quarta-feira, 25 de março de 2015

CPI da Petrobras convoca tesoureiro do PT e presidente do BNDES.

 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou há pouco a convocação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado por delatores da Operação Lava Jato como destinatário de propina de empresas contratadas pela Petrobras. Na segunda-feira (23), a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Vaccari Neto, e contra o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque. Ambos e mais 25 pessoas - também denunciadas pelo MPF - se tornaram réus sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.



A CPI também aprovou a convocação do BNDES, Luciano Coutinho (foto). Ele foi convocado para prestar esclarecimentos a respeito dos investimentos feitos pelo banco na empresa Setebrasil, criada em 2011 e contratada pela Petrobras especificamente para construir sondas de perfuração para exploração do petróleo do pré-sal. O ex-gerente da estatal, Pedro Barusco, foi reconvocado para dar mais explicações sobre a criação da empresa.

O BNDES financiou o projeto de criação da Setebrasil, que também contou com recursos dos fundos de pensão Petros, Previ (do Banco do Brasil), Valia (da Vale do Rio Doce), Funcef (da Caixa Econômica Federal), Petrobras e dos bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander. Representantes dos fundos de pensão também foram convocados pela CPI.

SeteBrasil

A empresa Setebrasil foi criada em 2011 para executar 28 contratos de construção de sondas de perfuração do a Petrobras. Para isso, a empresa contratou estaleiros. Os contratos de operação entre a Setebrasil e a Petrobras eram de US$ 500 mil por dia de operação para as primeiras sete sondas e de US$ 530 mil para as outras 21. O total dos contratos é de US$ 22 bilhões.


Segundo os depoimentos de Pedro Barusco, a contratação da Setebrasil rendeu propina, distribuída da seguinte maneira: 2/3 iam para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e 1/3 para a “Casa” – ou seja, para os diretores da Setebrasil: o próprio Barusco, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Setebrasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações).O pedido de convocação de Coutinho foi feito pelo deputado André Moura (PSC-SE), sub-relator de Irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da Petrobras na África.

Segundo os depoimentos de Pedro Barusco à Justiça Federal, a propina destinada a Vaccari tinha origem nos contratos firmados entre a Setebrasil e os estaleiros Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu, Rio grande e Kepel Fels. A propina destinada à “Casa” tinha origem nos contratos firmados entre a Setebrasil e os estaleiros Kepel Fels e Jurong.

Ele também informou os nomes dos operadores financeiros de cada estaleiro: Ildefonso Colares (Atlântico Sul), Zwi Zcorniky (Kepel Fels), Guilherme Esteves de Jesus (Jurong), Rogério Araújo (Enseada do Paraguaçu, bem como representava a Odebrecht no consórcio com a UTC, OAS e Kawasaki) e Milton Pascovich (Rio Grande). Todos os diretores da Setebrasil também foram convocados a depor. Não há datas ainda para os depoimentos.


Nem o PT dá mais a mínima para Dilma.Só falta renunciar e ir pra Porto Alegre,tchau!



(Folha) A Câmara dos Deputados impôs na noite desta terça-feira (24) uma nova derrota ao governo e aprovou uma regra para garantir a execução da lei que troca o indexador das dívidas dos Estados e municípios. A proposta segue para análise dos senadores e foi aprovada pelos deputados com 389 votos favoráveis e duas abstenções. Líderes de todos os partidos, inclusive o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, e o PC do B, fiéis aliados, deram aval ao projeto. 
 
Nesta terça, a presidente a presidente Dilma Rousseff chegou a afirmar que não tem condições de bancar a troca do indexador devido às turbulências econômicas. "Estamos fazendo um imenso esforço fiscal. Achamos importantíssimo tratar a questão da dívida dos Estados, mas não podemos fazer essa despesa. [...] O governo federal não pode dizer para vocês, porque seria inconsequente da nossa parte, que temos espaço fiscal para resolver esse problema", afirmou. 
 
O texto estabelece que o governo tem o prazo de 30 dias para assinar os aditivos contratuais com os novos índices. Se essa etapa não for cumprida neste período, os Estados e municípios ficam autorizados a aplicar automaticamente o novo indexador. Em novembro de 2014, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que muda o índice de correção das dívidas de Estados e municípios com a União. O texto foi permite que as dívidas contraídas antes de 2013 sejam recalculadas, de maneira retroativa. 
 
