sexta-feira, 24 de julho de 2015

O choro dos 70 milhões.Quantas escolas públicas poderiam ter sido construidas com 70 milhões??

FRENTE A FRENTE COM O JUIZ SERGIO MORO ACUSADO DO PETROLÃO CHORA... AO LONGO DE 12 ANOS O "CHORÃO" SACOU R$ 70 MILHÕES EM DINHEIRO VIVO!



Laudo da Polícia Federal reforça a suspeita de que o empresário Mário Góes atuava ativamente como um dos operadores do esquema de corrupção da Petrobras. Ligado a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, Góes movimentou, entre 2003 e 2014, cerca de 220 milhões de reais em suas contas bancárias. Desse volume, chama atenção a quantidade de dinheiro vivo sacada pelo executivo: 70 milhões de reais.

O valor, de acordo com a PF, pode inviabilizar a identificação dos beneficiários e é comum em operações que envolvam pagamentos de vantagens indevidas. As planilhas detalham a movimentação das contas do operador, nas quais estão envolvidas empreiteiras como a Andrade Gutierrez e Odebrecht.

Outros destinatários foram encontrados: por meio da empresa Riomarine, de Mario Góes, foram repassados 500.000 reais para o clube Botafogo e 150.000 para uma galeria de arte. Em tempo: Góes é o réu que chorou frente a frente com o juiz Sergio Moro. Disse que estava se sentindo fraco e com dores na lombar. Do site de Veja

Servidores do Judiciário prometem "caçar" Dilma país afora


Bem feito, ex-presidente Dilma! 

Surrupiei o post do amigo Coronel:


Não é só a ameaça de cassação que se abate sobre Dilma Rousseff, por crimes fiscais, eleitorais e morais. Segundo os funcionários do Judiciário, a partir de agora ela também será caçada em todo o país. Servidores do Judiciário decidiram ontem continuar em greve. Em reação ao veto, a federação nacional da categoria promete uma "caça" à presidente Dilma Rousseff, com manifestações em todo o País. "Nossos batalhões de grevistas vão monitorar todas as agendas da presidente e vamos fazer protestos aonde quer que ela vá. Será uma verdadeira caça", afirmou o coordenador-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), Adilson Rodrigues Santos.

P.S.: o blog retorna mais tarde.
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Pessimismo se alastra na República podre do lulopetismo: 82% dizem que situação econômica é ruim.


A percepção dos consumidores sobre a economia do país é a pior desde 2005. O índice de confiança do consumidor (ICC) atingiu recorde negativo pela quarta vez no ano. Enquanto Dilma estiver aí, a tendência é que tudo se torne ainda pior. Não é à toa que 63 por cento da população defende o impeachment da presidente:

A confiança do consumidor recuou 2,3% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação de julho ante igual mês de 2014, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 23,1%. Com o resultado, o ICC fechou o mês em 82 pontos, o menor nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005. Em junho, o indicador havia cedido 1,4% contra maio.

"Pela quarta vez neste ano o ICC atinge recorde negativo. A queda em 2015 vem sendo influenciada pela insatisfação e pessimismo em relação à economia e piora da situação financeira das famílias. Diante deste cenário, o consumidor retrai seu ímpeto para compras, diminuindo ainda mais as possibilidades de melhora do cenário atual", avalia a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem, em nota oficial.
O resultado de julho foi influenciado tanto pela avaliação sobre o momento atual quanto pela perspectiva sobre o futuro. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 5,2%, ao passar de 75,1 pontos para 71,2 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) recuou 2,4%, de 88,6 pontos para 86,5 pontos, interrompendo uma sequência de três altas seguidas.
O índice, calculado dentro de uma escala de pontuação de até 200 pontos (quanto mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor), está desde novembro do ano passado abaixo dos 100 pontos, zona considerada desfavorável. A média histórica, que considera os últimos cinco anos, está em 111,6 pontos.
Segundo a FGV, o levantamento abrange amostra de mais de 2,1 mil domicílios em sete capitais, com entrevistas entre os dias 1 e 21 deste mês.
Pessimismo. A percepção dos consumidores sobre a situação atual da economia é a pior desde setembro de 2005, quando teve início a série da Sondagem do Consumidor. Ao todo, 82,7% das famílias apontam que a situação da economia é ruim. Outros 12,2% acham que o momento é "normal", o nível mais baixo da última década, apontou a instituição.
O indicador que mede a percepção sobre a situação atual da economia segue uma tendência de queda desde o ano passado, que se aprofundou em 2015. Depois de uma leve alta em maio, o índice voltou a mergulhar nos últimos dois meses. Só em julho, o recuo foi de 10,8% em relação ao mês anterior. Apenas 5,1% dos consumidores avaliam que a situação está boa.

