sábado, 14 de março de 2015

Corram para a rua — antes que seja tarde!.


(Extremamente ironico!)Lugar de elite é na cozinha - GUILHERME FIUZA

O GLOBO - 14/03

Para se sustentarem no poder, Lula e Dilma foram fartamente beneficiados pelo mensalão e pelo petrolão


Se você estava pensando em sair às ruas amanhã contra Dilma, petrolão e grande elenco, não precisa mais. Pode ficar em casa. Tudo será resolvido no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Dias Toffoli, que presidirá o julgamento da Operação Lava-Jato.

Toffoli é o homem certo no lugar certo. Ex-advogado do PT, ex-assessor da Casa Civil de Lula, defensor implacável dos companheiros no julgamento do mensalão, ele foi o presidente do TSE que proibiu a propaganda da “Veja” na véspera da eleição — porque a revista informava que Dilma e Lula sabiam de tudo. Alguma dúvida de que Dias Toffoli defenderá você, cidadão, contra a máfia progressista e humanitária que depenou a Petrobras e o Estado brasileiro?

Pronto. Agora que você tem certeza de que a justiça será feita, e que os autores do maior escândalo de corrupção da República serão punidos, relaxe. Economize a garganta e a sola do sapato, porque passeata é muito desgastante. Alugue um desses filmes sobre Al Capone, e viaje para aqueles tempos estranhos em que uma quadrilha tomava o poder constituído e tinha até juiz próprio... Que horror!

E já que você está com o domingo livre, desobrigado de se mandar para as ruas — o que é coisa da elite branca, e você não vai querer se misturar com essa gente que nunca deveria ter saído da cozinha —, aproveite para botar a leitura em dia. Há verdadeiras joias na literatura nacional recente. Comece pelo épico “Pedro Barusco na CPI da Petrobras”. É emocionante. O ex-gerente da estatal (que está disposto a devolver uns 100 milhões de dólares) contou que era uma espécie de freelancer da corrupção até começar o governo petista. A partir daí, o roubo foi “institucionalizado”, explicou o ex-gerente, que se reportava ao já famoso Renato Duque, diretor inoculado pelo PT na Petrobras.

“É chocante”, reagiu Joaquim Barbosa — aquele representante da elite branca que não manda mais nada, para alegria do Brasil progressista e amigo dos pobres. Quem manda agora é Dias Toffoli, e ele não há de permitir que a direita golpista ataque uma instituição que está funcionando tão bem desde 2003, como explicou Barusco.

E esse Brasil que dá certo há mais de década, com mensalão, petrolão e demais benfeitorias socialistas, continuou funcionando por um detalhe singelo: a cabeça da “institucionalização” jamais foi cortada. Joaquim Barbosa, esse golpista, botou em cana vários guerreiros do povo brasileiro — mas nenhum deles estava mais com a mão na massa, ou melhor, na máquina. No que Dirceu foi flagrado, passaram-no imediatamente para a penumbra, dando lugar a Dilma Rousseff. Esta foi eleita presidente sem jamais deixar de prestar solidariedade ao mensaleiro julgado e condenado — e todos sabem que solidariedade é uma marca dos companheiros. Especialmente quando faz chover centenas de milhões de reais do esquema nas duas campanhas presidenciais da candidata solidária.

Resumindo: para se sustentarem no poder, Lula e Dilma foram fartamente beneficiados pelo mensalão e pelo petrolão, esquemas montados e operados em seus governos, com a regência de seus sócios partidários — esses aos quais Lula e Dilma permaneceram publicamente solidários mesmo com toda fama, com toda grana, com toda lama. A gente vai levando, e o Brasil, esbofeteando o óbvio, resolveu aceitar que a presidente e o ex não sabiam de nada. Aí vem o doleiro do petrolão, sob os juramentos da delação premiada, informar: “Sim, eles sabiam de tudo”.

