zoológico em dezembro de 2015. “À medida que ele fica mais velho, Gus explora mais e mais o mundo ao seu redor, que inclui encontros com novos amigos como Braylee, de Fort Worth”, escreveu o parque na legenda da imagem. A menina na foto com o gorila é Braylee Davis, de 2 anos, que estava visitando o local com a família.


O zoo informa que os gorilas das planícies ocidentais estão criticamente ameaçados de extinção, de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), devido à caça e à doenças. Os gorilas também têm uma taxa de reprodução alarmantemente baixa, e pode demorar 75 anos para a recuperação da população.

Elefante procura ajuda humana após receber flechada na cabeça

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QUENIA elefante lanca 01O elefante com a lança na cabeça foi até a equipe de ambientalistas (Foto: Reprodução/ The David Sheldrick Wildlife Trust)


Que os elefantes são bem inteligentes ninguém duvida, mas um dos animais mais antigos do Quênia, na África, surpreendeu ao procurar ajuda após ser atingido por uma flecha num dos ouvidos. Segundo os ambientalistas, Tim, de 47 anos, foi até o campo da equipe quando uma lança o atingiu na semana passada.


Há dois anos o animal tinha sido atingido por uma lança em suas costas e foi socorrido pelo mesmo grupo. David Bates, que ajudou o animal, contou ao jornal “Daily Nation” que ficou surpreso com a atitude do animal.


“Eu estava contando os búfalos em um de nossos santuários quando um guarda me disse que um dos nossos elefantes machos estava se movendo rapidamente para nós. Na verdade, era Tim. Eu fique feliz em vê-lo, mas então, quando ele se aproximou de nós, percebemos que algo estava errado. Tinha uma lança saindo de sua cabeça e ele estava com uma enorme ferida na testa como se tivesse sido atingido por uma pedra”, disse.


Bates acredita que o elefante tenha sido atacado em um conflito com os agricultores locais. A equipe ficou com o elefante durante toda a noite até que veterinários do Quênia Wildlife Service pudessem examiná-lo. Eles aplicaram tranquilizantes no animal e retiraram a lança.


QUENIA elefante lanca 02O elefante recebe os primeiros-socorros da equipe de ambientalistas (Foto: Reprodução/ The David Sheldrick Wildlife Trust)


Fonte: Extra

Tartaruga de cem anos sobrevive a cruel violência

Por Miguel Velazques / Tradução de Nelson Paim
EUA Illinois tartaruga cem anos violenciaAssim encontraram Tuttle.
As tartarugas são um dos animais que mais anos podem viver, até que morrem por causas naturais ou por algum tipo de maltrato. Mas este não foi o caso de Tuttle, uma tartaruga de aproximadamente 100 anos que ainda vive, apesar de um ser humano ter lhe cravado uma chave de fenda na cabeça.

Apesar do cruel ato Tuttle não se deu por vencida e seguiu adiante. O ocorrido aconteceu em outubro de 2015, quando Paul e Diana Tuttle encontraram a tartaruga ferida e caminhando no pátio de sua casa no estado de Illinois, Estados Unidos, com a chave de fenda cravada em sua carapaça.


“Não sei por que fariam algo assim”, comentou Paul Tuttle, policial de profissão, ao jornal local PJ Star. “Por acaso foram crianças malvadas que se converterão em assassinos seriais quando forem adultos? Foi alguém bêbado e estúpido? Nunca saberemos”, completou.

Imediatamente o casal se preocupou com o animal e o levou à clínica veterinária All Pets Clinic, onde foi dado diagnóstico completo: Tuttle, como foi chamada pelo casal, havia perdido a visão de um olho, teve o crânio fraturado e estava severamente machucada internamente.
Desde este momento Tuttle não tem sido deixada só. Um exército de veterinários e especialistas do zoológico Peoria, também de Illinois, estão ao seu lado. A tartaruga ficou sob a observação de Douglas Holmes, biólogo do zoológico.

“Os animais devem ter a oportunidade de ser livres. É sempre um bom sentimento quando você assiste o regresso a seu habitat natural”, destacou Holmes nas redes sociais. No fim de semana, quase nove meses depois de seu ataque, Tuttle foi libertada.

Tuttle é uma tartaruga fêmea e, de acordo com especialistas, poderia ter aproximadamente 100 anos de idade. Segundo a análise das feridas o ataque aconteceu poucos dias antes dela ser encontrada pelo casal Tuttle.

Por que com uma chave de fendas?
De acordo com Bridget Domenighini, diretora dos serviços de proteção de animais do condado de Peoria, alguns colecionadores de carapaças cortam as cabeças das tartarugas, mas “não há razão humana para encrustar uma chave de fendas. Foi um ataque com o único propósito de provocar dor”.
EUA Illinois tartaruga cem anos violencia2Nove meses depois a tartaruga regressou a seu habitat natural.
EUA Illinois tartaruga cem anos violencia3Ela foi atacada com uma chave de fenda.
EUA Illinois tartaruga cem anos violencia4Tuttle teve fraturas no crânio e perdeu a visão de um olho.
EUA Illinois tartaruga cem anos violencia4Se calcula que Tuttle tenha cem anos de idade.
Fonte: Publimetro

Morre o último urso polar em cativeiro na Argentina

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Zoo de Mendoza foi fechado após a morte de dezenas de animais. Urso polar tinha sido levado dos Estados Unidos à Argentina há 23 anos.
Argentina morre ultimo urso polar cativeiroUrso polar Arturo tinha sido levado dos Estados Unidos à Argentina há 23 anos. (Foto: Reprodução/YouTube/AFP)
Arturo, um urso polar de 31 anos, o último que se encontrava em cativeiro na Argentina, morreu no domingo (3), no zoológico de Mendoza, que foi fechado ao pública depois da morte de dezenas de animais.

