terça-feira, 7 de julho de 2015

Servidores públicos rejeitam proposta de reajuste salarial do governo




  • 07/07/2015 21h05
  • Brasília
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Edição: Maria Claudia 
 
 
Os servidores rejeitaram por unanimidade a proposta do governo de reajuste salarial de 21,3% nos próximos quatro anos. Ao todo, participaram de duas reuniões, que ocorreram na tarde de hoje (7), 54 entidades, sendo 23 integrantes do Fórum Nacional dos Servidores Públicos Federais, que representa a maior parte dos cerca de 1,5 milhão de servidores. Uma nova reunião está agendada para o dia 21 de julho.


"Vamos estudar, pois houve uma rejeição muito forte. A distância entre as propostas é muito grande. Então, vamos avaliar as possibilidades, que não se resumem ao reajuste, mas envolvem benefícios e a questão institucional. Tudo será analisado para compor uma proposta mais ampla, sem mexer,  necessariamente, no índice, mas avançar em outras dimensões", disse o o secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Sérgio Mendonça.


Os trabalhadores pedem um reajuste de 27,3% para o ano que vem e querem que as negociações sejam feitas anualmente. "Ainda não temos uma posição. Hoje, diria que o governo insiste em uma proposta plurianual, de quatro anos, porque para nós dá muita previsibilidade macroeconômica em relação ao gasto público de uma despesa muito importante", diz o secretário.


O reajuste proposto pelas entidades é para repor as perdas salariais desde 2010, período em que a  inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 37,46%. Os salários foram reajustados, desde então, em 15,76%, o que acumulou uma defasagem de 18,75%, segundo dados do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central. Os trabalhadores querem repor, além dessa perda, as de 2015 e de 2016, uma vez que o salário negociado valerá até o final do ano.
A proposta do governo, de 5,5% em 2016, está distante desse percentual. Ela vale ainda por quatro anos, definindo previamente reajustes de 5% em janeiro de 2017, 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019. O governo pretende avançar em outras pautas dos trabalhadores, como auxílio-creche, auxílio-alimentação e auxílio-médico.


"A proposta [do governo] não cobre nem a inflação passada, quanto mais a futura", diz o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jones Borges Leal. "Não sabemos se essa inflação chega a 15% a mais. Esse ano a previsão já está acima de 9%, sabe-se lá o que vai acontecer. Se assinarmos um acordo, não poderemos fazer novas reivindicações [nos próximos quatro anos]".


Hoje, houve duas reuniões, a primeira com 31 entidades e a segunda com o Fórum. O segundo encontro terminou por volta das 20h. "Focamos no ponto de que o governo precisa ceder na questão do índice, e que seja reajustado em um prazo menor do que os quatro anos”, afirmou o secretário geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, Sérgio Ronaldo da Silva.


Segundo ele, o governo sinalizou que há possibilidade de flexibilização e de aprofundamento das outras pautas dos trabalhadores, como as relativas os benefícios. O Fórum irá se reunir no dia 14 para discutir os próximos passos.


As entidades também apresentaram ao governo propostas para economizar e atender os trabalhadores. Na primeira reunião, o presidente da Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp), João Aurélio Mendes Braga de Sousa, defendeu que os cargos comissionados sejam ocupados por servidores de carreira.


 "Essa proposta é a única que tem impacto orçamentário favorável à diminuição das despesas", diz. Segundo ele, são 22 mil cargos comissionados. Funcionários de carreira recebem apenas 60% do valor desses cargos, segundo Sousa, o que gera uma economia.


O governo federal tem até o dia 21 de agosto para enviar ao Congresso Nacional os projetos de lei que resultarem dos acordos. Hoje, o secretário falou na possibilidade de negociar com o Executivo e com o Congresso Nacional uma ampliação do prazo em uma situação "limite".


"A hipótese de mexer nesse prazo é uma possibilidade remotíssima que se justificaria em condições muito especiais na negociação. Nesse momento, todo o nosso esforço é para concluir as negociações até julho", diz o secretário.

Maus-tratos a animais colocam Sema contra vaquejadas



​Para conhecimento e divulgação.


  Ascom Sema
Notícias
 Avaliação das implicações éticas, legais e de bem-estar dos animais nestes eventos levam a secretaria e o Ibram a não reconhecer violência como modalidade esportiva. 


(Brasília, 6/7/2015) – A Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) são contrários ao Projeto de Lei 225/2015, que reconhece a vaquejada como modalidade esportiva no Distrito Federal. O projeto foi enviado à sanção do governador Rodrigo Rollemberg. Os órgãos apresentaram, em audiência na Câmara Legislativa, parecer técnico em que analisam as implicações éticas e legais de eventos que abusam dos animais com prática de maus-tratos.


Não é possível reconhecer a atividade como modalidade esportiva ou regulamentá-la com a justificativa, apresentada pelo autor do projeto, de proteção da saúde e integridade física dos animais em todas as etapas do evento, afirma o parecer. Afinal, os maus-tratos envolvidos são inerentes às práticas e claramente ferem princípios éticos, aspectos fisiológicos e preceitos legais, sustenta o documento.


Uso de objetos pontiagudos, choques, golpes e marretadas são algumas das práticas utilizadas nos bastidores destes eventos para forçar os animais a fazerem acrobacias. “As provas realizadas na vaquejada e eventos similares ferem o princípio constitucional de proteção ao meio ambiente, por provocar danos aos animais, abusar, molestar e causar prejuízos físicos e mentais”, afirmou Mara Moscoso, coordenadora de Direitos Animais da Sema.

No DF, a Lei nº 1.492, de 30 de junho de 1997, prevê em seu artigo 1º a proibição da realização de eventos de qualquer natureza que impliquem atos de violência e crueldade com os animais e está de acordo com a Constituição Federal, que no artigo 225 incube ao poder público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
Publicado em Notícias

--

Mara Moscoso
Assessora Especial
Subsecretaria de Áreas Protegidas, Cerrado e Direito Animais
Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal
​Telefone: (61) 3214-5688  Email:
 direitoanimaldf@gmail.com ​
SEPN 511 - Bloco C - Ed. Bittar 4o. Andar
Brasília-DF 70.750-543

Manifestantes “lavam” fachada do Instituto Lula em protesto contra corrupção





Depois de ser Hostilizado em aeroporto, Lula tem fachada de seu Instituto “lavada” em manifesto organizado pelo Movimento Brasil Livre, liderado por Kin Kataguiri.


Diversos manifestantes fizeram presença no ato, que aconteceu no dia 14 de junho na frente da sede do Instituto Lula.


Segundo um dos manifestantes:
Eles usaram produtos de limpeza para “eliminar a sujeira acumulada pelo PT”
Confira o vídeo do ato:



Com informações: O Dia

Tropa de choque está sendo preparada por Lula para proteger o PT




A denuncia é grave foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, da Coluna Radar Online.
“Tem gente que mata ou morre por Lula”
Lauro afirmou, que desde que o “fantasma” do impeachment começou a rondar novamente, e com ar de fúria, o governo petista, Lula, passou a receber integrantes de movimentos sociais em seu instituto, caso que aconteceu desde a semana passada. Para o o colunista, Lula vê como solução, o radicalismo, através daqueles que “matam e morrem” por ele.


Vale lembrar que recentemente Lula ameaçou a todos os que são contrários ao governo Dilma de colocar o “exército de Stedile” nas ruas, o próprio Stedile, também já soltou suas ameaças para aqueles que tentarem intervir contra o governo petista. “Vocês não se atrevam”, atacou ele em fato recente.


Reveja:


Stedile volta a ameaçar brasileiros contrários ao governo petista – “Vocês não se atrevam”



Em evento, Lula manda Stedile colocar “exército” MST nas ruas e diz “sabemos brigar também”

Para que tanta discussão a respeito da Globo? Basta mudar de canal.

A Rede Globo e a engenharia social mais podre do mundo


engenharia_social
Sem medo de ser feliz, a emissora da família Marinho resolveu abraçar como nunca o discurso de ódio contra conservadores. 


No programa do Fantástico deste domingo, 5/7, usaram o tradicional quadro embusteiro onde eles colocam atores contracenando para conseguir alguma reação da plateia.


O truque é essencialmente o seguinte:

  1. Um comportamento conservador é escolhido
  2. Atores representam a execução deste comportamento conservador, em uma visão exagerada e ridícula
  3. Trauseuntes repelem esta atuação conservadora
  4. O público é levado a acreditar que todos os conservadores agem exatamente da forma vista em (2)
  5. Ao mesmo tempo,  o público é induzido a crer que os trauseuntes “cagando regra” em (3) repelem (2)

Nota-se que, para o truque funcionar, todas as posições conservadoras são apresentadas em uma instância da falácia do espantalho.



Sou liberal, e, como tal, defensor do direito de gays defenderem a união civil e até mesmo a adoção de crianças. Pela mesma ética liberal, defendo que os conservadores (e até alguns liberais) possam ter o direito de fazer críticas tanto à união civil de gays como à adoção de crianças.



Há razões para que algumas pessoas heterossexuais critiquem este comportamento homossexual. Por exemplo, crianças são normalmente adotadas por casais heterossexuais, em geral, para preencher um vazio. Na maioria das vezes, isto ocorre porque a mulher não conseguiu ter um filho pelos meios naturais. 