O que está faltando? O que mais precisa acontecer para que o país exija a investigação direta desses governantes que presidiram a “institucionalização” do roubo? Não, não... Ainda é cedo. Espere o PT bater na sua porta e pedir uma comissão para manter a sua luz acesa. Aí, talvez, quem sabe, seja a hora de agir.

Enquanto você assiste chocado ao DVD do Al Capone, o ministro da Justiça, o procurador-geral e o ministro relator da Lava-Jato fazem seu jogral da inocência, anunciando aflitos que não há fundamento para investigar Dilma Rousseff. O médico mandou não contrariar, mas tem muita gente querendo desobedecer — e responder o disparate nas ruas. Deve ser essa gente esbranquiçada que não sabe o seu lugar, e agora deu para sair da cozinha batendo panelas contra o Império do Oprimido.

Um teólogo de esquerda disse que o movimento de 15 de março é coisa das elites que não ouviram a mensagem de Jesus. Pelo visto, o céu também já é deles. Nesse ritmo, seus branquelos, para vocês só vai sobrar mesmo a rua. Corram para lá — antes que seja tarde.
 
 

Pela demonstração de ontem, a luta começou mal para os movimentos sociais que atenderam ao chamamento de Lula, que declarara esperar muita gente nas ruas ontem.

sábado, março 14, 2015

Fracassa o confronto - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 14/03


A retórica do comandante do Movimento dos Sem Terra (MST) João Pedro Stedile é muito mais eficaz que a ação de seu “exército”, convocado por Lula para ir às ruas contra os críticos do governo Dilma, que chamam de golpistas. Ele mesmo tratou de dar corda a esse viés militarista e conclamou seus liderados a “engraxarem as botas” por que a luta apenas começou.

Um vídeo espalhado pela internet mostra um discurso recente de Stedile na Venezuela, confraternizando com o companheiro Maduro, onde afirma que uma “elite de mierda” na América Latina está tramando contra os governos populares.


Pela demonstração de ontem, a luta começou mal para os movimentos sociais que atenderam ao chamamento de Lula, que declarara esperar muita gente nas ruas ontem. Por qualquer regra que se meça, não é possível dizer que as manifestações foram um sucesso, embora tenham se espalhado por vários Estados. Foram um reflexo do que constatam as pesquisas atuais: uma minoria de 7% apóia o governo Dilma.

Essa capilarização do movimento serviu até para evidenciar a fraqueza da organização, pois em algumas cidades poucas dezenas de manifestantes se dispuseram a sair às ruas num protesto ambíguo, que defendia a presidente Dilma, mas criticava sua política econômica.

Uma está umbilicalmente ligada à outra, e não é possível neste momento apoiar a presidente e ser contra as medidas de equilíbrio fiscal que o ministro da Fazenda Joaquim Levy está apresentando. Quem age assim, como as centrais sindicais, na verdade está sabotando o segundo governo da presidente Dilma, e pouco importa que diga que faz isso por apoiá-la.

O fato é que a própria presidente já admitiu que as medidas para incentivar o consumo perderam o efeito, e que agora é hora de fazer justamente o contrário, isto é, cortar gastos e reequilibrar as contas públicas. ( Mas continuam gastando bilhões com as Olimpíadas!!)Mesmo que seja um equívoco reiterado da presidente, que continua dizendo que as medidas que tomou no primeiro governo estavam corretas para aquela ocasião, e já não servem no momento atual, quando já está provado que foram elas que ocasionaram a situação que vivemos hoje, de qualquer maneira ela reconhece que tem que fazer diferente hoje para recuperar a credibilidade de seu governo.

O fracasso do movimento de ontem ganhará uma dimensão maior caso as manifestações de amanhã, nas diversas versões contrárias ao governo Dilma, sejam maiores. A medida pode ser São Paulo, onde ontem houve a maior manifestação a favor da presidente Dilma e contra o impeachment. Segundo cálculos oficiais da Polícia Militar, cerca de 12mil pessoas participaram da manifestação em seu pico.