Diante do quadro atual, os consumidores não veem motivos para ir às compras. A intenção de consumo de bens duráveis caiu 3,5%, para 69,7 pontos. Trata-se do menor nível desde outubro de 2005, quando estava em 68,4 pontos. O quesito foi o que mais pesou para a queda nas expectativas em julho.Segundo a FGV, a proporção de consumidores que projetam maiores gastos passou de 13,3% para 13,2% na passagem do mês. Já a parcela dos que preveem diminuir os gastos subiu de 41,1% para 43,5% em julho. (Estadão).
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Gondim, novo Secretário de Saúde, é investigado pela Polícia Civil do Maranhão


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Antes mesmo de ser anunciado para a Secretaria de Saúde o nome de Fábio Gondim é recebido com críticas e desconfiança.  


O nome de Fábio Gondim é recebido com resistência e reticencia por profissionais, gestores e especialistas de saúde do DF. Isso porque basta algumas pesquisas na internet para se perceber que além da estreita relação de Gondim com a ex-governadora de Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e o pai, senador Jose Sarney (PMDB), que  o futuro secretário de Saúde do DF, também está sob investigação da Polícia Civil, acusado por, supostamente, fraudar o Portal da Transparência.


Matéria publicada pelo Jornal Pequeno (12/Jul), apontam a ex-governadora de Maranhão, Roseana Sarney e os ex-secretários Fábio Gondim e Bernardo Bringel como suspeitos em investigação por atos de improbidade e outros crimes por omitirem gastos públicos no Portal da Transparência. De acordo com o Jornal, “A Secretaria de Estado de Transparência e Controle (STC) concluiu nesta semana a apuração sobre o filtro indevido utilizado na gestão passada para ocultar os gastos. A investigação da STC constatou o envolvimento de Roseana e dos dois ex-secretários de Planejamento, além de uma servidora estadual.”.


Ainda de acordo com a matéria: “Somente na modalidade Fundo a Fundo de aplicação de recursos foram transferidos R$ 217 milhões em 2014, inclusive durante o período eleitoral, sem que a população tomasse conhecimento dos valores transferidos. Em 2013, os gastos secretos na gestão da ex-governadora Roseana Sarney alcançaram o valor de R$ 7.414.243.150,72.”.


E não pára por aí. De acordo com a matéria: “Além disso, foi encontrado no programa de geração de dados para o Portal da Transparência filtro para impedir a publicação de ordens bancárias específicas, que apresenta indícios de ter sido utilizado ao longo dos anos para excluir do Portal gastos suspeitos.
Confrontando a execução orçamentária de 2013 com os gastos disponibilizados no Portal, constatou-se que apenas 40,77% dos gastos públicos estaduais foram disponibilizados no Portal. Ou seja, 59,23% das despesas eram compostas de gastos secretos.”


