sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Crueldade.Indonésia encontra 24 aves em extinção presas em garrafas plásticas



Exemplares de cacatua-sulfúrea foram descobertos em porto indonésio.


Espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção, segundo órgão.

Do G1, em São Paulo
Policial exibe espécime de cacatua que estava sendo contrabandeada entre muitas outras dentro de garrafas pet, no escritório da alfândega do porto de Tanjung Perak, em Surubaya, Indonésia (Foto: Risyal Hidayat/Antara Foto/Reuters)Policial exibe espécime de cacatua que estava sendo contrabandeada entre muitas outras dentro de garrafas pet, no escritório da alfândega do porto de Tanjung Perak, em Surubaya, Indonésia (Foto: Risyal Hidayat/Antara Foto/Reuters)
Autoridades da Indonésia encontraram exemplares de cacatua-sulfúrea (Cacatua sulphurea) aprisionados em garrafas plásticas de água em fiscalização realizada no porto de Tanjung Perak, na província de Java Oriental.

A descoberta ocorreu nesta segunda-feira (4). Os policiais encontraram 24 cacatuas nesta situação precária. Não se sabe o estado desses animais, que seriam vendidos ilegalmente. Após a apreensão, as aves foram levadas a um centro de tratamento local.

De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), esta espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção.

Estima-se a existência de apenas 7 mil exemplares no ambiente selvagem, sendo que a maioria vive em áreas da Indonésia, Komodo e Timor Leste.
24 aves aprisionadas em garrafas plásticas foram encontradas por agentes alfandegários da Indonésia (Foto: Reuters/Antara Foto/Risyal Hidayat)24 aves aprisionadas em garrafas plásticas foram encontradas por agentes alfandegários da Indonésia (Foto: Reuters/Antara Foto/Risyal Hidayat)

Carlos Chagas O CRIME JÁ FOI PRATICADO




A presidente Dilma completou ontem o repasse de 72,5 bilhões de reais para o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e outros bancos públicos, dinheiro que havia retirado de seus cofres para equilibrar as contas do governo.  Assim, Madame  livrou-se das acusações de haver apelado para recursos ilegítimos que a lei proibia, imaginando escapar do processo de impeachment aberto contra ela no Congresso.


O diabo é que o crime já havia sido praticado, mas tem pior nessa equação contábil.  Só no Rio, para não lembrar outros Estados, a saúde pública encontra-se em frangalhos, com a população à míngua, amontoada sem tratamento em filas na porta de hospitais e postos de saúde.


Os 72,5 bilhões serviram para equilibrar as despesas dos estabelecimentos oficiais ou para  evitar o sofrimento dos fluminenses abandonados e entregues à própria sorte, sem médicos, enfermeiros, remédios e equipamento imprescindível à própria sobrevivência?  No Rio e no restante do país.

O que teria sido melhor?  O desvio ou o uso da quantia desviada para minorar as agruras da população?  A quem deve atender o poder público? Ao cidadão carente ou ao governante em vias de perder o mandato e parar na  cadeia?  Pior ainda quando se conclui que o rombo nas contas públicas não se limitou aos 72,5 bilhões, pois em 2015 alcançou 118, 6 bilhões.

Evidência maior inexiste de incompetência administrativa, em especial se puder ser aferida a quantia surripiada pela corrupção na Petrobrás e demais empresas públicas. Já tem gente presa, entre políticos, parlamentares, empreiteiros e altos funcionários, mas até agora não se conseguiu somar o quanto foi desviado.  Provavelmente muito mais do que 118.6 bilhões. Há quem calcule acima de trilhões. Será que  os ladrões poderão devolver?

Conseguirá o governo aplicar o dinheiro roubado em benefício da sociedade?


Ontem, último dia do ano, tudo continuou subindo, dos transportes coletivos ao dólar, da inflação aos gêneros de primeira necessidade. Dos impostos à taxas e tarifas, os alugueis e os combustíveis. Menos os salários. Parece evidente que nada vai mudar.

Revista britânica alerta para queda do Brasil e prevê desastre em 2016


A tradicional revista britânica “The Economist” escolheu a crise no Brasil como tema de sua primeira capa de 2016. Com o título de “Queda do Brasil” e uma foto da presidente Dilma Rousseff de cabeça baixa, a capa alerta para “ano desastroso” à frente.