O urso, que era alvo de uma campanha do Greenpeace, foi levado dos Estados Unidos à Argentina há 23 anos. Assista ao vídeo da agência AFP que mostra o animal em cativeiro em 2014.

"Esperamos que seja o último urso polar preso em um zoológico de nosso país e que seu caso obrigue as autoridades a rever a situação das demais espécies exóticas que sobrevivem na mesma situação" afirmou Soledad Sede, porta-voz de Greenpeace em um comunicado.

O zoológico de Mendoza, que conta com 2 mil exemplares em 48 hectares, foi fechado ao público em meados de junho depois da morte de outros 64 animais entre dezembro e maio.

Investigações determinaram a presença de bactérias combinadas com as condições de lotação entre as causas das mortes.


Fonte: G1

Linha de crédito incentiva empresas do Semiárido a gerar energia a partir de fontes renováveis (solar, eólica ou biomassa)



segunda-feira, 27 de junho de 2016


Empresas, indústrias, cooperativas, produtores rurais e demais agentes produtivos do Semiárido interessados em gerar a própria energia que consomem tem uma linha de crédito específica para isso. O Banco do Nordeste lançou o FNE SOL para financiar projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis (solar, eólica ou biomassa).


Desde dezembro do ano passado, quando foi lançado o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), o Ministério de Minas e Energia buscar ampliar ações que estimulem os consumidores a gerar a própria energia, em especial a fotovoltaica, a partir da luz solar.

Segundo o chefe da Célula de Meio Ambiente, Inovação e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Nordeste, Kleber de Oliveira, o FNE SOL foi pensado a partir de uma demanda dos setores produtivos, alinhada tanto à economia como à sustentabilidade.

“O primeiro aspecto é a demanda por segurança energética. Como o custo da energia é um elemento muito variável e a sinalização nos últimos períodos é de aumento constante, na medida em que possa gerar energia para seu próprio consumo, a empresa tem um ganho significativo. Também há um apelo forte das empresas que querem se alinhar com a sustentabilidade, por gerar uma energia limpa,” disse.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ceará, por exemplo, tem cerca de 80 micro (potência instalada até 100 quilowatts – kW) e mini-geradores de energia (potência instalada até 5 megawatts – MW) distribuída entre consumidores residenciais e comerciais.

Segundo o arquiteto Gabriel Freitas Vilela, a energia elétrica consumida em seu escritório em Fortaleza é gerada a partir de 24 placas fotovoltaicas instaladas sobre o telhado da edificação.

A decisão de gerar a própria energia foi tomada há 1 ano e 4 meses a partir da expectativa de aumento da conta de energia e também como forma de investimento. Todo o projeto, incluindo estudos, equipamentos e a aprovação da instalação, custou cerca de R$ 40 mil.

Dependendo da época do ano, quando há sol constante, a central geradora chega a gerar 1 MW. No geral, a energia solar rende ao escritório uma economia de até 90% na conta de luz. De acordo com Vilela, os 10% restantes equivalem ao custo de disponibilidade, cobrado pela companhia energética pela ligação da central à rede, e à taxa de iluminação pública.

“É um investimento muito bom e também não sabemos como ficará a situação da energia do país a longo prazo, por depender da chuva. Por outro lado, o sol está sempre aí. Principalmente para nós aqui no Nordeste, que temos essa característica de sol muito forte, acredito que é a melhor solução de energia”, disse Vilela.


O FNE SOL usa recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e pode financiar até 100% dos projetos de geração de energia. O crédito tem prazo de pagamento de até 12 anos, com um ano de carência. O público-alvo da iniciativa são agentes produtivos localizados na área de atendimento do Banco do Nordeste, que abrange os nove estados do Nordeste e também o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Fonte: EcoDebate

Tailândia usa aviões militares para bombardear sementes e recuperar florestas

segunda-feira, 4 de julho de 2016


Os tailandeses esperam que a tática ajude-os a transformar florestas degradadas em reservas saudáveis novamente.



O desmatamento é um problema recorrente em praticamente todo o mundo. Recuperar o estrago feito ao longo dos anos em consequência da industrialização e das perdas de terras destinadas à agricultura e pecuária é uma tarefa difícil. Mas, uma ação aplicada na Tailândia pode deixar o reflorestamento um pouco mais simples e rápido.

Há pouco mais de um mês, o país tem usado aviões militares para bombardear as florestas, mas não com fogo e, sim, com sementes de espécies nativas, com o intuito de recuperar as áreas degradadas.

O governo tailandês deve aplicar este projeto-piloto pelos próximos cinco anos, quando os resultados do reflorestamento aéreo serão avaliados e monitorados. Mas, a expectativa é de que os benefícios já possam ser vistos até o final de 2017.


A primeira missão aconteceu na região de floresta em Phitsanulok, quando os aviões sobrevoaram uma área de mais de 800 hectares, disseminando as bombas de sementes. A técnica usada consiste em lançar sementes já preparadas e com grandes condições de se desenvolverem.


O conceito de “bombas-sementes” foi criado por um japonês, chamado Masanubo Fakuoka. Com o tempo a técnica foi desenvolvida e aperfeiçoada pelo norte-americano Lockheed Martin, que usou a estratégia com aviões para plantar 900 mil árvores em um dia. As bombas incluem sementes de árvores locais, envoltas em uma mistura com terra e adubos, que facilitam a germinação.


