sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dilma "sempre esteve a par" de Pasadena




Dilma Rousseff também foi citada por Nestor Cerveró em seus relatos à Lava Jato.
Um trecho reproduzido pela Veja diz:

"Dilma incentivou Nestor Cerveró para acelerar as tratativas sobre Pasadena e sempre esteve a par de tudo que ocorreu na compra daquela refinaria".

A Lava Jato não investiga pessoas, investiga fatos.Lula é um fato


O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima deu uma entrevista à Veja.

A revista perguntou-lhe se Lula está sendo investigado pela Lava Jato.

Ele respondeu:

"O ex-presidente era o responsável pelo governo. Não estou dizendo com isso que as investigações chegarão a Lula. A Lava Jato não investiga pessoas, investiga fatos. Se a Lava Jato chegar ao ex-presidente, vai chegar com uma acusação sólida, com uma denúncia apresentada pelo Ministério Público baseada em fatos concretos, comprovados".
Traduzindo:

A Lava Jato ainda não fechou a denúncia contra Lula, pois sabe que ela tem de ser definitiva, mas quando ela for fechada, Lula não escapará.

4 milhões de dólares da Odebrecht para Lula





Além da propina de Angola, a campanha de Lula ganhou propina também em Pasadena.


Nestor Cerveró revelou à Lava Jato que, em 2006, houve uma reunião para acertar a contratação da Odebrecht para as obras de recauchutagem da refinaria americana.


Participaram da reunião Márcio Faria e Rogério Araújo (diretores da Odebrecht), e Nestor Cerveró, Renato Duque e Paulo Roberto Costa (diretores da Petrobras).


Eles combinaram que a empreiteira ganharia um contrato no valor de até 4 bilhões de dólares.


Para tanto, disse Nestor Cerveró no depoimento obtido pela Veja, "foi acertado que a Odebrecht faria o adiantamento de 4 milhões de dólares para a campanha de Lula, o que foi feito".

Quando o "politicamente correto" vira mordaça.

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Apesar do forte quadro recessivo, o pior ainda está por vir


Murillo de Aragão
 
O Tempo
A economia continuará trazendo más notícias para o governo em 2016. Como consequência, os climas político e social continuarão a ser desafiadores. O mercado, o Planalto e o mundo político fazem previsões pessimistas em todas as frentes.


Logo no seu início, o próximo ano reunirá um conjunto de eventos negativos para os consumidores:
 1) o pagamento das compras feitas para as festas de Natal, que deverá ser um dos piores para o comércio, ocorrerá poucas semanas depois de iniciado o ano;
2) o pagamento de impostos também se concentrará nos primeiros dias de 2106;
3) grande quantidade de empregados demitidos no segundo semestre deixará de receber as parcelas do seguro-desemprego, sofrendo forte impacto restritivo no seu poder aquisitivo.


Todos esses fatores serão temperados pela inflação alta e pela queda de renda do trabalhador, já que muitos acordos salariais mal conseguiram repor as perdas da inflação. Tal quadro aumenta o risco de inadimplência. O mercado acredita que 2016 terá um primeiro semestre bastante negativo, com previsões de um PIB aproximando-se de -3%.

É por isso que muitos estudiosos dizem que, apesar do forte quadro recessivo de hoje, o pior ainda está por vir.


AJUSTE COMPROMETIDO
Considerando-se a grave situação fiscal, a capacidade de o governo estimular a economia por meio de concessões tributárias para empresas estará profundamente comprometida. A queda do PIB deve reduzir ainda mais a arrecadação, e, sem crescimento da receita tributária, não há como virar a página do ajuste.


Hoje, o governo enfrenta problemas em várias frentes. O desempenho da economia está ruim. O apoio político no Congresso é instável. Escândalos de corrupção não param de ser revelados. A popularidade da presidente permanece baixa, mas ainda não há gente nas ruas pressionando o governo, a exemplo do que aconteceu em 2013. A combinação de tantos eventos negativos pode ser o estímulo para que isso aconteça. Os políticos costumam jogar com a ocupação das ruas como fato determinante para a aprovação do impeachment.


