domingo, 5 de junho de 2016

Resenha poética de Primavera Silenciosa.

por Elissandro dos Santos Santana

Publicado em junho 2, 2016 por


CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. 2. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1969.


Silent Spring. Foto no site High 50

[EcoDebate] Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, ao que tudo indica, data recomendada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia, refletir acerca da obra “Primavera Silenciosa” é uma oportunidade para repensar as questões ambientais do mundo atual a partir do cotejo com os problemas ambientais da época de Rachel Carson.



Antes de analisar a obra em baila, é interessante conhecer parte da biografia de Rachel Carson. Ela nasceu no dia 27 de maio de 1907, na Pensilvânia. Com incentivo de sua mãe, começou a publicar os primeiros trabalhos ainda criança na revista literária infantil “Sr. Nicholas”. No ano de 1928, graduou-se pela Universidade para Mulheres da Pensilvânia e, tempo depois, fez mestrado em Biologia Marinha na Universidade Johns Hopkins. Por um curto espaço de tempo, lecionou zoologia na Universidade de Maryland, tendo aceitado, em 1936, um posto de bióloga no Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos.


Primavera Silenciosa é um clássico que todo ambientalista, pesquisador na área ambiental, ativista social e qualquer cidadão planetário deveria ler.


A obra é um convite a reflexões acerca das tristes fábulas de um futuro que não existirá, da obrigação de suportar as dores do amanhã, das mortes anunciadas, dos elixires do fim trágico para todos os seres que habitam a Mãe Terra, Gaia ou Pachamama, do preço pago pela degradação das águas de hoje e de ontem para ausências no amanhã, da degradação dos solos, do desmatamento do manto vegetal responsável pela maior parte do oxigênio de que tanto a humanidade e todos os outros seres animais necessitam para a sobrevivência, da devastação desnecessária em todos os campos pelos quais passou a Terra, do silêncio da vida no porvir, dos rios hoje ainda vivazes e amanhã córregos de morte, do indiscriminado procedente dos céus, dos sonhos dos senhores do capital, do valor real dos modelos econômicos depredatórios da vida, dos caminhos estreitos que nos esperam amanhã, da sobrevivência de poucos, um em cada quatro, da vingança de Gaia ou do revide da natureza, dos ribombos de uma avalancha e da outra estrada que poderíamos ter tomado.



O leitor, à medida que se envereda pelas reflexões que o livro traz, consegue fazer ponte entre os problemas ambientais denunciados por Rachel Carson no que concerne às crises e estresses ambientais pelas quais passavam Os Estados Unidos à época da escrita da obra.


No capítulo “Uma fábula para amanhã” há a metáfora da narrativa em torno da terra do ontem e ainda do hoje, para o restante dos humanos que sobrarem no mundo vindouro. Nesse novo mundo que nos espera, a Terra do passado será a história de ninar para as gerações futuras. A biodiversidade de outrora sobreviverá na narrativa dos que tiveram a oportunidade de viver na terra de antes e a geração futura, ao ouvir tais contos, se dará conta do quanto seus pais foram egoístas e não pensaram no futuro.


Esse capítulo nos faz lembrar o conceito de sustentabilidade proferido em Estocolmo, em 1972, na Suécia, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, como sendo a gestão dos recursos de forma justa, solidária e consciente, desprovida de qualquer egoísmo, em que a vida não seria somente um aqui e agora, mas um amanhã, levando em consideração que as gerações futuras possuem os mesmos direitos ao usufruto dos bens terrenos das gerações atuais.


No capítulo “A obrigação de suportar”, dentre tantas subjetividades no processo de leitura, o leitor pode ser levado a refletir sobre o peso que terá que carregar em torno das ações insustentáveis na transformação do mundo.


No capítulo “Elixires da morte”, a autora apresenta, de forma bastante elucidativa, o preço da manipulação do conhecimento químico para a produção dos pesticidas e outros elementos que contaminaram as nossas comidas e eliminaram os polinizadores da vida. As referidas substâncias entraram não somente nos corpos dos seres humanos, mas de toda a cadeia da vida.