Em vez do clima de euforia que seria de se esperar no início de 2016 por causa da realização das Olimpíadas, aponta a revista, o Brasil enfrenta “um desastre político e econômico”.

O texto cita a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Fitch Ratings e a saída do governo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, menos de um ano após assumir o cargo. A previsão de que a economia brasileira encolha até 2,5% ou 3% no ano que vem também é citada. “Até a Rússia vai crescer mais do que isso”, destaca.

Os problemas na esfera política são outro destaque da reportagem, que lembra que o governo tem sido desacreditado por causa do escândalo de corrupção em torno da Petrobras. E que a presidente Dilma, acusada de esconder o tamanho do déficit orçamentário, enfrenta um processo de impeachment no Congresso.

A “Economist” ressalta que, como o B do BRICS, o Brasil “supostamente deveria estar na vanguarda do crescimento das economias emergentes. Em vez disso, enfrenta uma turbulência política e, talvez, um retorno à inflação galopante”. Segundo a publicação, “somente escolhas difíceis podem colocar o país de volta ao curso, mas, no momento, a presidente Dilma não parece ter estômago para isso”.

A revista aponta que o “sofrimento do Brasil”, como o das demais economias emergentes, se deve em parte à queda dos preços das commodities globais. Fora isso, o déficit fiscal aumentou de 2% do PIB, em 2010, para 10%, em 2015.


Fonte: O GloboAmigos da Direita

Passagem de ano em São Paulo.Emocionante.

https://www.facebook.com/video.php?v=1015278875200700


 AMIGOS DA DIREITA

Contra o impeachment Governo libera mais R$ 500 milhões para parlamentares


Planalto elevou valores de R$ 6,7 bilhões para R$ 7,2 bilhões
Publicado: 01 de janeiro de 2016 às 10:21 - Atualizado às 10:42

Planalto elevou valores de R$ 6,7 bilhões para R$ 7,2 bilhões. Foto: EBC
Em ano de crises política e econômica, o governo federal ampliou o volume de verbas destinadas a emendas parlamentares. 
 
 Com o orçamento impositivo, aprovado pelo Congresso no início do ano passado para obrigar o Executivo a liberar os repasses indicados por deputados e senadores, e a necessidade de obter apoio político no Legislativo para combater a ameaça do impeachment, o Palácio do Planalto elevou de R$ 6,7 bilhões em 2014 (em valores atualizados) para cerca de R$ 7,2 bilhões em 2015. 
Embora tenha contingenciado em R$ 3 bilhões a verba originalmente reservada no Orçamento para as emendas parlamentares, este valor foi elevado em dezembro pelo Planalto. Em dezembro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou um pedido de impeachment de Dilma, encampado pela oposição e posteriormente apoiado até por deputados da base aliada.


Com isso, o Planalto liberou quase todas as emendas previstas após o contingenciamento e elevou a verba destinada aos repasses. De acordo com o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo da Presidência, o valor subiu para cerca de R$ 7,2 bilhões. O montante não considera restos a pagar - valores pendentes de anos anteriores.


Na última semana do ano, em pleno recesso parlamentar, deputados ainda foram vistos em peregrinação por ministérios na tentativa de liberar o restante dos recursos para irrigar suas bases eleitorais. Parlamentares se dizem pressionados por prefeitos que, com cofres vazios por causa da crise econômica, estão preocupados com as eleições municipais de outubro.


Em seu primeiro ano como deputado, Carlos Marun (PMDB-MS) foi aos Ministérios da Saúde, Ciência e Tecnologia e Cidades, mas saiu de lá sem perspectiva. "Me empenhei nestes dias por esta liberação. Por ser oposição, as coisas se dificultam um pouco", disse o deputado, que integra a ala do PMDB contrária à presidente. "Mas os ministros me receberam bem. Saí com a expectativa de que, senão tudo, ao menos uma parte vai ser liberada."


A deputada Raquel Muniz (PSC-MG) não saiu tão otimista de sua peregrinação por seis ministérios. "Achei que ia ser mais produtivo. Tinha uma expectativa maior, mas ficou só na expectativa mesmo. Senti que não tem dinheiro."