O Palácio do Planalto está trabalhando com a expectativa de que a manifestação de amanhã será maior em São Paulo, que se tornou o centro político antipetista, e fraca nos outros Estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, ontem a manifestação a favor da Petrobras e contra o golpismo reuniu cerca de 1000 pessoas. Amanhã, em Copacabana, os organizadores da manifestação contra o governo nas redes sociais esperam número maior.

Por isso mesmo o Palácio do Planalto tentou até o último momento cancelar as manifestações das centrais sindicais e dos movimentos sociais atrelados ao governo, pois sabia que as conseqüências seriam ruins.

Se fossem fortes, poderiam estimular as manifestações contrárias ao governo. Fracas, como foram, exibiram a incapacidade de mobilização desses movimentos que já foram vistos como uma ameaça à democracia. Hoje, são apenas movimentos de pelegos transportados em ônibus, com diária e comida. A incapacidade de arregimentação da CUT já fora demonstrada meses atrás quando, com Lula de garoto propaganda, tentaram dar um abraço na sede da Petrobras do Rio e faltaram braços. 

Um fato positivo foi que não houve violência em nenhuma manifestação pelo país, o que indica que a radicalização política está limitada às redes sociais e aos chamados “gritos de guerra”, sem se transformar em conflitos de rua.

Amanhã, nas manifestações contra o governo, saberemos se o mesmo espírito pacífico prevalecerá, ou se os Black blocs arregimentados pelas milícias governistas tentarão repetir a ação de 2013, quando conseguiram dispersar os manifestantes recorrendo deliberadamente às depredações e à violência física.
 
 

Coragem, Janot! Coragem, Zavascki! Coragem, Supremo!

14/03/2015
às 5:52

PPS recorre ao Supremo para que decisão de Janot e Zavascki seja revista e Dilma possa ser investigada. Jurisprudência do tribunal garante essa possibilidade, ao contrário do que se diz por aí. Ou: Coragem, Janot! Coragem, Zavascki! Coragem, Supremo!

Jungmann protocola no STF agravo regimental que demonstra que Dilma pode, sim, ser investigada (Foto: Diógenes Botelho)
Jungmann protocola no STF agravo regimental que demonstra que Dilma pode, sim, ser investigada (Foto: Diógenes Botelho)


Atenção, leitor, o tema pede que se preste atenção a algumas minudências jurídicas. Mas é importante o bastante para que nos dediquemos a ele. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu, como vocês sabem, NÃO PEDIR abertura de inquérito sobre a atuação da presidente Dilma Rousseff, com o que concordou o ministro do Supremo Teori Zavascki, relator do caso do petrolão no tribunal. O ministro, aliás, foi até um pouco mais entusiasmado do que o procurador-geral. Escreveu ele (em vermelho):

“Dessa narrativa fática, constata-se que o procedimento foi instaurado exclusivamente em relação a Antonio Palocci Filho, porquanto, em relação a “referência a envolvimento indireto” (fl. 68) da campanha da Presidente da República, o próprio Procurador-Geral da República já adiantava excluir, dos elementos à vista, conclusão que conduzisse a procedimento voltado à Chefe do Poder Executivo. Portanto, a rigor, nada há a arquivar em relação à Presidente da República. Aliás, ainda que assim não fosse, é certo que, nos termos da Constituição Federal, “o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções” (CF, art. 86, § 4º).  [...]”


Notei, desde o princípio, que há algo de estranho nessa decisão de Janot e Zavscki. Parte-se do princípio de que as questões que dizem respeito a Dilma nesse imbróglio se esgotam em 2010, quando ela ainda não era presidente. Mas não é disso que vou tratar agora. 