Fim do corporativismo x falta de conhecimento da rede
Um cientista político, que prefere não ser identificado conversou com o Blog Política Distrital sobre a escolha de Gondim para assumir a pasta da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). “Um dos motivos da escolha do nome de Gondim deve ir de encontro ao fim do corporativismo entre os médicos, dentro da Secretaria de Saúde. Outro motivo é o conhecimento voltado para a gestão. Mas Rollemberg comete novamente o erro de nomear uma pessoa um pessoa que não tem a menor noção de como funciona o sistema público de saúde do DF. Mas o que se pode observar também é que Gondim é do PT, afiliado dos donos do PMDB, a família Sarney, e isso pode ser um indício de aproximação de Rollemberg com a base de apoio do governo. Afinal o GDF precisa de suporte de recursos do Governo Federal. Mas é um nome que deve enfrentar muita resistência.”, afirmou.


Ainda de acordo com o especialista: “Um grande problema enfrentado pelo atual governo está diretamente ligado a falta de transparência que o governador tenta resolver, por causa da história do déficit e das cobranças que vem do Legislativo. Então me parece um grande contrassenso nomear alguém com esse tipo de problema, justamente na pasta que mais movimenta recursos do GDF.”, concluiu.


Mais um petista?
10647028_705320342889985_1907176667567679493_nQuem não deve gostar nada da nomeação é a presidente da Câmara Legislativa do DF, a deputada distrital, Celina Leão. Isso porque nos últimos meses um dos motivos que criou um grande impasse entre o Executivo e o Legislativo é a quantidade de nomeações de petistas em cargos do GDF. Gondim foi candidato a deputado federal, não foi eleito mas ficou na suplência pelo PT no estado de Maranhão.

Em relação a campanha, Gondim enfrenta críticas. Uma delas pode ser visto no blog do Neto Ferreira: “O salário que acumulou como secretário, não daria hoje para manter uma candidatura milionária. Isto é uma prova de que a amiga Rosesna (SIC) estaria investindo pesadamente na sua candidatura.”.

Mensagem de dois anos atrás. Como está o cerrado agora?

copyright Adriano Gambarini 01"Hoje é dia do Cerrado, mas não vou comemorar"
Adriano Gambarini - 11/09/13


Acordei na Serra da Canastra. Pensei neste dia, em homenagem ao Cerrado. Ironicamente abro minha caixa postal e vejo um documento emitido por um responsável técnico dos órgãos ambientais, dando parecer positivo ao desmate de uma grande área de Cerrado do oeste mineiro. Ou melhor, o pouco que resta deste importante bioma naquela região. A explanação referente à área é tão chinfrim, para não dizer outro adjetivo mais ofensivo, que a frase sobre a fauna existente cita 4 ou 5 espécies, pasmem, vulneráveis ou ameaçadas, e finaliza com um simples 'etc'. Ou seja, a diversidade faunística do Cerrado, comprovadamente como uma das maiores do mundo, é resumida a três letras.


Não há o que comemorar. Nestes últimos 3 meses viajei pelos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso e efetivamente o que vi foram áreas extensas cobertas com monocultura e pecuária. E como se não bastasse o regaço feito nos campos de cerrado e rupestres destes lugares, estão articulando mudanças nos fluxos dos rios para que a tão vangloriada (pelo governo) produção de grãos mato-grossense seja mais facilmente escoada para o outro lado do mundo.


De acordo com a WWF-Brasil, 40% do Cerrado brasileiro estão ocupados pela agropecuária, e ao todo, o bioma já perdeu mais da metade da vegetação original. E para piorar, menos de 3% desta savana brasileira estão protegidos de fato.


Decididamente, não há o que festejar. Só um lamento pelas espécies que desaparecem sem ao menos serem descobertas e identificadas. Só um desconsolo pelas espécies conhecidas com cada vez menos área para sobreviver e proliferar. Só um triste futuro sem luz no final do túnel. Ou melhor, luz há de ter... do fogo das queimadas. Por isto, este ensaio não vai ter fotos de 'bichos fofinhos' ou 'paisagens nostálgicas'. O que se vive hoje é o Dia de permanente melancolia pelo que um dia foi o Cerrado brasileiro.


