sábado, 10 de dezembro de 2016

Cidade suíça utiliza árvores para amenizar o efeito das ilhas de calor

O ambiente urbano é notavelmente mais quente. A diferença de temperatura entre as áreas urbanas e as zonas rurais pode chegar a 4-5ºC. Esse contraste térmico, associado às ilhas de calor urbanas, pode provocar alterações na umidade do ar, nas chuvas e vento. As cidades têm estrutura que favorecem seu aquecimento: edifícios, indústrias e área asfaltada. O que, aliado aos recordes consecutivos do aquecimento global,  faz com que se busque novas estratégias para restringir o avanço dos termômetros nas cidades. Na Suíça, a estratégia é plantar árvores.


É disso que trata um projeto piloto realizado no município mais quente da Suíça: Sion.

Segundo o Serviço de Urbanismo e Cidadania da prefeitura, a temperatura média de Sion subiu 1°C nos últimos 20 anos. A iniciativa é parte de uma estratégia federal chamada Acclimatasion que parte dos pressupostos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e leva em conta que o efeito das ilhas de calor nas cidades será potencializado. O que representa um impacto negativo na qualidade de vida e na saúde dos moradores. Além de afetar a biodiversidade da região e tornar a cidade mais vulnerável à inundações e tempestades.

Caso precisasse ser designado por uma imagem, o projeto seria ilustrado por extensas áreas verdes, repletas de árvores.
(Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho/WikiCommons)
(Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho/WikiCommons)

Plantar árvores como estratégia

Segundo informações do Escritório Federal para o Ambiente da Suíça, a relação entre as alterações climáticas e a vegetação arbórea nas cidades é mal compreendida. Entre os principais benefícios da vegetação urbana, Sion lista:
  • Árvores podem fornecer a mesma frescura que cinco condicionadores de ar.
  • Em um dia ensolarado, um telhado regular pode chegar a 80ºC enquanto um telhado verde atingiria 30ºC.
O centro da cidade já recebeu algumas medidas de adaptação. Onde antes existia um estacionamento na avenida Roger Bonvin, agora existe uma área que recebeu 700 plátanos e 5.000m² de superfície verde. Além disso, o solo se tornou permeável, o que auxilia no umedecimento do ar e proporciona um microclima agradável. As árvores ainda estão com poucas folhas, mas a expectativa é que o clima se torne ainda mais ameno com o crescimento delas. Algumas fotos do local:
(Divulgação: sion.ch)
(Divulgação: sion.ch)

(Divulgação: sion.ch)
(Divulgação: sion.ch)


O projeto, no entanto, não se limita às áreas públicas. O governo mobilizou também proprietários de terrenos privados para que a cidade ganhasse ainda mais áreas verdes. Apesar de ser uma das estratégias de combate ao aquecimento global, o reflorestamento precisa ser feito em vasta escala. Ainda assim, as emissões de gases que intensificam o efeito estufa precisam ser reduzidas diretamente na origem, pois as árvores servem para amenizar o microclima urbano, mas não têm força suficiente para vencer as emissões geradas. A relação entre esses elementos é esclarecida nessa reportagem do Uol.


Em entrevista para a mesma reportagem, Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), destaca como “um parque inteiro não sequestra nem o emitido por dez ônibus”, tomando a cidade de São Paulo como exemplo.


O projeto suíço serve, portanto, como um conjunto de bons exemplos que auxiliam os tomadores de decisão e a população a perceber instrumentos que, apesar do aquecimento global, podem favorecer a qualidade de vida e a preservação da cidade como um todo. Nesse sentido, o planejamento urbano pode e deve ser um forte aliado ao processo de adaptação das cidades contra o avanço do clima.


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