segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dono do Grupo Schahin fecha delação premiada e prometeu entregar LULA à lava-jato.Fim da linha ?

16/11/2015


Salim Schahin é um dos donos do Grupo Schahin.


Segundo a Folha de S. Paulo, ele fechou na semana passada um acordo de delação premiada com a Lava Jato.
Ele confirmou que o Grupo Schahin ganhou o contrato para operar a sonda Vitória 10.000 em troca de propina para a campanha de Lula, em 2006.
E agora?

Aécio Neves apresenta proposta que permite ampliar cargos comissionados. O país não está em crise?

16/11/2015


... O projeto ainda precisa passar pelos plenários do Senado e da Câmara

Uma proposta de emenda constitucional de autoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, pode, na prática, ter efeito contrário do anunciado: em vez de reduzir o número de cargos comissionados, vai permitir a multiplicação dessas vagas nos governos federal e nos principais Estados.


“Esse projeto busca, em um primeiro momento, frear o crescimento alarmante dos cargos chamados comissionados, aqueles de livre provimento na máquina pública”, disse Aécio, no dia da votação. Feitas as contas, porém, a proposta permitiria mais do que dobrar o número desses cargos no governo federal.



Nos governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro aconteceria o mesmo. Para complicar, uma emenda do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) foi acolhida pelo relator da proposta, Álvaro Dias (PSDB-PR), e ampliou ainda mais o teto para Estados e municípios. Resultado: São Paulo, Minas e Rio terão limites que permitirão a ampliação do quadro de comissionados em 973%, 347% e 338%, respectivamente.
Efetivos

Outro ponto da proposta de Aécio reserva metade dos cargos comissionados para servidores efetivos. Isso também poderia provocar um retrocesso, já que, no governo federal, três de cada quatro desses cargos já são ocupados por servidores de carreira
Questionada pela reportagem se houve algum estudo para definir o número ideal de comissionados antes da votação, a assessoria de Aécio divulgou nota sem responder a essa questão.


No projeto, que ainda precisa passar pelos plenários do Senado e da Câmara para entrar em vigor, o senador e ex-candidato do PSDB à Presidência propôs que o número de comissionados não ultrapasse 10% do total de servidores efetivos. Com isso, o limite seria de 51,6 mil cargos – quase 30 mil a mais do que o total existente hoje.


No texto de justificativa que acompanhou a proposta, Aécio se mostrou preocupado com o “impacto” da medida: “Obviamente, não é factível que uma mudança tão profunda na administração seja efetivada de imediato. Por isso, o artigo 2.º estabelece a implementação gradativa do limite de cargos em comissão (30% no primeiro ano, 20% no segundo e 10% a partir do terceiro)”.


Ou seja, por essa regra transitória, se a proposta for aprovada neste ano e sem modificações, o governo federal terá em 2016 um teto de quase 155 mil cargos para ocupar com comissionados – cerca de 130 mil a mais do que a quantidade atual.

 

‘Profissionalização’
A assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou nota na qual afirma que a proposta de emenda constitucional que cria limites para cargos comissionados “tem como objetivo principal a profissionalização da gestão pública, em todas as suas esferas, uma vez que a ocupação de cargos em comissão e de funções de confiança deverá necessariamente ser precedida de um processo seletivo e de certificação que verificará a escolaridade necessária, os conhecimentos técnicos, a capacidade, as habilidades específicas e a experiência dos postulantes”.


O texto diz ainda que “hoje não existe teto legal para a União criar cargos comissionados ou uma legislação que estabeleça de maneira uniforme esses porcentuais”. E acrescenta que a “PEC estabelece esse limite constitucional único para o número de comissionados, fixando um teto para todos os entes da Federação ” A nota de Aécio diz ainda que “o teto de 10% deverá trazer significativa redução de despesas”.


Álvaro Dias afirmou que seu relatório avaliou mais a constitucionalidade da proposta.


Ele admitiu que o teto de 10% é “exagerado” e afirmou que o patamar pode ser alterado durante a tramitação da emenda no Senado e na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Que judiação gente! Como salvar um bichinho desses?Que crime, nossa!


PROCURADORES DA REPÚBLICA REPUDIAM AS CRÍTICAS DO PT


PT tenta se fazer de vítima, diz Robalinho
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, criticou o documento do PT que acusa procuradores, delegados e o juiz Sérgio Moro de partidarismo na Operação Lava-Jato. 
 
 
O partido afirma que há omissão em relação a crimes do PSDB e que o magistrado “e sua ‘equipe’ de delegados da PF e procuradores do MPF fazem de tudo (até mesmo anistiar criminosos confessos) para atingir o PT” se o objetivo de acabar com a corrupção, mas de “prejudicar a imagem” da legenda e do governo.
 
 
Para Robalinho, os dados desmentem a tese do PT, que é vazia de nexo e conteúdo.“Pressupor que uma operação com as dimensões da Lava-Jato (com 941 procedimentos instaurados, 75 condenados, R$ 1,8 bilhão recuperados e 85 pedidos de assistência jurídica internacional) está atrelada a interesses particulares ou político-partidários demonstra a falta de fundamento das críticas encontradas na cartilha”, disse ele em nota. “É de amplo conhecimento que a investigação de agentes políticos de diversos partidos tem amplitude que vai muito além do Partido dos Trabalhadores.”
 
 
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República disse que a nota oficial do PT causa perplexidade. Ele repudiou o fato de um partido político, orgulhoso de ter promovido ações de combate à impunidade, agora estar se manifestando “com afirmações sabidamente falsas contra o trabalho independente, técnico e imparcial de instituições democráticas”.
15 de novembro de 2015
Eduardo Militão
Correio Braziliense
 
BLOG Lorotas políticas e verdades efêmeras

Delator confessa: perdoou dívida do PT e conseguiu contrato bilionário. Quem comandou a operação? Lula!



Ao menos é o que diz empresário em depoimento; intermediário da operação teria sido o pecuarista José Carlos Bumlai

Por: Reinaldo Azevedo
Por Bela Megale, na Folha:

 
Representantes do grupo Schahin que fecharam um acordo para colaborar com as investigações da Operação Lava Jato indicaram que o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi decisivo para que o grupo conseguisse um contrato bilionário com a Petrobras em 2007.


Segundo eles, o contrato foi uma compensação em troca do perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco Schahin. Foi o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, que mencionou o apoio de Lula a executivos do grupo durante as negociações para livrar o PT da dívida, eles disseram.


As negociações ocorreram no fim de 2006, após a reeleição de Lula, de acordo com um dos depoimentos colhidos pelos procuradores da Lava Jato. Em 2007, poucos meses depois da conversa com Bumlai, a construtora do grupo Schahin assinou com a Petrobras um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória 10.000
 


O episódio foi relatado a procuradores da Lava Jato na semana passada, em Curitiba, por um dos acionistas do grupo, Salim Schahin. Ele controla o grupo com o irmão, Milton. As negociações para que o Schahin colabore com as investigações tiveram início há quase dois meses.