Os tailandeses esperam que a tática ajude-os a transformar florestas degradadas em reservas saudáveis novamente.

Veja no vídeo abaixo uma demonstração de como o sistema funciona:

 https://youtu.be/aForyreNuYU

Fonte: Ciclo Vivo

Amazônia deve ter recorde de queimadas

segunda-feira, 4 de julho de 2016


Previsão divulgada pela Nasa e pela Universidade da Califórnia aponta que solo da floresta está mais seco em 2016 do que nos anos de seca extrema de 2005 e 2010; El Niño é principal culpado

Por Claudio Angelo, do OC –
A Amazônia deverá ter neste ano a pior temporada de queimadas de sua história desde o início dos registros, em 2001. A previsão foi divulgada nesta quarta-feira pela Nasa, a agência espacial americana, e pela Universidade da Califórnia em Irvine (EUA).

O risco de incêndios graves é maior do que 90% em todas as dez regiões analisadas, que incluem seis Estados da Amazônia brasileira, a Bolívia e o Peru. O risco mais alto é em Mato Grosso (97%) e no Pará (98%), justamente os Estados tradicionalmente campeões de desmatamento. No Amazonas, onde a floresta queima relativamente menos, o risco neste ano é de 96%.

Análises feitas com auxílio de satélites mostram que a quantidade de água no solo na floresta este ano é a mais baixa desde o início das medições, com 2016 superando 2005 e 2010, anos em que a Amazônia viveu duas de suas piores secas de todos os tempos.

A temporada de queimadas da Amazônia geralmente começa no inverno – o período seco, chamado de “verão” amazônico. O pico de focos de calor ocorre em setembro, com um declínio a partir de novembro, quando começa a estação de chuvas (o “inverno” amazônico).

Em 2016, porém, mesmo os meses de “inverno” já registraram queimadas acima da média. No Amazonas, foram 3.469 focos de calor registrados por satélites em fevereiro, um dos meses mais chuvosos do ano. O recorde para o mês na série histórica foi 250, em 2004. Mesmo em 2015, o ano mais quente da história até aqui, o número de queimadas no Amazonas em fevereiro foi apenas 130.

Em Mato Grosso, foram 2.576 focos em fevereiro de 2016, contra 2.286 do recorde anterior, do ano passado. No Pará, onde fevereiro de 2015 também havia batido recorde para o mês (1.425 focos), em 2016 registrou-se mais do que o dobro disso (3.601). Para as dez regiões avaliadas, a soma do número de focos de calor em fevereiro era mais do que o dobro do recorde anterior, de 2015 (12.974 contra 5.268). Veja todos os dados aqui.
“Nossa expectativa é de que este ano vá bater o recorde”, disse ao OC Douglas Morton, pesquisador do Centro Goddard de Voo Espacial, da Nasa, e um dos responsáveis pela previsão.

O culpado pelo risco neste ano é o El Niño, o aquecimento cíclico das águas do Oceano Pacífico que eleva as temperaturas no mundo inteiro e deixa a Amazônia e o Nordeste mais secos do que o normal. O fenômeno começou em 2015 e ajudou a secar o solo da floresta, enfraquecendo a temporada de chuvas. Seu impacto deverá ser plenamente sentido neste ano.

“Em Santarém, por exemplo, a temporada de queimadas termina em novembro. Mas a do ano passado continuou em 2016 por causa do El Niño”, afirmou o americano, que faz pesquisas no Brasil desde o início da década passada.

Segundo Morton, o padrão de seca observado em 2015-2016, a chamada “anomalia de precipitação”, é muito semelhante ao visto em 1998 (veja imagem abaixo). Naquele ano, um mega-El Niño causou incêndios catastróficos em Roraima e botou as relações entre clima, fogo e floresta no radar dos cientistas.
A suscetibilidade da região a incêndios varia em função da temperatura do oceano – e, neste ano, tanto o Pacífico quanto o Atlântico estão muito quentes. Um Atlântico mais quente desloca o cinturão de chuvas da região equatorial (a chamada Zona de Convergência Intertropical) para o norte, secando a Amazônia e turbinando os furacões na América do Norte.

Morton pondera que ainda existe a possibilidade de que uma mudança brusca na superfície do Atlântico ocorra no segundo semestre e produza chuvas, interrompendo a tendência. Isso aconteceu em 2013.

O modelo de previsão usado pela Nasa e pela Universidade da Califórnia em Irvine não é perfeito, seus criadores esclarecem. Afinal, ele só considera a base física das queimadas. A correspondência entre o modelo e as observações depende, claro, de outro fator: os produtores rurais e madeireiros da Amazônia e a tendência do desmatamento num dado ano.

“A exploração de madeira descontrolada deixa a floresta mais seca e com troncos e folhas mortas, que são altamente inflamáveis. O uso do fogo para limpar as áreas agrícolas e incêndios acidentais em pastos secos chegam às florestas degradadas e se espalham rapidamente. Nos anos mais secos, o fogo se espalha ainda mais, pois as políticas de combate ao desmatamento são insuficientes para lidar com os incêndios”, diz Paulo Barreto, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).


Hoje não é possível separar essas duas grandes variáveis e atribuir peso a cada uma. Não dá para saber ainda o quanto a agropecuária e a grilagem de terras vão influenciar na taxa final de queimadas. Mas a situação de Mato Grosso, por exemplo, acendeu uma luz amarela nos pesquisadores. “Em 2003, quando Mato Grosso teve sua maior taxa de desmatamento, as queimadas começaram mais cedo”, disse Morton.