O homem, por sua vez, quer apenas passar seus genes para a frente, portanto não teria nenhum interesse instintivo por adoção. Isto não é nada mais que a psicologia evolutiva. A adoção de uma criança, por um homem casado, no máximo é uma concessão à sua mulher, pois nenhum gene seu estará sendo transmitido. Decerto tal orquestração psicológica é feita para aumentar o potencial de um casal proteger sua própria prole.



O fato é que achar estranho ver dois gays (homens) adotando uma criança não implica em alguém ser preconceituoso. Ao contrário, é uma reação normal esperada de qualquer pessoa que tenha estudado a psicologia evolutiva e as orquestrações não apenas daquilo que os heterossexuais gostam ou se acostumam a gostar, como também daquilo que tendem a não gostar ou ao menos achar estranho.


É claro que alguém possa conhecer psicologia evolutiva e dizer para si próprio: “Sei que acho estranho ver dois homens adotando uma criança, mas, em público, sempre agirei como se isso fosse normal”. Em geral é apenas fingimento.



A Rede Globo não entende assim. Para ela, qualquer pessoa que manifeste uma sensação normalíssima, mas não aderente ao politicamente correto, merece ser objeto de demonização. Uma prova disso é que a maioria dos heterossexuais efetivamente acha estranho ver uma criança ser adotada por dois gays. Porém, praticamente nenhuma dessas pessoas faz escândalo e baixaria, “cagando regra” para cima dos gays que tenham adotado uma criança. Se isto não é comum, por que a emissora fingiu sê-lo?


Eles agiram assim pois sabem que podem praticar instâncias monstruosas de engenharia social e discriminação inaceitável contra a maioria dos heterossexuais, sempre em nome do politicamente correto, que os habilita a tal violência ética. Justiça seria feita se sofressem boicote, pois, neste domingo, todos os heterossexuais que discordam da adoção de crianças por gays, mas jamais praticaram coação psicológica contra quem os adotou, foram vítimas de um preconceito inacreditável e inaceitável. 



Transformar a discordância conservadora diante da adoção de crianças em gritaria e baixaria é uma desonestidade intelectual tão grande quanto aquela que alguns conservadores praticam ao dizer que o homossexualismo deriva em pedofilia. Entretanto, a Rede Globo está sendo aqui questionada por ter endossado primeiro truque, não o segundo.


Que “ética” é essa que depende de discurso de ódio contra pessoas conservadoras que apenas exercem seu direito de ter uma opinião em relação à adoção de crianças?

 

 

 

Comentário

 

 

Já começou o bestialógico, hora de mudar de canal! 

Resultado de imagen para gato bocejando entediadoAnonimo

Por que PT é diferenciado em termos de corrupção?


lula-dirceu-lula20110902-size-598




Em mais uma desfaçatez típica da BLOSTA, Paulo Henrique Amorim questiona: “Por que os brasileiros acham que só o PT é corrupto?”



 Os embustes começam já no título (e como o resto é a farofa de sempre, é o suficiente para esta análise). Só mesmo um zumbi para achar que existe algum tipo de verossimilhança na ideia de que os brasileiros inocentam os outros partidos de corrupção. Ao contrário, o brasileiro sempre reclamou da corrupção no inchado estado brasileiro. Exatamente por isso, reclamamos mais agora porque a corrupção alcançou níveis incontroláveis.



O maremoto de embustes propagado pelos blogs financiados com verba estatal não está sendo mais capaz de esconder que o povo brasileiro tem vontade de vomitar no PT não tanto pela corrupção, mas principalmente pela crise econômica e pelo estelionato eleitoral. 




A verdade é que a popularidade petista pode abaixar ainda mais se lembrarmos ao povo que a questão da corrupção no PT deveria deixá-los realmente zangados. Enfim, PHA nem sequer percebeu que falta o povo brasileiro entender o quão abominável é a corrupção praticada pelo PT. Ou seja, se ele reclama das “reclamações por corrupção”, é bom saber que ele não viu nada ainda.



No método fascista de PHA, uma população comportando-se como bovinos deveria se submeter à cleptocracias. Mas é exatamente este ponto que devemos deixar claro para o povo brasileiro. A “novidade” com o governo petista não é a corrupção, que sempre existiu, mas a corrupção como um projeto de poder de um partido, levada a um nível suficiente para quebrar nosso país. Assim como já ocorreu na Argentina e na Venezuela.



Já ouvi a seguinte explicação didática:
No passado, os partidos que chegavam ao poder costumavam dizer para os seus integrantes: “você está por sua conta, e espero que suas maracutaias sejam ‘bem feitas'; e caso você for descoberto, não cobriremos suas costas”. A corrupção era, então, praticada por indivíduos, de forma desorganizada. Com o PT no poder, conhecemos um outro nível de corrupção, no qual o partido controla todo o esquema de corrupção, que não apenas envolve seu partido, como também aliados, a classe empresarial e, para horror de quem ama a Pátria, outros países (que se dão bem às nossas custas), incluindo ditaduras como Venezuela e Cuba. Obviamente, que se fala de subtração financeira e aparelhamento estatal em escala fora de qualquer parâmetro anterior.
Isso é o que podemos chamar de acertar na mosca. Não há desculpa para o nível de corrupção praticado pelo PT. O discurso dizendo que “os outros também fizeram” é mentira deslavada, pois, ainda que a corrupção seja um problema histórico no Brasil, a corrupção como um projeto de poder, coordenado por um partido violador da soberania nacional (que nos deixa de joelhos para republiquetas sanguinárias, ainda por cima) é algo novo na história nacional.


O PT não inventou a corrupção, mas inovou, no Brasil, ao trazer para cá o mesmo nível de saqueamento estatal já visto em nações como Cuba, Rússia e Venezuela. É por isso que esse partido não pode jamais ser perdoado. E é disso que a população deve estar ciente.

Clima: acordo Brasil-EUA vai na direção certa, mas em velocidade errada


Publicado em julho 3, 2015 por


O acordo prevê investimentos em fontes renováveis de energia. Foto de Roberto Stckert Filho/PR

A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaram nesta terça-feira, 30 de junho, um compromisso de intensificar a colaboração entre os dois países na área de combate aos desafios ligados às mudanças climáticas. O anúncio aconteceu durante a visita da presidenta aos Estados Unidos e se refere tanto a nível bilateral como no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).


Os itens anunciados incluem a pretensão de atingir até 2030 de 28% a 33% de sua matriz energética por fontes alternativas renováveis de energia, a restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares de florestas até 2030, a continuação de políticas destinadas a eliminar o desmatamento ilegal e a promessa de um compromisso brasileiro ambicioso de redução de emissões para a COP de Paris.


De acordo com o coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, um dos pontos importantes do acordo, apesar de insuficiente, foi a meta de 28% a 33% de sua matriz energética por fontes alternativas renováveis de energia até 2030. “O anúncio não cria um cenário muito diferente do atual. Para o Brasil é pouco, pois basicamente mantem o que temos hoje de 28,6%.


Por outro lado, o anúncio de aumentar para 20% a geração de energia elétrica por fontes renováveis que não hidroelétricas é importante e cria uma possibilidade de expansão de geração solar, eólica e biomassa, explorando o imenso potencial brasileiro. Apesar deste pequeno avanço, consideramos que o Brasil ainda poderia chegar a 33% da sua matriz elétrica com outras fontes renováveis criando um grande potencial econômico social e ambiental para o país”, diz ele.



Um segundo ponto importante é a cooperação no uso sustentável da terra, que se refere tanto ao desmatamento quanto à pecuária – ponto em que, segundo Nahur não representa grandes avanços. “O desmatamento líquido zero fazia parte do Plano Nacional de Mudanças Climáticas e era esperado para ser alcançado até 2015.


Acabar com desmatamento ilegal é uma obrigação e precisamos fazer isso o mais cedo possível com instrumentos efetivos de regularização fundiária e alternativas econômicas florestais. Outra questão importante é o aumento da demanda de carne bovina para o mercado norte-americano. Isso pode causar uma mudança na dinâmica de produtos agropecuários relevantes, acabar empurrando fronteiras agrícolas e gerando impacto adicional para os biomas brasileiros, principalmente Amazônia e Cerrado”, diz ele.


Pelo lado dos Estados Unidos, Lou Leonard, diretor de Mudanças Climáticas do WWF-EUA, argumenta que o apoio concreto dos Estados Unidos para promover uma maior cooperação internacional sobre as alterações climáticas é um marco chave para um bom posicionamento em Paris.



“É hora dos EUA mostrar que está disposto a trabalhar em conjunto com as principais economias como o Brasil, para derrubar as emissões em regiões como a Amazônia. O acordo desta semana é uma oportunidade para ambos os líderes ajudarem a impulsionar conversas sobre as mudanças climáticas e prepararem o terreno para um acordo global mais forte em dezembro”, diz Lou.