No capítulo “Águas de superfícies e Mares subterrâneos” a autora faz uma discussão em torno da importância da água para a manutenção da vida, mas que está sendo poluída e contaminada por pesticidas. No capítulo “Os Reinos do solo”, a autora discorre sobre a importância dos solos para a agricultura e, consequentemente, para a nossa existência e como estes foram degradados com o impacto do uso dos pesticidas na agricultura.


No capítulo “O manto verde da Terra”, a autora afirma que a água, o solo e a cobertura vegetal são os elementos que sustentam a vida animal, mas que isso foi drasticamente comprometido. Ao citar o caso da destruição das plantações de artemísias no Oeste Norte-americano com a substituição por relvados das pradarias, Carson chama a atenção para as interferências do homem na modificação das paisagens e como isso interfere, diretamente, nas cadeias de vida na natureza.

No capítulo “Devastação desnecessária”, Carson discorre sobre as ações deprimentes do homem sobre a natureza. Continua pontuando que as destruições que o homem provocou sobre a Terra seriam contra a própria vida e, também, contra a vida de todos os demais seres que habitam o planeta.


No capítulo “E nenhum pássaro canta”, ela denuncia a morte dos pássaros e de outros seres responsáveis pela polinização das plantas pelas pulverizações da indústria do agronegócio nos Estados Unidos. No capítulo “Rios de morte”, a autora traz à tona a questão do uso do DDT para pulverização de florestas ao longo de cursos de água e, com isso, a morte de peixes como o salmão e outros animais nos rios do Noroeste de Miramichi.


No capítulo, “Indiscriminadamente, Procedendo dos céus”, a autora discorre sobre o aumento do escopo das pulverizações aéreas e como isso afetou a vida em parte dos Estados Unidos.



No capítulo “Para lá dos sonhos dos Bórgias”, aprofunda a discussão em torno do período que rotula como Idade dos Venenos. No capítulo “O preço humano”, quase que de forma escatológica, discorre sobre os múltiplos problemas ambientais que afetam e afetarão a humanidade em decorrência das ações insustentáveis provocadas pelo próprio ser humano. No capítulo “Através de uma janela estreita”, apresenta as ameaças às heranças genéticas da humanidade a partir de todos os males ambientais causados a Terra.



No capítulo “Um em cada quatro”, a autora discorre sobre a parcela da humanidade que sofrerá com doenças como o câncer em decorrência dos déficits socioambientais gerados com o uso dos pesticidas nos Estados Unidos. No capítulo “A natureza revida”, Carson discorre sobre o fato de que alguns insetos estão se tornando resistentes ao uso dos pulverizadores químicos e, por isso, vários processos estão saindo do controle previsto pelo projeto humano de desenvolvimento da indústria da agricultura da morte.


Com a resistência de alguns insetos, outros inseticidas são criados e, consequentemente, ocorre maior poluição e degradação dos espaços nos quais eles são aplicados. No capítulo “Os ribombos de uma avalancha”, a autora denuncia que os insetos menos resistentes estão deixando de existir e aqueles que sobrevivem estão lutando pela existência, haja vista que novos pulverizadores são criados pela indústria química voltada para a agricultura a cada ano. O extermínio desses insetos interfere em toda a cadeia, da flora à fauna.


No capítulo “A outra estrada”, a jornalista, de forma otimista, acredita que ainda há tempo para salvar a biodiversidade dos pulverizadores da morte criados pelo bicho homem, mas que tudo dependerá da remodelação da consciência em torno do modus operandi humano de produção nos Estados Unidos e no mundo.


A obra é, por natureza, inter-multi-transdisciplinar, tendo em vista que, à medida que o leitor a desvenda, consegue concatená-la com outras vozes e áreas do conhecimento. Não há como não ler esse livro e não fazer comparações com produções escritas por teóricos como James Lovelock, com “A vingança de Gaia”, Leonardo Boff e seus livros como “Sustentabilidade: o que é, o que não é” e “Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres”, Enrique Leff e sua “Racionalidade ambiental”, Frei Betto e tantos outros pesquisadores e pensadores preocupados com a situação do planeta e, consequentemente, com a continuidade da vida.