Com a nova lei, o indexador das dívidas passa a ser o IPCA, o índice oficial de inflação, mais 4% ao ano, ou, se esta for menor, a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. Atualmente, os débitos são corrigidos pelo IGP-DI mais juros de 6% a 9%. Ao todo, 180 municípios serão favorecidos pela nova lei. A maior beneficiada é a cidade de São Paulo, que tem dívida de R$ 62 bilhões com a União. Com a mudança dos índices de correção, o valor deve ser reduzido para R$ 36 bilhões, de acordo com projeções feitas pela prefeitura.
 
 

Lava Jato junta provas contra José Dirceu.



(Valor) A Operação Lava-Jato fecha o cerco ao ex-ministro José Dirceu, suspeito de receber propinas por meio de contratos de prestação de serviços de consultoria com empresas investigadas por corrupção na Petrobras. O ex-chefe da Casa Civil no primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva é investigado como um dos supostos elos de arrecadação de recursos para o PT na diretoria de Serviços da estatal, juntamente com o ex-diretor da área, Renato Duque, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. 
 
Os procuradores Orlando Martello e Diogo Castor de Mattos pediram ao juiz Sergio Moro que as empreiteiras investigadas por corrupção, e que contrataram com Dirceu, comprovem os serviços prestados pelo ex-ministro e sua empresa. Entre as solicitações estão a identificação de todos os pagamentos realizados para a JD, especificando os valores, as datas e as razões de tais pagamentos, e que documentos que os comprovem sejam juntados aos autos.

Os integrantes do Ministério Público Federal (MPF) também pedem a identificação das pessoas responsáveis pelas negociações relativas aos contratos; e o fornecimento de cópias dos relatórios de consultoria ou assessoria, com resultados produzidos em decorrência de todos os contratos firmados e como, quando e onde os serviços foram prestados.

No pedido, o MPF justifica que afastamento de sigilos bancário e fiscal de Dirceu e de sua empresa "tiveram como base a identificação, por parte da Receita Federal, de vultosa movimentação financeira entre tais empreiteiras, responsáveis pela maior parte das grandes obras de infraestrutura promovidas pela Petrobras e a empresa JD, sob as rubricas genéricas de 'consultoria' e 'assessoria'".

As justificativas apresentadas pela JD Assessoria e Consultoria Ltda, para explicar os R$ 2,5 milhões que recebeu da Engevix Engenharia e da Jamp Engenheiros Associados são "frágeis", na avaliação dos investigadores da Operação Lava-Jato. A Jamp é apontada como uma das empresas que intermediava propinas em contratos com a diretoria de Serviços da Petrobras. Ela pertence a Milton Pascowitch, apontado como um dos 11 operadores que atuavam na área de Serviços da estatal.

Para o MPF, a comparação de dados fiscais da JD com as notas fornecidas pela defesa do ex-ministro revelam contradições. A Receita Federal afirma que a Engevix pagou R$ 1 milhão à JD entre 2008 e 2011. Um dos documentos indica pagamento de R$ 300 mil para seis meses de consultoria internacional. Os investigadores questionam o fato de o período de vigência dos serviços ser anterior à assinatura do contrato, ocorrido em novembro de 2010. Os serviços começaram em novembro de 2009 e terminaram em maio de 2011, segundo a investigação.

A quebra de sigilo da JD também revelou que a Jamp está entre as pagadoras da consultoria de Dirceu. Ela depositou R$ 1,4 milhão em 2001 e 2012, a título de serviços prestados pelo ex-ministro à Engevix, no Peru e em Cuba. Para os investigadores, as versões apresentadas pela JD são contestadas pelo sócio-diretor da Engevix, Gerson de Mello Almada. Em 20 de março ele pediu para depor em juízo, e disse que a Engevix contratou a JD para fazer "lobby internacional" em Cuba e no Peru. Almada negou ter conhecimento de relação comercial entre a Jamp e a JD.

