sábado, 28 de maio de 2016

Educação.O Brasil no Pisa: a base e o topo

Boletim IDados – O Brasil no Pisa: a base e o topo

Publicado em maio 27, 2016 por



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Um reexame dos resultados do Pisa 2012 apresenta duas informações que ainda não foram objeto de análise: o que acontece nos extremos, na base e no topo, com os melhores e piores alunos.
  • Em média nossos alunos estão 100 pontos abaixo da média dos países da OCDE.
  • Em média nossos melhores alunos – a elite acadêmica brasileira – estão 100 pontos abaixo da média das elites dos países da OCDE.
O estudo realizado pelo IDados, que integra o Instituto Alfa e Beto, revela que os 5% piores alunos têm melhorado significativamente o seu desempenho, e isso ajuda a explicar o aumento da média.

No entanto esse resultado precisa ser analisado com cautela por três razões apontadas no relatório.

Primeiro, há melhoria, mas ela se deve em grande parte à mudança nos critérios de avaliação da prova, que passou a ter mais perguntas muito simples. A esmagadora maioria dos brasileiros ainda se encontra abaixo do ponto de corte considerado mínimo adequado para alunos de 15 anos de idade.

Segundo, as melhorias se explicam sobretudo pela inclusão de mais alunos na Pré-escola, processo que já está praticamente concluído, e, portanto, não deverá contribuir para melhorar os resultados dos piores alunos.

Terceiro, já se nota uma inflexão nos últimos anos. Ou seja: houve melhoria no nível inferior, mas ela ainda reflete um sistema de ensino extremamente deficiente, tanto no nível inferior quando na média.

O dado mais importante refere-se ao comportamento dos melhores alunos, os 5% que se situam no topo da distribuição. Esse grupo de melhores alunos brasileiros se compara com o grupo do aluno médio dos países da OCDE.

Ou seja: o grupo de elite, no Brasil, se compara com o grupo médio dos países mais avançados.

Esses resultados também encontram-se estagnados, ou seja, o nível acadêmico de nossas elites não está avançando – ao passo que isso vem ocorrendo com velocidade cada vez maior em diversos países da Europa e da Ásia com os quais concorremos na economia globalizada.

O fato deve merecer atenção da sociedade na medida em que há fortes evidências que mostram a relação entre a qualidade das elites e o ritmo de crescimento do PIB e a estabilidade das instituições que viabilizam uma cultura de desenvolvimento e uma economia de mercado.


O Boletim do IDados apresenta três temas como sugestão para aprofundar esse debate. O primeiro refere-se à qualidade acadêmica das elites – por que elas apresentam resultados tão medíocres em relação ao resto do mundo e que políticas poderiam ser adotadas para mudar esse vetor?


O segundo tema refere-se às melhorias na base, ou seja, dado que não há mais fatores externos à escola para explicar a melhoria dos piores alunos, que bases teremos para esperar que os resultados no Pisa irão melhorar nos próximos anos?


A terceira questão vai além do Pisa, mas decorre da análise de seus resultados: a se manter o atual ritmo, o Brasil levaria até o ano de 2060 para alcançar o nível de desempenho atual dos países da OCDE. Que medidas o Brasil precisaria tomar para dar um salto de qualidade na educação?

Para mais informações e consulta a todas as edições do Boletim IDados da Educação acesse: www.alfaebeto.org/idados

in EcoDebate, 27/05/2016

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