Por fim, pode-se dizer que “Primavera Silenciosa” é uma obra que nos leva a pensar não somente as questões ambientais nos Estados Unidos, mas em toda a Terra. Carson, ao longo de toda a obra, discorre sobre o irresponsável envenenamento do mundo que o homem compartilha com todas as outras criaturas.

A obra foi escrita de forma simples, científica e metafórica. A partir do viés literário, a autora prende a atenção do leitor dado à escrita literária e, ao mesmo tempo, de forma científica, apresenta, com precisão, a extinção de aves e outras espécies, causada pelo uso indiscriminado e irresponsável de DDT e das consequências disso na cadeia alimentar geral.

A autora descreve, detalhadamente, a ameaça em torno das águias, símbolo dos Estados Unidos, além de apresentar os malefícios dos inseticidas e seus impactos sobre a reprodução humana, mostrando a relação entre o câncer e o uso dos pulverizadores da morte na agricultura.

Elissandro dos Santos Santana: especialista em sustentabilidade, desenvolvimento e gestão de projetos sociais, especialista em gestão educacional, especialista em linguística e ensino de línguas, especialista em metodologia de ensino de língua espanhola, licenciado em letras, habilitado em línguas estrangeiras modernas, espanhol e membro editorial da Revista Letrando, ISSN 2317-0735.

Contato: lissandrosantana@hotmail.com


in EcoDebate, 02/06/2016
"Resenha poética de Primavera Silenciosa, por Elissandro dos Santos Santana," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2/06/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/06/02/resenha-poetica-de-primavera-silenciosa-por-elissandro-dos-santos-santana/.

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Obama restringe comércio de marfim nos EUA e caminha para proibição definitiva

CONTEÚDO ANDA


05 de junho de 2016 às 6:20

Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Reprodução/NRDC
Reprodução/NRDC

Em uma grande vitória para os elefantes, o presidente Barack Obama anunciou na última quinta-feira (2) a regulamentação definitiva para restringir o comércio de marfim de elefante nos Estados Unidos.

A decisão se soma a outras ações do governo, ao longo dos últimos três anos, e equivale a uma proibição quase total do comércio de marfim no país, diz o grupo ambiental NRDC.

Entre 2010 e 2012, mais de 100 mil elefantes foram mortos pelas suas presas, o que representa uma séria ameaça a essa magnífica espécie.

Os Estados Unidos eram parte do problema, pois eram uma das fontes que supriam a demanda por marfim.

Felizmente, em 2013, o governo Obama comprometeu-se a com essa questão e o anúncio constitui uma das peças finais de seus esforços para restringir o comércio de marfim nos Estados Unidos.

Os regulamentos restringem ainda mais as exportações e o comércio interestadual de marfim.

Segundo a NRDC, esses regulamentos poderiam ser mais sólidos em alguns pontos. Um deles é a permissão para que caçadores ainda importem dois “troféus” de elefantes para os Estados Unidos quando antes esse número era ilimitado.

“A NRDC não apoia qualquer caça de espécies em extinção, como elefantes”, diz o grupo em seu site.

“Porém, os regulamentos irão percorrer um longo caminho para eliminar o comércio de marfim nos Estados Unidos e nossos parceiros têm ajudado a diminui esse comércio nos três principais mercados de marfim do país: Nova York, Califórnia e Havaí”, adicionou o grupo.

O momento do anúncio não poderia ser melhor. Na próxima semana, o Departamento de Estado dos Estados Unidos irá se reunir com o governo chinês no “Diálogo Estratégico e Econômico entre Estados Unidos e China”, no qual o tráfico de animais selvagens será um dos principais temas.

A decisão dos Estados Unidos pode servir de exemplo para que a China sancione a proibição definitiva do comércio local de marfim, como se comprometeu a fazer em 2015.