O PPS, por intermédio do deputado Raul Jungmann (PE), deu entrada no STF com um Agravo Regimental, ANCORADO EM SÓLIDA JURISPRUDÊNCIA, sustentando que A PRESIDENTE PODE, SIM, SER INVESTIGADA, na vigência de seu mandato, mesmo por atos anteriores à sua chegada à Presidência. ELA NÃO PODE É SER PROCESSADA POR ISSO (Íntegra do agravo aqui).

O que é um “Agravo Regimental”? É um pedido para que a corte reveja a sua própria decisão. Se for aceito como instrumento válido, o plenário do Supremo terá de se manifestar a respeito. Ocorre que Zavascki, ou a segunda turma, pode alegar, que o partido não é parte legítima para fazer essa solicitação. No Artigo 317 do Regimento Interno do Supremo está escrito:
“Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que causar prejuízo ao direito da parte”

O PPS sustenta que é, sim, parte legítima, mas faz um segundo pedido caso o agravo não seja acolhido: que a questão seja examinada pelo pleno do Supremo como “questão de ordem”. Especifica o Artigo 21 do Regimento Interno da Corte:
 

Art. 21. São atribuições do Relator:

III – submeter ao Plenário, à Turma, ou aos Presidentes, conforme a competência, questões de ordem para o bom andamento dos processos;
E, aí, todos os ministros têm de se manifestar. A questão é pertinente, sim. Afirma Jungmann: “Investigar pode. O que não pode é processar. E é dever do Ministério Público investigar a presidente da República nesse caso de repercussão nacional. Dilma é citada 11 vezes na investigação da Operação Lava Jato, e é preciso que se apure isso, Até porque as denúncias remetem para o abastecimento de sua campanha com dinheiro desviado da Petrobras”.

Mas pode ou não pode?
Vamos ver o que disse o ministro Celso de Mello no Inquérito nº 672/6:
[...] De outro lado, impõe-se advertir que, mesmo na esfera penal, a imunidade constitucional em questão [aquela do Presidente da República] somente incide sobre os atos inerentes à persecutio criminis in judicio. Não impede, portanto, que, por iniciativa do Ministério Público, sejam ordenadas e praticadas, na fase pré-processual do procedimento investigatório, diligências de caráter instrutório destinadas a ensejar a informatio delicti e a viabilizar, no momento constitucionalmente oportuno, o ajuizamento da ação penal”

Não há, pois, nenhuma invenção. Cuida-se aqui da jurisprudência da Corte. Ora, até para que se saiba se Dilma será ou não processada depois que terminar o seu mandato, é preciso que se investigue, não é mesmo? A abertura de inquérito é, por isso, uma fase pré-processual.

Ora, se a ação de Dilma não for investigada, dada a acusação de que Antonio Palocci pediu R$ 2 milhões ao esquema corrupto da Petrobras para financiar a sua campanha, como saber se ela esteve pessoalmente envolvida na operação ou não? Como saber se práticas como aquela não se repetiram? Ricardo Pessoa, o dono da UTC, não custa lembrar, está disposto a contar em delação premiada que doou R$ 30 milhões, pelo caixa dois, ao PT em 2014 — R$ 10 milhões teriam ido para a campanha de… Dilma! Em um de seus depoimentos, Alberto Youssef expressa a convicção de que Lula e a agora presidente sempre souberam de tudo.

No agravo, o PPS nota algo importante: o procurador-geral da República não alegou que faltam provas para abrir uma investigação sobre a ação de Dilma, tanto que “agasalha sua omissão na imunidade”.  O agravo é longo. Se e quando tiverem um tempinho, vale a pena ler. A questão resta mais do que demonstrada.
Assim, meus caros, com base na jurisprudência do Supremo, ainda que os eventuais delitos de Dilma tivessem sido cometidos até 2010, quando ainda não era presidente, Janot poderia, sim, ter pedido que ela fosse investigada. A Constituição só a torna imune, enquanto for presidente, ao processo.  