Amazônia não está à venda… ainda


Adriana Fernandes e Ricardo Brito
13 novembro 2015 | 22:01

Emenda em medida provisória que previa alienação de imóveis na região é retirada e será necessário compensar os R$ 10 bilhões previstos com a iniciativa

Acir Gurgacz (Dida Sampaio/Estadão)
Acir Gurgacz (Dida Sampaio/Estadão)


Não durou uma semana a tentativa do relator de Receitas do Orçamento de 2016, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), de tentar levantar R$ 10 bilhões em recursos a partir da venda de imóveis rurais na Amazônia Legal. No último dia 5, ele anunciou que contaria com essa verba bilionária para fechar as contas públicas do próximo ano.


O senador havia apresentado uma emenda com esse propósito na Medida Provisória 691/2015, que tratava principalmente da venda de terrenos da Marinha. 


O relator da MP, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), inicialmente deu parecer a favor da proposta, dizendo ser “relevante” o propósito da iniciativa de aumentar a regularização de ocupações “legítimas” na Amazônia Legal.



Ou seja, Acir amarrou as duas pontas, ignorando auditoria do Tribunal de Contas da União que constatou irregularidades nessas terras amazônicas e o fato de uma comissão da Câmara ter determinado ao mesmo tribunal a ampliação das investigações.



Só que, após o Estado revelar na segunda-feira, 9, a articulação da proposta, parlamentares da comissão mista da MP atentaram para o que estavam propondo. A oposição ameaçou atrapalhar com manobras regimentais a votação e a MP corria risco de perder a validade. Até mesmo o senador Ricardo Ferraço, do partido e Estado do relator, pediu para discutir a proposta numa outra oportunidade.


Pressionado, o relator retirou a emenda, mas o próprio Acir anunciou um acerto com o governo, que vai editar uma medida provisória especificamente tratando do assunto. O senador disse ter certeza de que o governo “sempre” respeitou acordo.


Se a presidente Dilma Rousseff vai mesmo cumprir o acerto, só o tempo vai dizer. O caso é delicado porque Acir é o relator das contas do governo Dilma de 2014,


reprovadas por unanimidade pelo TCU e que podem motivar um pedido de impeachment. E a comissão de orçamento está preocupada em “encontrar” outra fonte para cobrir os R$ 10 bilhões para fechar as contas de 2016 dentro da meta fiscal.


Escreva para nós: lupa@estadao.com

Cunha quer votar novo código da mineração já em plenário


Presidente da Câmara dos Deputados pretende submeter pedido de urgência para que texto não tenha de passar por nova comissão

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende submeter aos deputados nos próximos dias um pedido de urgência para a votação do texto do novo Código de Mineração no plenário. Com isso, o relatório do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) poderá ser apreciado sem passar por uma nova comissão especial. A proposta de nova redação para as regras estabelecidas em 1967 está em discussão desde 2013, mas não foi votada até hoje.
Uma comissão especial foi criada em março deste ano para discutir o marco regulatório da mineração e o relator apresentou seu parecer em agosto, mas o texto não foi votado.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante sessão no plenário do Casa
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante sessão no plenário do Casa
O Código de Mineração tinha selo de urgência constitucional, que foi retirado pelo governo em 2013 porque o Planalto tem ressalvas ao texto de Quintão. Agora, para levar a proposta ao plenário, será preciso aprovar o requerimento de urgência.


Com o fracasso da comissão, Cunha deu sinal verde a um novo colegiado – a terceira tentativa desde 2013. Mas a comissão ainda não começou a funcionar porque apenas 20 dos 27 deputados titulares foram indicados pelos líderes partidários.
Lama de barragem polui cursos d'água e ameaça subsistência
GABRIELA BILÓ/ESTADÃO
Guiando um barco com motor de popa, o pescador Eli da Silva Soares, o Paco, de 38 anos, percorre com cautela parte da região afetada e tem olhos aguçados para apontar de longe peixes que agora flutuam mortos na superfície do rio
A ideia de Cunha é negociar a votação da urgência o quanto antes. A pauta da Casa, porém, tem duas medidas provisórias na fila com prioridade para apreciação e outros projetos de lei. Com isso, o requerimento de urgência só deve entrar na pauta a partir da próxima semana.


Regras. Organizações de defesa do ambiente apontam que o relatório de Quintão favorece as mineradoras, o que ele nega. Para o deputado, ambientalistas e parlamentares pressionados pelo lobby das mineradoras são os principais responsáveis por protelar a votação.


 “O setor ambientalista que não quer (votar), é contra a mineração no Brasil. Mas o meu Estado (Minas) depende do setor, a vida humana depende disso (da mineração)”, diz Quintão.


Exército distribui água mineral em Governador Valadares
Gabriela Biló/Estadão
Governador Valadares, em Minas Gerais, sofre colapso no abastecimento de água

Dilma diz que respeita opinião de Lula, mas Levy 'fica onde está'


Presidente classificou como 'nocivos' os rumores sobre permanência ou não do ministro da Fazenda no cargo

Antália, Turquia - A presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta segunda-feira, 16, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, "fica onde está" e classificou os rumores sobre a permanência dele do governo como "nocivos".


Ao ser questionada se concordava com as avaliações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o ministro deveria deixar o cargo, Dilma não escondeu que há diferenças. "Eu não só gosto muito do presidente Lula, como o respeito. Mas não concordamos e não temos de concordar com todas as avaliações."


Após a participação na reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, o G-20, Dilma negou que tenha intenções de retirar Levy do governo. "Eu considero o ministro Levy sobretudo um grande servidor público. Ele tem compromisso com o País, com a estabilidade do País", disse. "Acho extremamente nocivas as especulações quanto ao ministro que me obrigam a, de forma sistemática, reforçar que o ministro fica onde está".


Dilma disse aos jornalistas que "não tem de concordar em tudo" com as pessoas que gosta imensamente. "Até porque nós somos adultos, e cada um tem uma forma de encarar a realidade", disse aos jornalistas.



Apesar de reconhecer as diferenças, Dilma disse que "no geral, a gente (ela e Lula) concorda" com a maioria dos temas.


Com a acusação de que Levy usa um remédio muito amargo para a economia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem estaria liderando a pressão contra o ministro.


Lula defende que a solução seria o substituir por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e ainda teria dito em um jantar que Levy teria "prazo de validade".

Fernando Baiano sai da prisão: Ele vai para um apartamento de R$ 12 milhões

  • BLOG do SOMBRA
     

    Já as casas de Trancoso e Angra dos Reis foram repassadas à Justiça para serem vendidas

    Por Lauro Jardim - O Globo/Foto: Geraldo Bubniak - 16/11/2015 - 12:42:29 
     
     
    Fernando Baiano deixa a prisão depois de amanhã, conforme acordado em sua delação premiada. Vai direto de Curitiba para o seu apartamento de 800 metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. ...