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Cerrado pode ser um dos grandes afetados pelo aquecimento global

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Fabíola Ortiz - 12/07/15

Paris, França – A ausência de políticas públicas para a proteção do Cerrado no Brasil põe em risco um dos maiores hotspots de biodiversidade, especialmente quando as projeções climáticas mais pessimistas indicam um aumento na temperatura da Terra de até 4°C no final do século – caso ações não sejam tomadas para frear o aquecimento global.


O alerta foi dado pela bióloga do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Mercedes Bustamante, uma das maiores estudiosas do Cerrado brasileiro, tido como a savana mais diversa do mundo. Neste bioma existem mais de 10 mil espécies de plantas nativas catalogadas.
A bióloga conversou com ((o))eco em Paris, durante a conferência científica sobre mudanças climáticas (“Our Common Future Under Climate Change”), que aconteceu na semana passada na sede da UNESCO, na capital francesa. Ao longo de quatro dias da conferência, cerca de dois mil cientistas e estudiosos sobre mudança do clima estiveram reunidos na capital francesa numa prévia para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21) que ocorrerá no fim do ano.
Bustamante coordenou o Volume 3 do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Ela ainda participou do último relatório do IPCC liderando o grupo dedicado a florestas, agricultura e mudanças do uso do solo no capítulo de mitigação.
Na sua opinião, o Cerrado – que ocupa quase 25% do território brasileiro – deveria ser levado mais em conta na hora de traçar estratégias de adaptação do bioma frente ao eminente aquecimento global.



Impactos e projeções
Em um cenário mais otimista de elevação da temperatura, de 1,5°C  a 2°C até o fim do século, as regiões de Cerrado no Nordeste seriam as mais impactadas, especialmente as localizadas na transição para a Caatinga.
“É uma região com maior vulnerabilidade, pois são áreas que ainda têm menor desenvolvimento econômico. Este é um aspecto que precisamos considerar, a desigualdade que existe no Cerrado está numa região onde há o maior remanescente de cobertura vegetal”, disse Bustamante.
Já num cenário mais negativo de elevação de 4°C, o bioma sofreria ainda mais, uma vez que o período de seca ocuparia boa parte do ano favorecendo as queimadas, tanto em frequência como em intensidade, além de reduzir a cobertura de árvores que são importantes reguladoras da temperatura e sugam a água que está profunda no solo.



Fonte de água
"O Cerrado é um distribuidor de águas para as principais bacias hidrográficas do Brasil. Das 12 que existem no país, oito são abastecidas por este bioma."
O Cerrado é um distribuidor de águas para as principais bacias hidrográficas do Brasil. Das 12 que existem no país, oito são abastecidas por este bioma. As mudanças climáticas em curso podem afetar essas bacias.
Alguns modelos científicos indicam que o Cerrado no Nordeste seria o mais prejudicado em razão não apenas da redução da precipitação, como do aumento do período seco. Ou seja, choverá menos e haverá mais seca. “Isso mudaria o funcionamento do ciclo hidrológico e da captação de carbono”.
O Cerrado funciona como um “dreno” de carbono durante a estação chuvosa de outubro a maio e, no final da seca, como fonte emissora. A equação é simples: se aumentar a estação seca, por mais tempo o Cerrado vai emitir mais CO2 e, por menos tempo, vai captar o carbono na estação chuvosa. "Hoje o balanço é positivo, o Cerrado assimila mais carbono que emite. Mas se houver alguma mudança na distribuição da chuva, haverá o risco de transformar o que seria um dreno de carbono em uma fonte geradora de carbono”, diz a cientista.



