terça-feira, 5 de julho de 2016

Novidades nas águas do Velho Chico

Por Vandré Fonseca
As espécies descobertas na Bacia do São Francisco cabem na palma da mão, mas indicam um ambiente natural ainda saudável. Foto: CBMAlves.
As espécies descobertas na Bacia do São Francisco cabem na palma da mão, mas indicam um 
ambiente natural ainda saudável. Foto: CBMAlves.


Eles são dois bagrinhos, que cabem na palma da mão, parentes próximos um do outro, pertencem ao mesmo gênero: Bunocephalus. O B. hartii é o maiorzinho, com até 6 centímetros de comprimento. Ele tem coloração bege e pontos marrom-claro e manchas marrom-escuro no dorso. Já o B. minerim só chega a 4 centímetros de comprimento e também é bege, com manchas marrons.


Os peixinhos vivem no fundo dos rios, na Bacia do São Francisco, no norte de Minas Gerais, se protegendo nas folhas acumuladas. E a presença deles, de acordo com os responsáveis pela descoberta, é um sinal positivo, pois indica bom estado de conservação do ambiente. "Percebemos também que suas presenças indicam que esse micro-habitat [os fundos dos rios] estão equilibrados”, afirma o professor Carlos Mascarenhas Alves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Portanto, elas só são encontradas em regiões conservadas, o que indica a importância de manter a proteção desses locais."

O professor alerta para as ameaças ao trecho mineiro da Bacia do São Francisco, como o esgoto não tratado despejado nos rios, além do desmatamento, a mineração e a agropecuária, que afetam as matas ciliares. Ele explica que o assoreamento, provocado pela degradação da vegetação nas margens dos rios, vai impactar diretamente espécies que vivem no fundo do rio, como as duas recém-descobertas.

A descrição das espécies foi publicada na revista científica Neotropical Ichthyology, da Sociedade Brasileira de Ictiologia. A pesquisa teve apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. De acordo com os autores do estudo, mais de 14,2 milhões de pessoas em 521 municípios dependem ou precisam das águas da Bacia do São Francisco.


Inseto cego
118600_webÉ um inseto amarelado e pequeno, com apenas 3 milímetros de comprimento. E não tem olhos, e se tivesse eles teriam pouca utilidade. Apesar de serem conhecidas mais de 12.500 espécies do grupo em todo o mundo, a recém-descoberta se destaca também por ser a segunda no Brasil e viver exclusivamente em ambiente subterrâneo.


A descoberta foi descrita na revista científica de acesso aberto Deutsche Entomologische Zeitschrift, por uma equipe do Centro de Estudos em Biologia Subterrânea, da Universidade Federal de Lavras (MG).Ainda na Bacia do São Francisco, mas em cavernas localizadas alguns quilômetros ao norte, já no município baiano de Iuiú, foi descoberta uma surpreendente espécie de inseto cego. Batizado do Iuiuia caeca, representa também um novo gênero de insetos do grupo dos fulgoromorfos, uma infraordem de insetos que podem parecer externamente com folhas ou plantas.


Os pesquisadores acreditam que seja uma espécie endêmica e rara, já que não foi encontrada em habitats subterrâneos próximos. Apesar da caverna onde ele foi achado não ter sinais de visitas humanas, há uma preocupação quanto a preservação do local. Os pesquisadores afirmam que está sendo avaliado o potencial para a extração de pedra calcária na região.


Saiba Mais
Two new species of the banjo catfishBunocephalus Kner (Siluriformes: Aspredinidae) from the upper and middle rio São Francisco basins, Brazil. Tiago P. Carvalho 1   , Alexandre R. Cardoso 2   , John P. Friel 3   , Roberto E. Reis 4
Hoch H, Ferreira RL (2016) Iuiuia ceco gen. n., sp. n., uma nova Planthopper troglóbios na família Kinnaridae (Hemiptera, Fulgoromorpha) do Brasil. Deutsche Entomologische Zeitschrift 63 (2): 171-181. doi: 10,3897 / dez.63.8432.

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