 
Procurada, a Engevix(Leia-se INFRAMERICA) afirmou que não comenta o caso e que presta esclarecimentos à Justiça. Alberto Toron, advogado de Ricardo Pessoa (dono da UTC), disse que a suspeita sobre os contratos é "completamente infundada". Já a Galvão diz que a JD foi contratada para fornecer "serviços de consultoria voltados para expansão internacional da companhia." A OAS afirmou que "os contratos celebrados pela OAS obedecem à legislação". Nenhum porta-voz da Egesa foi encontrado.

 
Por meio de sua assessoria, a JD Assessoria e Consultoria disse que "repudia qualquer ilação sobre suposta ilegalidade em seus contratos e nos trabalhos de consultoria para as empresas investigadas na Operação Lava Jato. Nenhum serviço prestado pela JD tem relação com a Petrobras. Mais uma vez, a notícia se baseia em 'fontes ligadas à investigação' e não apresenta provas juntadas aos autos do processo.

 
As construtoras investigadas também já se manifestaram publicamente, confirmando que a JD foi contratada e trabalhou na prestação de serviços no exterior, o que contradiz e fragiliza o argumento dos investigadores", diz a nota. O documento conclui classificando a iniciativa como fruto de " especulações e informações não oficiais que visam tão somente tentar criminalizar a atuação da empresa de consultoria e vincular o ex-ministro José Dirceu à Operação Lava Jato.
 
 

Cada vez menos brasileiros confiam na Dilma. O ICC da FGV desaba pelo medo da inflação, da economia e do futuro.



(Valor) O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu em março pelo terceiro mês consecutivo, atingindo novo recorde negativo na série iniciada em setembro de 2005 e ficando também abaixo do nível registrado durante a crise financeira internacional de 2008-2009. O indicador recuou 2,9% ante fevereiro, de 85,4 para 82,9 pontos. Na comparação com março do ano passado, a queda foi de 22,7%. 
 
 
Os brasileiros estão preocupados tanto com a situação presente quanto com o futuro. “Aos fatores econômicos, como inflação e mercado de trabalho, soma-se a preocupação com a turbulência do ambiente político e com os riscos de abastecimento de água e energia”, afirmou, em nota, Aloisio Campelo, superintendente para ciclos econômicos da FGV/Ibre. 

A queda do ICC foi motivada principalmente pela piora das avaliações quanto ao presente. Entre fevereiro e março, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 5,6%, de 82,3 para 77,7 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,4%, ao passar de 87 para 85,8 pontos. Os dois índices estão nos níveis mínimos históricos. Considerando-se comparações com séries padronizadas, as expectativas estão em pior estado que as percepções sobre a situação atual: o IE está 3,4 desvios padrão abaixo da média histórica e o ISA, 2,9 desvios abaixo da média.

A maior pressão negativa para a queda do ISA veio do indicador que mede o grau de satisfação com a situação econômica atual, que também registra o menor patamar da série histórica pelo terceiro mês consecutivo. A proporção de consumidores afirmando que a situação da economia está boa caiu de 5,8%, em fevereiro, para 4,5% do total em março, enquanto a parcela dos que a consideram ruim aumentou de 71,6% para 77,6% no mesmo período.

Em relação ao futuro próximo, as expectativas também não são favoráveis. O indicador que mede o otimismo em relação à evolução da situação financeira da família nos seis meses seguintes apresentou recuo de 2,8%, para 114,1 pontos. A proporção de consumidores prevendo melhora da situação financeira caiu de 27,9% em fevereiro para 27% do total em março, enquanto o percentual dos que projetam piora aumentou de 10,5% para 12,9%. A edição de março da pesquisa coletou informações de 2.191 domicílios entre os dias 2 e 21 de março.
 

Não deu mais pra acobertar: prestes a ser preso, Vaccari pede licença do PT.



(O Globo) Denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, irá se licenciar do partido, segundo informou nesta quarta-feira a coluna do GLOBO “Panorama Político”, de Ilimar Franco. De acordo com a coluna, Vaccari vai alegar que precisa se concentrar na sua defesa depois que virou réu. Deputados que integram a coordenação da bancada do PT na Câmara já tinham defendido, há uma semana, em reunião com o presidente do partido, Rui Falcão, o afastamento do tesoureiro para tentar aplacar o desgaste político decorrente da Operação Lava-Jato.
 