    Este imóvel, avaliado em torno dos R$ 12 milhões, mesmo com o mercado imobiliário carioca caindo aos pedaços, ficará com o ex-operador. 


Está chegando a vez de Lula


A condução coercitiva de Luis Carlos Moreira é mais um passo da Lava Jato em direção a Lula.

Eduardo Musa, em sua delação premiada, disse que ele e Luis Carlos Moreira participaram de uma reunião com José Carlos Bumlai, no escritório de Fernando Baiano, para acertar a propina do Grupo Schahin pelo contrato da sonda Vitória 10.000.

Três delatores já entregaram Lula nesse caso: Eduardo Musa, Fernando Baiano e, na semana passada, Salim Schahin.

Luis Carlos Moreira será o quarto?


Dez asneiras que a gente ainda ouve por aí sobre mudança climática

http://www.oeco.org.br/

Por Claudio Angelo
O planeta está esquentando, o Sudeste está sem água, as geleiras estão derretendo, as florestas estão pegando fogo, as concentrações de gás carbônico não param de bater recordes e 14 dos 15 anos mais quentes da história aconteceram neste século. As evidências da mudança climática – e da ação do homem como sua causa primordial – são tantas e tão variadas que seria preciso ter chegado ontem de Marte para negá-las.


Bom, muita gente parece que chegou ontem de Marte e não tem a menor ideia do que está acontecendo pelas bandas de cá do Sistema Solar. Se você é dessas pessoas, seus problemas acabaram!


Listamos abaixo a refutação a dez dos argumentos mais comuns dessa patota, para você poder evitá-los e nunca mais passar vergonha ao discutir com amigos que moram aqui na Terra há mais tempo.


1 – “O clima da Terra sempre mudou e sempre mudará. É muita arrogância achar que nós somos capazes de intervir nele”.
Esse argumento é muito utilizado por alguns geólogos, acostumados a olhar longas escalas de tempo no passado. A primeira parte dele é verdade. Se há uma coisa que a história da Terra nos mostra é que o clima sempre foi muito instável e sempre variou – por razões inteiramente naturais. Há 125 mil anos, tínhamos temperaturas 2oC mais altas do que na era pré-industrial. Há 3,5 milhões de anos, o planeta era 3oC mais quente. E, na era dos dinossauros, não havia gelo em lugar nenhum da Terra. De fato, a estabilidade climática do atual período quente, o Holoceno, não tem precedentes nos últimos 400 mil anos de história do planeta.


O que isso informa sobre a mudança climática em curso hoje? Nada. As mudanças climáticas do passado eram todas causadas por variações na atividade solar ou nos ciclos orbitais da Terra. E, claro, quando elas eram bruscas demais, ocorriam extinções em massa (#ficaadica). Muitos cientistas atribuem o próprio florescimento da agricultura, que deu origem à civilização, ao clima estável do Holoceno. Hoje não há nenhum desses fatores naturais atuando no clima, e nenhum sinal de variações astronômicas relevantes pelos próximos muitos milhares de anos. O sinal inequívoco de mudança climática visto hoje se deve à intervenção do homem. Na escala que interessa à civilização, a das décadas e séculos, é essa a mudança climática que importa, não a de dezenas ou centenas de milhares de anos.


2 –“Os meteorologistas não conseguem nem prever se vai chover amanhã, que dirá se vai fazer calor em 2100.”
Esse argumento deriva de uma confusão comum entre tempo e clima. O tempo são as condições da atmosfera num determinado dia, enquanto o clima pode ser entendido como a média do tempo no longo prazo. O tempo é caótico e dominado por variabilidades de curto prazo (não é à toa que a teoria do caos foi criada por um meteorologista). O clima é algo mais previsível. Não dá para saber se em um determinado dia de janeiro choverá em São Paulo (isso é tempo); mas todo mundo sabe que janeiro é um mês de chuvas em São Paulo (isso é clima).


Antes de tudo, justiça seja feita aos meteorologistas: as previsões do tempo estão cada vez mais precisas, então dá para saber se amanhã vai chover, sim.
Ocorre que, conhecendo o clima de uma determinada região e conhecendo os elementos capazes de alterar o balanço de energia do planeta (em especial os gases de efeito estufa), é possível estimar como ele se comportará, em média, no futuro: se será mais quente, mais frio, mais seco, mais úmido ou mais variável. De fato, uma forma padrão de testar um modelo climático é saber se ele consegue reproduzir a média das condições observadas no passado. Falaremos mais sobre isso adiante.


3 – “Mas a Antártida está ganhando gelo. Foi a Nasa que disse. Logo, não há aquecimento global.”
Esse argumento ganhou tração nos últimos dias, devido a um estudo publicado pelo glaciologista Jay Zwally, da Nasa, segundo o qual o continente antártico na verdade estaria contribuindo para reduzir o nível do mar. O estudo foi avidamente reportado pela imprensa como um questionamento ao IPCC, o painel do clima da ONU, que diz que a Antártida tem contribuído nos últimos anos para elevar o nível do mar e o fará ainda mais intensamente nas próximas décadas.


Vamos por partes: é preciso saber de que tipo de gelo e de que Antártida se está falando. A Antártida está ganhando gelo, sim, de pelo menos uma maneira: o cinturão de mar congelado que se forma todo ano ao redor do continente está crescendo cerca de 100 mil quilômetros quadrados por ano.



As causas disso ainda são incertas, mas muitos cientistas acreditam que o buraco na camada de ozônio esteja deixando o interior do continente mais frio, e a diferença de temperatura entre o centro antártico e a periferia está deixando os ventos mais fortes em volta do continente.



Isso empurra a camada de mar congelado para longe da costa, abrindo uma faixa de mar aberto que rapidamente congela. Na Península Antártica, região mais afastada do polo Sul, o oposto acontece: o gelo marinho está diminuindo a cada ano.


O que Zwally e colegas argumentaram em seu estudo é que existe um outro ganho de gelo: o manto de gelo que recobre o continente estaria “engordando” de 1 cm a 3 cm por ano, devido a uma resposta lenta a mudanças ocorridas no fim da última glaciação, 12 mil anos atrás.


Essa engorda estaria acontecendo sobretudo no leste antártico, que concentra mais de 85% do gelo do sexto continente. Tal ganho seria capaz de compensar as perdas que o próprio Zwally e vários outros colegas já comprovaram, usando vários instrumentos diferentes, estar acontecendo em duas outras regiões: a Península Antártica e o oeste antártico.


Que não haja dúvida aqui: existe perda de gelo no continente antártico, muito bem documentada por satélites da Nasa e da Agência Espacial Europeia. Foi a Nasa quem mostrou o rompimento em tempo real de plataformas de gelo na Península Antártica.