Como em 2013, quando houve a Copa das Confederações e muitos queriam aproveitar a oportunidade para chamar a atenção do governo para suas reivindicações, teremos em 2016 os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. As partidas de futebol, no entanto, se realizarão em outras cidades do país. Tal como em 2014, as atenções do mundo estarão voltadas para o Brasil, oferecendo a oportunidade ideal para os protestos.


A GOTA D’ÁGUA
Dúvida: a população aceitará a criação da CPMF diante desse quadro? Essa pode ser a gota d’água, assim como foi o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em 2013. Ciente dessa safra desfavorável para o governo, a oposição não achará tão ruim se decisões sensíveis, como aumento de impostos, disputas judiciais – investigação do TSE sobre a chapa do PT – e tentativas de interromper o mandato da presidente, fiquem para o ano que vem.

Vitória de Pirro


Votação do veto 26 mostrou que a base aliada já era…

Carlos Chagas
É conhecida a história. Depois da batalha em que venceu os adversários, Pirro anunciou que outro embate daqueles exterminaria seu reino. Desde o fim da noite de terça-feira e durante todo o dia de ontem não se registrou uma única comemoração no palácio do Planalto por conta da vitória do governo com a manutenção do veto da presidente Dilma ao aumento dos servidores do Judiciário.

A razão é simples: a derrota esteve muito próxima. Dos 513 deputados, apenas 132 votaram pela permanência do veto. Abstiveram-se onze e se opuseram 251. Quer dizer, faltaram apenas seis deputados para infligir a Madame o sucesso da rebelião em suas bases.


Esfrangalhou-se a tal maioria de que o governo dispôs desde o primeiro mandato do Lula. Apesar de PT, PMDB, PP e penduricalhos alardearem integrar formidável base governista, só conseguiram reunir 132 seguidores fiéis. Os detentores do poder encontram-se a um passo de despencar. Imagine-se a tremedeira que irá assolar o conjunto cada vez menor, caso o deputado Eduardo Cunha aceite fazer tramitar o pedido de impeachment da presidente. Bem como durante a votação da nova CPMF, prevista para março.


Por enquanto não se aceitará a afirmação de que o governo acabou, mas é quase isso. Faltam três anos de conflitos e confrontos, se não vingar o afastamento de Dilma, mas será um período de turbulências. O PMDB tornou-se inconfiável. Até no PT houve quem se insurgisse contra o veto presidencial. Mesmo com o fisiologismo correndo solto na Esplanada dos Ministérios, o governo balança diante da tempestade que se aproxima.


Imaginar sua rápida recuperação e a perspectiva do fim da crise econômica virou exercício de fantasia. Não há certeza de nada, exceção de que o país não aguentará muito mais tempo sem uma reforma profunda. Promovida por quem?


EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO
Não há como evitar a conclusão: a queda das barragens poluídas em Mariana constitui evidência dos males da privatização. Desde Getúlio Vargas que a Vale sustentava boa parte da economia nacional como empresa estatal.


Mesmo sujeita aos exageros do empreguismo e da burocracia, sempre foi penhor de eficiência. Privatizada pelo sociólogo e pelas facilidades do BNDES, viu-se endeusada no altar do neoliberalismo, pois passou a dar lucros cada vez maiores.


O resultado aí está: o maior desastre ecológico de nossa História, com amplas chances de multiplicar-se ainda mais. A solução para o governo será multar a companhia, nem tanto quanto devia, e ponto final.


Fossem os companheiros dignos dos tempos de fundação do PT e a Vale já estaria estatizada por um simples decreto da presidente da República. Bem como seus proprietários a caminho da cadeia.

Joaquim Barbosa critica interesse de políticos por dinheiro


O ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa
Barbosa também é contra a repatriação de dinheiro sujo

Anderson Bandeira
Estado

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, acha que uma das razões para a crise política e econômica por que passa o País é provocada pela desmoralização das instituições partidárias e pelos interesses financeiros de “boa parte dos políticos”.

“Nós assistimos, nos últimos tempos, de maneira quase que cotidiana, a uma guerra de foice entre grupos políticos que, a meu ver, deixa claro o que realmente é prioridade ao chamado estamento político do país. O que interessa para boa parte desse estamento político é uma única coisa: dinheiro”, disse o magistrado durante a 16ª Convenção Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, realizada no Recife.