 
Embora muitos petistas sejam contra a medida, ela evitaria um desgaste na reunião do Diretório Nacional do PT, na próxima segunda-feira. O comando petista espera que, sem Vaccari no cargo, haverá uma redução e da pressão política contra a presidente Dilma.
 
 
A Justiça Federal aceitou na última segunda-feira a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Vaccari e o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras, Renato Duque, além de outras 25 pessoas. O tesoureiro, segundo o MPF e o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, teria recebido propina do clube de empreiteiras que se organizou para ganhar licitações da Petrobras por meio de acordos criminosos. Ainda segundo a acusação, Vaccari teria sido responsável pela negociação de doações oficiais de campanha para o PT oriundas de pagamento de propina.
 
DENÚNCIA: VACCARI ‘COMANDAVA’ AÇÕES
 
Em depoimento à Força-Tarefa da Lava-Jato, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse que Vaccari exigiu uma doação de mais de R$ 10 milhões ao PT a título de propinas atrasadas da Diretoria de Serviços. Leite fechou um acordo de delação premiada com MPF. "Não apenas o conhecia (o esquema de corrupção), mas o comandava, direta ou indiretamente", disse a denúncia do MPF. 
 
Em 2010, Vaccari teria procurado Leite para acertar "as contas" da Camargo Corrêa. A empresa estaria devendo parte do pagamento de propina acertado com o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque. O trecho está na denúncia apresentada contra Vaccari, Duque e outras 25 pessoas.
 
"Dentro desse contexto relatado e com base nos depoimentos, confissões e documentos, não há qualquer dúvida de que João Vaccari tinha plena ciência, na qualidade de tesoureiro e representante do Partido dos Trabalhadores, do esquema ilícito e, portanto, da origem espúria dos valores", afirma a denúncia.
 

ICMBio multa companhia por poluir praia em Fernando de Noronha


((o))eco - 24/03/1514122011-praia-do-cachorro

Uma pane no sistema da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) produziu um grave acidente ambiental em Fernando de Noronha. Na quarta-feira da semana passada (18), uma falha mecânica nas bombas causou o vazamento de esgoto bruto na Praia do Cachorro, uma das mais famosas do arquipélago e pertencente à Área de Preservação Ambiental Fernando de Noronha, Rocas - São Pedro e São Paulo.

Até o momento, o vazamento não foi estancado, embora a Compesa tenha tentado, na sexta e no sábado, trocar as bombas defeituosas. Não deu certo, pois as bombas reservas também apresentaram problemas.

Devido a isto, segunda-feira, o ICMBio decidiu multar a Companhia em R$600 mil por crime ambiental. A Polícia Federal também está investigando o caso.

Em nota, a Compesa afirma que resolverá o problema até esta quarta-feira (25) e que entrará em contato com o ICMBio para esclarecer os fatos ocorridos.

"As dificuldades na Ilha já começam por sua situação geográfica. Tivemos que transportar as bombas para o Recife por via aérea com o objetivo de realizar as manutenções. Além disso, nossos equipamentos sofrem com a forte maresia e as variações de tensão que são muito frequentes", justifica Fernando Lôbo, Diretor Metropolitano da Compesa.

Ainda de acordo com a nota, a empresa fará a despoluição do trecho.

O arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas, ilhotas e rochedos. A maior delas virou território do Parque Nacional Fernando de Noronha, sob responsabilidade do ICMBio. Já a APA Fernando de Noronha, Rocas - São Pedro e São Paulo, que como o nome acusa, engloba os arquipélagos de São Pedro e São Paulo e de Fernando de Noronha (Distrito Estadual de Fernando de Noronha - PE).


Apesar do mau exemplo dado pelo Governo CORRUPTO, ainda existem brasileiros honestos ou O taxista que venceu a crise brasileira






Existem milhões de brasileiros com as mãos e a consciência ainda limpas que devolverão o respeito que merece o Brasil

Pode um taxista revelar com um simples gesto algo sobre a crise desencadeada no Brasil, com o acúmulo de problemas econômicos e políticos, enquanto cresce o mar de lama da corrupção?