Stephen Hawking: avanços científicos e tecnológicos são ameaça à humanidade


De acordo com o físico britânico, estamos inventando "novas formas de as coisas darem errado", como guerras nucleares, aquecimento global ou vírus geneticamente modificados. A única possibilidade de sobrevivência seria a colonização de outros planetas

Por Da Redação
access_time 19 jan 2016, 16h08 - Atualizado em 6 maio 2016, 15h59

O físico britânico Stephen Hawking alertou que grandes avanços na ciência e na tecnologia podem resultar nas maiores ameaças já enfrentadas pela espécie humana. Em entrevista a um programa da rádio BBC, que será veiculado até o fim de janeiro, o cientista apontou os riscos de guerras nucleares, aquecimento global e vírus geneticamente modificados.
Os homens estariam criando “novas formas de as coisas darem errado”, de acordo com o cientista. “Apesar de a possibilidade de ocorrer um desastre na Terra parecer muito baixa agora, nos próximos 1.000 a 10.000 anos, isso é quase uma certeza”, afirmou Hawkings.


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Luz no fim do Universo – A única salvação para a nossa espécie seria se espalhar por outros planetas, segundo o cientista, mas isso não ocorrerá antes do próximo século. “Não estabeleceremos colônias autossustentáveis no espaço pelos próximos 100 anos, então deveremos ter muito cuidado neste período”, afirmou. “É possível que os humanos possam reconhecer a tempo os perigos da ciência e da tecnologia para ‘controlá-los’.”,


Esta não foi a primeira vez que Hawkings chamou a atenção para os perigos da tecnologia. Em dezembro de 2014, o astrofísico falou também à BBC sobre as possibilidades de a inteligência artificial acabar com a raça humana. “Quando a inteligência artificial for completamente desenvolvida pelos seres humanos, ela pode progredir por si mesma e se redesenhar a um ritmo cada vez maior”, disse, na ocasião. Para ele, os humanos, limitados pela lenta evolução biológica, não poderiam competir e acabariam substituídos.


Superação – O físico falou ainda sobre sua doença: quando perguntado o que mantinha seu bom humor, ele respondeu que “não importa o quão difícil é a vida, é muito importante não ficar bravo, pois você pode perder todas as esperanças se não conseguir rir de si mesmo e da vida em geral”. Stephen Hawking vive confinado a uma cadeira de rodas por causa de uma esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa detectada aos seus 21 anos, e fala com a ajuda de um sintetizador de voz.
(Com EFE)

Cérebro guarda dez vezes mais memórias do que se acreditava, diz estudo


De acordo com pesquisadores americanos, a capacidade da mente é da ordem de um petabyte, equivalente à informação contida em 4,7 bilhões de livros ou 670 milhões de páginas da internet

Por Marina Rappa
access_time 23 jan 2016, 09h29 - Atualizado em 6 maio 2016, 15h59

O cérebro é capaz de armazenar dez vezes mais memórias do que o anteriormente previsto pela ciência. De acordo com um novo estudo, feito por neurocientistas do Salk Institute, nos Estados Unidos, a capacidade de armazenamento das sinapses (conexões cerebrais que transmitem dados de um neurônio a outro) está na ordem do petabyte – o que equivale à informação contida em 4,7 bilhões de livros ou 670 milhões de páginas da internet. Além de ajudar a compreender o cérebro, a descoberta também poderá ajudar a criar futuros computadores mais eficazes.


“Essa é uma verdadeira bomba na área da neurociência”, disse o pesquisador Terry Sejnowski, um dos autores do estudo, publicado no periódico eLife. “Nossas novas medições da capacidade da memória humana aumentam as estimativas mais conservadoras em, no mínimo, dez.”


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Arquivo complexo – A memória é resultado de atividades elétricas e químicas que 
acontecem no interior do cérebro. Para verificar a quantidade de dados que o cérebro seria capaz de estocar, o time de pesquisadores analisou o número e a força das sinapses entre os neurônios. Ao reconstruírem um cérebro por meio de tecnologia tridimensional, eles perceberam uma atividade incomum: alguns dos neurônios estavam enviando a mesma informação duas vezes ao neurônio seguinte.

Inicialmente, os especialistas não pensaram em analisar o motivo dessa atividade. No entanto, ao verificar como se dava o envio da mesma informação por duas vias distintas, eles conseguiram calcular as diferenças no tamanho das sinapses ocorridas, por meio de sofisticados modelos matemáticos. Esse processo acabou revelando a quantidade de informações que é possível armazenar na mente.

