quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Percepção de piora é sentida em todas as classes sociais.

FGV: Nível de emprego
Classe de renda mais baixa não reportava preocupação e agora fala nisso
Publicado: 10 de setembro de 2014 às 14:10

fila de emprego eua
Percepção de piora preocupa todas as faixas de renda

Rio - A percepção de que as condições do mercado de trabalho estão piores se disseminou entre todas as faixas de renda no mês de agosto, afirmou nesta quarta-feira, 10, o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “Até mesmo a faixa de renda mais baixa, que não reportava piora na condição, agora fala nisso. Antes, era só o pessoal das faixas de cima”, observou.

Em agosto, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 5,8% na comparação com julho, a maior variação desde julho de 2013 (7,1%), indicando deterioração no mercado de trabalho. Já o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 1,2%, sinalizando a continuidade da baixa geração de vagas.

“Todo mundo revisou a situação atual do emprego para baixo. Talvez a eleição contribua para difundir informações sobre a situação da economia, talvez o PIB (do 2º trimestre) tenha contaminado, já que saiu o resultado em recessão. Não sabemos se esse pessoal de fato já está sentindo na pele ou se é porque espera notícias ruins”, disse Barbosa Filho.

O economista ressaltou, contudo, que a percepção de piora está espalhada não apenas entre os consumidores segundo suas faixas de renda, mas também entre as classes empresariais, tanto da indústria quanto de comércio e serviços. “Esse sentimento está disseminado na economia como um todo”, afirmou.

Segundo Barbosa Filho, alguns sinais já são vistos na prática, como a baixa geração de vagas apontada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a taxa de desemprego continua baixa, de acordo com ele, devido à contínua queda na População Economicamente Ativa (PEA). (Idiana Tomazelli/Agência Estado)

O patrimônio Espeleológico, Histórico e Cultural Brasileiro enfrenta uma nova ameaça. Um verdadeiro golpe promovido as escuras para flexibilizar o já frágil processo de licenciamento.


O MAIOR GOLPE DA (NA) HISTÓRIA

O patrimônio Espeleológico, Histórico e Cultural Brasileiro enfrenta uma nova ameaça. Um verdadeiro golpe promovido as escuras para flexibilizar o já frágil processo de licenciamento.
O Iphan está discutindo internamente, sem a participação da sociedade civil organizada envolvida com o tema, uma norma que isenta a maioria dos empreendimentos de realizar estudos prévios in loco sobre o patrimônio histórico e cultural. 


O documento também ignora os sítios protegidos (acautelados) pelos Estados e Município, como monumentos naturais estaduais e municipais.


No que tange a espeleologia, este texto simplesmente ignora qualquer valoração da importância histórico e cultural prevista no decreto 6640/2008 e não faz qualquer menção as cavernas.

Veja o texto em: http://www.cavernas.org.br/diversos/Documento%20do%20IPHAN.pdf
e a manifestação oficial da SBE em:
/Of.DIR%20032-14%20Iphan%20-%20IN%20procedimentos%20licenciamento.pdf

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Att,
Marcelo Rasteiro
Presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia


Comentario

Não sei quem é mais corrupto: O IPHAN ou o IBRAM? 

Anonimo.


CNT/MDA: Dilma tem 38,1%, Marina, 33,5%, e Aécio, 14,7%


  • As duas candidatas estão com percentuais próximos, enquanto Aécio caiu na pesquisa
A pesquisa MDA, divulgada nesta terça-feira, 9, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), apontou que a presidente Dilma Rousseff fica à frente de Marina Silva no primeiro turno da corrida ao Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff está com 38,1% das intenções de voto e Marina, 33,5%. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, as duas candidatas aparecem com índices muitos próximas.

O candidato do PSB, Aécio Neves, oscilou para baixo e tem 14,7%. Em relação à sondagem passada, a diferença entre as duas caiu no primeiro turno. Dilma tinha no primeiro turno com 34,2%, e Marina, 28,2%. O candidato do PSDB, Aécio Neves, alcançara 16%.

Uma simulação de segundo turno entre as duas candidatas mostra Dilma e Marina tecnicamente empatadas, já que a ex-senadora teria 45,5% das intenções de voto, contra 42,7%.

Campanha de Marina vai ao TSE contra inserções de Dilma

Qua, 10/09/2014 às 12:42


A Coligação Unidos pelo Brasil, da candidata Marina Silva (PSB), informou, por meio de nota, que entrará com dois pedidos de resposta no Tribunal Superior Eleitoral contra as inserções da Coligação com a Força do Povo, de Dilma Rousseff (PT).

A campanha de Marina diz que as inserções da petista que tratam da independência do Banco Central e da exploração do pré-sal distorcem "deliberadamente" os fatos para prejudicar sua candidatura e pedem direito de resposta.

A nota afirma que a autonomia institucional do Banco Central, citada no programa de governo de Marina, foi "usada por sua concorrente para criar pânico entre os eleitores, abordagem que fere flagrantemente a legislação eleitoral em vigor e não corresponde à verdade". O texto afirma que a despolitização das decisões da autoridade monetária é "defendida como necessária para o resgate da confiança na economia brasileira" e "será estabelecida por lei aprovada pelo Congresso Nacional."

A coligação liderada pelo PSB também diz que não é verdade a alegação da propaganda petista de que Marina é contra a exploração do pré-sal e "vai retirar os recursos provenientes de sua captação que seriam destinados a educação e a saúde". "Marina Silva tem sido clara em suas afirmações, quando reconhece a importância do pré-sal e o uso dos recursos daí provenientes para os avanços nas áreas de educação e saúde, compromissos que estão em seu programa de governo", diz o texto

Polícia Civil registra cinco homicídios em seis horas no Distrito Federal


10/09/2014 12h52 - Atualizado em 10/09/2014 12h52


Crimes foram em Samambaia, Taguatinga e Santa Maria entre 16h e 22h.
Em 8 meses, DF teve 451 homicídios, média de 1,85 assassinato por dia.

Do G1 DF
A Polícia Civil registrou cinco homicidios no período de seis horas no Distrito Federal na tarde desta terça-feira (9). Segundo a corporação, os crimes ocorreram entre 16h30 e 22h40. A Secretaria de Segurança Pública, no entanto, informou que apenas três homicídios foram registrados desde o início da semana.

De acordo com a pasta, de 1º de janeiro até 31 de agosto, o DF registrou 451 ocorrências de homicídio – média de 1,85 assassinato por dia. No mesmo período do ano passado, foram 546 (2,2 por dia).

Entre as regiões com a maior incidência de homicídios no DF em agosto, segundo a secretaria, estão São Sebastião, com sete mortes; e Vicente Pires e Recanto das Emas, com quatro cada.

Segundo a polícia, nesta terça, dois crimes ocorreram em Santa Maria, dois em Samambaiae um em Taguatinga. O primeiro deles ocorreu às 16h30, no Residencial Santa Maria. A vítima, de 34 anos, foi baleada e morreu no local.

Na mesma região, por volta de 22h40, um jovem de 15 anos foi baleado na QR 207. Outro rapaz que estava com ele foi baleado no braço esquerdo e socorrido para o hospital da região.

Por volta de 18h, uma mulher de 27 anos e um homem de 24 foram mortos a tiros na QR 512 de Samambaia.

Uma hora mais tarde, perto do Sesi, em Taguatinga, um homem suspeito de roubar um carro foi baleado após ameaçar atirar contra um policial militar que estava de folga e perseguiu o veículo. O suspeito morreu no local. Um homem que também estava no carro foi atingido e encaminhado para o hospital da região.

Cristina quer mudar capital da Argentina.