Não sei o que o taxista que me levou no sábado em São Paulo de um hotel para um restaurante, junto com três colegas do jornal, pensa sobre a crise política que deixa o país em estado de alerta.
Meu taxista – vou chamá-lo assim porque não sei seu nome – não disse uma só palavra durante os quase 40 minutos do trajeto. Mesmo assim acabou, com um gesto, que eu quis contar aqui, por revelar mais sobre as causas profundas da corrupção que envergonha o país e as pessoas de bem que dezenas de debates.

Do restaurante eu voltaria diretamente para o Rio, e por isso levei a mala no táxi. No meio do almoço, um dos meus colegas me disse: “Juan, a mala está com você?”. Não estava. Tinha esquecido no táxi. Dei-a por perdida. Como encontrar um taxista anônimo no meio dos 33.000 que circulam pela cidade de São Paulo?

Fizemos uma tentativa, ligando para o hotel, para o caso de por milagre o taxista tê-la devolvido. Não. Já procurando outro táxi para ir para o aeroporto, meu colega voltou a ligar, mesmo sem esperança, para o hotel. Surpresa. O taxista tinha voltado e deixado lá a mala, sem deixar seu nome nem um telefone.

Eram 40 minutos de viagem, quase 50 reais de trajeto. Tempo e dinheiro que o taxista gastou para voltar ao hotel e deixar minha mala.

Por que considerei aquele gesto do meu taxista como uma revelação relacionada ao momento vivido pelo Brasil, atolado na corrupção por aqueles que teriam a obrigação de dar exemplo de dignidade e respeito para os 200 milhões de brasileiros?

Ele também tinha uma resposta, talvez mais eficaz: a que pôs em prática, começando por seu pequeno mundo

Antes de escrever esta coluna tinha assistido ao programa Globo News Painel, de William Waack, com dois analistas políticos e uma socióloga. Foi um debate sério, profundo, sobre a crise política, econômica e moral que toma o país. William fez aos três especialistas uma pergunta-chave final: 

“Como o Brasil sai desta crise de credibilidade, que pode levar a uma crise institucional ainda mais grave?”

Naquele momento pensei no que meu taxista teria respondido. Na verdade ele também tinha uma resposta, talvez mais eficaz: a que pôs em prática, começando por seu pequeno mundo, ao seguir sua consciência e não às tentações do enriquecimento fácil, do saque ao dinheiro público, devolvendo minha mala. Mais ainda, ao perder tempo e dinheiro para não se sentir manchado de culpa e poder dormir naquela noite sem remorso.

Um dos executivos da Petrobras, réu confesso de ter roubado centenas de milhões, ante uma pergunta na CPI da Câmara sobre por que não teve a força para parar quando começou aquela pilhagem de dinheiro público, respondeu: “Quando se começa a escorregar na ilegalidade, é difícil parar.”

Não sei se meu taxista tem filhos. Não sei se a cada noite, quando volta cansado de seu trabalho, como milhões de trabalhadores em todo o país, sem nem sequer conseguir viver confortavelmente, conta para seus filhos as peripécias do dia rodando pela cidade e ouvindo centenas de conversas.


Não sei se lhes contou a história da minha mala, que ele poderia ter levado para sua casa naquela noite como um presente. Se o fez, é possível que os filhos tenham lhe perguntado por que a devolveu. Nesse caso, estou seguro de que esses filhos dificilmente esquecerão, quando entrarem no perigoso rio da vida, o gesto de dignidade de seu pai.

Eu ainda não esqueci quando nosso pai dizia, há mais de 50 anos, para meus dois irmãos e para mim: “Dorme-se e morre-se mais tranquilamente com a consciência limpa.” Morreu muito jovem. Era um professor rural, um simples trabalhador, como meu taxista. A ditadura militar franquista o puniu com vários meses sem salário porque seus alunos do primário (fundamental) quando chegavam ao secundário (ensino médio) “faziam perguntas demais”. Nas ditaduras se obedece, não se pergunta.
Quis deixar uma gorjeta para o taxista no hotel. Disseram-me que seria impossível localizá-lo. Por isso quis agradecer por seu gesto nesta coluna, que, com certeza, ele nunca vai ler.