Isonomia
Parlamentares da base governista também saíram sem perspectiva de ver mais recursos irrigando suas bases eleitorais. O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) disse ter feito "esse beija-mão de fim de ano" para atender prefeitos que "ficam ávidos por recursos". "O governo quer se salvar, mas não pode se salvar matando os municípios", disse Bacelar.


As emendas parlamentares individuais são dotações inseridas no Orçamento da União que abastecem os redutos eleitorais dos congressistas com recursos para obras e ações em saúde e educação, entre outras.


Historicamente, o Planalto liberava essa verba seguindo o cronograma de deliberações importantes no Congresso, para pressionar parlamentares a votar com o governo. Mas, com a aprovação do chamado Orçamento Impositivo, o pagamento passou a ser obrigatório. As emendas dos deputados de primeiro mandato não são impositivas, mas o governo fez acordo com esses parlamentares para que também fossem contemplados.

O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, esteve com o colega Ricardo Berzoini (Governo) para tratar do assunto, mas tampouco obteve qualquer perspectiva. "Até agora, o Ministério do Turismo não recebeu nenhuma comunicação de nenhuma liberação", disse Alves, ministro de uma das pastas mais procuradas pelos deputados. (AE)

Déficit recorde: como você paga, na prática, o rombo do governo

 



Notícia Publicada em 29/12/2015 16:29

Os quase R$ 40 bi de perdas acumuladas pelo governo até agora vão parar no seu bolso

Não há escolha: o governo cobrará o déficit dos brasileiros, de um jeito ou de outro (Flickr/Bradley Gordon)
Não há escolha: o governo cobrará o déficit dos brasileiros, de um jeito ou de outro (Flickr/Bradley Gordon) 
 
 
 
SÃO PAULO – O Banco Central informou, nesta terça-feira (29), que o déficit primário do setor público alcançou o recorde de R$ 19,6 bilhões em novembro. No acumulado do ano, o rombo chega a quase R$ 40 bilhões. A conta refere-se às perdas da União, estatais, Estados e municípios. Se você pensa que isso é apenas um assunto para engravatados de Brasília e tubarões do mercado financeiro, prepare-se: direta ou indiretamente, você já banca parte desse prejuízo – e a outra parte vai chegar no seu bolso.


Há apenas duas formas de o governo, qualquer governo, se sustentar: cobrando impostos ou pedindo dinheiro emprestado; e você é afetado por ambas. Lembre-se de que 2015, que está às vésperas de partir, começou com o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciando o aumento das alíquotas de PIS/Cofins e da Cide sobre os combustíveis. Na época, o objetivo era arrecadar R$ 20 bilhões, diante da meta (agora utópica) de gerar um superávit primário de 1,2% neste ano. Na ocasião, Levy também anunciou o aumento de PIS/Cofins para produtos importados, a alta do IPI para os atacadistas de cosméticos e a elevação do IOF para créditos a pessoas físicas.


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Na prática, isso significa que os brasileiros passaram 2015 pagando mais impostos e, ainda assim, a conta não fechou. O motivo é simples: a arrecadação total despencou, diante da recessão. Mas isso não quer dizer que o governo desistiu da ideia: 2016 já começará com várias tungadas no seu bolso.


É verdade que, desta vez, os responsáveis serão os Estados, e não o governo federal. Basicamente, os Estados se sustentam com repasses da União e com o recolhimento do ICMS. A crise econômica derrubou a arrecadação do imposto e, ao mesmo tempo, freou os recursos transferidos pelo governo central.


Alguns Estados praticamente pararam nos últimos meses, como o Rio Grande do Sul, Alagoas e Rio de Janeiro. Por isso, pelo menos 15 governadores já determinaram aumentos de impostos para o ano que vem – de IPVA a ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, o imposto da herança), passando por um ICMS mais alto na conta de luz. Outras medidas também são avaliadas. Uma que promete causar polêmica é a que determina que os planos de saúde reembolsem o Estado — e não a União — por beneficiários que usarem o SUS (Sistema Único de Saúde). A razão é que, no limite, os planos repassarão aos clientes os custos com a nova exigência.


A presidente Dilma Rousseff também prepara uma garfada federal: o brasileiro tem tudo para terminar 2016 revendo uma velha conhecida, da qual julgava ter se livrado – a CPMF. O Planalto conta com ela para angariar R$ 10 bilhões no próximo ano. A alternativa seria elevar novamente a Cide sobre os combustíveis.