MAS ABERTURA DE INQUÉRITO É UMA FASE PRÉ-PROCESSUAL, LEMBRAM-SE? 

Vamos lá! Coragem, Janot! Coragem, Zavascki! Coragem, Supremo!

Por Reinaldo Azevedo

Protestos dos “trabalhadores” que não trabalham são um fiasco; o dos trabalhadores que trabalham acontece no domingo. Ou: O movimento das pessoas direitas



Micaram, Brasil afora, os atos, como dizem seus promotores, “em defesa da Petrobras”. Na verdade, tratava-se de uma tentativa de blindar a presidente Dilma, antecipadamente, do protesto de domingo. Os esquerdistas criaram transtornos nas cidades em que se manifestaram, mas, quase sempre, havia mais balões do que pessoas, mais bandeiras do que brasileiros, mais palavras de ordem do que ideias. 



E há um dado que é especialmente saboroso: a convocação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores e daqueles que se dizem trabalhadores do MST é feita para uma sexta-feira útil, dia em que, afinal, trabalhadores costumam estar trabalhando.


Mas não eles. Porque trabalhadores não são. Na maioria dos casos, são sindicalistas e apaniguados de aparelhos sindicais que vivem, isto sim, do trabalho alheio. Os que se dizem “defensores da Petrobras” são sanguessugas de quem realmente acorda cedo, pega no batente, tem uma família a alimentar.


Já a manifestação daqueles que  petistas, cutistas e emessetistas chamam “elite”; daqueles que petistas, cutistas e emessetistas chamam “coxinhas”; daqueles que petistas, cutistas e emessetistas chamam “direita golpista”, ah, essa será feita no domingo. Sabem por quê? Porque, para a larga maioria, esse é o único dia de descanso. 


Os coxinhas, os direitistas, como eles dizem, vivem do seu trabalho, não integram a aristocracia sindical, não vivem pendurados nas tetas do governo. Aqueles que as esquerdas estão hostilizando geram impostos, em vez de apenas consumi-los; geram riquezas, em vez de apenas querer dividi-las, constroem o Brasil, em vez de apenas querer destruí-lo com a sua militância truculenta.


Que país exótico este em que vivemos, não? Aqueles que se dizem de esquerda vivem de renda — sim, meus caros: viver do imposto sindical e da transferência de recursos públicos para ditos movimentos sociais é uma forma de rentismo. E o que o rentismo? 



É um dinheiro que cai nas mãos do beneficiado sem que, para tanto, ela tenha produzido um miserável parafuso ou mesmo uma miserável ideia. É o dinheiro que saiu dos bolsos de quem trabalha para os de quem não trabalha.


E aqueles que merecem a pecha de “elite”? Ah, esses trabalham muitas horas por dia. Com alguma frequência, buscam ter até mais de um emprego para tentar garantir algum conforto adicional e seus familiares. Vivemos a era em que os que trabalham são obrigados a prestar reverência a quem não trabalha. 




Vivemos a era em que os que metem a mão na massa são hostilizados por aqueles que vivem de fazer proselitismo. Vivemos numa espécie de nova escravidão, esta de caráter moral, em que o esforço é demonizado, o talento é desprezado, a qualidade é tida por reacionária, a eficiência é vista com maus olhos.



Por isso, a Petrobras está no chão. Por isso, o país tem juros de 12,75% ao ano; por isso, a inflação roça os 8%; por isso, o Brasil vive uma recessão. Os que hoje dirigem o Brasil desprezaram todas as ideias generosas e sensatas de administração responsável do dinheiro público. Não puseram o seu partido e os seus sindicatos a serviço da nação, mas a nação a serviço de seu partido e de seus sindicatos. O resultado é este que vemos: continuamos a ser um país rico com uma população, no mais das vezes, pobre: pobre de saúde, pobre de educação, pobre de segurança pública, pobre… de verdade!