BBC 10/09/2014 07h30

Santiago del Estero: a nova capital argentina?

Presidente argentina Cristina Kirchner lançou ideia de transferir capital de Buenos Aires para cidade pacata e histórica no norte do país.

Da BBC
Presidente argentina Cristina Kirchner quer transferir capital de Buenos Aires para Santiago del Estero, no norte do país (Foto: Reuters/BBC)Presidente argentina Cristina Kirchner quer transferir capital de Buenos Aires para Santiago del Estero, no norte do país 
 
Com apenas 230 mil habitantes, a pacata Santiago del Estero, no norte da Argentina, aparece pouco no noticiário do país. Mas, nas últimas semanas, Santiago del Estero virou o assunto principal na imprensa argentina.

A presidente Cristina Kirchner lançou a ideia de transferir a capital do país para a cidade, onde, devido à cultura local e às altas temperaturas normalmente registradas no verão, ainda se cultiva a tradicional "siesta" – o cochilo após o almoço herdado dos colonizadores espanhóis.

A principal justificativa para a mudança, segundo Kirchner, é a localização geográfica de Santiago del Estero.

"Com visão estratégica, deveríamos pensar em um desenho territorial diferente porque o mundo mudou", afirmou a presidente argentina durante visita à cidade no final de agosto.

Segundo Kirchner, a transferência de Buenos Aires para Santiago del Estero aproximaria a Argentina de novos mercados de exportação, como a região asiática.

"Como dirigentes devemos nos adiantar [aos fatos]. Hoje, nosso comércio está cada vez mais orientado ao Oriente. Do mundo desenvolvido, só chegam crises e problemas. Enquanto do outro lado [países asiáticos] cada vez compram mais nossos produtos", afirmou.
'Saída para o Pacífico'
Conhecida como "mãe das cidades", por ser a mais antiga do país, Santiago del Estero – ou apenas Santiago, como é chamada pelos argentinos – foi fundada em 1563 e se localiza a cerca de 1,2 mil km de Buenos Aires.

Historiadores lembram que a cidade de Santiago del Estero foi disputada pelos incas, pelos espanhóis e pelo Chile, nos séculos 15 e 16.

Também está a 400 km da fronteira com o Chile, país banhado pelo Oceano Pacífico e que, como o Peru, é visto como "porta de entrada" para a Ásia.

Já Buenos Aires se localiza às margens do Rio da Prata, próxima do Uruguai e do Brasil.
"Também temos de pensar como região, como Mercosul, Unasul, América do Sul", completou Cristina.

Críticas
A proposta de Kirchner gerou polêmica e dividiu a opinião pública argentina. "Deve ser uma brincadeira", disse o senador opositor e cineasta Fernando Pino Solanas. "Se o governo quer uma saída para o Pacífico, que realize uma política externa adequada", afirmou a senadora Laura Alonso, também da oposição.

No entanto, nem mesmo Kirchner demonstra confiança na viabilidade de sua proposta.

Na terça-feira, em pronunciamento na TV, a presidente exaltou a capital Buenos Aires e anunciou que a cidade abrigará o prédio "mais alto da América Latina", ainda a ser construído.

Santiago del Estero é a cidade mais importante da província de mesmo nome, governada por Claudia Ledesma Abdala, e considerada uma das mais pobres do país. As indústrias são raras e as principais fontes de receita da região são a agricultura, o comércio, o funcionalismo público e o turismo.

Abdala – os sobrenomes de origem árabe são comuns na região – sucedeu seu marido, o senador kirchnerista Gerardo Zamora, como governadora de Santiago del Estero após a Justiça ter impedido a candidatura dele.

Atualmente, Zamora é presidente do Senado argentino e terceiro na linha sucessória à Presidência, após Kirchner e o vice-presidente, Amado Boudou.

Noticia antiga mas ainda chocante! Restaurante que servia cabeças humanas é fechado na Nigéria

14/2/2014 às 00h19 (Atualizado em 14/2/2014 às 17h11)


Polícia prendeu 11 pessoas durante a operação 

Restaurante cobrava caro pela carne humana (foto ilustrativa) Reuters
 
 
A polícia nigeriana fechou na quarta-feira (12) um restaurante após ter descoberto duas cabeças humanas embrulhadas em celofane na cidade de Anambra.

Durante a operação, 11 pessoas foram presas e diversas armas foram apreendidas.
De acordo com os jornais locais, as autoridades descobriram que o menu do lugar oferecia como iguaria cabeças humanas grelhadas.

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O restaurante estava localizado dentro de um hotel e era conhecido pelos altos preços.
Um pastor que havia comido no local há algum tempo se surpreendeu com a descoberta.

— Eu fui ao hotel no início deste ano, depois de comer, me falaram que um pedaço de carne estava sendo vendido a 700 nairas (cerca de R$ 10, preço considerado alto no país). Eu fiquei surpreso!

O pastor disse ao jornal britânico Independent que não sabia que tinha comido carne humana.
Um outro morador local afirmou que já havia suspeitado do local, pois os frequentadores eram estranhos.

— Eu não fiquei surpreso quando a polícia fez esta descoberta, na madrugada de ontem.

O dono do hotel foi preso imediatamente após a descoberta da polícia.

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Carlos Alberto Sardenberg: Na fila de trás


A média de crescimento anual do Brasil foi sempre inferior àquela obtida pela América Latina e pelos emergentes

Quais são os países latino-americanos que têm o menor número de pobres?

Chile e Uruguai, ambos com 3% da população abaixo da linha da pobreza, em 2012, segundo os respeitados critérios de um trabalho conjunto do Banco Mundial e de uma instituição da Universidade de La Plata, o Centro de Estudios Distributivos Laborales y Sociales (Cedlas).

Pelo mesmo estudo, analisado em um oportuno texto dos economistas Ilan Goldfajn e Gino Olivares, do setor de análises econômicas do Itaú, o Brasil tinha naquele ano 10% da população abaixo da linha da pobreza, cerca de 20 milhões de pessoas.

E qual foi o país que mais reduziu a pobreza nesta região, no período de 2002 a 2012?
Peru: a população abaixo da linha de pobreza caiu de 30% para 11% nesses dez anos, uma queda de 19 pontos. Melhor dizendo: 5,7 milhões de peruanos escaparam da pobreza extrema.

No caso do Brasil, mesmo período, também houve queda expressiva da população mais pobre, de 16 pontos.

Olhando pelo outro lado — a parte da riqueza nacional que é apropriada pelos mais ricos — o país com melhor distribuição de renda é o Uruguai. 


Lá, em 2012, os 10% mais ricos ficaram com 30% da renda gerada no país.

De novo aqui, o Peru foi a nação que obteve os melhores resultados. A participação dos 10% mais ricos caiu de 43% para 34% da população.

No Brasil, mesmo período, a distribuição também melhorou, mas em ritmo menor. Os 10% mais ricos tinham 46% da riqueza da população em 2002, e 42% dez anos depois.

Para não aborrecer o leitor com mais dados (todos podem ser encontrados em itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes), vamos logo para as conclusões: a distribuição de renda na América Latina melhorou de maneira generalizada nas últimas duas décadas, e mais acentuadamente na última.

Logo, se o fato é geral, devem existir causas comuns. O que houve de comum para esses países do fim dos anos 90 para cá?

Primeiro, a estabilização macroeconômica — não apenas a derrubada e controle da inflação em níveis baixos, mas também o controle das contas públicas, aberturas comerciais e para investimentos estrangeiros, em resumo, tudo que compõe o cardápio clássico (o famoso tripé: metas de inflação, superávits primários e câmbio flutuante).