Os cientistas verificaram, então, que não existem apenas três tamanhos de sinapses (pequena, média e grande), como se acreditava, mas 26 grandezas possíveis, o que aumenta em pelo menos dez vezes a capacidade de armazenamento de memórias no cérebro. E isso é feito com um pequeno gasto de energia – o que garante a incrível eficiência da mente humana.


Computador superpoderoso – Em termos digitais, isso significa que as sinapses são capazes de transferir 4,7 bits de informação e não um bit ou dois bits, como os cientistas previam até então. De acordo com os cientistas, além ajudar a desvendar o órgão mais complexo do corpo humano, a pesquisa também oferece chaves importantes para a construção de computadores mais potentes e eficientes.


“Esses resultados abrem um novo capítulo na pesquisa sobre os mecanismos de memória e aprendizado”, afirma Sejnowski.”E suas implicações têm longo alcance – essa ‘estratégia’ do cérebro pode ajudar a desenhar novos computadores, pois esse tipo de transmissão é uma forma incrivelmente precisa, que requer pouca energia tanto do cérebro quanto de prováveis computadores.”

Empresas privadas querem reconquistar a Lua

VEJA

Incentivados por recompensa milionária, empreendedores fazem nova corrida espacial: ‘Se dependermos de governos, o universo continuará inexplorado’

Por Filipe Vilicic
access_time 3 jun 2016, 22h28

Lá se vão quase 45 anos desde a última vez em que o homem pôs os pés na Lua. As imagens da tripulação da missão Apollo 17 pousando o módulo Challenger no Vale da Taurus-­Littrow são o derradeiro registro, quase apagado da memória, de um tempo em que o corpo celeste mais próximo de nosso planeta deixou de ser só dos poetas, seresteiros e namorados.


Desde então, a Lua ficou metaforicamente mais longe. A Nasa, a agência espacial americana, praticamente a abandonou. Houve iniciativas da extinta União Soviética, da Rússia e da China, mas sempre com naves sem ninguém dentro. Foram experiências interessantes, mas sem o tom espetacular e os grandes avanços científicos dos primeiros tempos.


Vencer a corrida lunar era busca incansável dos Estados para demonstrar força no apogeu da Guerra Fria. Já não é assim. Agora, tudo leva a crer que estamos no caminho da privatização da Lua. “Se dependermos apenas de governos, o universo continuará inexplorado”, diz o engenheiro John Thornton, fundador da americana Astrobotic.


Até o ano que vem, a empresa pretende enviar a primeira sonda privada para a Lua. Quer se aventurar nas cavernas cor de Flicts. Se cumprir a meta, garantirá ainda uma pomposa recompensa de 20 milhões de dólares, prometida pela premiação Lunar — parceria entre o Google e a organização sem fins lucrativos XPrize — à primeira companhia da história a concluir a estratosférica missão.


O prêmio Lunar foi idealizado em 2007 com um claro objetivo: “Incentivar empreendedores espaciais a criar uma nova era de acesso barato à Lua e além”. Para entrar na competição, era necessário que um time de cientistas qualificados apresentasse um plano possível para pousar no satélite e percorrer uma distância de 500 metros no terreno, por meio de uma sonda controlada a distância, da Terra.


A condição: ao menos 90% do financiamento do projeto tem de vir do setor privado; os outros 10% podem brotar do governo. Ao todo, será distribuído um butim de 30 milhões de dólares — os 20 milhões ao campeão, 5 milhões ao segundo colocado e outros 5 milhões de bônus aos que atingirem uma série de etapas científicas preestabelecidas.


Apesar do calibre dos envolvidos na organização — liderada pelo Google e pela XPrize, e com o apoio de empreendedores do porte de Elon Musk, fundador da Tesla, fabricante de carros elétricos, e da SpaceX, de exploração espacial —, a competição estava, até há pouco, envolta em descrédito. De início, a promessa era lançar um foguete em 2012.


Porém, quando a data chegou, o Lunar puxou o freio, anunciando que nenhum time aparentava estar próximo de elaborar uma proposta razoável para vencer. O prazo, então, foi estendido para 2015, depois para 2016 e, recentemente, para 2017.