E foi a Nasa quem revelou, em 1998, que as geleiras do oeste antártico estavam em franco derretimento. No período de 2002 a 2011, a perda de gelo foi de 147 bilhões de toneladas por ano, segundo o IPCC, o que teria elevado o nível do mar em 0,27 milímetro por ano.


Quase todo esse gelo vem do oeste antártico. Um estudo recente sugere que o colapso das geleiras do oeste antártico é irreversível e fará o mar subir 3,3 metros na escala de séculos.


O leste é um mistério que os cientistas ainda não conseguiram decifrar. Nenhuma das medições com satélite feitas até aqui conseguiram responder se há ganho ou perda de gelo naquela região. Os cientistas costumam dizer que ela está em equilíbrio.



O estudo de Zwally muda algumas premissas sobre os dados e argumenta não apenas que há ganho, mas que esse ganho mais do que compensa as perdas. Mas, como as medições naquela região são muito difíceis de fazer, alguns glaciologistas acham que ele está errado – embora “haja uma chance pequena de que esteja certo”, como disse ao OC o glaciologista Ian Joughin, da Universidade de Washington.



A figura abaixo, produzida por um pesquisador da Instituição Oceanográfica de Woods Hole, nos EUA, mostra onde está o consenso em relação à dieta da Antártida: as perdas ou ganhos de gelo são representadas pelos retângulos. De 13 estudos, o de Zwally (retângulos marrons no alto da imagem) é o único a apontar ganho líquido. A maioria aponta perdas, aceleradas a partir de 2005 (aqui Zwally tem outro problema, já que a série de dados usada por ele só vai até 2008).


Antarctic_MassBalance_
Portanto, a Antártida continental está provavelmente perdendo mais gelo do que ganhando, e elevando o nível do mar. E só vai ficar pior no futuro.



4 – “O AGA (Aquecimento Global Antropogênico) é uma teoria anticapitalista da esquerda para regular a livre-iniciativa e dar todo o poder ao Estado” (diz a extrema direita) ou sua variante especular: “O AGA (Aquecimento Global Antropogênico) é a cabeça de ponte do imperialismo” (diz a extrema esquerda).
Parece incrível que alguém ainda use esse tipo de argumentação 25 anos depois da queda do Muro de Berlim. O bom dessas duas falácias é que uma delas já está descartada de cara pela aceitação da outra: afinal, o aquecimento global não pode ser ao mesmo tempo uma conspiração da esquerda (caso em que fica difícil explicar a ação de políticos como Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e Miguel Arias Cañete, todos de partidos conservadores) e da direita (caso em que fica difícil explicar como a verdadeira cabeça de ponte do imperialismo, o Partido Republicano dos EUA, se opõe maciçamente a combatê-lo).  Conforme-se, Aldo Rebelo.



5 – “Nos anos 70 previram uma era do gelo”
Nos anos 1970, medições de temperatura mostravam uma tendência de 30 anos de resfriamento em relação ao período pré-2a Guerra. Isso fez alguns cientistas teorizarem que o Holoceno pudesse estar chegando ao fim e que a Terra pudesse estar entrando numa nova era glacial. A imprensa comprou a história pelo valor de face, embora essa não fosse a opinião majoritária entre os cientistas: um levantamento de 68 artigos científicos sobre o tema naquela época mostra que 10% previam resfriamento global, 62% previam aquecimento e 28% não davam veredicto.



Hoje sabemos, graças aos estudos do clima do passado gravado no gelo antártico, que a longa duração do Holoceno não é sem precedentes na história da Terra: há 400 mil anos, um período interglacial durou 28 mil anos. O nosso tem cerca de 10 mil. Ou seja, a próxima era do gelo causada por fatores naturais ainda deve demorar um tempinho.




6 – “Não há consenso entre os cientistas de que a Terra está esquentando, nem evidência de que isso seja culpa dos seres humanos.”
É preciso saber antes o que é consenso e quem são esses cientistas. “Cientistas” é uma categoria ampla demais: a teoria da relatividade geral pode não ser “consenso” entre os zoólogos, assim como a evolução pode não ser “consenso” entre os físicos. A opinião de uns sobre o domínio dos outros vale tanto quanto a de qualquer outro leigo. Como João Gilberto costuma dizer, vaia de bêbado não vale.



Então a pergunta que precisa ser feita é: há consenso entre os climatologistas – que fazem pesquisa na área e publicam suas pesquisas em periódicos com revisão por pares, sujeitos ao julgamento da comunidade científica e ao falseamento – de que o aquecimento global é real e causado por humanos?



O pesquisador australiano John Cook e a turma do site Skeptical Science se fizeram essa pergunta em 2013. Eles vasculharam 12 mil artigos científicos na literatura que mencionavam “aquecimento global” e “mudança climática”, e constataram que 97% deles afirmavam que o fenômeno é real e causado por humanos.


Questionários enviados aos autores dos artigos produziram a mesma cifra: 97%. Portanto, sim, há consenso entre os cientistas. Um estudo de 2007 da americana Naomi Oreskes e outro de 2012 de James Powell chegaram às mesmas conclusões. Powell ilustrou seus resultados desta forma:
powell
Agora vamos à segunda parte: há evidências de que isso seja causado por seres humanos? Em outras palavras, existe uma impressão digital humana no clima? Quem responde a essa pergunta são os satélites, esses diabólicos instrumentos da “ideologia aquecimentista”.


Caso a Terra estivesse esquentando por uma mudança na quantidade de radiação que chega do Sol, único fator natural capaz de mudar o balanço de energia do planeta, um satélite que medisse a temperatura ao longo das camadas da atmosfera veria um aquecimento por igual da estratosfera, a camada superior, e da troposfera, a camada mais baixa. Os satélites têm feito essas medidas. E o que eles detectaram?


A troposfera está esquentando, OK. Mas a estratosfera está mais fria. Por quê? Porque a radiação solar reemitida pelo planeta na forma de infravermelho (calor) está ficando presa na troposfera. Por quê?


Porque há uma mistura de gases na troposfera que são opacos ao infravermelho, ou seja, bloqueiam esse tipo de radiação. Essas medições são coerentes com um agravamento do efeito estufa, ou seja, um aumento na quantidade de CO2, metano, óxido nitroso e vapor d’água (sim, vapor d’água!) na atmosfera. Existe alguma fonte de gases de efeito estufa capaz de fazer isso? Sim: nós.



7 – “Os Estados Unidos tiveram um recorde de nevascas no último inverno. Cadê o seu aquecimento global?”
Aquecimento global é a média da temperatura planetária, associada ao aumento da quantidade de energia armazenada na atmosfera, que leva a mais extremos climáticos, sejam de calor ou de frio (sim, frio), de seca ou chuva, às vezes nas mesmas regiões. O aquecimento aumenta a evaporação dos oceanos e a quantidade de energia na atmosfera. Isso favorece tempestades mais fortes. Onde chove, chove mais, num período mais concentrado (paradoxalmente, isso também aumenta as estações secas). Onde neva, neva mais. É simples assim.