Para o ex-ministro do Supremo, apesar de contarem com a “bagatela de quase R$ 1 bilhão, por ano, do Fundo Partidário”, os partidos não estão satisfeitos com todo esse dinheiro e querem mais. “Eles querem também o dinheiro das empresas para dar continuidade a essa relação de promiscuidade que existe entre certos políticos e certas empresas. Não são todas, é claro”, ressaltou Barbosa, em palestra proferida horas depois de, por unanimidade, o Supremo considerar inconstitucional o dispositivo aprovado recentemente pelo Congresso que permitia a ocultação de doações feitas indiretamente a candidatos, por intermédio dos partidos.

A CULPA É DO ELEITOR
Apesar do descontentamento de parcela da sociedade e da oposição com o rumo das políticas públicas conduzidas pelo Planalto, Barbosa avaliou que não cabe ao STF corrigir eventuais erros da classe política. “O Judiciário não é remédio contra as escolhas políticas ruins feitas por nós, cidadãos, ou pelos nossos representantes. Não faz parte do papel do Poder Judiciário corrigir políticas públicas nas quais não concordamos, ainda que elas sejam ruins”, disse.

Barbosa também condenou a aprovação do projeto de repatriação dos recursos mantidos por brasileiros no exterior, aprovado semana passada pela Câmara, com apoio do governo federal. A iniciativa é parte do pacote fiscal apresentado pelo Planalto. Para o ex-presidente do STF, boa parte dos recursos é de “origem duvidosa e preocupante”, e o que chama a atenção é a amplitude de interesses pela aprovação da matéria. “Não deixa dúvida que essa medida é apoiada pelo governo de maneira irresponsável e sem medir as consequências”, criticou.

Tragédia do Rio Doce – o impacto que a mídia esconde


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A grande mídia precisa revelar as reais dimensões da tragédia


Marcela Rodrigues
 
Site Pátria Latina


É notória a espetacularização dos acontecimentos no Rio Doce desde o rompimento da barragem da Samarco, mineradora que compõe a holding de mineração da Vale.


Infelizmente, o espetáculo de devastação que vimos até agora não é o pior que pode acontecer àquela região e seu povo. Primeiro é preciso entender o básico do processo de uma atividade de mineração. A obtenção do minério compreende as etapas de lavra – que é o processo de retirada do minério da jazida – e beneficiamento, que consiste no tratamento para preparar, concentrar ou purificar minérios, visando extrair o material de interesse econômico, ou seja, o produto final da atividade mineradora.


A lama de rejeito é, resumidamente, uma composição de resto de solo com todo o material químico utilizado para segregar o produto final, portanto, tóxica tanto pela sua composição quanto pela concentração e volume dos compostos químicos presentes.



Em segundo lugar, há de se diferenciar a barragem de rejeitos de uma barragem hidráulica.

As barragens constituídas com rejeitos se comportam basicamente como aterros hidráulicos (aterro de material fluido) e não para reter cursos d’água.


O objetivo final da barragem de rejeitos é sedimentar, compactar ou simplesmente endurecer o fluido dentro de um espaço impermeável para que não haja infiltração e contaminação do solo e dos corpos hídricos (subterrâneos ou superficiais) tornando aquele pedaço de chão inócuo, porém seguramente isolado.

É exatamente o inverso disso que ocorre com o rompimento da barragem. Essa sedimentação passará a ocorrer no leito do rio, afinal, o rejeito é mais denso e pesado do que a água, que não poderá simplesmente dissolvê-lo.


PERCENTUAL DE ARSÊNIO
Para termos ideia do que o contato dos rejeitos com o curso do Rio Doce representa, o máximo do metal arsênio permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), através da Resolução Conama 357 de 2005, é de 0,01 mg/L, enquanto a quantidade encontrada na amostra divulgada pelo prefeito de Baixo Guandu – ES, Neto Barros (PCdoB), foi de 2,6394 mg/L. Essa mesma amostra apontou a presença de metais como mercúrio, alumínio, ferro, chumbo, boro, bário, cobre, entre outros.