Depois, toda a região foi beneficiada pelo espantoso crescimento da China, que se tornou neste século a principal parceira comercial da América Latina. Todos os países que tinham alimentos, minérios e petróleo para exportar ganharam muitos dólares, com os quais puderam construir reservas sólidas. Com seu tamanho, a China puxou um forte crescimento econômico dos emergentes, que coincidiu, até 2008, com a boa expansão dos desenvolvidos. 

Um excelente cenário global.

Considerem o Brasil. No ano de 2000, exportou apenas um bilhão de dólares para a China. Dez anos depois, vendia cerca de US$ 45 bilhões. As exportações totais saíram da média anual de US$ 60 bilhões para os 245 bilhões.

Esse forte setor exportador gerou riqueza e desenvolvimento interno, com, entre outros efeitos, ganhos de arrecadação para os governos. Estes puderam, assim, gastar mais, especialmente nos programas sociais e na elevação do salário-mínimo em muitos lugares (as políticas de transferência de renda, também generalizadas na região).

Acrescente-se aí a queda do desemprego, efeito do crescimento, e se terá toda a história. Quer dizer, quase toda a história, pois cada país aproveitou de seu modo a onda global.

O Brasil aproveitou bem ou mal?

Para ficar nos anos 2000: em todo o período, a média de crescimento anual do Brasil foi sempre inferior àquela obtida pela América Latina e pelos emergentes. E, considerando os últimos dez anos, pegando portanto a crise de 2008/09, que derrubou os desenvolvidos, a média brasileira, pouco mais de 3% ao ano, ficou abaixo da média mundial, perto de 4%.

E por que estamos falando disto?

Porque este debate está no centro das eleições. E há conclusões a tirar: distribuição de renda depende, sim, de crescimento econômico; o Brasil não tirou melhores proveitos da situação mundial favorável por erros internos, tais como a falta de acordos de livre comércio com países desenvolvidos; mais recentemente, o Brasil, com inflação alta e crescimento baixo, descolou claramente dos ponteiros da América Latina, que crescem mais, com menos inflação e juros menores.

O Brasil está melhor que Venezuela e Argentina, o que não é grande vantagem.

E se outros — Peru, Colômbia e Chile, para ficar aqui ao lado — fazem melhor na mesma circunstância, isso significa que o problema brasileiro é interno. Esse atraso se vai pagar no futuro.

Marco Antonio Villa: O silêncio de Lula


Na história republicana brasileira, não houve político mais influente do que Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar, passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas. Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou, desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.
Quando, no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem conseguir renová-las.

Lula, com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.

No Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros estafetas.

Lula humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados “postes”, transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era inadmissível.

Os “postes” foram um fracasso administrativo. Como não lembrar Fernando Haddad, o “prefeito suvinil”, aquele que descobriu uma nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento, disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado Celso Pitta.

Mas o símbolo maior do fracasso dos “postes” é a presidente Dilma Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história. Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta incompetência gerencial.

Lula poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos 12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a presidente de ser novamente candidata seria admitir que a “sua” escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.

A pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu. Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo de composição, evitando a todo custo o enfrentamento. Desta forma, foram diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.

Na campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.

Se em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.
Lula já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente, aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela teria na política brasileira?

O PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.

Senador do PT minimiza decisão da Moody's sobre Brasil



Publicação 09/09/2014 - 15:00:07 Atualizado 09/09/2014 - 15:00:07 
 
 
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), minimizou a revisão, pela agência de classificação de risco Moody's, da perspectiva do rating Baa2 do Brasil de estável para negativa.


Apesar de a Moody's citar entre as razões da alteração o baixo crescimento e o atual quadro fiscal, o senador disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. que os indicadores que "importam" para a população continuam positivos. "O que importa para a população - o salário, a distribuição de renda e o baixo desemprego - continua funcionando. E funcionando bem", destacou.


Para justificar a decisão, a agência citou a redução sustentada do crescimento econômico brasileiro, a deterioração do sentimento do investidor e os desafios fiscais. Sobre o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) apontado pela Moody's, o petista argumentou que o País não está imune aos efeitos da crise internacional. "A população sabe que não vamos poder continuar sendo uma ilha em relação ao restante do mundo", disse.


O senador não vê nenhum efeito da ação da Moody's no processo eleitoral e alegou que, para a população, os dados econômicos apresentados pela agência têm uma importância menor do que o emprego e a renda.

Já o deputado pelo PSDB e ex-secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, culpou o governo pela revisão anunciada pela Moody's. "Todos os indicadores econômicos estão negativos, as empresas estão sofrendo barbaramente. É óbvio que o resultado é cada vez pior", disse.

De acordo com ele, a administração petista criou para o Brasil uma "agenda negativa que não tem limites" e que não será revertida mesmo com a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na segunda-feira, 08, a presidente Dilma Rousseff disse que em um eventual segundo mandato Mantega não continuará no comando da pasta por razões pessoais.

"Com Mantega ou sem Mantega, se não tirar a Dilma e o PT do governo, não muda", declarou Hauly. "O problema é endêmico: eles são um conjunto de pessoas que estão negativando a economia, os negócios, a Petrobras e as estatais", concluiu.

Lava Jato: Família pressiona Alberto Youssef por delação

BLOG do SOMBRA

A família do doleiro Alberto Youssef o pressiona para que negocie com o Ministério Público Federal os termos de um acordo de delação premiada semelhante ao que foi fechado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Youssef discutiu a hipótese com seus advogados. Não bateu o martelo. Mas sinalizou a intenção de seguir outro caminho. Equipa-se para tentar anular nos tribunais superiores de Brasília o inquérito da Operação Lava Jato e os processos dele decorrentes...
 
Além da pressão familiar, Youssef recebeu indicações de que sua delação interessa também às autoridades envolvidas no caso. No esquema de corrupção da Petrobras, empreiteiras davam propinas milionárias a políticos governistas para obter contratos na estatal.
 
Do lado de dentro da Petrobras, Paulo Roberto Costa azeitava os desvios. Desde 29 de agosto, ele conta o que sabe a procuradores e delegados federais. Do lado de fora, cabia a Alberto Youssef lavar o dinheiro sujo. Tornando-se delator, ele permitiria aos investigadores fechar o cerco aos corruptos e corruptores a partir das duas extremidades do esquema.
 
Deve-se a resistência de Youssef em tornar-se um réu-colaborador ao advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os dois têm se reunido semanalmente. A última conversa ocorreu há sete dias, na quinta-feira da semana passada. Nela, Youssef relatou a pressão que recebe da família para aderir à delação.
 
Preso há seis meses, queixou-se das condições carcerárias. Classificou sua situação de degradante. Divide uma cela com outros três presos. Um buraco no chão faz as vezes de vaso sanitário. A água para o banho é fria. Segundo seu relato, a coisa piora nos finais de semana. Fica trancafiado do meio da tarde de sexta até a tarde de segunda, sem banho de sol.
 
Paulo Roberto, que coabitava a mesma cela, teve, por assim dizer, um up-grade prisional desde que resolveu abrir o bico. Youssef revelou-se preocupado com a rendição do ex-parceiro. Perguntou a Kakay o que achava. O advogado repetiu algo que já dissera ao cliente. Considera desaconselhável a delação premiada. Avalia que há boas chances de anular a Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal de Justiça.
 
PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal.
 
De resto, Kakay recordou a Youssef que, havendo a delação, ele terá de abandonar a defesa. Advogado de “metade dos políticos e empresários desse país”, como costuma dizer, Kakay já teve alguns de seus clientes alvejados pelo delator Paulo Roberto. Entre eles a governadora maranhense Roseana Sarney e o senador Romero Jucá, incluídos pelo ex-diretor da Petrobras no rol dos supostos beneficiários do propinoduto. Numa eventual delação de Youssef, o número de clientes de Kakay engolfados pelo escândalo roçaria a casa das duas dezenas.
 