Quero agradecer-lhe por ter me revelado, neste momento de crise e de desencanto, que a verdadeira saída talvez comece pela nossa própria conduta individual

Não lhe agradeço apenas por ter devolvido minha mala. Outros taxistas fazem isso até com malas cheias de dinheiro. Quero agradecer-lhe por ter me revelado, neste momento de crise e de desencanto, de perda de confiança em quem nos deveria dar exemplo de honradez profissional, que a verdadeira saída talvez comece pela nossa própria conduta individual.

Seu gesto de homem simplesmente justo e honrado, com respeito a sua consciência, ajuda-nos a lembrar que neste país hoje machucado e sobrecarregado pelo peso da corrupção política nem tudo ainda está perdido nem contaminado pela indignidade. Existem ainda não milhares, mas talvez milhões, de taxistas, de pedreiros, de professores, de funcionários públicos, de pequenos ou grandes empresários, jovens e idosos, pessoas famosas ou anônimas capazes de não renunciar à decência e à própria dignidade, que não são ladrões nem bandidos. Como meu taxista.

Às vezes ouço nas crônicas policiais que este ou aquele bandido preso ou morto era “negro ou de cor”. Meu taxista era mulato. E me deu um magnífico exemplo de civismo que não vou esquecer.

Se na história bíblica as corruptas cidades de Sodoma e Gomorra foram aniquiladas porque Deus não encontrou nelas sete homens justos, é certo que, apesar de tanta corrupção, há no Brasil não sete, mas milhões de brasileiros com as mãos e a consciência ainda limpas.

Eles terminarão por devolver inclusive internacionalmente o respeito que este grande país merece. E o farão com seus protestos, com sua rejeição a uma classe política que parece ter se tornado indigna de ser guia do país. E com gestos de honradez pessoal como o do meu taxista mulato de São Paulo.

Um pedido de socorro por WhatsApp


Anselmo Yanomami pegou seu celular para denunciar o descaso com a saúde de seu povo

Já são 11 vítimas somente este ano por falta de cuidados da saúde pública



Na manhã da última sexta-feira, Anselmo Yanomami, um índio de uma aldeia cravada no meio da selva amazônica a duas horas de distância via monomotor da cidade mais próxima, Boa Vista, alcançou seu celular, clicou no ícone do WhatsApp e começou a digitar a seguinte mensagem:


“Eu sou Anselmo Yanomami, do Estado de Roraima, extremo norte do país. Em nome do meu povo Yanomami xirixana, xiriana, sanoma, quero denunciar a secretária especial de saúde indígena. Povo Yanomami está morrendo por falta de assistência de saúde. Mortes causadas por doenças, pneumonia, diarreia, tuberculose. O povo Yanomami pede socorro. Nos ajude a divulgar para as autoridades do Brasil e do mundo”.

O pedido de socorro que atravessou 4.109 quilômetros até o celular da reportagem do EL PAÍS, em São Paulo, era mais um grito de tantos que os Yanomami têm dado nos últimos anos para alertar sobre a situação de degradação do atendimento de saúde em sua Terra Indígena, na fronteira com a Venezuela, onde vivem atualmente cerca de 25.000 índios.
No começo deste ano, pintados de preto, em sinal de luto, um grupo deles entrou em meio a uma cantoria na sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena, em Boa Vista, com flechas em punho, para exigir a saída de Maria de Jesus do Nascimento, coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. “A saúde só tem piorado nos últimos quatro anos na nossa terra indígena e por isso estamos aqui reivindicando melhorias para as nossas crianças”, disse à época, para a reportagem do site G1, Júnior Yanomami, uma das lideranças que acompanha Anselmo nas denúncias. Ambos fazem parte do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye'kuana, um grupo que discute a situação sanitária nas 300 aldeias da Terra Indígena, que é a maior área demarcada do país, com 9,6 milhões de hectares (um tamanho maior do que toda Portugal).


Ao EL PAÍS, Anselmo explicou, agora já em uma ligação telefônica, a situação atual da região. Segundo seu relato, apenas neste ano 11 crianças entre 1 e 10 anos morreram por causas como diarreia e vômito nas aldeias Yanomami. A última delas, de cinco anos, na última quinta-feira. Ele relata ainda que dois índios também morreram neste ano após serem picados por cobras e não haver medicamento disponível no posto de saúde da aldeia onde viviam.