Das 29 empresas que se candidataram à disputa, de catorze países, treze desistiram (boa notícia: sobrou uma brasileira). “Não é fácil ser o primeiro a realizar algo tão ousado, e é de esperar que existam percalços”, disse a VEJA a americana Chanda Gonzales-Mowrer, diretora do Lunar. “Depois de chegarmos lá, e de colocarmos nosso nome nos livros de história, ninguém se lembrará desses problemas, apenas da glória.”

Ganhar ‘likes’ ativa área de recompensa do cérebro



VEJA

Cientistas americanos concluíram que a sensação de popularidade nas postagens é semelhante à ingestão de chocolate, fazer novas amizades ou ganhar dinheiro

Por Da redação
access_time 2 jun 2016, 20h15



Cientistas do Centro de Mapeamento Cerebral da Universidade da Califórnia (UCLA) concluíram que a região de recompensas do cérebro também é ativada diante de um número considerado alto de ‘curtidas’ obtidas em postagens nas redes sociais. A popularidade das publicações provoca satisfação semelhante à sensação atingida ao comer chocolates, fazer novas amizades ou ganhar dinheiro, por exemplo.


O resultado foi obtido através de uma análise e mapeamento das atividades cerebrais de 32 adolescentes com idade entre 13 e 18 anos.

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Durante doze minutos, os pesquisadores mostraram a cada voluntário 148 imagens publicadas por diversos usuários do Instagram, por meio de uma interface falsa semelhante à do aplicativo.


Entre as imagens estavam 40 fotos que os participantes haviam postado em seus perfis reais. Em cada foto, os pesquisadores incluíram uma grande quantidade de ‘curtidas’ supostamente recebidas dos outros participantes do estudo e analisavam por ressonância magnética as reações cerebrais – posteriormente, os voluntários descobriram que o número de ‘likes’ era falso.

“Quando os adolescentes viam suas próprias fotos com um alto número de curtidas, as atividades cerebrais se intensificavam muito em regiões conhecidas por serem áreas de recompensa’’, disse a principal autora do estudo, Lauren Sherman, em entrevista ao site notícias da universidade, UCLA NewsRoom.

A pesquisadora refere-se ao núcleo conhecido como accumbens. Ele está localizado no centro da massa cinzenta e é responsável pela sensação de satisfação, sentida quando o ser humano realiza exercícios físicos ou ingere doces, por exemplo.

Influência – O estudo também mostrou que a decisão de ‘curtir’ uma imagem é diretamente influenciada pela quantidade de ‘curtidas’ que a foto já tinha. Ou seja, quanto mais popular, mais os participantes expressavam interesse pela postagem ‘curtindo’ a foto, independente da sua opinião pessoal.

O resultado apontou que as áreas relacionadas ao controle cognitivo e à racionalidade dos adolescentes têm intensidade menor quando eles decidem curtir fotos relacionadas às drogas e ao álcool e que, mais uma vez, a decisão de curtir aumentava quando a postagem já era popular.

Notícias sobre

Metade da Europa Ocidental é ‘parente’ de Tutancâmon

VEJA

Já entre os egípcios, menos de 1% da população pertence ao grupo genético do faraó que viveu há 3.000 anos

Por Da Redação
access_time 2 ago 2011, 17h01 - Atualizado em 6 maio 2016, 17h04


Metade de todos os homens da Europa Ocidental é ‘parente’ do antigo faraó egípcio Tutancâmon. É o que aponta o estudo de cientistas de um centro de genealogia na Suíça, que reconstruíram o perfil genético do faraó que comandou o Egito há 3.000 anos, seu pai, Akhenaten, e o avô Amenhotep III.

Os resultados mostram que Tutancâmon pertenceu a um grupo de perfil genético conhecido como R1b1a2, o mesmo de metade dos homens da Europa Ocidental – 70% no caso de britânicos e espanhóis e 60% no dos franceses. Isso quer dizer que todos esses indivíduos compartilham um mesmo ancestral.

Com tantos parentes na Europa, é de se imaginar que a maior parte do Egito, terra natal do antigo faraó, também seja ‘parente’ de Tutancâmon. Mas não. Menos de 1% dos egípcios pertencem ao mesmo grupo genético, de acordo com iGENEA, o centro suíço que realizou o estudo.