O contato com esses metais provoca a redução da capacidade de autodepuração das águas e a contaminação da água subterrânea, sujeitando à acumulação de metais tóxicos em cada estágio sucessivo da cadeia alimentar, com ameaça aos consumidores – inclusive humanos – através da ingestão de peixes e água, e comprometendo a agropecuária. 


Para efeito de comparação, o Pará, outro estado produtor de ferro e concessionário da Vale, identificou em análises feitas em comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós a presença de 59 mg/g de mercúrio em indivíduos, sendo que o total permitido é de 0,0002 mg/L Hg, mesmo décadas após o encerramento das atividades em Serra Pelada.


PIOR DO QUE SE IMAGINA
As consequências da tragédia que envolve milhares de pessoas daquela região são ainda piores do que tem sido divulgado. É verdade que algumas espécies endêmicas da Mata Atlântica podem vir a desaparecer, mas o drama maior envolve as espécies que sobreviveram e que tiveram sua única forma de acesso aos direitos básicos da vida, como dessedentação e alimentação, comprometidos por contaminação com prazo a perder de vista. 

Por enquanto, aguardamos o plano anunciado pela empresa, enquanto observamos a contaminação seguir para o mar. Infelizmente a pior parte dessa tragédia não se pode enxergar a olho nu.
 
                                                 (artigo enviado pelo jornalista Valter Xéu)

Xô! Rollemberg defende saída de manifestantes do gramado do Congresso Governador vai a Renan Calheiros e pede o fim do acampamento

Distrito Federal

Publicado: 19 de novembro de 2015 às 17:19
Diario do Poder

O governador do DF afirma que sua posição se deve à preocupação com conflitos. (Foto: Jane de Araújo/Ag Senado)
O presidente do Senado, Renan Calheiros, recebeu nesta quinta-feira (19) o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, para tratar da situação dos manifestantes acampados no gramado do Congresso. O governador defendeu a retirada dos acampamentos por questões de segurança. Seria, na opinião, dele uma medida preventiva, para evitar conflitos entre os grupos de diferentes correntes políticas.
  Na sessão do Congresso desta quarta-feira (18), Calheiros disse ser favorável à retirada dos manifestantes, mas alegou que não poderia tomar a decisão de retirá-los sozinho. Caberia também ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.


Depois de ouvir reclamações de parlamentares sobre os tumultos e brigas no gramado, o presidente do Senado disse que pediria à Polícia Militar e à Polícia Federal que investiguem a existência de armas com os manifestantes:


— Há um ato antigo do Congresso determinando que para haver ocupação dessa área é preciso anuência conjunta dos presidentes da Câmara e do Senado. Não posso sozinho autorizar ou mandar as pessoas serem retiradas dali. Tem que ser uma decisão conjunta. Vou conversar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mais uma vez, em função dos fatos novos acontecidos — afirmou.


Na tarde de quarta-feira, o gramado foi palco de manifestações que terminaram com briga, tiros e duas pessoas presas. No local, estão acampados manifestantes em prol do impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, defensores de uma intervenção militar e militantes da CUT e MST.

'Impeachment será decidido este ano', diz Cunha



Alvo de rebelião no plenário, presidente da Câmara voltou a fazer acenos à oposição


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ)(GUSTAVO LIMA/Agência Brasil)
Depois de ser alvo de uma rebelião iniciada por deputados de oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez um aceno aos opositores de Dilma Rousseff e anunciou nesta quinta-feira que "com certeza absoluta" dará uma resposta aos pedidos de impeachment da petista ainda neste ano.


A declaração foi dada uma semana depois que o PSDB rompeu com Eduardo Cunha e passou a tomar frente da pressão pelo afastamento dele do comando da Casa. Alegando, oficialmente, não estarem convencidos sobre as explicações dadas pelo peemedebista acerca das denúncias de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras, os tucanos romperam com Cunha motivados também pela irritação com a demora sobre o posicionamento acerca do impeachment de Dilma.


Acusado pela Procuradoria-Geral da República de envolvimento no petrolão e alvo de um processo que pode resultar em sua cassação, Cunha vinha negociando com governo e oposição para se manter no cargo - como presidente da Casa, ele tem a prerrogativa de decidir sozinho sobre o andamento dos pedidos de impeachment. 