Kakay não defende Youssef na primeira instância do Judiciário. Ali, o doleiro é representado pelo doutor Antonio Figueiredo Basto. O mesmo advogado que assessorou o doleiro no escândalo do Banestado, estréia de Youssef no noticiário policial de âmbito federal. Acusado de ser o principal operador do esquema que movimentou perto de US$ 30 bilhões, Youssef firmou na ocasião um acordo de delação premiada. Por ironia, o juiz que atuava no caso era Sérgio Moro, atual titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde correm os processos da Lava Jato.
 
Embora seja menos enfático do que Kakay, o doutor Figueredo Basto também soa contrário à delação nas conversas que mantém com Youssef. Mas ele não deixa de mencionar os benefícios judiciais que a colaboração poderia render. E realça que, no limite, caberá ao próprio Youssef decidir que caminho prefere adotar.
 
Se mantiver a disposição de recorrer aos tribunais superiores de Brasília, Youssef terá de se conformar com a perspectiva de uma cana longeva. Antes de chegar à Capital, os processos fazem escala no que os advogados chamam de “tribunal de passagem'', no Estado. A travessia é rápida como o deslocamento de uma tartaruga manca. Em Brasília, Kakay não cogita enfrentar as acusações que pesam contra Youssef. Vai escorar suas petições em “teses processuais'', não no mérito das denúncias.
 
Kakay coleciona “erros'' supostamente cometidos pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Invocando-os, pretende sustentar nos tribunais de Brasília a tese segundo a qual os responsáveis pela Lava Jato não observaram o “devido processo legal”. Outra tese que a defesa pretende esgrimir na Capital é a de que o juiz Sérgio Moro não teria competência legal para tratar, a partir de uma Vara de Curitiba, de um caso que tem abrangência nacional.

Fonte: Blog do JOSIAS DE SOUZA - 10/09/2014 - - 08:27:16

DF: Gilmar Mendes interrompe julgamento de Arruda no TSE

BLOG do SOMBRA

O julgamento dos embargos de declaração interpostos por José Roberto Arruda (PR) contra o indeferimento de sua candidatura a governador foi interrompido, na noite desta terça-feira (9), por pedido de vista apresentado pelo ministro Gilmar Mendes...

O relator do recurso, ministro Henrique Neves, manteve a decisão que considerou Arruda inelegível com base na Lei da Ficha Limpa (LC nº 135/2010), mas o julgamento só poderá prosseguir quando Gilmar Mendes devolver o processo.
 
O pedido de vistas de Gilmar Mendes atrasa qualquer decisão sobre a eleição no DF, mesmo sabendo-se que a candidatura de Arruda não tem futuro.


Fonte: Blog do RIELLA - 10/09/2014 - - 08:43:03

Opinião: Os saqueadores da Petrobras assassinaram CPIs em vão

BLOG do SOMBRA

A roubalheira foi exumada pela Polícia Federal e por um juiz sem medo


“A Petrobras já está privatizada”, informa o título do post publicado em 10 de junho de 2010. Aparecem no texto, inspirado no surto de chiliques provocado pela criação de uma CPI incumbida de investigar a estatal, personagens que acabam de sair da caixa preta em poder do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Confira:
 
O presidente Lula ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Depois de ter feito o possível para interromper a gestação, agora faz o possível para matá-la no berço. Baseado no critério do prontuário, entregou a Renan Calheiros o comando do grupo de extermínio montado para o justiçamento. O senador do PMDB alagoano, diplomado com louvor na escolinha que ensina a delinquir impunemente, é especialista no assassinato de qualquer coisa que ponha em risco o direito conferido aos congressistas leais ao Planalto de roubar sem sobressaltos...
 
O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Caprichando no palavrório que identifica os nacionalistas de galinheiro, qualificou de “inimigos da pátria” os partidários da devassa na empresa ─ o que promove automaticamente a defensores da nação em perigo os que tentam manter fechada a caixa preta. Gente como Renan Calheiros. Ou Ideli Salvatti. Ou Fernando Collor. Ou Romero Jucá, em aquecimento para encarnar o papel de relator que impede a coleta de relatos relevantes.
 
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Governista seja qual for o governo, o agregado da Famiglia Sarney conhecido na Polícia Federal pela alcunha de Magro Velho alegou que iluminar os porões de uma empresa que é a cara do Brasil Maravilha espanta clientes, fornecedores e possíveis parceiros. Se conhecessem a folha corrida de Lobão, todos os clientes, fornecedores e possíveis parceiros já teriam saído em desabalada carreira das cercanias da Petrobrás e do gabinete do ministério.
 
Os modernos pelegos ficaram muito irritados com a instauração da CPI da Petrobras. Jovens velhacos da UNE berraram que o petróleo é nosso para plateias insuficientes para eleger um vereador de grotão. Velhos velhacos da CUT garantiram que CPI gera desemprego para gente mais interessada no kit dupla sertaneja+pão com mortadela+tubaína. Vigaristas do PT, do PP e do PMDB lembraram aos sussurros que o petróleo é nosso, mas a eles compete a escolha dos diretores incumbidos de cuidar dos interesses dos padrinho, do partido e do país, nessa ordem.
 
Tudo somado, e embora a CPI nem tenha ainda saído do papel, ficou mais difícil acusar os partidos de oposição, a elite golpista, os paulistas quatrocentões, os capitalistas selvagens e os loiros de olhos azuis de tramarem nas sombras a privatização da Petrobrás. A empresa já foi privatizada ─ sem licitação. O novo dono é o PT, que arrendou parte do latifúndio à base alugada.
 
Em 29 de outubro de 2009, os representantes da oposição abandonaram a CPI. “Todos os requerimentos importantes são arquivados sem discussão pela maioria governista”, disse o senador Álvaro Dias, que propusera a instauração da comissão. Em 17 de dezembro, ao fim de 14 sessões reduzidas a shows de cinismo, foi aprovado o papelório de 359 páginas “destinado a contribuir com a Petrobras e com o Brasil” . O relator Jucá concluiu que todos os culpados eram inocentes, não enxergou nenhuma irregularidade na compra de plataformas e viu apenas maledicências nas denúncias de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
 
Jucá, Lobão, Renan, chefões do PP, cardeais do PMDB, Altos Companheiros do PT ─ um a um, os saqueadores da Petrobras, abraçados aos comparsas que ampliaram a quadrilha nos últimos anos, vão sendo expelidos do baú de bandalheiras aberto por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino. Foi para seguir embolsando sem sobressaltos propinas bilionárias que os assassinos de CPIs escavaram em 2009 a cova rasa prestes a acolher outras duas comissões que agonizam no Congresso. O enterro de CPIs não impediu a exumação das verdades que têm assombrado desde sábado o Brasil que presta.
 
Para resgatar os fatos, foi suficiente que uma oportuníssima conjunção dos astros juntasse agentes da Polícia Federal, procuradores de Justiça e um magistrado desprovidos do sentimento do medo. O acordo de delação premiada foi consequência do trabalho exemplar dos que investigaram, da altivez dos que acusaram e, sobretudo, da coragem do juiz federal Sergio Moro, que tornou a prender o ex-diretor da Petrobras inexplicavelmente libertado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
 
O acordo que induziu Paulo Roberto Costa a abrir o bico, aliás, precisa ser homologado por Zavascki. Precavido, Moro deixou claro ao depoente que, para livrar-se de envelhecer na prisão, teria de fornecer nomes e provas que permitissem a completa desmontagem do esquema criminoso e, portanto, justificassem a delação premiada. É o que o ex-diretor da Petrobras tem feito nos interrogatórios diários que duram em média quatro horas. A menos que tenha perdido o juízo, restará a Zavascki chancelar o acordo sem falatórios em juridiquês.
 