FUTURO PROMISSOR
A 21ª COP, que acontece em Paris, no final do ano, é vista por grande parte dos especialistas como a última oportunidade das nações se comprometerem com metas ousadas de redução de emissões de gases de efeito estufa, para que o nível de CO2 na atmosfera se mantenha no máximo em 450 ppm e o aumento da temperatura da superfície terrestre não ultrapasse os 2º C a partir do período pré-industrial, o que causaria desastres irreversíveis ao planeta.



Os Estados Unidos anunciaram suas metas de 26% a 28% de redução de emissões para a próxima década em relação aos níveis de 2005. A China também anunciou sua contribuição nacional esta semana prevendo o pico de suas emissões nacionais até 2030. Já o Brasil deve anunciar seus compromissos até outubro, que é o prazo final para entrar no relatório da COP de Paris.

“Esse é o momento dos países anunciarem um compromisso conjunto de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de trabalharem em parceria e dar um exemplo ao mundo de que o desenvolvimento com baixo uso de carbono é possível, viável e interessante para todos. Quem fizer isso primeiro terá mais possibilidades de assumir a liderança nessa área”, completa Nahur.

Informe do WWF Brasil, publicado no Portal EcoDebate, 03/07/2015

[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Os nossos leitores gostaram igualmente de

PM do Rio aposta em Whatsapp e Facebook para denúncias e lança manual para as redes




Polícia visa aproximação com a comunidade ao traçar estratégia para uso das redes sociais

Alvo de frequentes críticas por abusos e violência, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) decidiu investir nas redes sociais em busca de uma forma de se aproximar da população, de melhorar sua imagem e criar novos canais para denúncias.
O esforço inclui páginas no Facebook, contas no Instagram e números de Whatsapp para os batalhões.


Há ainda um manual com dicas e normas sobre o conteúdo postado tanto nas fanpages institucionais quanto nos perfis pessoais dos policiais, segundo apuração exclusiva da BBC Brasil (leia abaixo).


"Até agora, as redes sociais eram vistas mais como uma ameaça do que como uma oportunidade. Essa era a visão do governo e do comando da segurança pública", diz o coronel Frederico Caldas, coordenador de Comunicação Social da corporação.


Leia mais: Facebook desenvolve ferramenta que pode te reconhecer mesmo sem mostrar o rosto



"Mas é um caminho inevitável, e no nosso planejamento atual daremos ênfase às redes e ao Whatsapp, um extraordinário canal de diálogo direto com a população".
A busca por diálogo nas redes ocorre em meio a casos como o do entregador Rafael Camilo Neris, morto durante operação policial no Morro da Coroa, no Rio, na semana passada, aos 23 anos.


Leia mais: Filtro arco-íris do Facebook é criticado na Rússia e no Oriente Médio


Iniciado há menos de três meses com a criação da página oficial da PMERJ no Facebook, o movimento rumo às mídias sociais começou a se espalhar pelos 39 batalhões de todo o Estado, 38 UPPs da capital e demais unidades (que juntas somam mais de cem).


Ele já surte efeito, com prisões e operações especiais realizadas a partir de denúncias feitas pelas redes ou pelo Whatsapp, além da alteração da rotina policial em alguns locais.


Para a cúpula da PM fluminense, o desafio é expandir as novas tecnologias para todas as unidades (das mais de 100, cerca de 40 já mantêm perfis na rede) e padronizar o que é veiculado nesses canais.


A expectativa é de que além da modernização das rotinas, haja um impacto na proximidade com a sociedade. Mas, para especialistas, apesar de ser visto como uma boa iniciativa, isso depende muito mais de uma mudança concreta no modus operandi das tropas nas ruas do que de esforços de comunicação.

 

 

Whatsapp na Serra



Em Teresópolis, no topo da serra fluminense, o carro-chefe das novidades tecnológicas tem sido o Whatsapp. O número do 30º Batalhão no aplicativo circula no vidro traseiro de 115 ônibus, e é veiculado por 15 segundos antes dos trailers nos cinemas da cidade, além de ser divulgado pelas redes sociais da polícia e pela imprensa local.


"É uma capacidade de reação imediata", diz o industrial Hélio Neves, morador da cidade e presidente do Conselho Comunitário de Segurança.


Ele conta ter presenciado um assalto e alertado os policiais pelo aplicativo de mensagens. "Em menos de meia hora tive um retorno do comandante, e o suspeito tinha sido preso. Sei de lojistas que alertaram o batalhão ao verem algo em suas câmeras, e acredito que essa rapidez na comunicação esteja tendo um impacto sobre o número de assaltos", avalia.


Neves diz que os retornos do comando da polícia no aplicativo sobre as denúncias também "aumentam a sensação de segurança".

Policiais do Rio de Janeiro recebem denúncias possíveis crimes por meio de redes sociais
Para o tenente-coronel Cleber Maia, comandante do 30º BPM, de Teresópolis, as mudanças trouxeram melhorias. Aos 47 anos e há 27 na polícia, ele é um dos defensores da expansão das redes e aplicativos para todo o Estado.


"Com alertas pelo Whatsapp, de moradores que viram movimentações estranhas, já prendemos quatro pessoas armadas, que portavam grandes quantidades de drogas e um carro roubado, e detivemos sete pessoas com R$ 17.200 ligados à contravenção. Em menos de três meses nosso Whatsapp já recebeu 200 denúncias", conta.

 

Novas rotinas

Para a fisioterapeuta Bel Costa, de 40 anos, a tecnologia tem ajudado a melhorar a segurança no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro.


Na metade de abril ela criou o grupo "Relatos de assaltos e violência em Laranjeiras, Flamengo e proximidades" no Facebook, que hoje já conta com 14 mil membros e deu origem a outras páginas semelhantes.


"Temos policiais no grupo que se identificam, e outros preferem participar sem dizer que são da PM. O que é postado ali ajuda no trabalho da polícia. Havia um russo que assaltava há alguns meses aqui no bairro, de bicicleta e com um revólver. Uma série de posts sobre onde ele atuava, que moto-táxi pegava, onde tinha sido visto, levou à sua prisão", relembra, acrescentando que também faz denúncias no Whatsapp do batalhão local.


Integrante dos grupos que se proliferaram na região de seu batalhão, o 2º, de Botafogo, o tenente-coronel Marcio Oliveira Rocha, de 48 anos, indica que as redes sociais já alteraram de forma concreta as rotinas do trabalho policial.


"Ali eu posso interagir com 15 mil pessoas de forma instantânea. Se surge uma denúncia nesses grupos, no nosso perfil no Facebook ou no nosso Whatsapp, posso despachar uma viatura de forma urgente ou usar a informação posteriormente, enviando uma equipe à paisana para checar, por exemplo", diz.


"Outra coisa é que os dados coletados pelas redes nos servem para pensar e repensar nossas estratégias. Onde reforçar o policiamento, horários, maior ocorrência de crimes, dentre outras coisas", complementa.

 

"Mundo cão"

Se no noticiário as manchetes com mortes de civis, abusos de autoridade ou excessos de violência desafiam a estratégia da Comunicação Social da polícia, nas redes sociais páginas repletas de fotos de cadáveres, gente ensanguentada e a glorificação da violência também preocupam.


No Facebook, por exemplo, há uma série de perfis que levam os nomes de unidades especiais (como o Bope, Batalhão de Choque, ou até a "PMERJ News") e de batalhões de bairros que incitam a violência. Alguns, como o "Sangue de Polícia", têm mais de 17 mil seguidores.


Suspeita-se que alguns sejam de autoria de cidadãos comuns, e outros sejam mantidos por policiais.


"Já conseguimos tirar do ar, após um trâmite com o Facebook, uma página que se intitulava como da PMERJ, e outra do Bope, com conteúdo deste tipo. Juntas, elas tinham quase 300 mil seguidores. Se ficar provado que um policial da ativa mantém páginas assim, poderá sim sofrer sanções de acordo com o manual de conduta que estamos lançando", diz Caldas, chefe da comunicação da PMERJ.


Segundo ele, "perfis falsos com grande repercussão serão encaminhados ao Facebook para que se providencie a retirada do ar", diz.

 

'Modus operandi'

Para João Trajano Sento-Sé, doutor em Ciência Política e Sociologia e pesquisador do Laboratório de Análise de Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o uso das novas tecnologias para o contato entre a polícia e a população é "louvável, e bem-vindo".


Mas para que a imagem da instituição melhore junto à sociedade, algo que já consta das prioridades da PMERJ desde a década de 1990, segundo o especialista, é preciso fazer mais do que um esforço de Comunicação Social.


"É necessário investir e ter como prioridades as duas frentes que geram a péssima imagem da polícia no Rio de Janeiro: uso abusivo da violência e alto índice de corrupção. Não podemos ter boas iniciativas de melhoria de imagem totalmente distanciados do modus operandi da polícia nas ruas na maior parte do tempo. As duas coisas precisam andar juntas", avalia, relembrando casos recentes em que policiais são suspeitos de mortes de civis durante operações ou patrulhas no Rio.




CONHEÇA AS REGRAS DO MANUAL DA PMERJ PARA AS REDES SOCIAIS

 

Humanização e Preconceito

Para o público externo, os posts devem passar uma visão mais humana do trabalho da polícia, aproximando a instituição da sociedade. Para os policiais, devem transmitir reconhecimento e valorização de suas atividades.