Abaixo da meta de proteção
A proteção integral do Cerrado está longe de alcançar o mínimo desejado, não passa de 3% da área do bioma que está sob proteção integral. Bem abaixo da meta que o Brasil indicou na Convenção da Biodiversidade, que seria de 10%.
Contabilizando todas as áreas protegidas do Cerrado, a soma não passa de 8%, sendo que a maioria é de Áreas de Proteção Ambiental (APAs), motivo de alerta para Bustamante.
“Uma boa parte de áreas protegidas do Cerrado está dentro de APAS e elas têm se mostrado um instrumento pouco poderoso para proteger as áreas nativas”, disse. “Até hoje não conseguimos implantar um sistema de monitoramento para o Cerrado que gere dados anuais importantes para a gestão de políticas ambientais”.



Potencial para preservar
A grande brecha que existe para preservação a savana brasileira é potencializar a conservação nas propriedades privadas. A maior parte da terra no Cerrado é privada, predominantemente propriedades de médio e grande porte.
O principal uso do Cerrado continua sendo a pastagem. A agricultura também é um componente importante do uso da terra e da economia deste bioma. “São grandes extensões que ainda podem ser aproveitadas para a conservação”.
Dentro destas propriedades privadas, grande parte das Áreas de Preservação Permanente (APP) representa um passivo ambiental que pode ser recuperado. As APPs podem ser somadas às áreas de reserva legal, que respondem a 20% da área da propriedade.
“O potencial é grande para incluir no sistema de conservação, mas o caminho ainda é longo, pois o próprio Código Florestal autoriza desmatar até 80% da propriedade, há muita perda de cobertura vegetal que é legalizada pelos órgãos ambientais”.
O Cadastro Ambiental Rural (CAR),que recentemente teve seu prazo adiado, pode contribuir para este passo na conservação. A ideia é que, a partir das informações do CAR, seja possível construir um escopo de uma estratégia para aumentar o potencial de conservação de biodiversidade. “Não deveríamos nem esperar terminar o prazo final de cadastro do CAR para começar a planejar”.
Ainda sem dados precisos, Bustamente diz que o Cerrado continua sendo um componente importante das emissões brasileiras.
O próximo inventário nacional de emissões de gases de efeito estufa já está sendo concluído e deverá ser anunciado em breve. O documento pretende acompanhar as emissões de 2002 a 2010.