Ao passo que a oposição rompeu com o peemedebista, as negociações de Cunha com o Planalto esquentaram.


Ao negar as especulações de que a decisão ficaria somente para 2016, ele foi taxativo: "Eu não falei isso para ninguém. Com certeza absoluta será decidido neste ano. Não tem nada que ficar para 2016, tanto que essa semana eu decidi quatro [pedidos], e decido mais provavelmente hoje ou segunda.


Não há nenhuma mudança em relação a isso", disse.


Nesta quinta-feira, o peemedebista foi vaiado em plenário por deputados que condenaram as manobras de seus aliados para barrar os trabalhos no Conselho de Ética, que o investiga. Aos gritos de "vergonha" e "Fora, Cunha", a sessão acabou esvaziada e foi concluída sem a votação de uma medida provisória. O presidente da Câmara, ao comentar o episódio, atacou o PT: "Os meus adversários querem, aos gritos, tentar obter depois da eleição aquilo que não obtiveram. Tem uns do PT que afirmam que tentam o golpe contra eles, mas tentam dar o mesmo golpe", disse.


Sobre o episódio, Cunha afirmou que a "Casa não vai ser conduzida debaixo de grito" e que declarou que há uma "série de irregularidades" em seu processo que podem ser alvo de recursos no próprio âmbito legislativo ou no Supremo Tribunal Federal. "Houve violações regimentais e cerceamento de defesa", disse, repetindo críticas sobre o relator do processo no Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP), e a condução dos trabalhos no Conselho de Ética.


"Para mim, a decisão do plenário é absolutamente irrelevante. Tudo que iria acontecer ou deixaria de acontecer seria facilmente derrubado pelas aberrações que foram feitas desde o início da manhã", continuou. Cunha negou ter ficado constrangido nesta quinta-feira e creditou o episódio a um "processo político" comandado por opositores. "Já estou vivenciando esse processo há um tempo e nada disso vai mudar meu comportamento", afirmou.

  VEJA

Cunha chama de "aberração" sessão do Conselho de Ética



De Brasília
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alvo de acusações de corrupção

  • O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alvo de acusações de corrupção
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se disse vítima de golpe por parte de alguns parlamentares petistas e chamou de "aberração" a sessão do Conselho de Ética desta quinta-feira (19). 


"Na prática, tem uns do PT que reclamam que tem golpe contra eles, mas tentam dar o mesmo golpe. Isso que aconteceu", afirmou. "Este processo é político. Politicamente, os meus adversários, aos gritos, entre eles vários do PT, querem tentar aquilo que não obtiveram na eleição", disse, em referência à disputa pela presidência da Câmara, quando Cunha derrotou o petista Arlindo Chinaglia.


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Mesmo diante da revogação da decisão da Mesa Diretora suspendendo a sessão desta manhã, os parlamentares contrários a Cunha fizeram uma sessão informal do Conselho de Ética que acabou se tornando um ato político contra o presidente da Casa. "O presidente do Conselho de Ética é que hoje, ao que me parece, desrespeitou o regimento", disse Cunha. "Me parece que estão querendo atropelar o regimento interno e a Constituição visando buscar outro tipo de coisa".



O presidente da Câmara negou que ele e seus aliados tenham manobrado para impedir a votação no Conselho de Ética. "Não fiz manobra nenhuma nem vou fazer. Não há razão para isso. Não estou preocupado", disse.


Cunha minimizou as críticas feitas a ele durante a sessão plenária, de que estaria manobrando para evitar o andamento de seu processo de cassação, e disse que a suspensão da decisão de anular a reunião do Conselho Ética foi um ato simbólico.


 "Isso foi um gesto para mostrar que efetivamente eu não estava preocupado com a decisão [do Conselho de Ética]. Eu o fiz depois que acabou o tumulto. Debaixo do tumulto eu não faria", disse.


A sessão plenária foi esvaziada após um discurso duro da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). Colocada de pé em sua cadeira de rodas, ela falou cara a cara com o presidente. Seus pares ficaram em silêncio. "Chega, senhor presidente. O senhor não consegue mais presidir. Levante desta cadeira, Eduardo Cunha, por favor."