8 –“O aquecimento global parou em 1998.”
Esse argumento está errado de tantas maneiras que valeria um post inteiro só para ele. Muita gente de boa fé, incluindo cientistas e jornalistas de ciência veteranos, já foi seduzida por essa tese. Ela afirma que, após 1998, a curva de aumento de temperatura da Terra parece ter “estacionado”, ou seja, o aquecimento aparentemente parou de acelerar. Eu disse aparentemente.


O que aconteceu foi que, primeiro, 1998 foi um ano incomum: teve o El Niño mais forte já registrado antes deste de 2015. O El Niño joga o termômetro para cima no mundo todo.



Se você olha a série de dados a partir de 1998, vai ter a impressão de que o aquecimento estacionou, porque começou a olhar de um ponto fora do padrão. O gráfico abaixo mostra como ao olhar a série inteira do século esse efeito desaparece, e vemos claramente uma progressão de aquecimento, com alguns períodos sem aceleração.


Mesmo com 15 anos de aparente estase, todos os 15 anos mais quentes da história aconteceram no século 21, à exceção de 1998. É um recorde atrás do outro. Os anos de 2005 e 2010 foram os mais quentes, depois superados por 2014, que será superado por 2015.
O gráfico mostra a evolução da temperatura global desde a década de 1970, com períodos sem aceleração sobrepostos a uma clara tendência de aquecimento (Imagem: Noaa)
O gráfico mostra a evolução da temperatura global desde a década de 1970, 
com períodos sem aceleração sobrepostos a uma clara tendência de aquecimento 

(Imagem: Noaa)


A outra explicação para a desaceleração do aquecimento global foi dada pelos pesquisadores americanos Kevin Trenberth e Magdalena Balmaseda: em vez de ir esquentar a atmosfera, a energia em excesso dos gases-estufa estava esquentando as camadas mais profundas do oceano.


Por fim, há quem diga que a tal “pausa” no aquecimento nunca existiu: trata-se apenas uma ilusão estatística.



9 – “É tudo modelo. Se você torturar o modelo, ele te diz qualquer coisa.”
Modelos são grandes conquistas da humanidade. Mais até do que a mandioca. Eles permitem fazer perguntas e testar ideias sobre a natureza em situações de outra forma impossíveis. Os remédios que você toma foram testados em modelos celulares e, eventualmente, em animais. O avião no qual você viaja foi testado antes num modelo computacional. Se não houvesse modelos, os aviões teriam de ser testados pela primeira vez na prática, depois de construídos – quem sabe, com uma tripulação de “céticos” da modelagem a bordo.


Como dito acima, modelos de clima (representações matemáticas da Terra, com atmosfera, polos, superfície e mares) precisam ser testados para “prever o passado” antes de colocados para rodar e simular o futuro – ou seja, simular as condições das últimas décadas para ver se a modelagem bate com o que foi medido. Modelos que falham no teste são simplesmente deletados.


Dito isso, os vários modelos climáticos globais têm personalidades matemáticas distintas, que lhes introduz vieses. O modelo do Centro Hadley, do Reino Unido, mostra um mundo em média mais seco no futuro. O modelo japonês Miroc mostra um mundo em média mais úmido. Para diluir o viés e reduzir a chance de erro, o IPCC usa mais de duas dezenas de modelos globais. E eles dão resultados incrivelmente parecidos.


10 – “O professor fulaninho diz que é tudo mentira.”
Voltamos à história de quem são os cientistas e qual é o consenso. Até pouco tempo atrás, havia em alguns veículos de imprensa o vício de entrevistar um ou outro negacionista mais midiático como forma de garantir “equilíbrio de visões” nas reportagens, como se em ciência todas as opiniões valessem a mesma coisa (volto à caricatura dos zoólogos debatendo relatividade geral), e como se a academia estivesse dividida 50% a 50% sobre o assunto. Este vídeo hilário do comediante inglês John Oliver mostra como seria se a imprensa resolvesse representar de fato o equilíbrio de visões da academia sobre a mudança do clima.


No Brasil houve dois negacionistas ilustres da mudança climática. Ambos são meteorologistas (ou seja, têm o costume de olhar o tempo, não o clima), a segunda categoria de cientista com mais propensão ao negacionismo climático (a primeira são os geólogos).


Os currículos de ambos revelam uma escassez de publicações sobre mudança climática em periódicos indexados em bases de publicações nacionais ou internacionais (a indexação é uma medida, ainda que imperfeita, da seriedade e da relevância de uma publicação acadêmica). No caso de um deles, todos os sete artigos “científicos” que publicou sobre o tema saíram numa obscura revista eletrônica que tinha ele próprio no conselho editorial. Repetindo João Gilberto, vaia de bêbado não vale.

*Este artigo foi publicado originalmente no site do Observatório do Clima


Água da Sabesp chega às torneiras da população do ABC paulista contaminada por metais pesados e agrotóxicos