É a direita, como eles dizem, que vai protestar no domingo? Não! Quem vai protestar no domingo são as pessoas direitas — sejam elas “de direita” ou não. É um ato contra um indivíduo chamado Dilma Rousseff? Não! É um ato contra a impunidade, contra a roubalheira, contra o cinismo, contra a trapaça eleitoral, contra a mistificação. Se essa pauta atinge o governante de turno, e se esse governante é uma governanta, então não há o que fazer.



Os que vão para as ruas estarão exercendo o Inciso IV do Artigo 5º da Constituição, o das cláusulas pétreas, imutáveis. Lá está escrito: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Todos nós sabemos o que nos custou essa carta de princípios, depois de 21 anos de ditadura. Infelizmente, em 1988, o PT se negou a homologá-la, num ato absurdo. Talvez por isso ignore agora os seus termos. Talvez por isso o próprio governo Dilma tenha negociado com black blocs, mas hostiliza quem tem a coragem de mostrar a cara.


A presidente Dilma exerce legítima e legalmente o seu mandato. Ninguém jamais contestou essa evidência. Mas o mesmo diploma que lhe garante essa legalidade e essa legitimidade assegura o direito à manifestação e o direito de apresentar petições ao poder público, inclusive o impeachment da presidente. Golpe é querer rasgar a Constituição em vez de aplicá-la. Há algum petista que negue esse fundamento? 


Pode vir aqui dizer que não é assim. Pode vir aqui tentar provar que isso que digo agride o regime democrático. Vamos ver com quais argumentos.


Querem saber? O verdadeiro protesto de trabalhadores é o que vai acontecer no domingo, já que trabalhadores trabalham. O verdadeiro ato em defesa da Petrobras será o de domingo, já que milhares de pessoas querem proteger a estatal da sanha dos quadrilheiros.

Não! Este não é um editorial de direita. Este é um editorial para pessoas direitas.
 