 Cunha negou que tenha receio de perder apoio para continuar na presidência da Casa e disse que não vai se constranger. "Já estou vivendo esse processo faz um tempo e nada disso vai mudar meu comportamento", disse. "Não vejo nem que enfraquece nem que fortalece."


Ele reforçou que apresentará uma defesa consistente e voltou a criticar o cerceamento de defesa no Conselho de Ética. "Para mim está configurado uma série de irregularidades", afirmou, ressaltando que pode recorrer dos procedimentos do Conselho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo que chamou de "violações regimentais e cerceamento de defesa". "Meus advogados vão falar no tempo devido e fazer os recursos que acharem que devem", disse.
  
Cunha disse ainda que "não perderia tempo" respondendo ao PSOL, que o acusou de usar o cargo para se defender. "O PSOL faz toda hora uma coisa, não dá para levar em consideração", disse.


A sessão do Conselho de Ética para a leitura do relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) ficou marcada para a próxima terça-feira (24). Como está previsto que os aliados de Cunha pedirão vista, a votação do parecer prévio pela admissibilidade do processo contra o peemedebista ocorrerá só no dia 1º de dezembro.



As transformações de Eduardo Cunha



Manifestação de trabalhadores do Sintel-RJ (Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação do Rio de Janeiro) em 1992 contra Eduardo Cunha, então presidente da Telerj indicado pelo ex-presidente Fernando Collor Divulgação/Sintel-RJ

Justiça suíça aponta mais de 120 transações suspeitas sobre Copas-18 e 2022



AFP
Em Doha



Os escândalos da Fifa sob o comando de Joseph Blatter



Caso ISL - A International Sport and Leisure (ISL) era a empresa suíça que administrava os direitos de distribuição e comercialização da Copa do Mundo. Faliu em 2001 com déficit de mais de 100 milhões de dólares.

Investigação das autoridades suíças em 2010 apontou que dezenas de milhões de dólares foram pagos em propinas para os executivos da FIFA em troca de contratos exclusivos de direitos televisivos para a Copa do Mundo. Joseph Blatter, porém, não foi implicado.


O relatório FIFA caracterizou sua conduta como "desajeitada", mas não viu "má conduta criminosa ou ética". O caso, por fim, foi arquivado por causa de lacunas da legislação suíça em vigor no momento. Fabrice Coffrini/AFP

A investigação suíça sobre as condições da atribuição dos Mundiais de 2018 à Rússia e 2022 ao Catar revelou "mais de 120" transações financeiras suspeitas, anunciou o gabinete do procurador-geral suíço à AFP nesta quinta-feira.


Essas transações, apontadas pelos investigadores do escritório suíço de comunicação em matéria de lavagem de dinheiro, "foram coletadas nos processos judiciais em torno da atribuição dos Mundiais de 2018 e de 2022, em dezembro de 2010", disse o porta-voz do gabinete do procurador-geral.

Essa quantidade em agosto era de 103, mas o número ainda pode aumentar visto que as investigações ainda estão em curso.

O escritório do procurador-geral suíço acrescentou que "até o momento, nenhuma autoridade do Catar foi ouvida em relação ao Mundial de 2022, mais de seis meses depois da abertura da investigação".

"Os membros do comitê organizador da Copa do Mundo do Catar são bem-vindos se desejarem falar com o gabinete do procurador-geral porque a opinião deles interessa verdadeiramente", prosseguiu o porta-voz.

"O antigo presidente da Confederação Asiática de Futebol (o empresário do Catar Mohamed Bin Hammam, envolvido pelo dossiê de atribuição do Mundial-2022) é particularmente bem-vindo", acrescentou.

Bin Hammam, de 66 anos, que também esteve à frente da Federação do Catar e foi membro do Comitê Executivo da Fifa, foi expulso da instituição em 2011 por ter tentado comprar votos em sua campanha à presidência.

As investigações da justiça suíça, que podem durar até seis anos, se desenvolveram em paralelo a uma investigação da justiça americana sobre a suposta corrupção no interior da Fifa. Segundo a acusação, cerca de 150 milhões de dólares em subornos e comissões teriam circulado pelas altas esferas do futebol há 25 anos.