“As metas frouxas do Brasil para combate ao desmatamento, o corte de recursos para a área ambiental e fiscalização, associado aos planos do PMDB e aliados para o país – retrocessos na legislação e ameaças de flexibilização ainda maior do Código Florestal – podem pôr ainda mais gasolina nessa fogueira”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.


Fonte: Envolverde

Uma tragédia para a biodiversidade

segunda-feira, 4 de julho de 2016


A construção de uma barragem no Rio Tapajós pode levar à extinção espécies de animais e plantas, além de impactar profundamente a vida de populações tradicionais


Por Redação do Greenpeace Brasil – 
Erguer uma grande hidrelétrica em ecossistemas sensíveis como a Amazônia, como quer o governo brasileiro no Rio Tapajós, teria impactos irreversíveis do ponto de vista econômico e social. A obra também seria um desastre sem proporções para a biodiversidade local. Ao alterar a dinâmica do rio e de suas espécies, podemos colocar em risco não apenas a existência de milhares de animais e plantas, mas também nosso próprio futuro.

Mas mesmo com este conhecimento, o governo e empresas continuam a insistir no projeto. Por isso, ativistas do Greenpeace do mundo todo estão pressionando a Siemens, uma das principais fornecedoras de turbinas do mercado, para que a empresa não participe deste projeto desastroso.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) produzido por um grupo de empresas interessado em participar do leilão da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós – a maior das 43 planejadas pelo governo em toda a bacia – foram identificadas mais de 3.600 espécies de fauna e flora na área de influência da barragem. Mas um estudo realizado por pesquisadores independentes já mostrou que os impactos a estas espécies não foram levados em consideração, enquanto as novas espécies encontradas, entre anfíbios, aves e macacos, sequer foram citadas.

Na Amazônia, as planícies inundáveis incluem uma série de habitats, como praias, ilhas, pedrais e igapós, que possuem características únicas e insubstituíveis para o ecossistema local. Estes ambientes atuam como berçários para peixes e outros animais, inclusive de importância econômica, e fornecem recursos-chave para as populações humanas e os animais. Mas se uma barragem for construída neste local, esses lugares desaparecerão, gerando um profundo impacto na biodiversidade.

Os impactos, entretanto, não se limitam à área alagada pelo reservatório. Ao interromper o pulso natural de inundação do rio – os padrões de cheia e seca – a vida tanto rio abaixo como rio acima é alterada de forma permanente . Portanto, os efeitos de uma hidrelétrica não estão restritos a poucos quilômetros acima ou abaixo da barragem, mas podem ser detectados por centenas de quilômetros da obra.

Estamos falando de 95 espécies de mamíferos, 553 aves, 302 tipos de borboletas e mais de 1.400 espécies de plantas. Só no caso dos anfíbios e répteis, o estudo de impacto ambiental identificou 109 espécies, sendo 16 inéditas, ou seja, ainda nem conhecidas pela ciência. E tudo isso está ameaçado pela ganância e mau planejamento do governo e de empresas interessadas em participar da obra.

A Siemens, por exemplo, é uma empresa multinacional que vende ao mundo a imagem de “verde” e “ambientalmente responsável”, mas participou da tragédia de Belo Monte, fornecendo turbinas ao empreendimento. Mas talvez o mais curioso é que esta mesma empresa produz turbinas eólicas. Então porque não avançar pelo caminho certo?

O futuro está na energia eólica e solar, não em barragens que destroem comunidades, animais selvagens e a floresta. E a Siemens pode mostrar isso a seus consumidores e ao governo brasileiro, negando-se publicamente a participar do projeto de São Luiz do Tapajós.

Afinal, de que lado a empresa quer estar: do lado da eficiência energética, da biodiversidade, dos povos indígenas e do povo brasileiro, que pede por mudanças; ou do lado onde apenas o dinheiro fala mais alto?

Está na hora de escolher, Siemens.

Fonte: Envolverde

Vegetação de Cerrado de 7 mil anos corre risco de extinção

segunda-feira, 4 de julho de 2016


Vegetação de Cerrado de 7 mil anos corre risco de extinção. Entrevista especial com Mauro Parolin

“O Paraná é o último estado (do sul do País) onde há ocorrência de Cerrado no Brasil e na América do Sul, uma vez que nos demais estados ao sul não existe mais essa vegetação”, adverte o geógrafo. 


Os 102 quilômetros quadrados de vegetação de Cerrado registrados no município de Campo Mourão, no Paraná, em 1940, já foram reduzidos a 13 mil metros quadrados e continuam sendo “paulatinamente reduzidos”, de tal modo que hoje a região tem a “menor área de Cerrado preservada no Brasil”, totalizando a extensão de uma quadra, e no município como um todo existem apenas 32 espécies de barbatimão, uma planta usada para fins medicinais, e 250 de butiá, diz Mauro Parolin à IHU On-Line.

Coordenador do Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam – Lepafe, da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – Fecilcam, o geógrafo desenvolve um estudo que demonstra a existência, no passado, de uma grande extensão de Cerrado no Paraná. “O nosso último estudo mostra que há pelo menos 7200 anos havia presença de pólen de pequi [Caryocar Brasiliense, árvore símbolo do Cerrado] na região.



Como o pequi é uma planta muito característica do Cerrado, podemos afirmar que há mais de sete mil anos uma mancha de Cerrado já existia em Campo Mourão e provavelmente ela era muito maior do que é agora, porque à medida que o clima foi ficando mais úmido e quente, essa mancha foi sendo reduzida e hoje essa vegetação de Cerrado já está num processo sucessional de substituição pela floresta estacional”, informa na entrevista a seguir, concedida por telefone.