Traduzindo: não há como escapar de um aumento de impostos estaduais e federais nos próximos meses. Isso, sem contar os municipais. Lembre-se de que o início do ano é marcado, também, pelo envio dos boletos de IPTU – principal tributo municipal. E os prefeitos das maiores cidades brasileiras também fazem cálculos para fechar o orçamento.


Na conta do Abreu
Outro modo clássico de um governo, qualquer governo, se sustentar é pegando dinheiro emprestado. Neste caso, a dívida é concentrada na União, já que Estados e municípios não podem emitir títulos próprios de dívida. Mas não é preciso ser um banqueiro para ser afetado por isso. Você paga a conta de algumas formas.


A primeira é que você recebe serviços públicos de má qualidade, embora a carga tributária brasileira seja equivalente à de muitos países desenvolvidos. Essa diferença não vem apenas da má gestão dos recursos, mas também da necessidade de o governo economizar para pagar os juros e as dívidas que fez, por desequilibrar as contas.

É a famosa necessidade de gerar um superávit primário – aquela economia da qual saem os recursos para pagar os credores. Não é, necessariamente, errado que um governo se endivide. O que os especialistas em contas públicas criticam é a má qualidade dos gastos dos vários níveis de governo no Brasil. Uma coisa é pegar dinheiro emprestado para investir em educação, saúde, energia, portos, segurança.

 Outra coisa bem diferente é usar os recursos para manter uma máquina pública inchada e ineficiente, cujo principal gasto é a folha de pagamento. E adivinhe para onde vai a maior parte do dinheiro que o governo brasileiro toma emprestado.

E aí entra outra forma como você cobre o déficit público: pagando juros muito altos nos seus financiamentos. Para compensar a fama de gastador, o governo oferece aos credores juros altos – hoje, em 14,25% ao ano.


Na prática, ele estabelece um piso para qualquer operação de crédito feita no país. Afinal, por que o credor se contentaria em cobrar juros menores de você, se ele pode ganhar dois dígitos financiando um governo que teima em desequilibrar as contas, e já corre o risco de fechar 2016 com um novo rombo, se não aprovar a CPMF, nem obter receitas extras com concessões públicas? Prepare-se: as contas continuarão chegando no ano que vem... as suas, e a do governo.



Maduro tenta congelar a realidade


A franga bolivariana está solta. O venezuelano Nicolás Maduro também decretou uma lei que proíbe as empresas de fazer demissões até 2018. Chama-se Lei da Inamovibilidade Laboral.

Na verdade, é a Lei da Inamovibilidade Real.

"A menor parcela de um experimento catastrófico"

O Globo publica um editorial forte sobre Dilma Rousseff e o fim do modelo lulopetista. O jornal fez a coisa certa ao não separar criador e criatura.


Leiam um trecho:

"Dilma é o fio condutor pelo qual o lulopetismo põe em prática o projeto dos sonhos: dirigista, concentrador de rendas da sociedade no Estado, este aparelhado pelo partido, a fim de redistribuir o dinheiro do contribuinte para fazer o “bem” ao pobres e aos empresários escolhidos para ser futuros “campeões nacionais”.

Portanto, a seriíssima crise na qual Dilma 1 embalou o Brasil precisa ser colocada numa contexto amplo. Esses 12 meses de 2015 são apenas a menor parcela de um experimento catastrófico.


Ele foi sinalizado a partir do final do primeiro mandato de Lula, quando, afastado José Dirceu da Casa Civil, Dilma, a substituta, rejeitou, por “rudimentar”, a proposta que lhe foi apresentada pelos ministros da Fazenda e Planejamento, Antonio Palocci e Paulo Bernardo, para impedir que as despesas públicas crescessem mais que o PIB.

A ideia, correta, sensata, livraria o país desta que deve ser a mais grave crise desde a provocada pela Grande Depressão americana, em 1929/30. Consta que Lula, sempre ardiloso, ordenou a Dilma matar na origem aquela proposta, contrária ao ideário do 'Estado forte'."

Como sempre dissemos, Dilma continuou o que Lula começou. O chefão petista apenas teve a sorte de contar com circunstâncias internacionais favoráveis, que evitaram o desastre completo durante os seus mandatos.