O país decente acaba de descobrir que a praga da corrupção impune pode ser erradicada sem que parlamentares e ministros togados ajudem. Basta que não atrapalhem. Basta que não tentem eternizar o faroeste à brasileira — único do gênero em que o vilão sempre escapa do xerife e nunca perde o controle da terra sem lei.

Fonte: Coluna do AUGUSTO NUNES - 10/09/2014 - - 08:55:19

Lama na Petrobras - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR


GAZETA DO POVO - PR - 10/09


Se o caso da Petrobras é realmente um “mensalão 2”, a presidente segue o roteiro do original: repete o mantra do “eu não sabia”


Um acusado de crimes pelos quais pode pegar meio século de prisão se dispõe a falar tudo o que sabe e, sobretudo, provar o que diz, em troca de redução da pena ou mesmo do perdão judicial. Caso minta ou não consiga fazer prova das informações que presta, enterra as possibilidades de obter o benefício. É assim que funciona a delação premiada, instituto implantado na legislação brasileira após o êxito histórico que obteve quando usado pela primeira vez, nos anos 70, na Itália, para desestruturar a até então poderosa e imbatível máfia. Dito isto, é de se imaginar que as declarações que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria feito até agora perante as autoridades policiais e judiciárias sejam merecedoras de crédito. O que faltam são as confirmações (ou desmentidos) oficiais, bem como as provas dos ilícitos.

No entanto, por mais que a prudência aconselhe que vejamos os vazamentos de informações com a cautela devida, é inegável que, quando o assunto é a Petrobras, quando mais se perfura, mais lama jorra, como se percebeu nos casos de Pasadena e Abreu e Lima. É essa enxurrada inesgotável de notícias que faz crer na verossimilhança das confissões de Paulo Roberto Costa, tornadas públicas por meio de reportagens publicadas no último fim de semana. Nelas, o ex-diretor da estatal confirma a existência de grosso esquema de negociatas em contratos (verdadeiros ou fictícios) com empreiteiras e prestadores de serviços, que alimentavam um propinoduto destinado a abastecer partidos e altos figurantes da cena política e da administração pública do país, envolvendo a alta cúpula dos poderes Executivo e Legislativo. As listas divulgadas incluem um ministro e um ex-ministro (Edison Lobão, de Minas e Energia; e Mario Negromonte, ex-titular da pasta de Cidades), três governadores e ex-governadores (o carioca Sérgio Cabral, a maranhense Roseana Sarney e o falecido pernambucano Eduardo Campos), e os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros. O centro operador deste conluio criminoso era ocupado pelo doleiro Alberto Youssef, vizinho de cela do ex-diretor numa dependência da Polícia Federal.

Parece que já vimos esse filme antes, quando do episódio do mensalão. O método era o mesmo: contratos suspeitos triangulavam operações financeiras, que beneficiavam parlamentares para comprar-lhes o bom comportamento requerido pelo governo do então presidente Lula em suas relações com o Congresso. Lula dizia nada saber a respeito do que acontecia sob seu nariz, assim como agiu, depois, para tentar livrar os mensaleiros do julgamento e da condenação.

E Dilma? Se o caso da Petrobras é realmente um “mensalão 2”, a presidente segue o roteiro do original: repete o mantra do “eu não sabia”, mesmo tendo ocupado, antes da Presidência, os cargos de ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, sem falar na presidência do Conselho de Administração da Petrobras. Essa postura contradiz a fama que quis cultivar de “gerentona” – alguém capaz de administrar com eficiência os setores que lhe foram confiados.

Agora, o Planalto quer tomar conhecimento “oficial” das confissões de Paulo Roberto Costa. O que a presidente fará com os dados? Em sua entrevista ao Jornal Nacional, em agosto, Dilma deixou implícito que, quando a corrupção envolve seu partido, ela prefere não comentar. Se continuar a seguir o script criado por Lula, é de se perguntar quanto tempo levará até que a presidente passe do “eu não sabia” para o “fui traída”.
 

Cartão amarelo - CELSO MING


O ESTADÃO - 10/09


Embora o governo Dilma sustente que não há nada de especialmente errado com a economia, uma das mais importantes agências de classificação de risco, a Moody’s, nesta terça-feira disse o contrário e advertiu o País com o cartão amarelo.

A Moody’s é uma das instituições globais cuja função é avaliar a qualidade dos títulos de dívida de um país, de uma instituição ou de uma empresa. Prestam um serviço ao credor que, a partir daí e de outras indicações, examina o grau de risco de calote.

Nesta terça-feira, essa agência avisou que todos os títulos de dívida do governo brasileiro estão mais perto do rebaixamento se não houver ajustes de peso na política econômica. Os principais indicadores que apontam para o aumento do risco do crédito do Brasil são a deterioração das contas públicas e a sequência de baixo crescimento econômico que, por sua vez, implica arrecadação insuficiente e menos recursos que poderiam reduzir o endividamento.

Em junho, o governo Dilma garantira aos diretores da Moody’s que tanto o crescimento mais forte do PIB como as metas fiscais seriam alcançadas. Agora que ficou claro que a promessa não será cumprida, a Moody’s não vacilou. Avisou que vai deixar cair o facão.

Por enquanto, não há perspectiva de rebaixamento da qualidade da dívida brasileira ao nível de especulação, ou seja, ao nível menos confiável. É que um grande número de bancos e fundos de investimento não pode acolher em sua carteira títulos sobre os quais pairem dúvidas sobre sua qualidade. Menos interesse por um título significa menor procura e, assim, remuneração (juro) mais alta.

Portanto, o rebaixamento de um título de dívida aumenta o custo financeiro para quem o emite. As consequências para o Brasil não parariam aí. Seria inevitável algum impacto sobre o câmbio (redução da entrada de moeda estrangeira), sobre os investimentos estrangeiros e sobre a capacidade dos bancos brasileiros e das empresas estatais (como Petrobrás, Eletrobrás e BNDES) de levantar empréstimos no exterior.

A Moody’s não foi a primeira agência a advertir o País. Em março, a Standard & Poor’s reduziu em um degrau a qualidade da dívida do Brasil, última posição antes do grau de especulação.

O governo brasileiro, este e o que for eleito, tem duas opções. A primeira é ignorar esses avisos, com as alegações de sempre, e não providenciar os ajustes, para não provocar desemprego e tal. Pode argumentar, ainda, que advertências como essa são mais uma tentativa de instituições estrangeiras interferirem no resultado das eleições. Nesse caso, aumentaria o risco de deterioração dos títulos e de toda a economia.

A outra opção é corrigir o rumo da economia, voltar aos manuais abandonados quando foi adotada pelo governo Dilma a Nova Matriz Macroeconômica e, assim, criar as bases para uma retomada sustentada da atividade econômica.

Os compromissos assumidos pelos candidatos da oposição, Marina Silva e Aécio Neves, são pela correção de rumos e pela volta à ortodoxia. A presidente Dilma fala em “mudanças para melhorar”, mas não disse quais fará nem tampouco qual será sua intensidade.

CONFIRA:

As estimativas de safra deste ano ficaram próximas uma da outra. A Conab aponta colheita de grãos de 195,47 milhões de toneladas (3,6% acima da anterior). O IBGE ficou com 193,6 milhões de toneladas (2,8% acima).