Brasil está mais inflamável, dizem estudos

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Claudio Angelo - 23/07/15


O desmatamento e as mudanças climáticas deixaram o Brasil mais vulnerável a incêndios florestais nas últimas décadas. Na Amazônia, essa tendência persiste mesmo com a queda na velocidade da devastação a partir de 2005.
As conclusões são de dois estudos independentes, um publicado na semana passada e outro no prelo, assinados por pesquisadores americanos e brasileiros. Ambos se valem de extensos registros de imagens de satélite, que cobrem um período que vai de 1979 a 2013.
O estudo americano foi liderado por Matt Jolly, do Serviço Florestal dos EUA, e saiu no periódico Nature Communications. Jolly e seus colegas buscaram avaliar a influência das mudanças do clima na duração da temporada de queimadas e na vulnerabilidade a incêndios de florestas do mundo todo nas últimas três décadas.
Analisando imagens de satélite e dados meteorológicos desde 1979, o grupo concluiu que todos os continentes menos a Austrália apresentaram tendências significativas de aumento nos incêndios. No total, o período do ano em que o calor e a secura favorecem o fogo aumentou 18,7% no planeta, e a área global sujeita a queimar dobrou.
Os incêndios florestais estão mais longos e atingem áreas maiores. No período de 34 anos analisado, houve seis anos nos quais mais de 20% da área vegetada do planeta foi afetada por longas estações de fogo. Todos aconteceram na última década – que foi também a mais quente já registrada desde que a humanidade começou a medir temperaturas com termômetros, no século XIX. Um desses anos foi 2010, quando a Rússia foi atingida pelo pior incêndio florestal de sua história.
23072015-captura-de-telaImagem mostra como inflamabilidade evoluiu no planeta entre 1979 e 2013
O grupo americano suspeita da perturbação no ciclo hidrológico induzida pelo aquecimento do planeta. Embora o total de chuvas no ano não tenha diminuído nas áreas afetadas, essas chuvas estão menos espaçadas – e possivelmente mais intensas. Isso aumenta o número de dias secos na temporada de queimadas: em média, o mundo ganhou 1,31 dia seco a mais por década.
Em nenhum lugar essa tendência é tão marcada quanto na América do Sul. Na Amazônia e no cerrado, o aumento médio na temporada de queimadas foi de impressionantes 33 dias em 35 anos. “Estações de queimada mais longas prolongam condições para incêndios por condução, potencialmente expandindo a área suscetível a incêndios que escapam de áreas desmatadas”, afirmam os pesquisadores. Entre as regiões afetadas está Rondônia, que decretou estado de emergência neste mês devido às queimadas.
Saturação
É precisamente isso o que parece estar acontecendo na região amazônica, de acordo com o outro estudo, liderado por Ane Alencar, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que será publicado em agosto na revista Ecological Applications e já está disponível on-line.
Alencar e colegas do Ipam e das universidades de Stanford e da Flórida, nos EUA, analisaram imagens de satélite de 1983 a 2007 e mostraram que a região sudeste da floresta amazônica, onde está o chamado Arco do Desmatamento, tem sofrido o impacto duplo da extrema fragmentação e da recorrência de extremos climáticos, como o El Niño de 1998 e a seca de 2005.
“Entre 1983 e 2007, eventos de estiagem causaram incêndios florestais que ficaram maiores, mais frequentes e abarcaram um leque maior de meses da estação seca”, descrevem os autores.
Eles destacam que o próprio fato de uma floresta pegar fogo na Amazônia já é algo extraordinário, uma vez que a ideia clássica sobre a região era de que a selva fosse úmida demais para queimar. Antes da colonização, evidências sugerem que as matas amazônicas só incendiassem a cada 400 ou mil anos. Essa realidade mudou radicalmente.
Nos 24 anos de análise do grupo de Alencar, 15% de florestas densas, de dossel fechado – “inqueimáveis”, segundo o raciocínio clássico – na área estudada pegaram fogo. A maior parte dos incêndios, porém, aconteceu em florestas abertas (44%) e nas matas de transição, entre a Amazônia e o cerrado (46%).
“Em florestas úmidas, este aumento foi associado a eventos de seca, enquanto em florestas mais abertas o aumento na probabilidade de queima ocorreu mesmo se descontarmos a seca – provavelmente algo relacionado com a fragmentação da paisagem”, diz Paulo Brando, pesquisador do Ipam e coautor do estudo.
Segundo ele, mesmo com a redução das chamadas fontes de ignição (queimadas iniciadas por desmatamentos), na última década, quando a taxa de corte raso começou a cair, as florestas ainda estão pegando fogo. Em 2007, por exemplo, a área queimada na região do Xingu, que tem florestas abertas e de transição, foi muito superior à de outros anos, embora a quantidade de fontes de ignição não tenha aumentado significativamente.
Isso sugere, prossegue Brando, que boa parte da Amazônia está “saturada” de fontes de ignição. Ou seja, o desmatamento avançou tanto na fronteira que a única coisa que determina se as florestas vão ou não pegar fogo é o clima.
É como se a floresta no Arco do Desmatamento tivesse atingido um ponto de virada, a partir do qual grandes incêndios ocorrerão sempre que houver um ano de estiagem anormal. Com a mudança do clima, esses anos anormais estão virando o novo normal.
“Estamos vivendo um novo regime de fogo nessas áreas, onde o impacto das mudanças climáticas acaba sendo potencializado pelos impactos locais decorrentes da fragmentação e supressão da cobertura florestal”, disse Ane Alencar ao OC.
Como os incêndios florestais podem aumentar as emissões de carbono por degradação florestal três ou quatro vezes mais do que o desmatamento, esse novo regime pode criar um perigoso mecanismo de “feedback” entre devastação e aquecimento global, no qual um alimenta o outro.
Segundo os cientistas, o ideal, na Amazônia, é reduzir o desmatamento de forma drástica, para prevenir incêndios mesmo nos anos secos.
Já para o cerrado a história é outra, diz Brando. “Apesar de os fogos serem parte natural do bioma, eles estão acontecendo no final da estação seca e não no início, como acontecia naturalmente. Além disso, temos gramíneas invasoras que ajudam a deixar os incêndios muito mais intensos do que costumavam ser.”