Por Reinaldo Azevedo

507 Comentários

  • rafael
    -
    14/3/2015 às 10:42 am
    Discordo; afinal, berraram por R$ 35,00 + vale refeição + transporte.
  • Luiz Santana
    -
    14/3/2015 às 10:29 am
    eu digo que houve ditadura no Brasil sim, mas só para os comunistas e simpatizantes da causa, gente de bem tem saudades dessa época, durantes os 20 anos da chamada ditadura, foi a épica em que o Brasil mais cresceu e produziu, chegando a ser a oitava maior economia mundial, quando por um momento, foi cumprido o lema de nossa Bandeira: ordem e progresso, após as Diretas já, o país foi entregue a esquerda, onde se seguiu desgovernos, que após 3 décadas, levaram o Brasil agora a esse caos, a Imprensa que uma vez já esteve ao lado do correto, hoje se virou contra nossos heróis militares, que nos livraram de ser hoje uma Cuba…
  • Regis
    -
    14/3/2015 às 10:01 am
    Lutei contra a ditadura militar. Tenho 65 anos. Sou medico. Trabalho. E por tudo que está acontecendo. Minha alma chora. Meu se torna impotente a cada dia. Só com protesto para aliviar a tristeza. Dia 15/03/2015 – Dia da virada. Não do golpe mas da RENÚNCIA dela e todos os capangas e traficantes deste desgoverno.
  • Fernando Cesar Rodrigues
    -
    14/3/2015 às 10:01 am
    Parabens!!!
    Gostaria muitíssimo de ter conhecimentos para explicitar com tanta clareza a exemplo de seus comentários.
    Peço vênia para fazer minhas suas palavras.
    Cordialmente,
    ATÉ A VITORIA!!!
  • Sergio Paim de Freitas
    -
    14/3/2015 às 9:57 am
    Simplesmente maravilhoso,na mosca
  • Leandro
    -
    14/3/2015 às 9:49 am
    Simplesmente fantástico! Temos que lutar por um país digno!
  • elione
    -
    14/3/2015 às 9:38 am
    No Site DO GLOBO está: milhares de pessoas estavam na passeata em favor do governo. Me poupe! Quatro gatos pingados e ainda por cima ganhando p isto. Se eu fosse a CUT tinha vergonha de estar defendendo um governo q está ferrando com a populaçao,principalmente os trabalhadores.
  • 'martins
    -
    14/3/2015 às 9:34 am
    Uau! Não deu nem para encher uma Kombi!
    Todo mundo já sabe que esse pessoal dessa manifestação, ou são diretores sindicais liberados pelos sindicatos com essa finalidade, ou foram liberados do trabalho mediante acordos coletivos de trabalho, ou está desempregado e recebeu uma ajuda qualquer para participar, porque pelo amor a causa não é que é. Pode até ser pela causa, mas deles é claro, mas não da sociedade de verdade, aquela parte anônima que trabalha todos os dias para se sustentar e sustentar o enorme estado e seus parasitas.
    Agora amanhã não vai ter pelego, vai ter gente comum mesmo, gente que não faz politicalha e nem tem intenção de fazer carreira política ou pegar boquinhas em departamentos e empresas públicas. O protesto vai ser contra quem está no poder e usando dele para se beneficiar a si próprios. Amanhã é o dia dos pagadores de impostos protestar, porque não se paga imposto para sustentar mamatas, mas para fazer as coisas que o mercado não oferta ou é impedido pelo estado de oferecer. Paga se imposto para fazer a infraestrutura, para investir de fato na educação e na saúde, e na segurança.
    Chega de mamata às nossas custas e ainda temos que ouvir que são nossos defensores, chega a ser hilário e cínico da parte dessa gente.
    15 de março nesse pessoal que não consegue nem encher mais uma Kombi! Domingo a sociedade vai mostrar quem é que trabalha e o que querem. Chega de sustentar essa cambada que não trabalhe e só vive de fazer movimento artificial para mostrar que o governo é democrático, agora vamos ver mesmo se esse governo é democrático.
  • Mario Soares
    -
    14/3/2015 às 9:34 am
    É a pura verdades, e outra coisa todos estão indo para rua com uma bandeira só, a do BRASIL , sem bandeira partidária, isso é que é movimento com ideal
  • Anderson Uchôa
    -
    14/3/2015 às 9:34 am
    Enfrento quase diariamente uma jornada de 120km para ir e voltar do trabalho, para garantir um futuro melhor para minha família. Pago os malditos impostos desse país em dia e vejo meu dinheiro indo para o bolso desses desocupados? Invisto (notem: invisto e não gasto) pelo menos 4 horas do meu dia para ir e voltar do trabalho. Quem é trabalhador? Eles que simplesmente numa 6a feira corroem a paciência dos cidadãos de bem? Certa vez, um grande “amigo” meu (que é da quadrilha dos PTralhas) me exortou a votar no tal partidinho com a seguinte alegação: “Você já conseguiu suas coisas, deixa um pouco pra mim…”. Quer dizer, a luta deles é simplesmente se encostarem como parasitas e sugarem tudo aquilo que podem e conseguem às nossas custas! Quem é o verdadeiro trabalhador aqui?! Fora PT, Fora Corrupção, Fora DiLLma, Fora LuLLa (sim, porque eLLe é quem vem mandando e desmandando no planalto central).
  • Fernando Mota
    -
    14/3/2015 às 9:24 am
    Obrigado pela coragem de dizer a verdade sobre nossa realidade. Temos que mostrar para o povo brasileiro quem realmente são os vilões, espero que as pessoas possam despertar, e começar a lutar por um país mais justo e menos corrupto.
  • Lucio Gama
    -
    14/3/2015 às 9:20 am
    Reinaldo, você é simplesmente perfeito nos seus comentários…. Que lucidez, que visão adequada!!!!!!! Sou seu fã de carteirinha!!!!!
  • Luiz Henrique Gibim
    -
    14/3/2015 às 9:00 am
    SÓ O GOVERNO NÃO ENXERGA ISSO. É O POVO QUERENDO QUE NO MINIMO SEJA RESPEITADO, PARABÉNS PELO TEXTO MUITO ESCLARECEDOR.