Segundo ele, por conta do processo de urbanização e do desenvolvimento da agricultura, as áreas de Cerrado foram diminuindo e gerando perda de biodiversidade. “Quando se vende uma área agrícola – que é o que aconteceu em Campo Mourão –, as melhores terras são utilizadas para cultivo e, em contrapartida, as áreas destinadas à preservação são aquelas que têm os piores solos e, portanto, as que têm a vegetação mais pobre em termos de condição genética. 


Ao se fazer essa opção, restringe-se a capacidade de troca entre gerações de plantas com outras plantas mais saudáveis e, portanto, a troca de sementes e a fecundação ficam muito endogâmicas, ou seja, acontecem apenas dentro do mesmo grupo familiar de cada espécie, e isso vai ocasionando a perda genética das plantas e, consequentemente, a qualidade genética da floresta, o que por sua vez vai levando as espécies à extinção”, explica.

Mauro Parolin é professor Associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá e também coordena o Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam e a Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que o estudo que o senhor está realizando no Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam – Lepafe tem demonstrado sobre a situação da vegetação de Cerrado no Paraná?
Mauro Parolin – O trabalho no Lepafe tem sido feito a partir de sedimentos turfosos, ou seja, fizemos uma recuperação a partir de sondagens geológicas e nessas sondagens retiramos tubos de aproximadamente dois ou três metros de profundidade contendo material turfoso e estudamos os conteúdos polínico e fitolítico desse material.

O conteúdo polínico nos fornece um espectro da vegetação do passado e o conteúdo fitolítico é a sílica da planta que acabou ficando preservada nas turfeiras. Com a ajuda da datação do carbono-14 e a partir da quantificação que fizemos desse conteúdo polínico e fitolítico, conseguimos ter ideia de como estava a vegetação no passado. Nesse sentido também usamos como parâmetro o carbono-13, que pode discriminar dois tipos de plantas: as adaptadas a campos, que são as plantas de tipo C4 e aquelas plantas que vivem em ambientes florestais, como as C3.

O nosso último estudo mostra que há pelo menos 7200 anos havia presença de pólen de pequi [Caryocar Brasiliense, árvore símbolo do Cerrado] na região. Como o pequi é uma planta muito característica do Cerrado, podemos afirmar que há mais de sete mil anos uma mancha de Cerrado já existia em Campo Mourão e provavelmente ela era muito maior do que é agora, porque, à medida que o clima foi ficando mais úmido e quente, essa mancha foi sendo reduzida e hoje essa vegetação de Cerrado já está num processo sucessional de substituição pela floresta estacional.

IHU On-Line – Além do pequi, outras espécies foram identificadas?
Mauro Parolin – O nosso grande problema até então era de que os pólens que estávamos recuperando são encontrados tanto no bioma Cerrado, quanto no bioma da floresta estacional. Contudo, no final do ano passado, encontramos o pólen do pequi e esse é o elemento marcador de que a vegetação que existia em Campo Mourão era de Cerrado, apesar de que, nas proximidades da área em que encontramos o pequi, não existe mais essa espécie.


Por isso estamos estipulando que a área de Cerrado antes deveria ser maior do que é hoje e a evidência que marca essa ocorrência é justamente o pequi. Outras espécies que existem no Cerrado têm um pólen muito redundante e por isso não temos condições de afirmar se elas são ou não do Cerrado, mas o pequi é, com certeza, um marcador. O dado isotópico também mostrou a predominância de plantas tipo C4 no Cerrado há mais de 7200 anos, ou seja, C4 indica campo e com isso estamos conseguindo dizer desde quando existe cerrado na região de Campo Mourão.

IHU On-Line – É possível chegar a conclusões de como essa vegetação de cerrado foi mudando ao longo dos anos e sendo substituída pela floresta estacional?
Mauro Parolin – Em Campo Mourão existe a menor área de Cerrado preservada no Brasil, que é uma quadra, porque Campo Mourão foi “erguida” em cima do Cerrado e todo o solo que dava sustentação à vegetação do Cerrado foi modificado e transformado, de modo que ele foi sendo suprimido.


A pesquisa mostra que essa sucessão de Cerrado para floresta estacional está ocorrendo naturalmente.


No entanto, nos últimos cem anos, esse processo foi acelerado pela entrada efetiva de vegetação de floresta ombrófila mista e estacional, como, por exemplo, a entrada de palmito em áreas em que não havia antes. Essa é a evidência de um processo lento que demonstra que a vegetação do Cerrado está se transformando em área de floresta estacional, mas esse processo foi acelerado pelas correções de solo no entorno da área e também pelo processo de urbanização na região.

Nas áreas do entorno, a 60, 70 quilômetros de Campo Mourão, já verificamos que havia mistura de plantas, ou seja, a área não era composta apenas de vegetação do Cerrado, mas também não era uma mata fechada. Porém, as matas foram adensando nos últimos cinco mil anos, enquanto a vegetação em Campo Mourão foi adensando mais lentamente.

Segundo pesquisas do cientista alemão Reinhard Maack [1892-1969], a vegetação de Cerrado ocupava uma área de aproximadamente 102 quilômetros quadrados em Campo Mourão na década de 1940 e agora essa vegetação está restrita a uma área de 13 mil metros quadrados, ou seja, essa área está sendo paulatinamente reduzida. Além desses 13 mil metros, estamos tentando preservar mais 20 mil metros quadrados desde 2001, mas não estamos conseguindo.