*Este artigo foi publicado originalmente no site do Observatório do Clima, republicado em O Eco através de um acordo de conteúdo. logo-observatorio-clima





Áreas protegidas da Amazônia absorvem 11 vezes mais carbono

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Fabíola Ortiz - 23/07/15


De Paris - As áreas naturais protegidas e a conservação da biodiversidade podem ser importantes aliados do clima. Sozinhas, as Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia são capazes de guardar 11 vezes mais carbono do que a parcela da floresta não protegida, afirma o italiano Alessandro Baccini, do Centro de Pesquisa Woods Hole.


Baccini liderou a pesquisa "Carbono florestal na Amazônia: a contribuição não reconhecida dos territórios indígenas e áreas naturais protegidas". Ele esteve no início de julho na conferência científica sobre mudanças climáticas ("Our Common Future Under Climate Change", em inglês), realizada em Paris, entre os dias 7 e 10 de julho.


O encontro que reuniu dois mil pesquisadores antecedeu a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), que ocorrerá no fim do ano também na capital francesa.


O estudo comprovou que as 610 unidades de conservação e as 2.954 terras indígenas espalhadas pelos nove países amazônicos – que juntas somam 4,1 milhões de quilômetros quadrados – contêm uma concentração de estoque de carbono gigantesca. Só as áreas protegidas conservam um terço do carbono da Amazônia – 28.247 milhões de toneladas de carbono (MtC) numa área de 2,4 milhões de quilômetros quadrados.


Se comparado ao estoque total das florestas nos trópicos das Américas, África e Ásia juntas, a bacia amazônica armazena o equivalente a 38% de todo o carbono – 86.121 milhões de toneladas de carbono (MtC). Para se ter uma ideia, as florestas da Indonésia guardam uma reserva de carbono de 22.128 MtC e o Congo, o país com importante floresta tropical na África, armazena 18.851 MtC.


"Os povos da floresta e indígenas têm muito respeito pela Amazônia, a veem como um recurso indispensável e suas atividades visam a não destruí-la. Penso que eles e seus conhecimentos tradicionais devem ser incluídos como parte dos esforços para mitigar as mudanças climáticas, pois hoje em dia já temos a real dimensão do quanto de carbono estas áreas guardam", disse Baccini.


Clima
A Amazônia é a maior porção tropical de floresta do planeta com um imenso reservatório biológico, onde vivem um terço das espécies terrestres de todo o mundo. E ela já é afetada pelas mudanças climáticas.


"O aumento da temperatura de quase 1°C é visível em toda a Amazônia, mesmo em áreas não desmatadas", afirma Carlos Nobre, membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e um dos mais importantes climatologistas brasileiros. Os cenários futuros indicam maior variabilidade do clima, secas e inundações com mais frequência.


A meta global é frear o aquecimento da Terra em 2°C até o final do século. Mas é provável que as projeções extremas estejam ocorrendo desde já na Amazônia. "O aumento da variabilidade das chuvas talvez seja reflexo disso. Nos últimos 10 anos, tivemos duas mega secas e três inundações", diz Nobre.


O pesquisador estudou o processo de savanização do bioma em casos de extremos climáticos. Em um cenário em que a temperatura varie entre 2°C e 4°C, ele projeta que uma fatia de 15 a 30% das espécies de plantas da Amazônia deverá desaparecer.