Lula e Dilma são faces de uma mesma moeda cada vez mais desvalorizada.

Corra, Lula, Corra


A tradicional corrida de São Silvestre não poderia encerrar 2015 sem a presença de seu principal personagem.




No último dia do ano, o personagem do ano

Saldo da Petrobras: 28 processos em Nova York


O Estadão informa que a Petrobras encerrou 2015 com 28 ações individuais abertas na Justiça de Nova York, nos Estados Unidos.

Os processos alegam, em sua maioria, que a estatal brasileira não cumpriu as regras do mercado de ações americano, ao não informar corretamente os investidores sobre o esquema de corrupção do Petrolão.

A Petrobras é acusada, inclusive, de inflar ativos e, assim, maquiar os números da empresa. Quando as denúncias de corrupção vieram à tona, as ações despencaram na Bolsa.

O Congresso que Dilma criou - EDITORIAL O ESTADÃO


ESTADÃO - 01/01

Nas entrevistas de final de ano, a pretexto de fazer um balanço do governo em 2015 e de projetar o futuro, os ministros da presidente Dilma Rousseff têm se empenhado em demonstrar otimismo, como se o pior para a petista – o risco de impeachment – já fosse parte do passado. Trata-se de calculada candura, pois a claque palaciana evidentemente sabe que Dilma tem sobrevivido somente à base de chicanas e conchavos, suando para sustentar no Congresso uma frágil maioria, suficiente apenas para evitar o afastamento da presidente, enquanto a Operação Lava Jato inviabiliza qualquer estratégia política com prazo superior a um par de meses. 
 
 
Portanto, o apoio de que Dilma desfruta no momento serve unicamente para mantê-la no cargo. Se quiser ir além disso e governar de fato o País, porém, a presidente contará com apoio parlamentar especialmente escasso: Dilma é hoje a governante que tem a menor sustentação na Câmara desde 2003.

Na prática, a trajetória do apoio parlamentar a Dilma é decadente desde o início de seu primeiro mandato. No entanto, conforme dados do Basômetro, aplicativo do Estado que calcula a taxa de governismo no Congresso, o ano de 2015 terminará com a petista amargando apenas 67% de sustentação. Esse porcentual representa quantos deputados votaram conforme a orientação do governo ao longo do ano, fazendo-se uma média simples de todas as votações.

O dado de 2015 não é surpreendente. No final de 2014, a taxa havia recuado nada menos que dez pontos porcentuais em relação ao final de 2013, chegando a 69%. A diferença em relação ao melhor momento dos governos petistas no Congresso é gritante: em 2004, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfrutava de 91% de governismo.

Mesmo quando a comparação é com o pior momento de Lula, o caso de Dilma se revela de fato singular. Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, o apoio ao governo caiu para 79%. Já no ano seguinte a taxa subiria para 81% – e ela jamais tornaria a ficar abaixo de 80% até o final do segundo mandato de Lula.

Quando Dilma assumiu, em 2011, ela praticamente herdou o apoio de seu padrinho, estreando com 85% de governismo. Desde então, no entanto, a taxa só faz cair, o que evidencia sua inabilidade ao lidar com o Congresso – mesmo deputados petistas não votaram sempre com o governo.

A façanha de Dilma é notável. Neste presidencialismo de coalizão, o chefe de governo praticamente compra o apoio de que necessita, por ter influência sobre a agenda do Legislativo e por ter a caneta com a qual distribui benesses, cargos e verbas. Lula, criador desse arranjo fisiológico, teve habilidade suficiente para conduzi-lo sem grandes sobressaltos, mesmo diante da crescente fragmentação partidária e dos contínuos escândalos.

Dilma, por sua vez, estabeleceu com o Congresso uma relação imperial, muito ao gosto do PT, que sempre teve a pretensão de governar sozinho. O resultado de tamanha imperícia foi que a presidente perdeu não somente apoio parlamentar, como também a capacidade de influenciar a pauta do Legislativo. O Basômetro mostra que, em 2015, apenas 37% dos projetos votados no plenário da Câmara eram de autoria da Presidência. Já o governo Lula, em sua melhor fase no Congresso, em 2004, foi responsável por 86% de todos os projetos votados naquele ano.