Caso Schwartsman
O Banco Central (BC) desistiu de processar o analista (e ex-diretor do BC) Alexandre Schwartsman pelas críticas à política monetária. Incompreensível a atitude anterior, de não aceitar críticas. Quer dizer que analista tem de ser como os do Santander, que só falam bem do governo e não têm compromisso de bem orientar o cliente?
 

Dilma, Padilha ou Haddad – a “guerra dos postes” de Lula - REVISTA ÉPOCA


No PT em crise com a ascensão de Marina, Haddad culpa Dilma, Padilha culpa Haddad e Dilma culpa Padilha e Haddad. Na "guerra dos postes", é possível que todos acabem no chão
ALBERTO BOMBIG


Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), externou para mais de um interlocutor urna dúvida que não lhe sai da cabeça: se Marina Silva vencer a eleição presidencial, como será o tratamento dela para com a prefeitura da capital paulista? A pergunta, formulada por um dos quadros mais importantes do PT no Brasil, revela o estado de apreensão e angústias que tomou conta do partido em relação ao futuro. Pela primeira vez em 12 anos, o projeto petista de poder está eleitoralmente ameaçado por um fenômeno chamado Marina Silva (PSB), a ex-petista que lidera as pesquisas de intenção de voto empatada com a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição - e aparece à frente cie Dilma em todas as simulações de segundo turno.

O desempenho de Marina mudou o roteiro de um filme de final previsível - a permanência do PT no poder. À possibilidade de perder a caneta no plano federal fez com que aflorassem ódios há muito reprimidos. Por causa disso, em vez da superprodução com cara de reprise, entra em cena uma série de TV cheia de emoções fortes. Seu título, parafraseando A Guerra dos Tronos, poderia ser "A Guerra dos Postes".

Em São Paulo, onde Dilma vai mal nas pesquisas, o candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha, acusa reservadamente Haddad de boicotá-lo de olho em eleições futuras. Haddad culpa Dilma nos bastidores pela péssima avaliação de sua gestão e já ensaia uma aproximação com o grupo de Marina. O time de Dilma, preocupado com a reeleição, culpa Padilha, que tem apenas 7% das intenções de voto, e também Haddad pelo fraco desempenho dela em solo paulista. Dilma que acusa Padilha que acusa Haddad que acusa Dilma: eis o argumento de "A Guerra dos Postes"

Em comum entre os postes que brigam, apenas uma certeza: o fenômeno Marina avança com uma motosserra na mão para cima deles. No roteiro prévio escrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma, Haddad e Padilha - os "postes" sem experiência política ungidos por ele para vencer eleições importantes - representariam a permanência do PT no poder. Tudo caminhava conforme o previsto até junho de 2013, quando multidões tomaram as ruas em protestos contra os políticos -entre eles, Dilma e Haddad. Á avaliação positiva dos governos de ambos despencou. O desgaste encontrou em Marina Silva uma porta-voz do que ela própria "nova política".

Haddad tem como principais conselheiros os secretários Marcos de Barros Cruz (Finanças), Leonardo Osvaldo Barchini Rosa (Relações internacionais), Luis Fernando Massonetto (Negócios Jurídicos), Nunzio Briguglio (Comunicação) e chefe de gabinete Paulo Dallari. Todos perfil parecido com Haddad. São mais afeitos aos gabinetes que às ruas, fascinados pelo mundo acadêmico e com pouca inserção partidária. São responsáveis pelo projeto de futuro de Haddad: a tentativa de recuperação nas pesquisas, a reeleição em 2016 e uma possível candidatura ao governo de São Paulo em 2018. Os que se opõem a Haddad dizem que cie só pensa nesse projeto, fica trancado em seu gabinete, não entra na luta política e faz corpo mole para ajudar Padilha.

Assim como Haddad, Padilha também foi ungido candidato pelas mãos de Lula. Ex-ministro da Saúde, médico, Padilha era a grande aposta dos petistas para destronar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes, onde os tucanos reinam desde 1995. Para emplacar Padilha, Lula esmagou as esperanças da ex-prefeita Marta Suplicy (ministra da Cultura) e de Aloizio Mercadante (Casa Civil), os preferidos de Dilma para ajudá-la em São Paulo. Para Dilma, os dois seriam mais eficazes 11a hora de pedir votos, pois são conhecidos. Lula bancou Padilha, garantiu que ele sairia vitorioso e acenou-lhe com a liderança do PT no Estado. Isso bastou para que Haddad se sentisse ameaçado.

Numa reunião recente, um integrante da direção nacional do PT cobrou Haddad. Queria que ele conversasse com fornecedores da prefeitura, em busca de doações para a campanha de Padilha. Entre os candidatos ao governo, Padilha é o que mais gastou dinheiro até agora - mas, como patina nas pesquisas, as contribuições estão abaixo do esperado. Haddad ficou de ajudar, mas até agora pouco se mexeu. No entorno dele, sobram críticas a Padilha e a sua campanha, considerada errática, inconsistente e superficial.

De sua parte, Padilha avalia que seu mau desempenho eleitoral se deve exclusivamente à péssima avaliação da gestão Haddad, rejeitada por 47% dos paulistanos. O grupo de Padilha critica o projeto das ciclovias, lançado pela prefeitura em pleno período eleitoral. "Queríamos um programa mais amplo e de maior inserção na população, não uma ciclovia que atrapalha o eleitor" diz um dos aliados de Padilha.

Se Padilha tem mágoas de Haddad, Haddad é um pote cheio até a tampa com a presidente Dilma. Acha que sua avaliação ruim é, em larga medida, culpa de Dilma - que o pressionou a manter o congelamento da passagem do transporte coletivo e não socorreu as finanças paulistanas como ele esperava. Nos últimos dias, Haddad disse a interlocutores que seus projetos podem aproximá-lo de Marina, de quem ele foi colega de Esplanada. A amizade de ambos com a educadora Maria Alice Setúbal, a Neca, uma das coordenadoras do programa de governo de Marina, também é um fator de aproximação. Assim que venceu a eleição, Haddad consultou Neca em busca de um secretário de Educação.

Haddad se identifica com a pregação renovadora de Marina. Acha que, uma vez eleita, ela reconhecerá que a gestão Haddad em São Paulo tem vários projetos de cunho "marineiro" - como as ciclovias e o Polo Ecológico de Parelheiros. Quem acompanhou o debate entre os presidenciáveis na semana passada disse ser possível perceber a tensão de Haddad durante as falas de Marina. "Só não dava para saber se ele estava com medo ou com orgulho", afirmou a ÉPOCA um integrante da cúpula do PT. Os assessores de Haddad dizem que a estratégia inicial de Padilha era esconder a gestão municipal. Ainda assim, ambos terão agendas conjuntas na reta final do primeiro turno. Quanto a sua relação com Dilma, eles negam que ambos estejam afastados e afirmam que Haddad é vítima de "fogo amigo".

O resultado da guerra dos postes é que Dilma, segundo o Ibope, está muito atrás de Marina em São Paulo. Marina tem 39% das intenções de voto entre os paulistas, contra 23% de Dilma e 19% de Aécio Neves (PSDB). Um petista avalia que Dilma, Haddad e Padilha têm mais pontos em comum do que divergências e deveriam se unir para tentar mudar o momento negativo no Estado. "Eles têm um viés iluminista e tecnocrático, quase autoritário", diz.