Indios lamentam tragédia em MG: 'O rio Doce sabia que ia ser morto'






Sinais sagrados

Na cultura dos krenak, o rio Doce tinha vida própria. 


Um dia antes da chegada dos rejeitos de minério em Resplendor, os indígenas disseram ter percebido sinais de que ele estava perto do fim.


"O rio já sabia que ia ser morto. Quando a sujeira veio, ele foi subindo chorando, fazendo barulho. E minha mãe chorando junto. Até hoje ela ainda não foi ver o rio", descreve Tatiana, que é filha da cacica Laurita Maria Félix Krenak, 80, a mais velha da tribo.


"Parece que os peixes estavam até adivinhando que iam ser mortos. Meu marido foi pescar e em 15 minutos pegou muitas tilápias. Deu para a família toda comer e até hoje eu tenho uma guardada no freezer, só de lembrança, porque agora não tem mais como", conta Potiara, também filha de Laurita.


O rio Doce é tema de antigas canções na língua krenak, que elogiam sua beleza e a fartura de alimentos proporcionada por suas águas. "Agora não dá nem mais vontade de cantar essas músicas. Para nós elas já morreram", diz Tatiana.


Criados desde pequenos no leito do rio, os adultos da aldeia lamentam que as próximas gerações provavelmente não terão a mesma oportunidade. "Nossos filhos não vão aprender a nadar aqui como a gente aprendeu", afirma Potiara.


Enquanto tentava trocar as caixas d'água da casa da mãe, Mauro não conteve as lágrimas ao falar sobre a transformação recente do rio. "É muito difícil olhar para ele desse jeito. Nós perdemos nossa liberdade".


Com a chegada da onda de lama de rejeitos da mineradora Samarco ao município de Resplendor, em Minas Gerais, na semana passada, as 126 famílias que vivem na aldeia, às margens do manancial, testemunharam a "morte" de um elemento fundamental da cultura das tribos.

"Muitos aí fora acham que o rio é só água e peixe, mas para nós era a fonte de sobrevivência e uma questão de cultura. Desde o início dos nossos antepassados, o rio Doce mantém nosso povo. É questão de religião, é sagrado. Mas agora ele está morto."


O desalento no relato do cacique Leomir Cecílio de Souza, 30, da tribo atorã, permeia os depoimentos de todos os integrantes do povo indígena ouvidos pela reportagem. "O rio era tudo para a gente. O que a Vale e a Samarco fizeram destruiu o povo krenak", declara Potiara Félix, 32.


Como forma de protesto contra a poluição da bacia hidrográfica, causada pelo rompimento de barragens em Mariana (MG), dezenas de indígenas da aldeia bloquearam, na última sexta-feira (13), a Estrada de Ferro Vitória a Minas, que escoa a produção da mineradora Vale, uma das controladoras da Samarco.


"Antes do protesto, nós tentamos um diálogo pacífico com os representantes da Vale, mas não fomos correspondidos. A gente não tinha outra saída. Ninguém estava nos ouvindo", conta Leomir. "Nós ficamos revoltados vendo o nosso rio morrer. Por isso fomos à luta", diz Tatiana Krenak, 34, que levou o filho de dois anos, Teuat, para a linha do trem.


Três dias depois, em reunião com representantes da multinacional, a comunidade indígena aceitou desbloquear a ferrovia. Segundo os krenak, a empresa prometeu pagar nove salários mínimos (R$ 7.092) mensais a cada família por um período prorrogável de pelo menos quatro meses, além de fornecer água para consumo humano e animal, construir uma cerca ao longo da margem do rio e 120 cisternas na área.


"Mas não tem dinheiro que pague a riqueza que a gente tinha. O rio acabou e não vai mais voltar. É triste demais. Tudo o que nós queríamos, a gente conseguia lá. Tiraram essa alegria da gente", ressalta Mauro Krenak, 36, caçador e pescador da tribo.


As atividades que sempre esteve acostumado a fazer agora serão substituídas por idas a supermercados de Resplendor. "Não é a mesma coisa", comenta. Irmã de Mauro, Tatiana reclama que os peixes vendidos no comércio, pescados no mar, não têm o mesmo gosto dos animais do rio Doce.