O pior momento de Dilma até agora coincide com uma hiperatividade da Câmara, que em 2015 teve 300 votações nominais, contra apenas 92 em 2014. Isso significa que a Câmara está levando a plenário cada vez mais projetos que poderiam ter sido aprovados em votação simbólica, após acordos de lideranças, geralmente costurados pelo governo. Ou seja, os cinco anos de incompetência política de Dilma ajudaram a transformar a Câmara num amontoado de interesses dispersos, em que cada deputado parece representar apenas a si mesmo. Considerando-se mais três anos de Dilma, tal cenário não augura nada de promissor, nem para ela nem para o País.
 
 

Maratona no escuro - FERNANDO GABEIRA


ESTADÃO - 01/01

O ano que começa hoje não é dos mais promissores. É um desses em que você diz “feliz ano-novo”, mas reconhece que é apenas uma maneira de dizer: as chances são escassas.

O ano velho terminou com uma vitória do governo no Supremo. Alguns consideram a salvação de Dilma. Se estivesse na UTI e fosse salvo por gente usando frases em latim, desconfiaria. Na penumbra do quarto pode soar como uma extrema-unção. Mais complexo, o impeachment dará tempo a ela para respirar. Resta saber o que fará com essa dose extra de oxigênio.

A troca de ministros na economia nos confunde. Caiu Joaquim Levy, subiu Nelson Barbosa. O discurso é de continuidade e o mercado parece não confiar nele. Já as forças que defendem Dilma parecem confiar no que diz o novo ministro e lamentam seu discurso. Com a manobra Dilma descontentou, simultaneamente, quem a apoia e quem a rejeita.

Indiferente às opiniões, a realidade marcha no ritmo implacável da lama de Mariana.

Crescem a inflação e o desemprego, Estados e municípios começam a dar sinais de quebradeira. Aqui, no Rio de Janeiro, a crise eclodiu na saúde, atingindo os mais pobres num momento de vulnerabilidade, buscando socorro médico nas emergências.

Este é o ano da Olimpíada. O colapso do sistema de saúde o inaugura. A festa foi programada num momento de euforia com o Brasil e com o petróleo. De lá para cá veio a a crise econômica. No caso específico do Rio, vieram o petrolão, com a ruína da Petrobrás, e as quedas no preço internacional do petróleo.

Em 2010 tive a oportunidade de mostrar a fragilidade da saúde pública no Rio, visitando hospitais, com ou sem autorização do governo. Incompetência e corrupção se entrelaçavam e os governantes escaparam com as UPAs, algumas replicadas ao longo do País como uma grande saída . Todos sabiam que não eram em si a solução.

No momento em que optaram pela Olimpíada no Rio, os governantes queriam projetar o poder de um Brasil emergente. Havia dinheiro e empreiteiras para tudo. Grande parte desse dinheiro já foi gasta. Impossível reverter o processo. O realmente necessário, no entanto, não foi procurado: a resposta a como tocar a Olimpíada num momento de crise profunda; e como evitar que o Estado se desintegrasse, num campo essencial como o da saúde.

Jamais neguei o potencial de uma Olimpíada para o turismo e a economia brasileira. Menos ainda seu papel de projetar um soft power, uma cultura e um estilo de vida do País. Mas um evento dessa magnitude pode revelar exatamente o contrário do que pretendem os políticos. Ele dramatiza a nossa fragilidade. A Baía de Guanabara está sendo projetada pelos atletas que treinam nela como um espaço imundo e perigoso.

Num ano em que os esportes olímpicos se preparam para grandes recordes, nas ruas do Rio vivem-se modalidades mais sinistras: parto na calçada, chacina de adolescentes. O governo do Rio encostou-se no petróleo e na aliança com Dilma. O petróleo caiu, Dilma apenas respira. Foi tudo vivido como se os royalties fossem crescentes e eternos.

Entramos no ano da Olimpíada com uma retaguarda problemática, manchas comprometedoras em nosso traje de gala. E somos os anfitriões.

Esse é um dos nós de 2016. Assim como os outros, já estava rolando no ano velho, mas agora o Rio passa a ser uma agenda internacional. Não apenas o Rio, mas o Brasil.

Não é fácil atrair a atenção do mundo, com esperanças de projetar poder, num Estado atingido pela combinação da crise com o escândalo na Petrobrás. Como realizar a Olimpíada despojado da visão delirante do passado, respeitando as condições reais, sem humilhar uma população vulnerável, que depende do serviço público de saúde?