 

Diálogo

Seja pelos comentários, mensagens inbox ou Whatsapp de cada batalhão, a população precisa ter todas as suas demandas e denúncias respondidas nas redes sociais. Caso não seja de competência da unidade, a mensagem pode ser encaminhada a outros canais. Não responder é tão ruim quanto deixar a página desatualizada.

 

Linguagem simples

Os posts devem evitar jargões policiais, termos técnicos e linguagem formal ou rebuscada. Os textos devem ser simples, diretos e criativos, usando até de informalidade e bom humor para ganhar a atenção dos internautas.

 

"Mundo cão"

Fotos de pessoas mortas, feridas e ensanguentadas estão proibidas, assim como mensagens que possam incitar a violência.

 

Fotos e vídeos

Sempre que possível, os posts dos batalhões, UPPs e demais unidades devem seguir a linha da fanpage da PMERJ, priorizando conteúdos com vídeos e fotos, o que chama mais a atenção do usuário no Facebook.

 

Instagram

No perfil da PMERJ ou de outras unidades no Instagram devem se priorizar fotos mais artísticas, criativas e diferenciadas, de acordo com o perfil do usuário deste aplicativo, enquanto no Facebook usam-se fotos de atividades, de rotina ou de eventos especiais.

 

Perfis pessoais

A partir de agora os policiais militares estarão sujeitos ao Código de Conduta do Servidor Público para suas postagens em perfis pessoais, levando em conta posicionamentos em temas polêmicos, decoro, civilidade e ética, lembrando que ainda está representando a instituição através de seus comentários.

 

Imprensa

Os batalhões, UPPs e demais unidades deverão sempre canalizar todas as demandas de imprensa à Coordenadoria de Comunicação Social da PMERJ, que centraliza este atendimento.

 

Ética e limites

Somente devem ser publicados conteúdos de interesse público, relacionados aos temas da Justiça, Segurança Pública, Ética, Democracia e Direitos Humanos, e que guardem relação com a atividade desenvolvida pela PMERJ.

 

Confidencialidade

É importante saber quais informações da instituição não podem ser divulgadas. Documentos confidenciais, assuntos internos, questões estratégicas e críticas à estrutura ou processos da PMERJ devem ser discutidos internamente, e não nas redes sociais.

 

Frequência

As unidades devem publicar ao menos um post por dia. Se não houver possibilidade, exige-se ao menos um compartilhamento de um post do perfil central da PMERJ, que publica uma média de sete posts por dia. Páginas que não são atualizadas não precisam estar no ar.

 

Linha editorial

As unidades devem seguir a linha editorial da página central da PMERJ, com posts motivacionais, comemorativos e neutros, usando as principais hashtags: #PartiuPatrulhamento, #servireproteger, #NossaGenteNossaFarda, #FamiliaAzul, #OrgulhoPMERJ e #SegurancaRJ

 

Crises

Críticas à PMERJ e momentos em que a instituição esteja no centro de uma crise, com investigações ou cobranças na imprensa questionando ações específicas, seja por suspeitas de excessos ou de corrupção, ou mortes de civis e de policiais, devem ser levadas em conta, interrompendo posts comemorativos e dando uma resposta à sociedade também através das redes sociais.

 

Ocorrências

As redes sociais devem servir também como prestação de contas do trabalho da polícia. Ocorrências devem ser publicadas diariamente nas páginas dos batalhões, UPPs e demais unidades. Mesmo que sejam de pequeno porte, elas interessam à comunidade.

 

Punições

O manual de redes sociais da PMERJ tem valor de norma interna de conduta, e o desrespeito às regras estipuladas pode levar a punições disciplinares. Páginas que incitem a violência serão retiradas do ar e o comando da instituição pode pedir que posts de unidades que estejam desalinhados sejam deletados.

Belo Monte, empreiteiras e espelhinhos


Como a mistura explosiva entre o público e o privado, entre o Estado brasileiro e as grandes construtoras, ergueu um monumento à violência, à beira do Xingu, na Amazônia




A marca da corrupção no Brasil atual, assim como da relação explosiva entre o Estado e as empreiteiras, tem como símbolo a Operação Lava Jato e a Petrobras, para onde todos os olhos estão voltados. Sem ignorar a enorme importância dessa investigação, há elementos para suspeitar que o símbolo das ligações perigosas entre o público e o privado pode estar também em outro lugar: na construção da polêmica hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, na Amazônia.



 É ela, um projeto acalentado ainda na ditadura, mas só executado na democracia, nos governos Lula-Dilma Rousseff, que une os fios desencapados da história recente do país, expõe a coleção de mazelas sociais do Brasil e nos obriga a compreender a corrupção também como um ato de extermínio. Belo Monte revela as vísceras de um modo de operação que se consolidou na ditadura, atravessou vários governos da democracia e permanece até hoje. A Amazônia, tanto como criadora de sentidos para o Brasil quanto como lugar concreto onde as disputas entre os vários atores se dá, não é a periferia do país, mas o centro. O que precisamos, talvez, seja deslocar o olhar para ajustar o foco.



ADVERTISEMENT
Esse modo de operação, em que o público e o privado se misturam, é a chave para compreender o “Dossiê Belo Monte: Não há condições para a Licença de Operação”, documento publicado pelo Instituto Socioambiental no final de junho. Sabemos que o dinheiro que se esvai na corrupção no Brasil é também o dinheiro que falta para saneamento, educação e saúde, assim como para outros investimentos prioritários. Mas sempre fica um pouco abstrato. Em Belo Monte, é possível enxergar e quantificar o que a relação contaminada entre a concessionária Norte Energia e o governo federal já causou nos últimos anos, entre 2010 e 2015.



O anúncio recente de que o Tribunal de Contas da União (TCU) vai iniciar uma investigação sobre o uso de recursos públicos na construção da hidrelétrica de Belo Monte é uma boa notícia. Mas ainda é muito pouco e chega atrasada. A investigação do TCU atende a um pedido do Ministério Público Federal: as empreiteiras investigadas pela Lava Jato por desvios de recursos na Petrobras são as mesmas que constroem Belo Monte e, portanto, é importante investigar sua atuação juntou a outra estatal, a Eletrobras, esta do setor elétrico.


Um dos delatores da Operação Lava Jato, Dalton Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Corrêa, já afirmou, em um dos depoimentos, que a empreiteira se comprometeu a pagar ao PMDB uma propina de 20 milhões de reais para atuar na construção da usina.



O custo da hidrelétrica, segundo o TCU, é estimado hoje em 33 bilhões de reais. Na época do leilão estava orçado em 19 bilhões de reais, um aumento, portanto, mais do que considerável. A maior parte destes recursos vem do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).


Belo Monte é o mostruário de como o público e o privado se articulam na história recente do país
Belo Monte é o mostruário – ou “monstruário”, como alguns preferem – de como o público e o privado se articulam na história recente do país. Mas, por atingir diretamente populações discriminadas, cujo modo de vida e o conhecimento têm sido desqualificados por séculos, caso dos indígenas e ribeirinhos, assim como uma região distante do centro político e econômico do país, suas violações foram toleradas enquanto a usina virava fato consumado à beira de um dos rios mais importantes da Amazônia.



Neste artigo, apresento a mais recente radiografia sobre o legado que a usina já deixou ao Brasil, antes mesmo de começar a funcionar, mas também busco compreender por que imaginários e caminhos históricos permitimos que algo assim aconteça no século 21 e na democracia. Este é um momento crucial, já que Belo Monte espera que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) dê a Licença de Operação.

 

 

1) Arquitetura da destruição

É preciso observar com atenção a trajetória de Belo Monte, para compreender a relação entre governos e empreiteiras. Em 2010, ainda no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, pouco antes do leilão da hidrelétrica, duas gigantes do setor de construção, Odebrecht e Camargo Corrêa, anunciaram que haviam se retirado do processo, por falta de “condições econômico-financeiras que permitissem sua participação na disputa”.


Dito de outro modo: o lucro não estava garantido. Às pressas, o governo formou o consórcio Norte Energia, para assegurar a disputa, já que só havia um outro consórcio candidato, o Belo Monte Energia, do qual participavam a Andrade Gutierrez, Vale, Eletrosul, Furnas, Companhia Brasileira de Alumínio e Neoenergia.



O consórcio formado pelo governo foi o vencedor do leilão. Era composto por uma subsidiária da Eletrobrás, a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), e algumas construtoras de menor porte. Chegou a ser chamado na imprensa de “consórcio das desconhecidas”. Na ocasião, o então presidente do consórcio Norte Energia e diretor da Chesf, José Ailton de Lima afirmou, com toda a razão, que as condições de financiamento oferecidas pelo BNDES para a construção de Belo Monte “talvez sejam uma das melhores do mundo”.



O mais interessante vem agora: as construtoras que participavam do consórcio vencedor preferiram deixá-lo depois do leilão. Hoje, a Norte Energia é formada principalmente por estatais do setor, como Eletrobrás, Eletronorte e a própria Chesf, e por fundos de pensão (Petros e Funcef). Em resumo: em grande parte é pública. Cerca de 50% da composição acionária pertence a empresas controladas direta ou indiretamente pela União.