Os especialistas acreditam que o ancestral comum viveu no Cáucaso, uma região na fronteira da Ásia com a Europa, há 9.500 anos. Estima-se que a migração do grupo R1b1a2 para a Europa começou com a disseminação da agricultura há 9.000 anos. Contudo, os pesquisadores não sabem como a linhagem paterna de Tutancâmon foi parar no Egito. Agora, o iGENEA está utilizando exames de DNA para procurar os parentes vivos mais próximos do faraó egípcio.


(Com Agência Reuters)

Dinossauros lutaram para sobreviver 50 milhões de anos antes da extinção


Segundo estudo publicado na 'PNAS', a separação de continentes e a forte atividade vulcânica ocasionaram o enfraquecimento das espécies

Por Da Redação
access_time 19 abr 2016, 10h24 - Atualizado em 6 maio 2016, 15h57


Os dinossauros lutavam para sobreviver 50 milhões de anos antes de sua extinção, quando um meteorito caiu sobre a Terra há 65 milhões de anos. Segundo estudo publicado na última segunda-feira na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), espécies de dinossauros estavam morrendo mais rápido que outras emergiam, iniciando um longo processo de extinção anos antes da queda do meteorito.


A precoce extinção dos animais pode ter sido ocasionada pela separação dos continentes e a forte atividade vulcânica, sugere a pesquisa. “O impacto do meteorito ainda é a principal suspeita da extinção dos dinossauros, mas está claro que já não se encontravam no auge da vida, no sentido evolutivo”, disse o paleontólogo Manabu Sakamoto, da Universidade de Reading, no Reino Unido, líder do estudo.


De acordo com os pesquisadores, os resultados do artigo podem acabar com uma grande controvérsia entre paleontologistas: se os dinossauros estavam progredindo evolutivamente quando foram atingidos pelo meteorito onde hoje é o México, ou se já estavam no final de sua existência.


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Os especialistas investigaram minuciosamente os registros de fósseis de grandes “árvores genealógicas” de dinossauros para chegar às respostas do estudo. De acordo com a pesquisa, os dinossauros saurópodes – herbívoros de pescoço comprido e grandes dimensões, como o icônico diplodoco – foram-se extinguindo mais rapidamente, revelou o estudo.


Os terópodes – grupo a que pertence o famoso carnívoro Tiranossauro rex – também foram reduzidos, mas a uma velocidade menor. “Não esperávamos este resultado. Isto sugere que, durante dezenas de milhões de anos antes de seu desaparecimento definitivo, os dinossauros já começavam a perder sua magnificência como espécies dominantes sobre a Terra”, explicou Sakamoto.


A pesquisa oferece uma perspectiva em relação ao futuro, já que várias espécies lutam atualmente pela sobrevivência em razão das mudanças climáticas. “Nosso estudo indica de maneira contundente que, se os animais experimentam um ritmo rápido de extinção, correm o risco de que sejam aniquilados em caso de uma catástrofe maior”, disse Sakamoto.


 “Isto tem implicações para nossa biodiversidade atual e futura, levando em conta o ritmo da extinção sem precedentes de certas espécies, devido às mudanças climáticas causadas pelo homem”, advertiu o paleontologista.


Meteorito – Quando um meteorito gigante se chocou contra o planeta há 65 milhões de anos, uma enorme nuvem de pó impediu a entrada de raios solares, gerando uma diminuição das temperaturas e a morte das plantas. Sem fonte de calor para metabolizar os alimentos, vegetação, fonte de alimentos e abrigo, os dinossauros desapareceram.
(Com AFP)

Do supermercado para o mar: Lagosta encara jornada de 3.000 km de volta para casa

O animal foi comprado por uma vegetariana, que se sensibilizou com a situação do crustáceo

- Atualizado em



Lagosta resgatada
Lagosta resgatada(Christine Loughead/Youtube/Reprodução)
Uma lagosta viva que estava à venda na seção de frutos-do-mar de um supermercado canadense ganhou uma segunda chance ao comover uma cliente na cidade de Red Lake, na província de Ontário, no Canadá. O anjo-da-guarda do animal foi Christine Loughead, mentora de uma incrível jornada de mais de 3.000 quilômetros do tanque no supermercado até a costa do país.