A Olimpíada ficou um pouco deslocada, como se ela se desenrolasse num mundo à parte, blindado contra a crise.

De um ponto de vista político, é preciso reconsiderar tudo. A imagem de um país esbanjando progresso ficou no passado. A pergunta que todos farão é esta: como se faz Olimpíada num país em recessão, com milhões de desempregados e emergências, universidades, hospitais de ponta, como um moderno hospital do cérebro, fechados por falta de grana?

Foi um projeto nacional de grupo dominante. Dilma terá de buscar também essa resposta, aproveitando os momentos em que respira.

A qualquer instante pode voltar a asfixia paralisante. E a Olimpíada está aí. O Brasil será o foco de interesse internacional num dos momentos mais difíceis de sua História.

Sempre se começa um ano com festas e promessas. Só depois examinamos os desafios que nos esperam. A Olimpíada é, ao mesmo tempo, uma grande festa e um desafio.

Nadamos pelados na maré alta e quando ela baixa convidamos todos a nos olhar. É uma das operações de risco em 2016.

É o ano que concentrará o maior banco de dados sobre a corrupção no Brasil. Inúmeros depoimentos virão, novas investigações serão feitas, a história secreta do poder vai sendo escrita pela Operação Lava Jato e outras da Polícia Federal.

Nunca as engrenagens e os mecanismos do sistema político ficaram tão claras. O volume de dados, a claridade, tudo isso tem um poder de combustão incalculável, ao longo do ano.

Ano de imprevisíveis eleições municipais. Até que ponto a crise nacional não influirá nelas? Até que ponto a ruína das prefeituras não vai produzir maciças alternâncias? Como o resultado de todo esse enigma influenciará de novo a crise nacional?

Ano de eleição, costuma ser ano de gastança. Um governo que apenas respira, precisa produzir um novo voo de galinha na economia, uma nova ilusão de crescimento. Mas a galinha está alquebrada e precisa de um ano sabático.

O Brasil pode terminar 2016 mais pobre, como preveem os economistas. O consolo é prever que cada vez o País saberá mais, cada vez acumula mais elementos para ousar a mudança.


Mau-olhado - MERVAL PEREIRA

sexta-feira, janeiro 01, 2016

O GLOBO - 01/01

Usar a pulseira de olho grego para espantar o mau-olhado e colocar Leonel Brizola no panteão dos Heróis da Pátria, reduzindo para isso de 50 para 10 anos da morte o prazo para a homenagem, são medidas da presidente Dilma que têm o mesmo objetivo: juntar forças, do além e do pragmatismo político, para enfrentar a batalha do impeachment no Congresso.

Não se deve abstrair o fato de que Dilma, antes de ser petista, sempre foi brizolista, e a homenagem a Brizola pode também ser um sutil recado para Lula. A reafirmação da prioridade ao brizolismo pode reabrir feridas dentro do PT, que sempre teve, no seu núcleo duro, um pé atrás com a brizolista Dilma.

Mas esse seria um efeito colateral da homenagem, que tem como objetivo central agradar a essa parte da esquerda que será essencial para a luta política da próxima legislatura. Superada essa fase, no entanto, a homenagem a Brizola pode ter uma função política mais ampla, encaixando-se como uma luva em um projeto que vem sendo gestado nos bastidores do PT: a chamada frente popular de esquerda, que substituiria o petismo na disputa presidencial de 2018, mesmo que Lula venha a ser o candidato.

Isso porque o PT corre o risco de ser sacrificado na luta da Justiça contra a corrupção, mesmo que apenas simbolicamente. Mas há um risco real de acontecer com o PT o que aconteceu com a Democracia Cristã (DC), o Partido Socialista Italiano (PSI), o Partido Social-Democrata Italiano e o Partido Liberal Italiano depois da Operação Mãos Limpas: todos perderam força política e desapareceram.

Além do desprestígio, pois recente pesquisa mostrou que o PT é o partido que mais perdeu eleitores entre os jovens, há uma multa rigorosa que o Ministério Público pretende aplicar aos partidos envolvidos nos escândalos de corrupção, e não apenas o PT.