“Nossas comunidades estão abandonadas, há comunidades ilhadas, sem atendimento nenhum. Reduziram o número de profissionais de saúde que atendem as aldeias sem consultar os índios, nos postos não há equipamento ou medicamento suficiente”, conta ele.


Criança Yanomami na aldeia Demini, em Roraima. / Alex Almeida


Os dados do Datasus, sistema do Ministério da Saúde que compila informações sanitárias de todo o Brasil, mostram que houve, entre os índios da região, um aumento de mortes por causas evitáveis – aquelas que poderiam não ter acontecido, caso houvesse imunização, atenção à gestante, ao parto e ao recém-nascido, além de diagnóstico e tratamento adequados.


As informações preliminares de 2013, os últimos disponíveis segundo o Ministério da Saúde, mostram que no Amazonas e em Roraima, onde se concentra a Terra Indígena Yanomami, foram 1.004 mortes evitáveis de indígenas (que vivem em aldeias ou não, pois esse sistema não difere), sendo 446 delas entre crianças de até 5 anos. Um acréscimo de 14% em relação a 2012, quando morreram 881 indígenas pelas mesmas causas (390 crianças de até 5 anos); e um aumento de 47% em relação a 2011, quando foram 681 óbitos (247 de índios de até 5 anos). Na população geral dos dois Estados, o crescimento dessas mortes também ocorreu, mas em taxa muito menor: 4,55% entre 2013 e 2012 e 7,35% entre 2013 e 2012.


Segundo o Ministério da Saúde, os dados referem-se a indígenas que foram atendidos na rede de saúde local e, por isso, não refletem a situação apenas dos índios que vivem nas aldeias. O órgão, entretanto, não enviou à reportagem os dados relativos apenas aos que vivem na Terra Indígena Yanomami, que afirma serem mais precisos – disse que não havia tempo hábil para fazê-lo.


Os dados gerais de mortalidade de índios que vivem nas aldeias do Brasil, entretanto, apontam que o problema tem piorado em todo o país. Em 2012, o coeficiente de mortalidade infantil indígena no Brasil foi de 37,8 para cada 1.000 nascidos vivos. Em 2011, havia sido de 32,2.  Entre os não índios, essa taxa é de 21 por 1.000.


“A situação é crítica. Aqui em Roraima nos dizem que a culpa é de Brasília, que não envia o dinheiro. Ligamos para Brasília e lá nos dizem que mandam o dinheiro e não sabem o que acontece. Mas o povo Yanomami está morrendo e precisa saber por que isso ainda está acontecendo”, diz ele.

Ministério diz que aumentou investimento em áreas indígenas

T.B
Por nota, o Ministério da Saúde afirmou que quadruplicou o investimento no acesso à assistência à saúde dos povos indígenas, passando de R$ 479 milhões, em 2011, para R$ 1,093 bilhão, em 2014 -não especificou, entretanto, o valor repassado para a área Yanomami. Também afirmou que por meio do programa Mais Médicos ampliou em 305 o número de profissionais atuando nessas áreas, que contam com 511 médicos atualmente.


“O DSEI de Yanomami era um dos que enfrentava dificuldade na fixação desses profissionais, mas que atualmente conta com 20 médicos, sendo 15 do Programa Mais Médicos, além de 67 equipes multidisciplinares de saúde compostas por mais de 460 profissionais.”


O órgão apontou ainda que tem investido em saneamento básico, algo essencial para reduzir as diarreias. “Estão em andamento obras de abastecimento de água em 457 aldeias e de saneamento em 113 aldeias. Também estão sendo construídos e reformados 97 estabelecimentos de saúde como Unidades Básicas de Saúde, Polos Base e Casas de Saúde Indígena. Os investimentos nessas ações somam R$ 97,3 milhões”.


A nota aponta ainda que disponibiliza os medicamentos essenciais para a assistência básica aos povos indígenas nos 37 Polos Bases e 73 farmácias da Terra Indígena Yanomami e Ye’kuana. O ministério, entretanto, não explica os motivos que levaram ao aumento das mortes.