Para construir a hidrelétrica, a Norte Energia contratou o terceiro elemento da arquitetura política e econômica da usina: o Consórcio Construtor Belo Monte. E, adivinhem quem faz parte dele? Sim, as gigantes do setor de construção, Odebrecht e Camargo Corrêa, que desistiram de participar do leilão por falta de “condições econômico-financeiras”; a outra gigante, a Andrade Gutierrez, que participava do consórcio perdedor; e as construtoras que participavam do consórcio vencedor, mas o deixaram após vencer o leilão. Podemos concluir que construir Belo Monte, contratada pela Norte Energia, mostrou-se um negócio muito melhor para as empreiteiras.
Há algo de obsceno na arquitetura política e econômica de Belo Monte
Há ainda dois pontos importantes para entender o que vem a seguir. Diante das violações de direitos e da série de descumprimentos da Norte Energia, o Ministério Público Federal entrou com mais de 20 ações contra a empresa. Em algumas destas ações, quando o MPF conquistou uma decisão liminar que determinava a suspensão das obras da usina até que as medidas (condicionantes) acordadas para a construção da hidrelétrica fossem cumpridas, a Advocacia-Geral da União invocou um instrumento autoritário: “a suspensão de segurança”.



Este instrumento é concedido pela presidência de um tribunal, que não analisa o mérito da questão, apenas se limita a mencionar razões como “ordem, saúde, segurança e economia públicas”. No caso, alegava-se que era preciso manter o cronograma da obra e, portanto, ela não poderia ser paralisada por uma decisão judicial provisória. O uso da “suspensão de segurança” garantiu que, quando o mérito da ação for finalmente julgado em última instância, o que levará anos, Belo Monte já será fato consumado, como testemunhamos acontecer.



Outro ponto que chama a atenção é a forma como foram tratados os protestos contra as arbitrariedades de Belo Monte, assim como as várias paralisações de operários. O governo usou a Força Nacional para reprimir tanto as manifestações de indígenas, ribeirinhos, agricultores e moradores urbanos atingidos pela hidrelétrica quanto as greves de trabalhadores nos canteiros da obra. Uma escolha surpreendente para um governo democrático.



A pergunta óbvia é: onde acaba o público e começa o privado? Belo Monte é, ao mesmo tempo, uma obra controlada em parte por estatais, financiada em grande parte por um banco público e cujas posições da empresa são defendidas pela Advocacia-Geral da União. Ao mesmo tempo, também é o governo o responsável, via órgãos como Ibama e Funai (Fundação Nacional do Índio), por fiscalizar o cumprimento dos acordos e o respeito aos direitos das populações atingidas.


É bastante visível que há algo de obsceno nessa arquitetura.
No dossiê sobre Belo Monte, a seguinte afirmação explicita a obscenidade: “Talvez o maior desafio de Belo Monte consista em superar o conflito de interesses e as contradições inerentes ao fato de se tratar de uma obra pertencente ao governo federal, que é, a um só tempo, executada, financiada e fiscalizada pelo mesmo”. O dossiê mostra também que o grosso das informações sobre as ações e o impacto da construção de Belo Monte vem dos relatórios feitos e enviados periodicamente pela Norte Energia. Em resumo: o Ibama fiscaliza com base no que é dito pelo objeto de sua fiscalização.



Ainda assim, ao longo do processo de licenciamento de Belo Monte, foram abertos diversos processos administrativos contra a Norte Energia, que culminaram em multas no valor total de 15 milhões de reais. Segundo o dossiê, nenhuma delas foi paga até hoje.
Os governos Lula-Dilma criaram o mais “friendly” dos mundos para a Norte Energia e para o Consórcio Construtor Belo Monte
É difícil imaginar um mundo mais amoroso para a Norte Energia e para o Consórcio Construtor Belo Monte do que este que os governos Lula-Dilma Rousseff criaram. Também é difícil imaginar um mundo mais perverso para as populações atingidas e para o meio ambiente do que este que os mesmos governos criaram. Mas o que precisamos entender é que população atingida é também todo o conjunto de cidadãos brasileiros – e de várias maneiras.



Essa espantosa arquitetura é denunciada há anos por organizações socioambientais, lideranças do movimento social do Xingu e especialistas do setor. Em 2011, Célio Bermann, pesquisador da área energética e professor da Universidade de São Paulo, fez uma análise profunda sobre o que afirmou serem as razões reais pela qual se atropelava a lei para construir Belo Monte (leia aqui).



Mais tarde, Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu que há uma década é obrigado a andar com escolta policial por estar ameaçado de morte pela sua defesa dos povos da floresta, deu um testemunho impactante sobre como os movimentos sociais foram atropelados no processo (leia aqui). Dom Erwin auxiliou o Papa em sua recente encíclica sobre a mudança climática, ao relatar a situação da Amazônia. O procurador da República no Pará Felício Pontes foi um dos membros do Ministério Público Federal que chamaram repetidamente a atenção para a tragédia anunciada, na esperança de evitá-la (leia aqui).


A pergunta é: por que não foram escutados?


2) Os espelhinhos do século 21

 

 

Se o Ibama der a Licença de Operação à Belo Monte, há poucas dúvidas de que, no momento em que se iniciar o enchimento do reservatório da hidrelétrica, tudo o que foi violado e descumprido pela Norte Energia e pelo atual governo também será tão fato consumado – e impune – quanto a usina gigantesca. Desta vez, não dá para empurrar o cumprimento do que não foi cumprido para a próxima etapa, porque não haverá próxima etapa.



Tornou-se uma alegoria do “descobrimento” do Brasil a troca com os indígenas de bens de valor para os europeus por espelhinhos, objetos que a população originária nunca tinha visto. Em Belo Monte, essa prática foi adaptada ao momento histórico, alterando-se a lista de mercadorias, e reeditada, consumando um processo de extermínio cultural e criando uma situação de insegurança alimentar em aldeias afetadas pela hidrelétrica.


 Para se ter um quadro mais amplo do ovo da serpente, leia “A anatomia de um etnocídio”, em que Thais Santi, procuradora da República em Altamira, faz a relação entre conceitos da filósofa Hannah Arendt e Belo Monte, com ênfase na eliminação da cultura dos povos indígenas no raio de ação da maior obra em andamento no país.

As aldeias indígenas afetadas pela usina ganharam por dois anos uma mesada de 30.000 reais, em forma de mercadorias, que causou desnutrição infantil e extermínio cultural


O dossiê do Instituto Socioambiental mostra que, durante dois anos, a Norte Energia deu uma espécie de “mesada” para as aldeias atingidas, no valor de 30.000 reais. Funcionava assim: os caciques enviavam a lista de mercadorias e a empresa as entregava. Segundo a Norte Energia, 212 milhões de reais foram gastos com os povos indígenas.



Mas, em vez de o dinheiro ser investido na redução e na compensação dos impactos, foi usado na compra dos espelhinhos deste milênio: barcos e voadeiras, motores para barcos e voadeiras, milhões de litros de gasolina, caminhonetes (mesmo em aldeias onde não havia estradas), camas boxer, TVs de plasma, açúcar, refrigerantes, bolachas e salgadinhos, entre outros.



Essa operação deflagrou, segundo técnicos que a testemunharam, “um dos processos mais perversos de cooptação de lideranças indígenas e desestruturação social promovidos por Belo Monte”. Em documento, o Distrito Sanitário Especial Indígena de Altamira (DSEI), subordinado ao Ministério da Saúde, assim se manifesta:


“A partir de setembro de 2010, com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, os indígenas passaram a receber cestas de alimentos, composta por alimentos não perecíveis e industrializados. Com isso os indígenas deixaram de fazer suas roças, de plantar e produzir seus próprios alimentos. Porém, em setembro de 2012, tal ‘benefício’ foi cortado, os indígenas ficaram sem o fornecimento de alimentos e já não tinham mais roças para colher o que comer, o que levou ao aumento do número de casos de crianças com Peso Baixo ou Peso Muito Baixo Para a Idade, chegando a 97 casos ou 14,3%”.



Em outro ponto do documento, o DSEI de Altamira relaciona o aumento dos casos de “doença diarreica aguda” em 2010 à atuação da Norte Energia nas aldeias:



“Em 2010 registramos um aumento considerável, já que numa população de 557 crianças menores de 5 anos ocorreram 878 casos, o equivalente a 157% dessa população ou 1.576,3 para cada 1.000 crianças. (…) Mudanças nos hábitos alimentares com a introdução de alimentos industrializados oriundos de recursos financeiros das condicionantes para construção da hidrelétrica de Belo Monte é outro fator contribuinte para o alto índice existente”.



A desnutrição infantil nas aldeias da região, conforme dados do dossiê, aumentou 127% entre 2010 e 2012. Um quarto das crianças está desnutrida. No mesmo período, ainda segundo o dossiê, o atendimento de saúde a indígenas cresceu 2.000% (dois mil por cento) nas cidades do raio de impacto de Belo Monte.