IHU On-Line – Que percentual de vegetação de Cerrado existia no estado do Paraná e que percentual existe hoje?
Mauro Parolin – O Cerrado no Paraná foi identificado em 1940 em algumas regiões do estado, como Campo Mourão,Cianorte e Jaguariaíva. No entanto, a única área em que se estimou qual seria o percentual de Cerrado foi Campo Mourão, com esse valor de 102 quilômetros quadrados.



É possível que essa área fosse muito maior no passado, contudo não se tem o registro de qual é o volume de Cerrado hoje no estado. Em Jaguariaíva existe uma reserva muito grande de Cerrado, e nas regiões de Cianorte, Sabáudia, Cruzeiro do Oeste, o Cerrado já não existe mais, porque as áreas foram totalmente transformadas em campo ou foram engolidas pela floresta estacional.


O Paraná é o último estado onde há ocorrência de Cerrado no Brasil e na América do Sul, uma vez que nos demais estados ao sul não existe mais essa vegetação. Campo Mourão está a 24 graus de latitude e Jaguariaíva está a 24,5, e esse é o último ponto ao sul do país onde ocorre Cerrado. Depois se tem apenas campo, como ocorre no Rio Grande do Sul, a exemplo do Pampa gaúcho.
“Quando uma espécie dessas entra em extinção, dificilmente é possível recuperá-la”

IHU On-Line – Em termos de biodiversidade, é possível contabilizar o que já se perdeu?
Mauro Parolin – Há grande perda em termos de biodiversidade e o primeiro problema ocorre quando se começa a diminuir as áreas de floresta natural. Por exemplo, quando se vende uma área agrícola – que é o que aconteceu em Campo Mourão –, as melhores terras são utilizadas para cultivo e, em contrapartida, as áreas destinadas à preservação são aquelas que têm os piores solos e, portanto, as que têm a vegetação mais pobre em termos de condição genética.

Ao se fazer essa opção, restringe-se a capacidade de troca entre gerações de plantas com outras plantas mais saudáveis e, portanto, a troca de sementes e a fecundação ficam muito endogâmicas, ou seja, acontecem apenas dentro do mesmo grupo familiar de cada espécie. Isso vai ocasionando a perda genética das plantas e, consequentemente, a qualidade genética da floresta, o que por sua vez vai levando as espécies à extinção. E quando uma espécie dessas entra em extinção, dificilmente é possível recuperá-la.

As pessoas costumam dizer que tem barbatimão em Goiás e em Campo Mourão, mas não se sabe, por exemplo, que tipos de adaptações genotípicas de DNA ocorreram no barbatimão de Campo Mourão para que ele conseguisse se adaptar à condição fria da região, que é, provavelmente, muito diferente daquela de Goiás.


Por exemplo, se o barbatimão ou o butiá do Cerrado [Butia paraguayensis], que é o butiá que existe em Campo Mourão, entrarem em extinção, não temos pesquisas feitas sobre as diferenças genéticas entre eles e, por isso, não sabemos que tipo de condição e que tipo de princípio de tratamento poderíamos usar nessas plantas para que, de repente, pudessem ajudar no fabrico de algum medicamento.


 É nesse sentido que entra o contexto da preservação da biodiversidade.
Mas a perda de biodiversidade é ainda mais gritante em razão dos seus impactos aos pássaros, pois o Cerrado tem uma fauna que necessita de frutos que somente aquelas espécies que estão nesse bioma conseguem dar. À medida que essas áreas vão sendo reduzidas, os pássaros vão perdendo locais de alimentação e de nidificação.

Numa das quadras de vegetação do Cerrado que estão preservadas em Campo Mourão, tem mais biodiversidade do que numa mesma área em uma floresta ombrófila. Por exemplo, no Cerrado de Goiás só existem espécies do Cerrado, mas no Cerrado do Paraná existem, além das espécies do Cerrado, as espécies da floresta de araucária e da floresta estacional, todas vivendo praticamente juntas. Em outra quadra preservada, a cerca de 400 metros de distância, há sete ou oito outras espécies, ou seja, em uma distância de 400 metros, às vezes, já se tem uma biodiversidade muito diferente.

IHU On-Line – Quais são as principais dificuldades para preservar essa vegetação de Cerrado hoje?
Mauro Parolin – Na década de 1980, o poder público conseguiu preservar um pouco dessa vegetação. Obviamente a área era enorme se comparada com hoje, pois havia Cerrado em um bairro inteiro na década de 1970. Mas com o processo de urbanização a vegetação foi diminuindo e em 1987 foi feito o primeiro mapeamento de quais eram as áreas ainda livres de ação antrópica, o qual detectou que ainda existiam algumas quadras de vegetação.

Ainda na década de 1980 a universidade fez um projeto de preservação, sensibilizou a comunidade, a prefeitura e com isso se conseguiu fazer uma troca de terras, ou seja, pessoas que tinham lotes na área de Cerrado trocaram suas terras por outros lotes que a prefeitura disponibilizou em outras áreas na cidade. Com isso se conseguiu preservar uma quadra de Cerrado.


No entanto, isso acabou gerando outro problema: como esta quadra está preservada e virou uma estação ecológica, não estamos conseguindo colocar fogo na região – é preciso colocar fogo na área para fazer a germinação das sementes – e as invasoras começaram a tomar conta da área justamente em razão da ausência de fogo.