As dificuldades do PT nestas eleições - dos cinco maiores colégios eleitorais estaduais, o partido só está bem em Minas Gerais - levaram a campanha da presidente Dilma a radicalizar o discurso. O PT não hesitou em usar o vasto tempo de sua candidata no horário eleitoral de rádio e televisão para atacar Marina. Esse tipo de estratégia serviu para frear a onda Marina, que não chegou a ultrapassar Dilma. Nos próximos dias, uma nova rodada de sondagens eleitorais deverá aferir com mais precisão os resultados dessa guinada do PT. Marina tem afirmado nos bastidores que não descambará para os ataques. Diz que procurará convencer o eleitor de que tem condições de montar um governo e uma base de apoio sem fazer aliança com o que chama reservadamente de "partidos e políticos podres"

Nas duas campanhas, de Dilma e Marina, cresce a cada dia a convicção de que Lula terá uma participação discreta: gravará programas, participará de eventos e carreatas, dará as declarações de praxe e só. Ele está desgostoso com os rumos da campanha de Dilma e seduzido pela proposta de Marina de, uma vez eleita, não concorrer a um novo mandato. Lula criou os postes - mas, se houver um desabamento coletivo, não quer cair abraçado a eles.


Contadora é ameaçada - REVISTA VEJA



Testemunha-chave da polícia, Meire Poza foi procurada por um homem que se apresentou como advogado das empreiteiras envolvidas com Alberto Youssef. A conversa foi gravada.

ROBSON BONIN

As máfias são sociedades secretas que crescem à sombra do Estado, nutrem-se do crime, espalham tentáculos pelas instituições oficiais e se protegem empregando a violência. À medida que avançam as investigações da Polícia Federal sobre os negócios criminosos do doleiro Alberto Youssef, tornam-se mais evidentes os sinais de que uma organização ilegal se instalou no coração da maior estatal brasileira, a Petrobras. Um esquema que envolve políticos, partidos e algumas das maiores empresas do país. Há dois meses, a contadora Meire Poza colocou-se na linha de fogo entre os criminosos e a polícia. Ela, que comandou a engenharia financeira da quadrilha por quase quatro anos, que sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor, decidiu mudar de lado e colaborar com as investigações. A máfia, porém, não costuma perdoar traição.

Há duas semanas, Meire entregou à Polícia Federal uma gravação que pode criar sérios problemas a quatro grandes empreiteiras do país. Nela, um homem identificado como Edson tenta convencer a contadora a aceitar os serviços de um escritório de advocacia contratado pelas empreiteiras envolvidas no escândalo de desvio de dinheiro de obras da Petrobras. O encontro aconteceu na noite de 22 de julho deste ano, em um shopping de São Paulo. A gravação não deixa dúvidas sobre as más intenções do grupo, claramente incomodado com o avanço das investigações da polícia, e muito preocupado com a colaboração de Meire. A intenção é intimidá-la.

Edson, um suposto advogado, se diz representante das empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, UTC e Constran. A conversa, gravada pela contadora, começa descontraída, amigável, e vai evoluindo para a ameaça. Prestativo, ele se põe à disposição para ajudar, dar apoio jurídico, mas a oferta é recusada. Em um tom de voz linear, o emissário passa a revelar os verdadeiros propósitos do encontro: "Sabemos que tem uma filha, que são somente vocês duas", diz. No mesmo tom linear, lembra que Meire pertence a um "grupo fechado" e que, como pessoa de confiança de Alberto Youssef, não pode sair desse grupo ou recusar a ajuda de seus clientes. E vai ao ponto central do problema: "Dona Meire, o importante é não falar demais! De repente, uma palavra mal colocada pode ser perigoso, pode ser prejudicial".

Meire tenta se esquivar das ameaças, diz que está começando a não gostar do rumo da conversa, mas o advogado é ainda mais direto: "A senhora pode, sem querer, ir contra grandes empresas, políticos, construtoras. As maiores do país, a senhora entendeu?". Percebendo um sinal de nervosismo na contadora, ele avança, pergunta se Meire acha que ainda tem alguma coisa a acrescentar para a polícia e que tipo de acordo ela pretende fazer. Ela diz que não sabe como procederá. E o advogado vai direto ao ponto mais uma vez: "A gente não pode deixar que a senhora não aceite essa ajuda". Diante da pressão. Meire finalmente reage. Afirma que se sente ameaçada, que não quer ajuda das empreiteiras e encerra a conversa com um recado: "O senhor provavelmente vai estar lá com os seus clientes, com a Camargo (Corrêa), com a UTC, com a Constran, com a OAS... Manda todo mundo ir tomar..."

A polícia ainda tenta descobrir a verdadeira identidade de Edson. Meire Poza contou que conheceu o porta-voz das ameaças no escritório do advogado Carlos Alberto da Costa Silva, segundo ela o responsável por coordenar uma equipe de advogados contratados pelas empreiteiras. Procurado, ele confirma ter recebido Meire Poza em seu escritório para tratar da Operação Lava-Jato. "Essa moça me procurou para pedir ajuda. Ia prestar depoimento à polícia e queria aconselhamento jurídico. A única coisa que fiz foi indicar um colega para acompanhá-la." Costa Silva foi preso na Operação Anaconda, em 2003, acusado de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais em São Paulo. E o tal Edson? "Não conheço, nunca ouvi falar." A memória, ao que parece, não é o ponto forte do advogado.

Meire Poza contou que foi apresentada a Costa Silva depois de procurar as empreiteiras para cobrar uma dívida de 500 000 reais que elas tinham com Alberto Youssef antes da prisão do doleiro. As empreiteiras prometeram saldá-la, mas queriam que a contadora se comprometesse a manter silêncio sobre as relações com o grupo — e indicaram Costa Silva para cuidar do acordo. "Adoraria atuar por esses grandes clientes, mas infelizmente não atuo." Em nota encaminhada a VEJA, a UTC, que também controla a Constran, confirmou que o escritório de Costa Silva, ao contrário do que ele disse, presta, sim, serviços jurídicos ao grupo. Se houve a ameaça, a empresa desconhece e garante que nada teve a ver com isso. A Camargo Corrêa negou qualquer envolvimento com o advogado ou com a contadora. A OAS não se manifestou.

O cerco não se restringiu à ameaça. Meire tomou a decisão de entregar a gravação à polícia depois de descobrir que um de seus e-mails fora invadido duas semanas atrás. "Quem acessou meus dados pessoais tomou o cuidado de modificar o número de celular da conta. Acho que fizeram isso para que eu soubesse da invasão. Foi um recado de que eles têm meus dados pessoais e sabem onde eu moro. Fiquei muito assustada", disse a contadora. Desde que virou testemunha da Polícia Federal nas investigações sobre a quadrilha de Youssef, Meire Poza tornou-se um perigo real para os envolvidos, principalmente os 1 corruptores. Ciente disso, ela avisa que já buscou proteção policial.
 

Os fazedores de besteiras - MARTHA MEDEIROS


ZERO HORA - 10/09


Sei que o assunto Patricia Moreira já cansou, mas não dá pra perder a oportunidade de olhar para o próprio umbigo e perguntar se somos tão nobres a ponto de nos darmos o direito de atirar pedras no telhado dos outros. Fazendo uma viagenzinha no tempo, você não consegue lembrar de nenhuma besteira já cometida? Nunca foi idiota por um dia?

Eu até que não fui das mais torpes, desde cedo desenvolvi um senso de justiça que me fazia ir contra o rebanho se preciso fosse. Mas isso não me isenta de também já ter ido a favor do rebanho, com mugido e tudo. Simplesmente porque fazer coisas sem sentido é típico de quem ainda não reconheceu seu papel no mundo.

Fecho os olhos e me vejo na estrada, num carro lotado de adolescentes empunhando latinhas de cerveja. Eu era alguma espécie de delinquente? Nem perto disso. A mais correta e ajuizada das criaturas, mas não mandava parar o carro para descer. Eu queria seguir com eles, que hoje são respeitados advogados, administradores, biólogos. Éramos jovens desbundados em busca de uma identidade comum.