A situação é tão aterradora que, em 2014, técnicos da Funai recomendaram a aquisição de cestas básicas para enfrentar a vulnerabilidade alimentar das comunidades. Dito de outro modo: cestas básicas para impedir que indígenas, que antes de Belo Monte tinham autonomia alimentar, hoje morram de fome ou de doenças causadas pelo consumo repentino e indiscriminado de produtos industrializados, assim como pela interrupção do plantio, pesca e coleta de alimentos, causado pelo ingresso dos mesmo produtos.
Apenas de uma terra indígena saiu, em 2014, o equivalente a 13.000 caminhões cheios de madeira ilegal
O dossiê também mostra que a hidrelétrica já deixou um “rastro de degradação ambiental e social dificilmente reversível”. Segundo técnicos do Ibama ouvidos para a elaboração do documento, Belo Monte se transformou num “sumidouro de madeira”. Boa parte da madeira gerada pela obra apodreceu.


As toras não foram sequer reaproveitadas na construção da usina, como era exigido. Ao mesmo tempo, a Norte Energia comprou enormes quantidades de madeira – 17.000 metros cúbicos só até dezembro de 2012 – de fornecedores externos. Essa demanda repentina é justamente o que os programas ambientais lutam para evitar, já que a madeira comercializada na região é quase toda ela obtida na ilegalidade.



Os índices de exploração ilegal de madeira dispararam na área de influência da obra. Na Terra Indígena Cachoeira Seca, uma das afetadas pela usina, foram extraídos 200.000 metros cúbicos de madeira só em 2014. Essa quantidade é suficiente para encher mais de 13.000 caminhões madeireiros. Em 2013, a TI Cachoeira Seca foi a mais desmatada do Brasil.



Qual é a troca, de fato, entre a Norte Energia e os povos indígenas?
A resposta talvez esteja na conclusão de uma indígena Araweté, ao testemunhar as mercadorias entrando em sua aldeia. Ela disse ao antropólogo Guilherme Heurich: “As mercadorias são a contrapartida de nossa morte futura”.

 

 

3) Somos filhos de quem?

Para além do engendramento concreto de uma operação política e econômica como a de Belo Monte, é preciso compreender como a população brasileira foi alertada para o que aconteceria, ainda que bem menos do que deveria, e mesmo assim a indignação ficou circunscrita a setores da sociedade, sem alcançar o conjunto dos brasileiros. Belo Monte é um escândalo que não foi decodificado pelo senso comum como escândalo.


Em parte, porque uma parcela significativa da imprensa não o tratou assim. Mas, se não nos compreendermos na História, há poucas chances de que essa história, a de Belo Monte, não volte a se repetir em outras regiões amazônicas.

A ditadura tornou a Amazônia uma imagem para consumo de massa que persiste na democracia
A ideia que o senso comum ainda hoje tem da Amazônia é a de uma propaganda, a da ditadura militar. Uma propaganda muito eficaz e que, combinada à ignorância da maioria sobre a região, persiste até hoje. É na ditadura que a Amazônia se torna uma imagem para consumo de massa.


Até então, as notícias chegavam à população na forma de informações vindas de uma geografia nebulosa, tão fascinante quanto assustadora, em que se misturavam eldorado, aventura e perigo. Soldados da borracha, Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Fordlândia, Marcha para o Oeste, assim como os nomes do Marechal Cândido Rondon e dos Irmãos Villas-Bôas, eram, entre outros, capítulos de uma história fragmentada para a maioria dos brasileiros.


A ditadura dá uma imagem coesa à Amazônia. E a dá como propaganda. A Amazônia torna-se então “o deserto verde” ou “o deserto humano”. Torna-se também “a terra sem homens para homens sem terra”. O imperativo de “integrar para não entregar” é um slogan publicitário, invocando uma ameaça externa reeditada até hoje, sempre que convém, para garantir a adesão da população.



Como já se provou, a maioria adora um nacionalismo de ocasião, mesmo que falso. Assim, a Amazônia se torna a expressão de um vazio de gente e de uma riqueza incalculável a ser tomada, garantida e explorada. Primeiro a terra, depois o subsolo. E, como é um regime de exceção, as vozes de resistência que conflitam com essa narrativa são abafadas ou mesmo silenciadas.



Nessa propaganda há falsificações muito atuais, apesar de todos os avanços alcançados na redemocratização e apesar da garantia de direitos aos povos indígenas e às comunidades tradicionais na Constituição de 1988. A primeira ideia é de que não há gente na Amazônia. É preciso, portanto, levar gente para lá, para ocupar o território, garantir a soberania nacional e gerar riqueza. E como? Abrindo estradas como a Transamazônica, criando projetos de colonização com agricultores do sul e nordeste, aumentando a presença do Exército nas fronteiras.


Na propaganda da ditadura, povos indígenas e populações ribeirinhas não são gente, ou pelo menos não são “a gente certa”. Quando a admissão de sua existência é obrigatória, são gente primitiva que precisa ser assimilada e salva pelo progresso. Já que, se não fossem assim considerados, a Amazônia não poderia ser vendida à população como um vazio ou um deserto humano. Nem poderia ser ocupada. O que a ditadura fez com os povos da floresta, em especial com os indígenas, é uma história que ainda precisa ser melhor contada.



A Comissão da Verdade que apurou os crimes da ditadura estima que mais de 8 mil indígenas foram assassinados no período. É também nos anos do regime de exceção que a imagem dos indígenas como “entraves ao progresso” é incrustrada no senso comum.



A Realidade, a mais celebrada revista de grandes reportagens do jornalismo brasileiro, fez, em 1971, uma edição antológica, toda ela dedicada à Amazônia. Se as reportagens realizadas por alguns dos maiores repórteres e fotógrafos brasileiros do século 20 continuam impressionantes, há duas outras partes desta revista que também se tornaram um documento de grande relevância: a parte de opinião, com a fala de ministros, generais e coronéis da ditadura, e a parte dos anúncios publicitários.



Estes são uma preciosidade para compreender o imaginário da época e, assim, entender de onde viemos nós, que berramos que “a Amazônia é nossa!”, mas nem por isso nos responsabilizamos por ela.


Como já destaquei neste espaço, há um entre os tantos discursos da página de opinião da Realidade Amazônia que ilustra com total clareza a mentalidade vigente. É o do gaúcho Carlos Aloysio Weber, então coronel e ex-comandante do 5o Batalhão de Engenharia e Construção, um dos primeiros a instalar-se na Amazônia na ditadura civil-militar. Até hoje ele é nome de escolas em Rondônia, entre outras homenagens públicas.


O coronel é apresentado como “lendário” naquele estado, afirmação que suscita arrepios. A pergunta do jornalista é a seguinte: “Como é possível fazer as coisas na Amazônia e transformar a região?”. O coronel respondeu:


- Quando se quer fazer alguma coisa na Amazônia, não se deve pedir licença: faz-se.
E continua:


- Como você pensa que nós fizemos 800 quilômetros de estrada? Pedindo licença, chê? Usamos a mesma tática dos portugueses, que não pediam licença aos espanhóis para cruzar a linha de Tordesilhas. Se tudo o que fizemos não tivesse dado certo, eu estaria na cadeia, velho.


Pois é. Se os crimes da ditadura tivessem sido apurados e punidos, é possível que militares como este tivessem sido colocados na cadeia.
Há uma tentativa recorrente de esvaziar os indígenas de identidade para liberar suas terras para a exploração privada
Se falas como a desse coronel podem soar absurdas hoje, ao acompanharmos grandes obras como a hidrelétrica de Belo Monte é possível perceber que essa ideia continua muito presente. Continua ainda muito atual, apenas com alguns disfarces, já que estamos num período democrático. Neste momento, os direitos dos povos indígenas garantidos pela Constituição de 1988 estão sendo atacados pelo atual Congresso, graças ao tamanho e ao poder da bancada ruralista, aliada às bancadas da bala e da bíblia.



Há vários projetos de emenda constitucional que buscam esvaziar os direitos dos povos da floresta, como a PEC-215. Como não é mais possível tratar os indígenas como “não gente”, agora o que se diz deles é que “têm terra demais” ou que “não são índios de verdade”.



Como os indígenas se tornaram o que se chama de “sujeitos de direitos”, é preciso tirar deles tanto o “sujeito” – razão da frase “não são índios de verdade” – quanto o “direito” – “têm terra demais”. Essa parte está contada de forma aprofundada em outros dois artigos: “Os índios e o golpe na Constituição” e “Índios, os estrangeiros nativos”.


O indígena tem um lugar como alegoria no imaginário nacional, como um componente de formação cristalizado no passado, quase uma gravura. Mas sua existência concreta, sua história em movimento, e, principalmente, sua resistência como protagonista histórico, o torna perturbador. A ideia dos povos indígenas como “entraves”, agora não mais ao progresso, mas ao “desenvolvimento”, persiste no senso comum. E “entraves” precisam ser “removidos”. Seja pelo extermínio direto, o que já não é possível numa democracia, seja pelo extermínio cultural, como a Norte Energia e o governo fizeram – e estão fazendo – em Belo Monte.
A aposta de setores da sociedade, como os do agronegócio e da mineração, ainda é a conversão de índio em pobre
A aposta de setores da sociedade, como os representantes do agronegócio e da mineração, ainda hoje, como costuma afirmar o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro (leia aqui), é “na conversão do índio em pobre”, da floresta para as favelas. Devidamente transferidos para as periferias urbanas, abre-se caminho para a exploração privada de suas terras ancestrais.