publicado em 08 de novembro de 2015 às 00:02
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Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Grande. Foto: Banco de Imagens da Sabesp
06/10/2015 17:22
Alckmin entrega água contaminada com metais pesados e agrotóxicos ao ABCD
Dados de captação da Sabesp na Billings foram expostos em audiência pública em Santo André
A presença de metais pesados e agrotóxicos foi encontrada na água já tratada da ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande, ou seja, na água que chega nas torneiras da população de São Bernardo, Diadema e 50% de Santo André. Os dados são de laudos da própria Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) ao qual a Defensoria Pública do Estado de São Paulo teve acesso, de acordo com o defensor público Marcelo Novaes, via Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). As informações foram apresentadas em audiência pública sobre contaminação de agrotóxicos em alimentos e água realizada nesta terça-feira (06/10), em Santo André.
Audiência pública discutiu contaminação de alimentos e água por agrotóxico. Foto: Andris Bovo
“Estamos chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem fiscaliza a água que ela mesma entrega”, observou Marcelo Novaes, responsável pela investigação e divulgação dos dados da audiência pública.
“Jogamos todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos”, revelou a engenheira química Sônia Corina Hess, professora e doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os laudos da Sabesp a pedido da Defensoria Pública de Santo André.
Nas amostras analisadas entre 2012 e 2015 na ETA Rio Grande, foram encontrados cádmio, chumbo, fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos, alumínio dissolvido e surfactantes. A maioria está dentro dos níveis permitidos pela portaria 2.914, do Ministério da Saúde, que trata da potabilidade da água, apesar de prever o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos registrados no Brasil. Mas o chumbo apresentou níveis 40% acima do limite imposto pela portaria. “Esse mínimo de segurança não é segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa mistura, em longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas quantidades”, argumentou Sônia.
SAÚDE
Apesar de o glifosato ser considerado um agrotóxico de baixa toxidade, se comparado com outros no mercado, pesquisas internacionais mostram que é potencialmente cancerígeno, além de causar diabetes, doenças cardíacas, depressão, infertilidade, mal de Alzheimer e mal de Parkinson.
“Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso”, revelou a professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
O defensor público explicou ainda que esse tipo de agrotóxico vai parar na água porque quando pulverizado para agricultura se infiltra do solo e atinge as águas subterrâneas, lençóis freáticos e mananciais. “Deveria ser proibido o uso de agrotóxicos próximo aos mananciais”, destacou Novaes.
Além do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos (subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer. “O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números, tende a aumentar”, comentou Sônia.
Outro dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA Rio Grande. “É preciso investigar de onde está vindo isso. Até recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave”, afirmou. Já o chumbo causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e na região gastrintestinal.
SABESP
Em nota, a Sabesp garante que a qualidade da água fornecida aos clientes mantém os altos padrões exigidos pela portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde. Considerando todos os municípios atendidos pela companhia, o percentual de conformidade da água tratada, seguindo cinco parâmetros básicos (turbidez, cor, cloro, coliformes fecais e escherichia coli) teve média de 99,13% em 2013; 99,13%, em 2014; e 98,94%, em 2015 (janeiro a junho).
A empresa ainda informou que tem, no total, 17 laboratórios de controle sanitário. Nesses laboratórios especializados são realizadas, em média, mais de 62 mil análises mensais. Todos os resultados são encaminhados mensalmente para as Vigilâncias Sanitárias locais, conforme prevê a lei. A empresa ressaltou também que as informações sobre as análises de qualidade da água são impressas nas contas encaminhadas todos os meses às residências dos clientes – conforme determinações do decreto presidencial 5.440/05.
SEMASA
Em nota, o Semasa esclareceu que a informação de que entregou laudos elaborados pela Sabesp à Defensoria Pública não procede. “A autarquia municipal informa que não produz análise da qualidade da água tratada no Sistema Rio Grande. Seguindo os parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde, o Semasa atesta diariamente a qualidade da água entregue em Santo André pela companhia estadual, que é distribuída em 95% da cidade. Os relatórios elaborados mensalmente pelo Semasa, que demonstram a qualidade da água que chega aos moradores de Santo André, podem ser conferidos no site da autarquia. Os parâmetros adotados também estão impressos na conta de consumo do usuário”, informa a nota
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Cinco mil bois "descansam" no fundo do rio Pará. Barcarena: uma ilha de grandes projetos e grandes desastres.

 
Agora a grande mídia só fala dos atentados terroristas na França, o desastre em Mariana citam em entre linhas e enviesado e esse desastre ambiental ocorrido no Pará há mais de um mês, só ouvi falar em mídia alternativa. É foi super grave!

Navio com cinco mil cabeças de gado afunda e faz município paraense reviver mais um acidente em sua trajetória de injustiças ambientais.



Rogério Almeida  
Compartilhada pelo WhatsUp no dia do acidente - Bois tentam se manter vivos enquanto navio libanês afunda no Rio Pará. Embarcação deveria levar conteiner e estava improvisada para levar carga viva.
25 homens da empresa Cidade Limpa, apoiados por quatro tratores levaram quase uma semana para retirar aproximadamente 300 cabeças de gado que aportaram na praia do distrito do Murucupi (também conhecido como São Marcos), na Vila do Conde, setor industrial de Barcarena, município localizado à uma hora e meia de barco da capital paraense.


O local foi um dos mais afetados após o adernar do navio de bandeira libanesa, Haidar, no Pier 300, do porto da Companhia Docas do Pará (CDP) no dia 06 de outubro de 2015. A embarcação transportava cinco mil bois e 600 mil litros de óleo para a Venezuela. O naufrágio com carga viva já é considerado o maior do mundo em águas fluviais.

Prejuízos 

A praxe do Estado em relação a grandes acidentes no Pará tem sido reativa. Não existe um plano de contingência, apesar da ilha industrial registrar desastres de grandes proporções desde 2004.  O prejuízo total está estimado em R$ 800 milhões - R$14 milhões somente com a carga. O valor inclui os danos diretos e indiretos e a retirada do navio, calculada para durar quatro meses. O Haidar foi construído para transportar contêineres. Contudo estava improvisado para carregar boi vivo. Um “clube” de empresas seguradoras com sede em Londres e Beirute deve compensar o sinistro.

A embarcação prestava serviço a maior empresa exportadora de gado vivo do país, a Minerva Foods, sediada em São Paulo, na cidade de Barretos. Os principais destinos da carga são os mercados do Líbano, da Venezuela e do Egito. A Samara Shipping é a proprietária do navio. Ela contratou a Mammoet Salvatage, uma das principais empresas do setor no mercado mundial, para resgatar o navio. 

Não é o primeiro incidente envolvendo a Minerva Foods. Em março de 2012 “Gracia Del Mar”, navio de bandeira panamenha, embarcou 5.200 bois na Vila do Conde com destino ao Cairo, no Egito. Deste total, 2.700 bois morreram no Mar Vermelho por falta de ventilação, presume-se. À época, o presidente da Minerva, Fernando Queiroz, eximiu-se da responsabilidade. O gado morto foi descartado em alto mar. Assim como em 2012 a empresa debita na conta da transportadora a responsabilidade do desastre.

Por conta do acidente, a exportação de carga viva foi suspensa no Porto da Vila do Conde. Os ministérios públicos federal, estadual e a defensoria recomendaram que as atividades no porto fossem suspensas até que a carga em decomposição e o navio fossem retirados. A justiça negou o pedido.

Carga “viva”

A atividade pecuária é um dos principais indutores do desmatamento na Amazônia. Além do dano florestal, os gases do rebanho prejudicam a camada de ozônio. O maior produtor de gado do Pará, São Félix do Xingu, no sul do estado, ocupa o topo da lista de 47 municípios que mais desmatam na região amazônica. O rebanho somava 1,7 milhão de cabeças em 2008, mas subiu para 2,2 milhões em 2014, segundo o IBGE. 

Os bois que embarcam em Vila do Condo vêm de municípios como São Félix do Xingu. A partir do sul e sudeste paraense até o país importador o transporte da mercadoria é precário. Representante de uma associação de defesa dos animais calcula que 10% das cargas vivas morrem até alcançar o destino. “Os animais são dopados para poder aguentar a longa viagem, que às vezes dura 17 dias. Eles não comem e nem bebem água”, acusa uma defensora que prefere o anonimato.

Caminhoneiros contam que o embarque do boi em pé não é prioridade em Vila do Conde. É comum os animais virem a óbito por conta da ausência da água e comida na fila de espera do embarque, após percorrerem mais de 500 quilômetros de rodovias.