Christine comprou a lagosta por 20,23 dólares canadenses (55,80 reais) e decidiu batizá-la de Lobby Joe. Após algumas pesquisas na internet, descobriu que o crustáceo provavelmente havia sido pescado na costa da província canadense de Nova Escócia e decidiu que ele deveria voltar para o oceano onde nasceu.

Vegetariana, a canadense postou uma mensagem em um grupo no Facebook de veganos da cidade de Halifax, capital da Nova Escócia, procurando por alguém que pudesse ajudá-la na missão de levar a lagosta de volta no mar. Beth Kent, fundadora de um abrigo para animais e vegana, respondeu ao seu pedido.




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Christine dirigiu por seis horas até uma loja em Winnipeg, que transporta animais vivos pelo país. Ela gastou 225 dólares canadenses (pouco mais de 600 reais) para enviar o crustáceo até Halifax, que fica a aproximadamente 3.000 quilômetros de Red Lake. A lagosta foi transportada em uma caixa de isopor cheia de compressas geladas e jornal molhado. A viagem durou 24 horas de carro, mas Lobby Joe venceu o desafio e chegou vivo até seu destino.

Beth então saiu dirigindo com a lagosta até encontrar um bom lugar para libertá-la e decidiu soltá-la em uma enseada. "De repente, ele se endireitou e caminhou sobre as rochas", contou à emissora canadense CBC.

"A lagosta não é um animal muito atraente, mas eu peço às pessoas que fechem seus olhos e imaginem outro bicho, mais bonito, esperando para morrer em uma seção do supermercado", disse Christine Loughead. "Eu tenho certeza que você teria o impulso de fazer algo".

Christine tem um canal no Youtube, no qual registrou todos os momentos do resgate de Lobby Joe e sua viagem pelo Canadá. A vegana também já publicou outros vídeos de resgate de animais, como uma raposa e um gato.

Vídeo: O resgate de uma lagosta


 https://youtu.be/euAivUkv-64

(Da redação)

Gêmos indígenas escapam da morte no Pará


Tendo como base a crença de que partos múltiplos são sinal de mal agouro, caciques arawete proíbem as crianças de viver com os país na aldeia. Os bebês só não foram mortos porque nasceram em um hospital

Por: Leonardo Coutinho - Atualizado em
Gêmeos que nasceram na aldeia Arawete, no Pará, que estão ameaçados de infanticídio
Gêmeos que nasceram na aldeia Arawete, no Pará, que estão ameaçados de infanticídio(VEJA.com/Divulgação)
O nascimento de gêmeos na aldeia dos índios arawete, no Pará, causou preocupação no início da semana. O caso chamou a atenção dos funcionários do hospital local diante do risco de as crianças serem assassinadas quando retornassem com os país para aldeia. O infanticídio indígena é um problema ainda persistente no Brasil.


Segundo profissionais de saúde envolvidos no caso, as crianças somente foram salvas porque a mãe apresentou complicações durante o parto e ela foi removida para o Altamira, onde os gêmeos nasceram e estão internados. Segundo eles, se as crianças tivessem nascido na aldeia, são altas as chances de que eles tivessem sido mortas.

Segundo o coordenador do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Uwira Xakriaba, "o sistema de crenças (do povo arawete) traz sérias consequências para a continuidade de sua existência, isto está embasado por sua mitologia tupi, onde os gêmeos mitológicos foram responsáveis por uma série de ações envolvendo possibilidades de fim do mundo como o conhecem.

Na mitologia, um dos gêmeos foi responsável pelo cataclismo universal que alagou o mundo, não podemos esquecer que no quintal da casa desse povo foi construída a UHE Belo Monte."

Em nota, Uwira Xakriaba negou que o casal tenha rejeitado os filhos. "O que aconteceu foi a determinação por parte dos pajés, que os gêmeos não podem viver na aldeia, pois isso teria consequências para todo o povo."

A representação da Funai no Pará nega a possibilidade de infanticídio e diz que está conduzindo o caso para preservar as crianças e a etnia. Procurada, a Funai em Brasília, não se manifestou sobre a condução do caso.