A Vale foi procurada pelo UOL para se pronunciar sobre a negociação, mas não respondeu até o momento. A Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou os termos do acordo.


Nesta quarta (18), a reportagem presenciou a chegada dos primeiros galões e caixas d'água à área indígena, situada em local de difícil acesso a 9 km da BR-259.


"Até agora a gente estava tendo que brigar com os animais para pegar água de dois córregos das redondezas", conta Mauro.


A Funai informou que o apoio emergencial da Vale "não exime a empresa da responsabilização pelos danos ambientais e sociais causados, que terão ainda sua extensão apurada".

"Parece que os peixes estavam até adivinhando que iam ser mortos. Meu marido foi pescar e em 15 minutos pegou muitas tilápias. Deu para a família toda comer e até hoje eu tenho uma guardada no freezer, só de lembrança, porque agora não tem mais como", conta Potiara, também filha de Laurita.O rio Doce é tema de antigas canções na língua krenak, que elogiam sua beleza e a fatura de alimentos proporcionada por suas águas. "Agora não dá nem mais vontade de cantar essas músicas. Para nós elas já morreram", diz Tatiana.


Criados desde pequenos no leito do rio, os adultos da aldeia lamentam que as próximas gerações provavelmente não terão a mesma oportunidade. "Nossos filhos não vão aprender a nadar aqui como a gente aprendeu", afirma Potiara.


Enquanto tentava trocar as caixas d'água da casa da mãe, Mauro não conteve as lágrimas ao falar sobre a transformação recente do rio. "É muito difícil olhar para ele desse jeito. Nós perdemos nossa liberdade".



Índios fecham ferrovia da Vale em MG em protesto contra 'morte de rio sagrado'

Luis Kawaguti e Ricardo Senra

Enviados especiais da BBC Brasil a Conselheiro Pena (MG) 



Com o corpo pintado para a guerra, tinta preta no rosto e olhos vermelhos de noites mal dormidas, Geovani Krenak, líder da tribo indígena Krenak, mira a imensidão de água turva e marrom.


"Com a gente não tem isso de nós, o rio, as árvores, os bichos. Somos um só, a gente e a natureza, um só", diz. Ele respira fundo, e continua: "Morre rio, morremos todos".


Parte dos 800 km de extensão do rio Doce, contaminado pela lama espessa que escoa há 10 dias de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, em MG, atravessa a reserva da tribo. Tida como sagrada há gerações, toda a água utilizada por 350 índios para consumo, banho e limpeza vinha dali. Não mais.


Sem água há mais de uma semana, sujos e com sede, eles decidiram interromper em protesto a Estrada de Ferro Vitória-Minas, por onde a Vale, controladora da Samarco e da ferrovia, transporta seus minérios para exportação.



"Só saímos quando tiverem a dignidade de conversar com a gente. Destruíram nossa vida, 
arrasaram nossa cultura, e nos ignoram. Não aceitamos", anuncia o índio Aiá Krenak à BBC Brasil.


Procurada, a Vale informa que "continua, com apoio da Funai, as tentativas de negociação com o Povo Indígena Krenak para liberação da ferrovia".


"Cabe ressaltar que a Vale, como acionista da Samarco juntamente com a BHP Billiton, tem atuado ativamente nas ações para atendimento às famílias afetadas pelo acidente do dia 5 de novembro e reitera seu compromisso em se relacionar com o Povo Krenak de modo transparente e participativo, mantendo uma relação construtiva, respeitando suas características próprias e a legislação vigente", disse a empresa por meio de nota.


A empresa afirma que a interdição está impedindo o transporte de água para as comunidades da região do Rio Doce.

"Atualmente, cerca de 360 mil litros de água, sendo 60 mil litros de água mineral e 300 mil litros de água potável, provenientes de Vitória (ES), estão nos trens aguardando a liberação da ferrovia para distribuição", diz a Vale no comunicado.

"A empresa repudia quaisquer manifestações violentas que coloquem em risco seus empregados, passageiros, suas operações e que firam o Estado Democrático de Direito e ratifica que obstruir ferrovia é crime."