A garota Patricia, símbolo do caso Aranha x Grêmio, entrou na onda furada de xingar o goleiro do time adversário porque se sentiu segura para extravasar e fazer bobagem sob a proteção de um grupo. Quem não? Certa vez, fui assistir a um jogo do Grêmio contra o Corinthians, quando o craque do time paulista era Ronaldo, o Fenômeno. Dias antes da partida, o travesti que Ronaldo levara a um motel havia falecido. Pois bastava o atacante tocar na bola para o Olímpico inteiro berrar: vi-ú-vo, vi-ú-vo! Eu não segui o coro, mas se houvesse uma câmera me focalizando, me flagraria rindo. Era uma chacota.

Chamar alguém de macaco não é chacota, e sim ofensa racista, e racismo é crime. Patricia será penalizada juntamente com seus companheiros de imbecilidade e nunca mais repetirá o gesto, tenho certeza, e nós, de fora, também não. Para isso servem as penalizações: para educar, alertar, servir de exemplo. A guria, ironicamente, agiu como macaca de auditório, termo que caiu em desuso por motivos óbvios, e deu-se mal. Assim é. Sempre há um mártir por trás das mudanças de comportamento.

Que agora a Justiça tome conta do caso e basta de perseguições pessoais. A garota não é diferente de nenhum adolescente que já dirigiu sem carteira, que fez brincadeiras de mau gosto com gays, que praticou bullying na escola, que passou trotes por telefone, que fez uma prova chapado, que falsificou carteirinha de estudante, que arranhou o carro de um desafeto, que roubou a namorada do irmão. Tudo errado, mas dentro da previsível tacanheza juvenil.

Sou a favor de penalizar. O Brasil é este caldeirão de escândalos por causa da impunidade. Mas pegar para Cristo é hipocrisia. 
 

Independência da Escócia: receita para desastre ou prosperidade?




BBC News


Com pouco mais de uma semana para o referendo que decidirá o futuro da Escócia, banqueiros, investidores e economistas alertam para o impacto econômico de uma eventual ruptura do Reino Unido.

No dia 18 de setembro, os escoceses irão às urnas para responder com "sim" ou "não" se querem que o país se separe do Reino Unido.

Alguns especialistas argumentam que, embora a cisão possa trazer consequências negativas no primeiro momento, uma Escócia independente seria financeiramente viável a longo prazo.

Confira abaixo a opinião de alguns economistas sobre o assunto.

Russ Koesterich, chefe de investimentos estratégicos do fundo BlackRock

 

Em entrevista ao jornal britânico "Financial Times", Koesterich, chefe do departamento de investimentos estratégicos do maior fundo do mundo, afirmou que a independência pode frear a retomada da economia do Reino Unido.

"Todo mundo está focado na geopolítica, por causa do que está acontecendo na Ucrânia e no Oriente Médio...mas isso (a independência da Escócia) ainda não tinha entrado no radar dos investidores, especialmente dos americanos porque ninguém achou que o 'sim' teria chances de ganhar".

"Mas caso a Escócia se torne independente, então investidores teriam de aceitar um período prolongado de incertezas sobre os ativos britânicos, desde o valor da moeda às ações".

Paul Krugman, economista

 

Em sua coluna no jornal "New York Times", Krugman, um dos economistas mais renomados do mundo, mandou uma mensagem de alerta para a Escócia.

"Tenham medo, muito medo. Os riscos de se tornar independente são imensos. As pessoas podem até achar que a Escócia pode se transformar em um novo Canadá, mas é bem provável que acabe como uma Espanha sem luz do sol", afirmou.

Sobre a possibilidade de a Escócia manter a libra como moeda, Krugman afirmou: "A combinação da independência política com uma moeda compartilhada é a receita do desastre".

O economista americano, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2008, classificou como "incompreensível" a reivindicação pela autonomia da Escócia.

Oliver Harvey, estrategista de mercado de câmbio do Deutsche Bank

 

Em linha com Krugman, Harvey escreveu em um comunicado do banco a investidores: "Escócia: tenha medo, muito medo".

"As implicações se o 'sim' ganhar serão imensas...", disse ele.

"Do lado do câmbio, a independência poderia, na pior das hipóteses, levar a uma crise desestabilizadora de todo o sistema bancário britânico e, na melhor das hipóteses, deixar o resto do Reino Unido com uma união monetária instável na qual o Banco da Inglaterra será forçado a continuar a prover liquidez aos bancos da Escócia enquanto Westminster tentará alcançar um acordo monetário e fiscal com o novo governo soberano escocês.

"Um voto pelo sim tiraria dos trilhos a recuperação da economia do Reino Unido. A Escócia representa o segundo maior parceiro comercial do Reino Unido após a União Europeia e planos de investimentos de muitas empresas devem ser adiados até que as questões sobre câmbio, regulação e tributos sejam minimamente esclarecidas".

Ben Chu, editor de economia do jornal britânico "The Independent"

 

Um estado escocês é "perfeitamente viável", argumenta Chu. "Algumas das profecias mais bárbaras sobre o fracasso [da independência] não são convincentes".

"O dinheiro proveniente do petróleo no Mar do Norte escocês acabaria em um determinado momento, mas o país teria uma população de elevado nível educacional. O crescimento da produtividade e a prosperidade da Escócia no futuro dependeriam, portanto, das fundações do capital humano".

No curto prazo, no entanto, Chu admite que: "Os investimentos das empresas, que, na última década, se encontram, lamentavelmente, a níveis baixos, podem permanecer estáticos em meio às incertezas de um evento voto pelo 'sim'. Isso não ajudaria nem a Escócia nem o Reino Unido a se recuperar da maior crise desde a década de 30".

Na opinião de Chu, muito dependerá da decisão da Escócia de manter a libra como moeda, aceitando, assim, um certo grau de controle de Westminster, o que, para muitos escoceses pró-independência, seria "intragável".

Credit Suisse

 

Os economistas do banco suíço alertaram que a Escócia pode cair em uma "recessão profunda" caso se torne independente do Reino Unido. "A re-domiciliação do setor financeiro e dos empregos no funcionalismo público, assim como a disputa legal sobre o petróleo do Mar do Norte, poderiam acelerar qualquer turbulência", informou um comunicado divulgado pelo banco.

"Estimamos que, na medida em que a produção de petróleo no Mar do Norte diminuir, a economia não-atrelada a esse setor precisaria de uma desvalorização de 10% a 20% para resgatar competitividade. Isso exigiria uma redução de 5% a 10% nos salários, impulsionada por um forte aumento do desemprego.

Goldman Sachs

 

O banco de investimentos acredita que os efeitos a curto prazo de um voto pelo sim no referendo da Escócia poderia provocar "consequências severas" para as economias dos dois países.

"Numa eventual vitória do 'sim', as consequência imediatas para a economia da Escócia, e para o Reino Unido mais amplamente, poderiam ser fortemente negativas", afirmou um comunicado do banco na semana passada.

Longas negociações sobre a divisão da dívida nacional do Reino Unido, a moeda e a integração da Escócia à União Europeia levariam a "um período prolongado de incerteza", disse o banco. "Isso poderia trazer consequências econômicas negativas para a Escócia e para o Reino Unido."

"Mesmo que a união monetária se mantenha no caso de uma vitória do 'sim', a ameaça de um eventual rompimento incentivaria investidores a vender ativos na Escócia enquanto correntistas ficariam mais suscetíveis a retirar depósitos dos bancos escoceses", acrescentou a nota.

Mas a longo prazo, o Goldman Sachs acredita que "há pouca razão para uma Escócia independente não prosperar: não há nenhuma evidência que sugira que países menores são mais ricos ou mais pobres".

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