A espera do ressarcimento 

A criação do comitê de crise com diversos órgãos para lidar com os desdobramentos do naufrágio foi uma resposta rápida, porém, paliativa. Marinha do Brasil, CDP, Corpo de Bombeiros, Agência Agropecuária do Pará (Adepará), Defesa Civil e Secretarias Municipal e Estadual de Meio Ambiente estavam entre as instituições do grupo de crise, que pouco pode fazer para minimizar o impacto do acidente junto à população.

Desde o dia 06 de outubro cerca de 30 comerciantes que moram na área do Murucupi, em Barcarena, convivem com o refluxo dos negócios. Ana Cleide Souza Castro chegava a faturar até mil e quinhentos reais por fim de semana. O recurso é a principal fonte de manutenção da família de 10 pessoas, sendo duas adolescentes, e os demais adultos.

“Aqui todo fim de semana pessoas de Belém vinham em comitivas de ônibus fazer piquenique. Após o acidente optaram por outro lugar. Vendi uma garrafa de refrigerante durante os últimos dias” conta dona Ana Cleide, que tem apelado para a compreensão de parentes, amigos e vizinhos para conseguir alimentação e água.

Murucupi, uma praia de água de doce, fica entre os portos da Companhia Docas do Pará (CDP), local do acidente, e o porto da empresa francesa, Ymeris Rio Capim, que explora o minério de caulim, usado para a produção de celulose. Em junho de 2007 tanques de contenção de rejeitos da empresa transbordaram  e 200 mil metros cúbicos de efluentes  tomaram as águas do rio das Cobras, e os igarapés  Curupere e Dendê, entre outros (Saiba mais).

“Não quero nem indenização, o que desejo é uma compensação pelo que deixamos de negociar durante todo esse período” advoga Ana Cleide. Desde o início dos anos 2000 ela coleciona três processos contra as grandes empresas que operam no Distrito Industrial de Barcarena. Um deles por conta da contaminação da praia por uma fuligem de pó escuro que saía das fábricas. Os outros dois processos da proprietária do Bar do Cabelo, apelido do marido, são por conta da contaminação do bairro e da praia com o óleo das balsas que operam aqui na região. “Os dois devem ter uns cinco anos” avalia.

Ana Cleide acusa os poderes que integram o comitê de crise por burocratizar a ajuda às populações impactadas.  “A minha família recebeu um botijão de água do poder público municipal. Para isso respondemos um questionário imenso aplicado por uma pessoa do Centro de Referência e Assistência Social (Cras)”, desabafa.

Paula Santa Brígida, que tem uma barraca em frente ao comércio de dona Ana Cleide engrossa o coro dos descontentes em relação ao descaso do poder público. “As instituições não têm dado a devida atenção às pessoas que moram aqui, em particular aos pescadores e ribeirinhos”, crava a senhora. A filha Ana, e o neto negociam chop (espécie de suco congelado), enquanto conversamos. No rosto usam mascaras para evitar o mal cheiro provocado por restos de bois em decomposição que se amontaram na praia.

Raimunda Souza (Mundinha) é uma senhora clara, estatura pequena. É pescadora desde os dez anos de idade. Numa casa acanhada, situada no bairro São Pedro, na Vila do Conde, acomoda nove pessoas, sendo cinco crianças. Ela conta que na ocasião do acidente, junto com outros moradores do bairro, capturaram duas cabeças de gado vivo, mataram e dividiram entre si.

Ela e outros 65 associados da Cooperativa de Pescadores de Vila do Conde estão impedidos de pescar no rio Pará ou pegar camarão no furo do Dendê, - um afluente do rio - que fica nos fundos de sua residência. Ela exibe uma geladeira somente com garrafas d´água, e uma sobra de carne do boi, que exala um cheiro desagradável.

“Até o dia 15 [outubro] nenhuma família do bairro recebeu água ou cesta básica. Uma assistente social visitou a gente, e se recusou em beber a água do nosso poço artesiano. A minha filha tem sofrido com alergia por conta do óleo da embarcação. Nossas redes, roupas e barcos tá tudo sujo de óleo. O fiado na vendinha e o Bolsa Família é que tem nos ajudado”, desabafa Raimunda.  Segundo ela, a Colônia de Pescadores do município possui mais de dois mil e quinhentos associados. Todos estão impedidos de trabalhar. 

Ciro Gomes Pereira, a esposa Leá e a filha são pescadores no Furo do Arrozal. Antes do acidente negociavam 50 quilos diários de peixes típicos da região, pescada e sarda. “A gente não sabe o que fazer e para quem recorrer. Lá no arrozal ninguém recebeu nada até o momento [dia 16 de outubro]”, explica Ciro.  O pescador conta que a comunidade já vinha sofrendo problemas por conta das balsas da empresa Bunge, que exporta grão de soja.

 “Uma chuva forte espalhou soja nos furos, igarapés e  no rio Pará. Isso afetou nosso trabalho” narra o recém-aposentado. 

O óleo e as carcaças de bois já alcançaram a vizinha cidade de Abaetetuba, que congrega 45 ilhas, onde moram perto de 50 mil pessoas que sobrevivem da pesca, do extrativismo do açaí e do artesanato do miriti. Entre os moradores há o pedido de ressarcimento por parte dos responsáveis do acidente em três salários mínimos durante cinco anos. Hueliton Pereira, morador do município, informa que um documento solicitando providencias já foi protocolado junto ao Ministério Público Estadual (MPE).

O comitê de crise não tem o número exato de famílias que foram atingidas. Essas pessoas têm sido assediadas por advogados de toda estampa, que desejam vender seus serviços. No dia 19, trezes dias após o desastre, uma nota publicada no site da CDP informava que a Secretaria de Portos mediou junto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ao Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) cinco mil cestas básicas e subsídio de um salário mínimo para as famílias atingidas.

Contradições 

Barcarena é um importante entreposto logístico e produtivo da economia brasileira. Do seu porto com grande profundidade (calado) saem e chegam mercadorias que alimentam o mercado mundial com grãos, minério e gado vivo. Uma referência da importância do município é a Albrás-Alunorte, o maior complexo de produção de alumínio do mundo.

Inicialmente, nos anos de 1980, o complexo era tocado pela Vale e um grupo japonês. Atualmente, a gigante norueguesa Hydro é a acionista majoritária do empreendimento que beneficia a matéria prima do alumínio, a bauxita. O material leve e resistente, encontrado em carros de luxo e em cobiçados  celulares com a estampa da maçã , é uma das principais commodities do Brasil, que ocupa a quarta colocação na extração mundial de bauxita e controla a terceira maior reserva do planeta.

Mas o que deveria ser um indutor de desenvolvimento para a região, pouco se reflete  no cotidiano de quem mora na cidade.  Dados do IBGE (2010) relatam que perto de 30% população estão na faixa da pobreza, possuem moradia precária e limitado serviço de saneamento básico, sendo a maior parte de origem rural.