O imaginário sobre a Amazônia e os povos da floresta tem sido construído ao longo de décadas. Esta é uma das explicações possíveis para a evidência de que uma parcela significativa dos brasileiros assimila o extermínio cultural dos indígenas em Belo Monte com pouco ou nenhum escândalo. Somos tanto herdeiros quanto reprodutores desta propaganda, e a maioria continua ainda agora confundindo propaganda com verdade.



Tanto sobre o imaginário da Amazônia quanto sobre outras duas fraudes: a de que hidrelétrica na floresta é “energia limpa” e a de que, se Belo Monte não fosse construída, assim como as grandes hidrelétricas da Amazônia, não teríamos eletricidade para assistir à novela. Essa simplificação da complexa questão das fontes e do consumo de energia, num planeta assolado pela mudança climática, está a serviço de interesses poderosos que pouco têm a ver com as necessidades concretas da população.



A ignorância, porém, de modo algum nos absolve. Neste momento, isso nos faz cúmplices de etnocídio. Hoje, nem a imprensa nem nenhum brasileiro pode usar a desculpa de que está amordaçado pela censura de um regime de exceção.


4) Empreiteiras e Estado, uma longa lua de mel à brasileira

A outra falsificação da propaganda da ditadura sobre a Amazônia que persiste até hoje é a da Amazônia como um corpo a ser violado e ocupado. Esse corpo é esvaziado de sujeito e, assim convertido, torna-se um objeto. E, como objeto, é um objeto de exploração.



Neste sentido, talvez a imagem mais emblemática é a do general Emílio Garrastazu Médici, presidente durante o período mais sangrento da ditadura, entre 1969 e 1974. Em entrevista já citada, Dom Erwin Kräutler conta do dia em que testemunhou o general celebrar a Transamazônica, no início dos anos 70. O ato simbólico de Médici para marcar o poder do homem sobre a natureza, tão típico da modernidade, foi a derrubada de uma castanheira gigantesca. Neste gesto, podemos pensar numa alusão ao poder do regime sobre os corpos torturados nos porões da ditadura até serem esvaziados também eles de sujeito:



- Ele (Médici) deu início às obras. Todo o pessoal delirando no palanque... delirando mesmo! Batendo palmas! Gente, derrubando uma árvore daquelas! E dizendo que era o progresso que estava chegando. Cortou-me o coração... Como é que pode? Aplaudir que a rainha das árvores do Pará ou da Amazônia tomba, e com um estrondo tremendo. Como é possível? Está escrito na placa que roubaram: "O presidente da República dá início à conquista deste gigantesco mundo verde".
O “Pau do Presidente” é o símbolo fálico da conquista da Amazônia que expõe a mentalidade de uma época, ainda atual em Belo Monte
A conquista da Amazônia era então representada pela derrubada da castanheira, a árvore torturada até a morte por ordem do general. O lugar que marca esse evento em Altamira é conhecido como “Pau do Presidente”. O que é muito significativo. O presidente fálico, potente, por um lado. Mas, por outro, de quem é o pau que ele cortou?


Essa ideia, a da Amazônia como corpo para exploração, corpo sem sujeito, a ser dominado, submetido e violado, que ganha uma forma na ditadura e símbolos como este, continua bastante hegemônica no senso comum. É essa visão que prevalece hoje na política de grandes hidrelétricas na Amazônia dos governos Lula-Dilma Rousseff. O que é a imagem da hidrelétrica de Belo Monte, aquela monstruosidade humana imposta sobre a floresta lá no meio do Xingu?



Não seria ela também uma espécie de falo, mas agora deslocado, já que os tempos são outros? O que significa uma obra como esta no momento em que o mundo teme a mudança climática causada pela ação do homem?



As empreiteiras da Transamazônica e das grandes obras da ditadura são em grande parte as mesmas que construíram Belo Monte na democracia. Hoje, algumas delas têm diretores e donos na cadeia. A ditadura foi a lua de mel das empreiteiras com o poder e, desde então, o Planalto e as empreiteiras são íntimos. Os governos Lula-Dilma marcam um momento de muita sintonia nessa relação, mas estão longe de ser os únicos.


A “conquista” da Amazônia é um projeto do Estado brasileiro com as grandes empreiteiras que atravessa governos da ditadura e da democracia. É algo, portanto, que precisa ser entendido dentro de um contexto amplo sobre como o público e o privado foram se articulando na história brasileira.
As empreiteiras construíram Brasília e nunca mais saíram de Brasília
O historiador Pedro Henrique Pedreira Campos disseca essa relação numa tese de doutorado defendida na Universidade Federal Fluminense (disponível para leitura aqui). A tese virou o livro “Estranhas catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar”, lançado em 2014 pela editora da UFF. As grandes empreiteiras se nacionalizaram justamente nos anos JK (governo de Juscelino Kubitschek, 1955-1960), com a construção de Brasília.



Antes, as empreiteiras eram regionais. Elas construíram concretamente Brasília e, simbólica e concretamente, nunca mais saíram de Brasília.



Alguns exemplos: a ponte Rio-Niterói foi feita por um consórcio que envolveu Camargo Corrêa e Mendes Júnior. Itaipu foi feita pela Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Mendes Júnior. A Transamazônica envolveu Mendes Júnior e Camargo Corrêa. Belo Monte é construída por um consórcio de várias empreiteiras, entre elas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.



As empreiteiras, portanto, são as mesmas antes da ditadura, durante a ditadura e na redemocratização do país. O país mudou de regime, ganhou nova Constituição, mas as empreiteiras continuaram as mesmas. Há uma frase sobre essa relação, no livro de memórias de Samuel Wainer, polêmico homem de imprensa: “Naquele momento, eu conheci uma figura indispensável à decifração dos segredos do jogo do poder no Brasil: o empreiteiro”. Nada mais atual.



Uma história interessante da relação entre empreiteiras, Estado e Amazônia pode ser contada pela figura de Cecílio do Rego Almeida, falecido em 2008, que era simultaneamente dono da construtora CR Almeida e “o maior grileiro do mundo”. Ele havia ocupado na Amazônia uma área de cerca de 6 milhões de hectares, composta por terras indígenas, terras públicas e assentamentos do Incra, que ficou conhecida como “Ceciliolândia”.



A área que ele se apropriou ilegalmente era equivalente à soma dos territórios da Bélgica e da Holanda, em plena Terra do Meio, no Pará. O empreiteiro tornou-se conhecido como “Dom Ciccillo” durante a ditadura, quando a CR Almeida abocanhou 37 grandes obras federais e se tornou uma potência. Até morrer ele costumava se referir ao regime de exceção como “a mais leve das ditaduras”.


Quando Marina Silva era ministra do Meio Ambiente, Dom Ciccillo a chamava de aquela “indiazinha totalmente doente e analfabeta”. A Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro de Lula, coube o epíteto de “viado”. Ao se referir a Chico Mendes, era nos seguintes termos: “Aquele seringueiro que se fodeu”. Esta era a pessoa. E o personagem. Para conhecê-lo melhor, sugiro uma reportagem da revista Caros Amigos, feita pelo jornalista João de Barros, em 2005 (reproduzida aqui).




O mais curioso, porém, aconteceu dois anos atrás, em 2013. Naquele ano, o então deputado federal André Vargas conseguiu aprovar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados um projeto homenageando Cecílio do Rego Almeida. Vargas pretendia dar o nome do empreiteiro a um trecho da BR-277, entre Paranaguá e Curitiba, um dos principais do sul do País. Em 2014, como se sabe, André Vargas foi expulso do PT e cassado pela Câmara. Em 2015, foi preso pela Operação Lava Jato.
A homenagem ao empreiteiro e “maior grileiro do mundo” por um deputado do PT hoje preso é um emblema do momento histórico
Dois anos atrás, porém, ele ainda era o vice-presidente da Câmara, bastante influente no PT e no Congresso. O projeto de lei era de 2009 e, no texto de justificativa, o deputado dizia o seguinte: “Seu trabalho, o do Cecílio do Rego Almeida, foi perseverante em seu objetivo, e agora, após a sua morte (...), este benemérito cidadão poderá receber a merecida homenagem”.



“Perseverante” é uma palavra e tanto para definir a vida pública de Dom Ciccillo, homenageado após sua morte por um deputado do Partido dos Trabalhadores. Em 2015, com o autor preso, o projeto foi arquivado no Senado.



A relação entre os governos Lula-Dilma, Norte Energia e o consórcio de construtoras na obra de Belo Monte deve ser desvendada a partir desse contexto mais amplo. Se ela tem suas especificidades – e de fato tem –, também não pode ser descolada de um modo de operação que ultrapassa este ou aquele governo e que está profundamente infiltrado no Estado brasileiro.



A “conquista” da Amazônia e todo o rastro de violências deixado por essa experiência não poderiam ter sido consumados ao longo da história do Brasil sem este outro tipo de “conquistador”. Em nossos dias, ele ganha o nome de “empreendedor”.