EL País: Com pior aprovação desde 1999, Dilma busca apoio do Nordeste



Dilma em evento em Brasília no dia 18. / EVARISTO SA AFP

 Nova pesquisa confirma cenário de pessimismo no Brasil: 64,8% reprovam o Governo







Pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizada pelo Instituto MDA, confirmou o pessimismo dos brasileiros em relação ao Governo e o crítico momento que a presidenta Dilma Rousseff enfrenta. 


A exemplo do que o Datafolha já havia antecipado na semana passada, o levantamento do CNT apontou que 64,8% dos entrevistados reprovam o Governo – o cenário é ainda pior quando considerado o desempenho pessoal de Rousseff: 77,7% a desaprovam. A pesquisa traz ainda outra má notícia para o Planalto: para 68,9% dos entrevistados, Dilma é culpada pelo esquema de corrupção na Petrobras e 59,7% aprovam o impeachment da mandatária do Brasil.


Em meio à pior crise de popularidade enfrentada pela presidenta, Dilma confirmou uma reunião, para a próxima quarta-feira em Brasília, com os nove governadores do Nordeste. No encontro, que vem sendo articulado pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), ela deve ouvir uma série de reivindicações dos Estados, que querem principalmente a liberação de mais recursos de Brasília para obras, sobretudo de combate à seca no semiárido. Na prática, porém, a reunião é vista como uma tentativa do Governo de estancar o sangramento de Rousseff na região, tradicional reduto petista e que teve peso decisivo para a eleição da petista em 2010 e 2014, mas onde a presidenta também tem visto sua popularidade despencar nas últimas semanas.

68,9% consideram Dilma culpada pela corrupção na Petrobras

 “Os governadores do Nordeste pediram uma audiência para ajudar o Brasil a enfrentar o desafio. O Nordeste é uma região que cresce mais do que o país, então é fundamental a presidente ter nesse diálogo a disposição para iniciar um processo de rearrumação, tanto da economia quanto da política”, disse o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), à imprensa regional na semana passada, quando foi confirmado o encontro. Os eleitores nordestinos foram decisivos para a vitória da petista. Nos nove Estados da região, Dilma obteve 12 milhões de votos a mais que o então adversário do PSDB, Aécio Neves.

Pessimismo

Realizada logo após as manifestações dos dias 13 (pró-Governo) e 15 (contra o Governo), a sondagem revela um pessimismo do brasileiro como um todo: da situação econômica à conjuntura política e à expectativa em relação aos serviços públicos (saúde, educação, segurança, etc.). A avaliação positiva do Executivo federal é a pior desde 1999 (8%): apenas 10,8% avaliam o Governo como positivo, contra 64,8% de negativo e 23,6% de regular. Já a avaliação do desempenho pessoal de Dilma é a pior já registrada desde o início da série histórica da CNT neste quesito: 18,9% aprovam a presidenta e 77,7% a desaprovam pessoalmente. Neste cenário, 66,9% se dizem descrentes em relação às medidas anunciadas para conter a crise.

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Outro dado que chama a atenção é a preocupação do brasileiro em relação à situação econômica: 92,8% disseram estar preocupados com a economia. Metade dos ouvidos acha que o Brasil está parado em relação à economia, enquanto 38% consideram que está em retrocesso e 7,2% acham que está em desenvolvimento.

Para 63,9% dos ouvidos, a inflação está alta. E 91,2% disseram que já sentiram os reflexos da inflação no dia a dia.

Corrupção

Ao todo, 85% dos entrevistados acompanham ou já ouviram falar das denúncias de corrupção na Petrobras e, dentro deste nicho, 68,9% consideram Dilma culpada pelo escândalo que está sendo investigado na estatal – enquanto 67,9% creem que o ex-presidente Lula é culpado.

Ainda neste tema, 75,7% tomaram conhecimento da lista de políticos investigados pela Operação Lava Jato e, deste total, 90,1% acreditam que os nomes citados estão realmente envolvidos no esquema.

Ao todo, foram ouvidas 2.002 pessoas de 137 municípios de 25 unidades federativas, entre os dias 16 e 19 de março. A margem de erro é 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com 95% de nível de confiança.