Ao mesmo tempo, o processo de produção de inúmeras indústrias sediadas em Barcarena também gera passivos. Investigações do Instituto Evandro Chagas atestam que há o comprometimento de 90% da água nas áreas circundante das empresas. “Toda a cadeia produtiva do alumínio socializa [causa] danos à terra, `a água e no ar, além da pele, olhos, pulmões e na vida dos trabalhadores e moradores” indica relatório produzido em 2009.

“Não existe controle social sobre os processos que ocorrem na cidade, o estado não possui equipamentos e pessoal qualificado para monitorar a produção e emissão dos rejeitos das grandes empresas. O que ocorre é um faz de conta. As empresas produzem relatórios e as instituições os endossam”, acusa um sindicalista aposentado, que prefere não se identificar por colecionar processos motivados por suas denúncias de crimes ambientais na região.

Injustiça ambiental 

A terra do festival do abacaxi e da guitarrada, tocada por Mestre Vieira, é um caso emblemático da injustiça ambiental. Ou seja, “ao município ficam as ‘sobras’ dos processos produtivos, das obras de infraestrutura e logística, sem que haja mecanismos claros e efetivos de controle e compensação”, define carta assinada por cerca de 60 organizações sociais indignadas com o acidente em Vila do Conde.

Em regimes democráticos o estado tem um papel importante para mudar o jogo. “O governo brasileiro deve mediar interesses. Não basta fomentar desenvolvimento, planejá-lo. A sociedade local precisa usufruir da riqueza gerada, não podemos aceitar que os frutos do desenvolvimento fiquem restritos a alguns territórios e segmentos”, cobra Maura Moraes, coordenadora de projetos do IEB.

Enquanto barcarenenses aguardam compensações pelos acidentes vivenciados, os bois “descansam” no fundo do rio Pará. A expectativa de um estado que equilibre a balança da justiça socioambiental é uma luta diária, que exige participação, controle social e as devidas responsabilizações, principalmente daqueles que auferem lucros econômicos com a exploração dos recursos naturais.

“É necessário que as empreendimentos produtivos respeitem a legislação ambiental, reflitam sobre o seu modo de produção, de forma a adotar medidas preventivas eficientes para evitar os danos, assim como se disponham a construir novas formas de relação entre sociedade, Estado e empresas presentes no município”, declara carta pública em solidariedade à Barcarena, e que exige respeito às pessoas e ao meio ambiente. 


Desrespeito a Joaquim Levy e honras a Meirelles




Meirelles e Levy, dois perdidos numa economia suja

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Esperava-se que, por consideração, a presidente Dilma Rousseff agisse rapidamente para tirar seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, da praça pública em que ele vem sendo humilhado diariamente. A expectativa, sobretudo entre os subordinados do chefe da equipe econômica, era de que a petista desse um basta no bombardeio disparado pelo ex-presidente Lula, que praticamente nomeou Henrique Meirelles para o cargo mais importante da Esplanada dos Ministérios. Dilma, porém, optou pelo silêncio. E a legitimidade de Levy derreteu mais um pouco — se é que não se esvaiu por completo.

O desprestígio de Levy está tão grande que, para mostrar que continua firme no posto, ele se submeteu ao constrangimento de ter de encarar Meirelles, almoçar com ele e ouvir as lições do ex-presidente do Banco Central sobre economia sem a garantia de Dilma de que não há qualquer possibilidade de ela substituí-lo seja por quem for. O ministro manteve a fleuma, mas, no seu entorno, não se falou outra coisa a não ser que ele está com os dias contados.

Semana passada, Levy e Meirelles participaram, como palestrantes, de um seminário promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto o ministro levou um sermão do presidente da entidade, Robson Andrade, que criticou duramente a proposta do governo de recriar a CPMF e ressaltou que a atual política econômica não é a que o país precisa e deseja, Meirelles foi tratado como celebridade, como se já estivesse nomeado para ser a pessoa que a indústria necessita, “alguém que mostre que o Brasil tem uma política econômica suficientemente boa para permitir o crescimento do país”.

FIM DE FESTA
A percepção, na Fazenda e em boa parte do governo, é de que a festa acabou para Levy. A partir de agora, ele se tornou ministro dele próprio, pois não se vê nenhum comprometimento do Palácio do Planalto com o prometido ajuste fiscal. Dilma ainda não bateu o martelo sobre a substituição do subordinado porque ainda precisa dele para dar um ar de seriedade no governo e se convencer de que o que Lula e o PT pregam é o melhor a ser feito.

Os poucos que ainda defendem a permanência do ministro no cargo alegam que, ruim com ele, pior sem ele. Dizem que se o governo conseguir aprovar uma agenda mínima do Congresso e se livrar do tormento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está com o mandato ameaçado, poderá pavimentar uma trilha menos tortuosa até 2018 sem que Dilma seja obrigada a se tornar uma rainha da Inglaterra, com Lula dando as cartas.

Por mais que Levy não seja homem de confiança da presidente, ela reconhece que ele tem boas intenções. O problema é que o ministro chegou com tanta sede de poder, acreditando ser um super-homem e que seria capaz de fazer valer suas ideias, que acabou metendo os pés pelas mãos, sobretudo por não ter conquistado a confiança da base aliada, que tem os votos necessários para tornar o ajuste fiscal realidade.

A CULPA É DELE
Apesar de posar de vítima, não se pode esquecer de que Levy é responsável por boa parte da humilhação que vem enfrentando. No mesmo dia em que o governo decidiu enviar ao Congresso a proposta de Orçamento de 2016 com deficit de R$ 30,5 bilhões, da qual foi contra, ele deveria ter entregue a carta de demissão. Como não o fez, perdeu, por completo, o respeito. Todos passaram a vê-lo como um ministro fraco, que se submeteria a qualquer coisa para continuar no poder.

E não adianta usar o velho discurso de que se está fazendo tudo em nome do desejo de um Brasil melhor. Levy gosta da pompa que o ministério lhe dá. Tanto gosta que usa as agências de classificação de risco para mostrar o que pode ocorrer com o país se ele deixar a Esplanada — explosão do dólar e derretimento da bolsa de valores. Mas, agora, nem mesmo o discurso do medo funcionará. Os investidores compraram a possibilidade de Meirelles ir para a Fazenda. O dólar e os juros desabaram e a bolsa disparou assim que o ex-presidente do BC disse apoiar um ajuste fiscal completo.

SURREALISMO
A situação se tornou tão surreal que não é mais o titular da Fazenda quem mexe com o mercado financeiro, mas, sim, seu possível sucessor, o escolhido por Lula para resgatar a credibilidade, retomar o crescimento, garantir a continuidade do mandato de Dilma e tirar o PT da lama nas eleições. Essa missão foi bem parecida com a que Dilma entregou a Levy assim que o convidou para integrar o governo. Passado quase um ano, ele fracassou por completo. E nada indica que será diferente com Meirelles.