A boa vida de João Pedro Stedile, o burguesão do capital alheio



João Pedro Stedile no "protesto a favor" do Rio: libre da maldição bíblica de suar para ganhar o pão, ele ri à-toa
João Pedro Stedile no “protesto a favor” do Rio: livre da maldição bíblica de suar  o rosto para ganhar o pão, o burguês do capital alheio ri à toa



Eita! Sob certo ponto de vista, deve ser bom ser João Pedro Stedile — eu, com meus três empregos, não suportaria… Mas ele, visivelmente, adora. Stedile pertence àquele seleto grupo de homens que se livraram da maldição bíblica, que está no Gênesis: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.”



Pois é… Um monte de gente não sua o rosto para comer o pão: os bandidos, os corruptos (que são bandidos), os preguiçosos (que ainda se tornarão bandidos) e os… militantes políticos de esquerda. Digam-me: qual é o trabalho de Stedile? Quando ele acorda, qual é a sua agenda? Quando ele vai dormir e faz o balanço do dia, o que produziu para o país? Que contabilidade ele faz? Quantas propriedades ele invadiu? A quantas pessoas ele causou prejuízo? Que atraso teve a ciência naquele dia em razão da ação de seus seguidores?



Por que falo dele? O rapaz discursou no ato de “protesto a favor” no Rio, que reuniu, no máximo e com boa vontade, 1.500 pessoas. Ainda assim, uma boa parcela tinha vindo de outros Estados, trazidos em ônibus do MST. Em sua fala, esse gênio da raça afirmou o seguinte, segundo a Folha:

“Já chega de infiltração de capitalista no governo. Não aceitamos a infiltração de um tal de [Joaquim] Levy. Não podemos fazer ajuste às custas do trabalhador. A crise que o Brasil vive é culpa dos capitalistas. Não aceitamos a redução do direito da classe trabalhadora. Dilma, saia do palácio e venha para rua ouvir os trabalhadores”.



Alguém que fala em nome dos trabalhadores num protesto numa sexta à tarde é certamente um cínico. Alguém que é considerado um líder nacional sem que se conheça exatamente a sua atividade é um folgazão. Alguém que é tido como uma voz influente, cujos sequazes invadiram há dias um laboratório, destruindo anos de pesquisa científica, tem absoluta confiança na impunidade.


Como? Stedile é contra o capitalismo? O capitalismo que gera o dinheiro que irriga o MST? O capitalismo que gera as cestas básicas distribuídas ao MST? O capitalismo que permite a este senhor transitar por aí, como líder do maior latifúndio improdutivo do mundo, que são as terras sob o controle direto ou indireto do MST?


Stedile é aquele que foi instado por Lula a botar seu “exército” na rua. Junto com a CUT, a UNE, uma penca de organizações de esquerda e movimentos sociais — todos vivendo, de algum modo, de dinheiro público, gerado por quem trabalha —, a gente viu do que são capazes. E são capazes de muito pouco. De resto, se Stedile acha mesmo que Levy é um infiltrado, e dada a centralidade do ministro no governo, qual seria a sua única atitude decente: romper com Dilma! Mas ele não vai fazer isso, é claro! Sem o capilé oficial, o MST não existe — já que, por óbvio, os sem-terra não existem. E não existem mais há muito tempo.


Para encerrar, noto: as esquerdas fizeram um belo trabalho de propaganda das manifestações de domingo.


Por Reinaldo Azevedo


Comentario

O PT ensinou que a melhor forma de ficar milionário é se fazer de "protetor dos pobres".

Como brasileiro é trouxa!

Ana Lia