Desde 2001 estamos tentando implementar novamente esse sistema de troca entre áreas com Cerrado e outras terras, mas não temos o mesmo empenho, a mesma sensibilização por parte da comunidade e do poder público e a transação dessa negociação tem sido pouco eficaz e pouco eficiente.

A falta de preservação também acontece, de certa forma, pelo próprio desconhecimento da população, que olha a quantidade de quiçaça [mato rasteiro e espinhento] existente na região e diz que “tem que colocar tudo abaixo” mesmo. Mas as pessoas não entendem que, embora aquelas espécies sejam muito parecidas com uma quiçaça que qualquer um vê, elas são diferentes, têm características e princípios diferentes.

Em Campo Mourão, por exemplo, o pessoal vive raspando a casca de barbatimão para fazer chá, porque ele é adstringente, como o próprio nome da espécie diz, Stryphnodendron adstringens. As pessoas da região usam essa planta para fazer chás, para fazer gargarejo para infecção e dores de garanta, para uso tópico em feridas, mas essa mesma população, quando olha aquela quiçaça, diz: “ah, mas isso é só uma quiçaça, não precisa preservar”. Então, também tem esse problema de convencer a própria população de que essa vegetação é importante.

“Se o município criasse uma política de considerar as espécies do cerrado de Campo Mourão como Patrimônio Histórico e Cultural, seria possível encontrar maneiras de mudar o atual cenário”

IHU On-Line – Quais seriam as políticas públicas adequadas para reverter o atual quadro de paisagem de Cerrado no Paraná?
Mauro Parolin – Uma ação que já foi feita no passado e que poderia ser retomada é “atingir” o bolso de cada habitante. Por exemplo, aquele morador que plantar espécies do Cerrado em sua casa poderia ter uma redução no valor do IPTU. Se o município criasse uma política de considerar as espécies do Cerrado de Campo Mourão como Patrimônio Histórico e Cultural – e isso é possível, pois o próprio nome da cidade, Campo Mourão, já vem dessa ideia de que aqui tinha um campo, logo, a nossa vegetação é um patrimônio histórico -, seria possível encontrar maneiras de mudar o atual cenário.

Além disso, a legislação poderia prever algumas espécies imunes a cortes. Isso ajudaria a garantir a permanência delas. Só temos 32 espécies de Stryphnodendron adstringens em Campo Mourão e apenas 250 plantas de butiá; foi o que sobrou. Então, se fizermos uma política de deixar essas plantas imunes a cortes, já ajudaria, mas não adianta apenas ter a lei e não ter a fiscalização.


É nesse sentido que falo que as políticas têm que ser voltadas para preservação do nosso Cerrado, ou seja, é preciso criar formas e instrumentos em que a população se sinta compensada pelo fato de estar preservando e, de outro lado, é necessário ter uma fiscalização mais efetiva da preservação.


Fonte: EcoDebate

Jardins Filtrantes: Esgoto doméstico rural se transforma em adubo orgânico





No meio rural é comum um buraco simples cavado ao lado da casa servir de depósito para o esgoto doméstico, a chamada fossa negra. Com o tempo, os dejetos desaparecem e os usuários interpretam que o sistema é limpo e seguro. Longe disso, o material não desaparece, ele penetra em regiões mais profundas contaminando solo e lençóis freáticos. Ao usar água de poços próximos, a família começa a ficar doente.

A história acima é contada pelo pesquisador Wilson Tadeu Lopes da Silva, da Embrapa Instrumentação (SP), e ilustra uma lamentável realidade de grande parte das famílias que vivem no campo. “O esgoto doméstico jogado em fossas negras ou em córregos é um problema sério que afeta diretamente a qualidade da água”, aponta Silva.

Pensando nisso, o pesquisador desenvolveu um meio de levar saneamento básico à área rural e ainda transformar o esgoto doméstico em adubo orgânico. A solução foi desenvolver um tratamento complementar ao saneamento básico na zona rural. Trata-se de um conjunto de tecnologias batizado de jardim filtrante o qual inclui a fossa séptica biodigestora e o clorador Embrapa.

Como a fossa trata apenas o esgoto humano, o jardim filtrante surgiu como uma alternativa para dar um destino adequado à água cinza da residência, constituída de efluentes provenientes de pias, tanques, chuveiros e o efluente tratado da fossa. Apesar do seu poder contaminante ser bem menor que a água negra, a água cinza também merece atenção, já que vem impregnada de sabões e detergentes, bem como de restos de alimentos e gorduras.

A fossa séptica biodigestora é um sistema que o produtor rural pode fazer. O esgoto doméstico é desviado do vaso sanitário por meio de uma tubulação que vai até caixas de fibra de vidro praticamente enterradas no chão. Para uma família de cinco pessoas, a sugestão é instalar de três a quatro caixas de fibra de vidro. O adubo orgânico gerado pela fossa séptica biodigestora deve ser aplicado somente no solo, em pomares e outras plantas onde o biofertilizante não entre em contato direto com alimentos que sejam ingeridos crus.

O clorador Embrapa é um complemento do sistema de saneamento básico na área rural. Fácil de ser montado e de baixo custo. Com peças e conexões encontradas em casas de material de construção, o produtor pode montar o clorador, que é instalado entre a captação de água e o reservatório. Para clorar a água é preciso colocar uma colher rasa de café, de hipoclorito de cálcio, no receptor de cloro. Depois de 30 minutos, a água já está clorada, livre de germes e pronta para beber.