 

 

6) Altamira, o inferno sem verde

O Dossiê Belo Monte, lançado pelo Instituto Socioambiental, com a colaboração de técnicos que testemunham no cotidiano o impacto da hidrelétrica, mostra o que aconteceu com Altamira e os municípios da região atingida pelas obras. Entre 2011 e 2014, o número de assassinatos por ano em Altamira saltou de 48 para 86 casos, um aumento de 80%. A taxa é hoje de 57 por 100.000 habitantes, cinco vezes superior ao índice de homicídios considerado pela organização mundial da saúde como “não epidêmico”.



O número de acidentes de trânsito nos últimos quatro anos saltou de 456 anuais para 1.169: um aumento de 144%. Só em 2014, o número de pacientes vítimas de acidentes de trânsito registrados no Hospital Regional de Altamira aumentou 213% com relação a 2013.



A situação do saneamento é aterradora. Foram construídos 220 quilômetros de redes de esgoto e 170 quilômetros de redes de abastecimento de água, mas nenhuma casa foi ligada ao sistema. Depois de mais de um ano discutindo de quem é a responsabilidade, a prefeitura de Altamira anunciou no fim de junho a disposição de criar uma empresa municipal para gerenciar o saneamento básico e realizar as ligações. A Norte Energia pagará o custo dessas obras. A iniciativa, porém, depende da aprovação do projeto pela Câmara de Vereadores.



As taxas de reprovação escolar nos cinco municípios afetados diretamente por Belo Monte cresceram 40,5% no ensino fundamental, entre 2011 e 2013, e 73,5% no ensino médio, entre 2010 e 2013. Em Altamira, o abandono da escola no ensino fundamental aumentou 57%, de 2011 para 2013. Professores da rede pública relatam que um grande número de adolescentes trocou a escola pelos canteiros de obras da usina.



Vale a pena botar uma lupa sobre o que se chama de “remoções”. Palavra “técnica” para o que na prática significa expulsão, o termo se tornou popular nas obras da Copa do Mundo de 2014. É curioso como aceitamos fácil as palavras e passamos a reproduzi-las. Aqui, “remoção” será usada sempre entre aspas, para manter o estranhamento que a palavra deveria nos provocar. Isso caso fosse eu ou aquele que lê este texto o “removido” de sua casa e do seu mundo em nome do “desenvolvimento”.
Milhares foram arrancados de suas casas e de seu modo de vida, parte deles analfabetos, sem nenhuma proteção ou acompanhamento jurídico
No caso de Belo Monte, mais de 8.000 famílias – cerca de 40.000 pessoas – foram arrancadas – ou ainda serão – do lugar onde vivem, trabalham, têm laços de parentesco e vizinhança, memória e cotidiano. Mas, se a palavra “remover” é o primeiro estranhamento, a brutalidade maior é na forma como isso se deu. A população atingida, parte dela analfabeta, só teve assistência jurídica federal no início de 2015, quando a usina já se preparava para pedir ao Ibama a licença de operação.



Em todos os anos de obra, ficou a mercê da Norte Energia e de sua equipe de dezenas de advogados. Depois de uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal em novembro de 2014, a Defensoria Pública da União fez um enorme esforço, já que faltam defensores em todo o Brasil sem que o governo se esforce para suprir essa falha, e formou uma força-tarefa.



O governo federal não se moveu para garantir acesso à justiça numa das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ao contrário, deixou a população abandonada. Mesmo quem mora nas grandes cidades e têm curso superior sabe o quanto a justiça e sua linguagem são capazes de tornar analfabeto até mesmo quem é pós-graduado. É fácil imaginar o impacto dessa realidade sobre agricultores e pescadores, assim como a população urbana e pobre dos baixões de Altamira, diante do poder da empresa concessionária.



O “empreendedor”, a nova roupagem, muito mais palatável, do conquistador ou colonizador, reproduz a lógica da dominação: para conquistar ou para colonizar é preciso impor ao outro a sua visão de mundo. Para conquistar e colonizar – ou para “empreender” – é preciso partir do princípio de que o outro que está lá não tem conhecimento nenhum. Ele, o “empreendedor”, é o sujeito do corpo que domina. Primeiro ao esvaziá-lo: no passado, de humanidade; no presente, de identidade. Depois, há o domínio concreto, ao tornar esse corpo aquilo que ele faz dele. Altamira vive essa realidade.



As histórias das “remoções” lotam páginas e páginas com relatos de violências. Houve quem tivesse saído e ao voltar para casa não encontrou nada no lugar. Houve quem assinou com o dedo um papel que não sabia ler. O que atravessou o processo, além da completa omissão do governo e do abuso de poder da Norte Energia, foi o total desinteresse em compreender qual era o modo de vida das famílias que arrancavam do lugar. Entender, para começar, o que era uma “casa” para elas.



Para quem fez o cadastro, a ideia de casa e de cotidiano era aquela que traziam com eles de seus lugares de origem, tanto geográficos quanto de classe. É possível perceber em vários textos e discursos, inclusive da imprensa, o desprezo pelo que se chama de “casebres” ou mesmo “palafitas”.



Em uma reportagem que publiquei neste espaço, chamada “O pescador sem rio e sem letras”, contei uma destas histórias em que um Brasil apaga outro Brasil, o mais frágil e desamparado. Ao escutar a história de Otávio das Chagas e de sua família (leia aqui) fica claro o alcance do que lhes foi arrancado, quando toda a vida que conheciam, assim como as marcas que provam essa vida, viraram literalmente água. Ao me contarem sua história, sem nada para provar que existiram sobre uma ilha que já não mais existe, eles apontavam em total desespero as cicatrizes na única geografia que lhes restou: o próprio corpo.
Belo Monte criou uma geração de pescadores sem rio e sem peixe em plena Amazônia
Por esforço da Defensoria Pública da União, Otávio das Chagas conseguiu garantir uma casa num dos bairros construídos pela Norte Energia. Isso o tornou um privilegiado entre as vítimas de Belo Monte. Apenas 4% dos “removidos”, segundo o dossiê, receberam uma casa, por total falta de informação e de orientação na realização do cadastro e na negociação simulada que marcou o processo. Outros 75% receberam uma indenização que não lhes permite comprar uma moradia, já que os preços em Altamira explodiram desde o início da obra. E outros 21% tiveram uma indenização em forma de carta de crédito.



Aqueles que foram “realocados” ou “reassentados” estão distantes de seu modo de vida, de seu trabalho, de seus laços de afeto e de solidariedade, da única vida que conheciam. Muitos deles são, como Otávio das Chagas, pescadores sem rio e sem peixe, arrancados de suas ilhas e jogados num conjunto habitacional distante de tudo e no qual não se reconhecem. A imagem de Otávio das Chagas e de sua família diante desta casa, deslocados de seu mundo e também de si mesmos, mostra que o seu final apenas foi menos infeliz. Aqui, é a conversão de pescadores e agricultores em pobres que testemunhamos. Diz Otávio das Chagas, o transplantado de raízes decepadas e submersas:
- Eu só sei viver na beira do rio. Meus meninos também só conhecem trabalho de rio. É tão triste.



Em uma entrevista à repórter Letícia Leite, do Instituto Socioambiental, a conselheira tutelar de Altamira Edizângela Barros contou que a “remoção” de sua casa causou a primeira separação de dois dos seus filhos. Mesmo quando teve de passar uma noite nas ruas de Altamira, Edizângela conseguiu manter os filhos com ela. Com a “remoção”, longe de tudo e sem transporte público, não foi mais possível. O corte simbólico entre o que há de mais visceral, a relação entre uma mãe e seus filhos pequenos, sintetiza a lâmina de Belo Monte sobre dezenas de milhares de vidas humanas.
É neste ponto que a história está.

7) A guerreira Antonia Melo despede-se de sua casa com a espinha ereta

No sábado (4/7), houve uma festa de despedida para a casa de Antonia Melo, anunciada como uma celebração “das histórias de vida e da identidade amazônica”, assim como a “reafirmação da resistência aos grandes projetos do governo, como Belo Monte”. Coordenadora do Movimento Xingu Vivo, aos 65 anos Antonia Melo é o símbolo da luta contra Belo Monte e uma das mais importantes lideranças da história do Xingu. Na defesa dos povos da floresta, dos agricultores, mulheres e crianças, Antonia viu companheiros tombarem por tiro de pistoleiro.



Também ela frequentou listas de ameaçados de morte. Ao longo da batalha contra a hidrelétrica, deixou o PT e tornou-se uma crítica de Lula e de Dilma Rousseff. Quando conta as humilhações sofridas por um e por outro em encontros no Planalto para discutir Belo Monte, seus olhos salgam-se. Em 2014, seu coração, ferido de tantas maneiras simbólicas, quase soçobrou.




Apenas quase. Antonia fez uma cirurgia e se recuperou para voltar a denunciar as violências infligidas por aquela que só chama de “Belo Monstro”. Também ela, que já vive entre escombros dos vizinhos, será obrigada a deixar a casa na zona urbana de Altamira, em que vive há 30 anos, nas próximas semanas. Perguntei à Antonia Melo se sentia-se derrotada. Ela respondeu:

- Não. Eu nunca me curvei. Ainda não é o fim.



Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas



Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum