quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O preço de um pãozinho quente.





Os moradores do Park Way, há mais de duas décadas, vêm lutando contra oportunistas com interesses em atividades comerciais em geral, incluindo até mesmo postos de gasolina que geram grande impacto ao nosso bairro por ser uma área de proteção ambiental. O sucesso conquistado até agora foi fruto de uma união que fortaleceu os laços de quem vive e respeita esse que é o "pulmão" do Plano Piloto. 


Por isso mesmo, causou-nos estranheza a matéria publicada no CB dia 18 deste mês,  sobre a reunião do LUOS. Nela, um morador lamentou com destaque  que o Park Way não dispusesse de um comércio apto a fornecer, por exemplo,  pão fresco aos seus moradores.


Afirmou inclusive que, caso fossem implantadas padarias perto das casas dos moradores, o trânsito se tornaria melhor.


Não vemos, contudo,  como a implantação de estabelecimentos comerciais dentro do Park Way, ou em qualquer outro bairro, poderia melhorar o trânsito de automóveis, uma vez que o comércio acarretaria um fluxo de veículos de abastecimento dos produtos e de clientela.


Assim, além do aumento no fluxo de veículos, relaciono abaixo outros problemas decorrentes da implantação de comércio no Park Way:


-Devido à baixa densidade populacional do Park Way, é provável que qualquer atividade comercial venha com o tempo a sofrer o impacto da falta de demanda. O estabelecimento poderá fechar ou mudar de destinação;


-Tendo em vista ser o bairro composto por grandes áreas fica difícil garantir a segurança e a fiscalização dos estabelecimentos comerciais;


-O Park Way não possui um adensamento populacional que justifique um sistema de transporte eficiente. Assim, os funcionários trazidos pelo comércio não poderão se deslocar com facilidade;


-Caso o comércio fique localizado perto da EPIA ou de outra rodovia com grande afluxo de pessoas, a alta demanda atrairá um grande numero de pessoas de outras Ras com o consequente agravamento do trânsito de veículos,  pedintes, moradores de rua, flanelinhas e obviamente assaltantes que entrarão com facilidade pela EPIA e fugirão com a mesma presteza.


-O Park Way não dispõe de infraestrutura de saneamento básico, uma vez que a baixa densidade populacional não compensa o custo da implantação;


- O Park Way faz parte da Reserva da Biosfera do Cerrado onde qualquer adensamento populacional ou de veículos é firmemente desestimulado, assim como a impermeabilização do solo e o desmatamento, decorrentes de atividades comerciais. A preservação das áreas verdes e as florestas e matas ciliares do Park Way é de suma importância para a manutenção dos córregos que vão alimentar o Lago Paranoá.


Por outro lado, a oferta de bens e de serviços pode ser encontrada em localidades vizinhas como o Núcleo Bandeirante, Santa Maria, Aguas Claras, Guará, Lago Sul, etc... O ônus dos deslocamentos dos moradores para as áreas de comercio vizinhas é infinitamente menor do que a exposição aos desafios e prejuízos inerentes à uma estrutura comercial;


A baixa demanda ao empreendimento comercial e até mesmo aos equipamentos públicos (exemplo é o baixo interesse da população pelos PECs) provocará o abandono dos mesmos e/ ou a mudança de destinação para atividades menos adequadas à finalidade do bairro que é hoje exclusivamente residencial.

Diante do exposto, a Associação Park Way Residencial-APWR defende o ponto de vista de  uma grande parcela dos moradores locais que não abre mão de manter nosso bairro exclusivamente residencial apoiado no conceito de condomínios horizontais de até oito unidades ou, ainda, de unidades individuais.


Sebastião Boechat
morador do Park Way e ex presidente de associação de moradores.

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