Em agosto de 2014, durante a Feira de Agricultura Familiar – Agrifam, em Lençóis Paulista (SP), a Embrapa assinou contrato para transferência de know-how do Jardim Filtrante com a empresa Ecosys, que comercializará a tecnologia.
O primeiro passo para a instalação do jardim filtrante é a escolha do local, depois abre-se uma cova com dez metros quadrados. Esse tamanho é ideal para uma família de cinco pessoas. A cova terá o fundo impermeabilizado com uma geomembrana de polietileno de alta densidade ou equivalente, preferencialmente protegida por mantas de bidim – manta geotêxtil de drenagem utilizada na construção civil.

Antes da entrada do jardim filtrante, o esgoto passa por uma caixa de retenção de sólidos e uma caixa de gordura. A saída do líquido tratado ocorre por uma tubulação em forma de cachimbo (conhecido popularmente como monge), que também regula o nível da água no jardim. A entrada e a saída serão instaladas em pontos opostos da caixa.

O local do jardim filtrante será preenchido com brita e areia grossa. Em seguida, é feita uma pequena curva de nível em torno do jardim, sob a geomembrana e o bidim, para evitar a entrada de enxurrada no sistema. O penúltimo passo é colocar a água. O jardim filtrante deve ficar saturado com água, mas deve-se evitar a formação de lâmina d´água, para não permitir a procriação de mosquitos.

Por último, são inseridas plantas macrófitas aquáticas que irão retirar nutrientes da água para depurá-la e proporcionar um ambiente visualmente agradável. Podem ser colocadas flores que suportem um meio saturado com água, como copo de leite e lírio-do-brejo e ornamentos com pedras.



O Dia de Campo na TV sobre Jardim filtrante – saneamento básico na área rural foi produzido pela Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP) e pela Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF), unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Fonte: EcoDebate

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Novidades nas águas do Velho Chico

Por Vandré Fonseca
As espécies descobertas na Bacia do São Francisco cabem na palma da mão, mas indicam um ambiente natural ainda saudável. Foto: CBMAlves.
As espécies descobertas na Bacia do São Francisco cabem na palma da mão, mas indicam um 
ambiente natural ainda saudável. Foto: CBMAlves.


Eles são dois bagrinhos, que cabem na palma da mão, parentes próximos um do outro, pertencem ao mesmo gênero: Bunocephalus. O B. hartii é o maiorzinho, com até 6 centímetros de comprimento. Ele tem coloração bege e pontos marrom-claro e manchas marrom-escuro no dorso. Já o B. minerim só chega a 4 centímetros de comprimento e também é bege, com manchas marrons.


Os peixinhos vivem no fundo dos rios, na Bacia do São Francisco, no norte de Minas Gerais, se protegendo nas folhas acumuladas. E a presença deles, de acordo com os responsáveis pela descoberta, é um sinal positivo, pois indica bom estado de conservação do ambiente. "Percebemos também que suas presenças indicam que esse micro-habitat [os fundos dos rios] estão equilibrados”, afirma o professor Carlos Mascarenhas Alves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Portanto, elas só são encontradas em regiões conservadas, o que indica a importância de manter a proteção desses locais."

O professor alerta para as ameaças ao trecho mineiro da Bacia do São Francisco, como o esgoto não tratado despejado nos rios, além do desmatamento, a mineração e a agropecuária, que afetam as matas ciliares. Ele explica que o assoreamento, provocado pela degradação da vegetação nas margens dos rios, vai impactar diretamente espécies que vivem no fundo do rio, como as duas recém-descobertas.

A descrição das espécies foi publicada na revista científica Neotropical Ichthyology, da Sociedade Brasileira de Ictiologia. A pesquisa teve apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. De acordo com os autores do estudo, mais de 14,2 milhões de pessoas em 521 municípios dependem ou precisam das águas da Bacia do São Francisco.


Inseto cego
118600_webÉ um inseto amarelado e pequeno, com apenas 3 milímetros de comprimento. E não tem olhos, e se tivesse eles teriam pouca utilidade. Apesar de serem conhecidas mais de 12.500 espécies do grupo em todo o mundo, a recém-descoberta se destaca também por ser a segunda no Brasil e viver exclusivamente em ambiente subterrâneo.


A descoberta foi descrita na revista científica de acesso aberto Deutsche Entomologische Zeitschrift, por uma equipe do Centro de Estudos em Biologia Subterrânea, da Universidade Federal de Lavras (MG).Ainda na Bacia do São Francisco, mas em cavernas localizadas alguns quilômetros ao norte, já no município baiano de Iuiú, foi descoberta uma surpreendente espécie de inseto cego. Batizado do Iuiuia caeca, representa também um novo gênero de insetos do grupo dos fulgoromorfos, uma infraordem de insetos que podem parecer externamente com folhas ou plantas.


Os pesquisadores acreditam que seja uma espécie endêmica e rara, já que não foi encontrada em habitats subterrâneos próximos. Apesar da caverna onde ele foi achado não ter sinais de visitas humanas, há uma preocupação quanto a preservação do local. Os pesquisadores afirmam que está sendo avaliado o potencial para a extração de pedra calcária na região.


Saiba Mais
Two new species of the banjo catfishBunocephalus Kner (Siluriformes: Aspredinidae) from the upper and middle rio São Francisco basins, Brazil. Tiago P. Carvalho 1   , Alexandre R. Cardoso 2   , John P. Friel 3   , Roberto E. Reis 4
Hoch H, Ferreira RL (2016) Iuiuia ceco gen. n., sp. n., uma nova Planthopper troglóbios na família Kinnaridae (Hemiptera, Fulgoromorpha) do Brasil. Deutsche Entomologische Zeitschrift 63 (2): 171-181. doi: 10,3897 / dez.63.8432.