O próprio presidente Lula, sem nunca admitir, evidentemente que a razão era essa, já defendeu a formação de uma frente de esquerda para apresentar um candidato único na eleição de 2018, e o PDT estará muito bem colocado nessa frente depois da homenagem a seu fundador.

Vê-se pois que a presidente Dilma, nada afeita às negociações políticas no Congresso, começa a ter que assumir novas feições para tentar salvar o mandato, e não será surpresa se, no fim do recesso em fevereiro, estiver atuando ativamente nas negociações para remontar sua base aliada, que no momento ainda está bastante prejudicada pela impopularidade do governo.

O retorno dos congressistas de suas bases eleitorais dará uma boa ideia da influência que os eleitores tiveram, e da capacidade de a presidente Dilma lidar com essas dificuldades presumíveis.

As declarações do ministro-chefe do gabinete civil, Jaques Wagner, sobre os erros cometidos no primeiro governo Dilma dão bem a medida da tolerância que a presidente já apresenta a críticas públicas de aliados à sua atuação.

Em outros tempos seria impensável que um ministro fizesse esses comentários, mas no momento o Palácio do Planalto precisa demonstrar humildade e fazer um mea-culpa para reduzir a pressão. E Jaques Wagner não é um ministro qualquer, é provavelmente o melhor trunfo que o PT tem para apresentar na campanha presidencial de 2018 caso Lula, por alguma razão, não puder concorrer.

Aos que desconfiam que a presidente Dilma estaria alheia à grave crise que a cerca, demonstrando uma despreocupação diante da realidade em que vive, os últimos movimentos mostram que, pelo menos, ela está tentando unir o pragmatismo ao esoterismo.

Seu comentário ao dizer que vai usar o talismã grego contra o mau-olhado é sintomático dessa percepção: "Tem gente que quer que o céu caia sobre a minha cabeça, mas eu aguento bem a pressão" A conclusão da frase é que pode ser preocupante para os que estão a seu lado: "A única pessoa que pode derrotar você é você mesma"


Me dê motivo - NELSON MOTTA

O GLOBO - 01/01

Sarney fez o diabo para conseguir mais um ano de mandato e ganhou o quê? Mais 365 dias para ser desmoralizado, humilhado e execrado



Os números do Ibope são contundentes: 67% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma. Não sabem bem por qual motivo, mas querem vê-la fora do governo. Lula chegou até a culpar o machismo pela impopularidade da presidenta, mas são justamente as mulheres, 70%, contra 65% dos homens, que mais desejam o seu afastamento.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, são 75% que querem Dilma longe do palácio. E pior: entre os pobres, que ganham até um salário-mínimo, tradicional clientela eleitoral petista, 68% apoiam o impeachment. Mais até do que os ricos, que ganham acima de cinco salários: só 66% deles são pró-impeachment.

São mais de dois terços dos brasileiros, cerca de 130 milhões de cidadãos, que querem o impeachment, enquanto pouco menos de um terço é contra. Uma maioria avassaladora e qualificada, que, se representada no Congresso, tem poder até para mudar a Constituição.

Com as mesmas intolerância e radicalismo que agora o atingem, o PT pediu o impeachment de Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique no Congresso. Perdeu os três, e acabou contribuindo para os adversários ganharem uma sobrevida e se fortalecerem na reafirmação de sua legitimidade.

É o melhor que pode acontecer a Dilma. Ser processada pelo Congresso e absolvida por uma maioria, que não garante apoio a seu governo e a faz refém dos seus salvadores. E continuará ladeira abaixo como um Sarney sem jaquetão. Sarney fez o diabo para conseguir cinco anos de mandato e ganhou o quê? Mais 365 dias para ser desmoralizado, humilhado, desprezado e execrado.

Todos já sabem que os maiores beneficiários de um improvável impeachment seriam Lula e o PT, que se livrariam de Dilma, passariam à oposição como vítimas de um golpe “da direita”, e iriam até 2018 gritando contra a crise que deixaram e prometendo redenção.


 
Muita gente é contra o impeachment, não por amor a Dilma, mas pelos mesmos motivos de Fernanda Torres: “porque livrará o PT da responsabilidade pela atual crise e, só atravessando a fase aguda da infecção, com todos os envolvidos presentes, ganharemos imunidade contra o populismo de esquerda e o oportunismo de direita.”