quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Opinião: O bicho vai pegar em quem?

Blog do Sombra

O Brasil se move por acaso. Os rumos da História, se é que tem rumos, tendem a se enrolar em si mesmos e só fatos, traumas inesperados disparam a mutação. Que quer dizer essa frase? Que não são apenas as “relações de produção” que explicam nossa marcha, mas os detalhes, as ínfimas causas, as bobagens casuais e tragédias intempestivas fazem o Brasil andar...
 
Getúlio deu um tiro no peito e adiou a ditadura por dez anos. Jânio tomou um porre e pediu o boné, um micróbio entrou na barriga do Tancredo e mudou nossa vida, encarando o Sarney por cinco anos, o Collor foi eleito por sua pinta de galã renovador e acabou “impichado” por suas maracutaias. Roberto Jefferson mostrou sua carteirinha de corrupto, se denunciou junto com os mensaleiros e mudou a paisagem política. E agora Marina Silva pode ser presidente, em vez da Presidenta.
 
Com a população mal-informada em sua maioria (não falo dos miseráveis e analfabetos, mas de gente de terno e gravata) sobre as complexas questões da política e da economia, a emoção e a catarse movem o país.
 
Agora, estamos na expectativa; somos o país do eterno suspense: Marina vai ser eleita ou não? Será que o efeito “tragédia” vai se evaporar? A grande mudança seria, claro, a social-democracia apta a desfazer as boquinhas e os pavorosos erros com que o PT nos brindou. Aécio, se eleito, pode trazer a agenda correta. Mas, se Marina ganhar, teremos um outro tipo de mudança, uma virada para um “novo” desconhecido, uma virada psicológica e cultural inesperada. Não adianta analisar Marina com os instrumentos de análise costumeiros.
 
Agora em vez dos óbvios vexames do PT, estamos diante do mistério Marina.
 
Marina é “sonhática” ou não? Marina é populista? Marina é de esquerda ou não? Nada. No entanto, amigo leitor, Marina pode ser o olho de um furacão que, claro, jamais conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela pode criar um “caos” na vida politica. Talvez até um “caos progressista” pelo avesso. Que é isso que quero dizer? Marina pode vir a bagunçar mais a bagunça existente, mas poderá ser uma “bagunça crítica”, que pode trazer uma espécie de “destruição criadora” nesta zorra instalada.
 
Para falar em termos de “contradições negativas” que eles tanto amam, o caos que Lula, Dilma e o PT criaram na vida nacional pode ter sido o gatilho para uma revisão em busca de um modelo melhor. Se Marina vencer, será sabotada continuamente pelos vagabundos que se instalaram no Estado, será confrontada pelas barreiras fisiologistas dos parlamentares, talvez quebre a cara tentando. Mas, mesmo que fracasse, teremos um “caos mais moderno”, tirando do poder a velha cartilha regressista dos nossos bolivarianos. Mesmo que ela se perca na selva dos meliantes da política, não será mais irracional que os atuais governantes. O súbito surgimento inconcebível dessa moça da floresta e suas abstratas declarações são uma prova encarnada do delírio político do país. Com a queda do avião, houve uma grande reviravolta trágica que resultou em uma comédia de erros. Ninguém sabe o que vai nos acontecer.
 
Podemos decifrar, analisar, comprovar crimes ou roubos, mas nada se move, porque a maior realização deste governo foi justamente a desmontagem da Razão. Se bem que nunca antes nossos vícios ficaram tão explícitos, nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo. Já sabemos que a corrupção no país não é um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime; é a norma mesmo, entranhada nos códigos e nas almas. O caudilhismo sindicalista de Lula serviu para entendermos melhor nossa deformação. Os comentaristas ficam desorientados diante do nada que os petistas criaram com o apoio do povo analfabeto. Os conceitos críticos como “democracia, respeito à lei, ética”, viraram insuficientes raciocínios contra um cinismo impune. 



Lula com seu carisma de operário sofredor nos decepcionou, revelando-se um narcisista egoísta e despreparado, enquanto o melhor governo que tivemos, do FHC, ficou no imaginário da população como um fracasso, movido pela campanha de difamação sistemática e pela babaquice dos tucanos que não se defenderam. Os petistas têm mania da ideologia da contramão. Fizeram tudo ao contrário do óbvio, movidos por uma ridícula utopia revolucionária, quando na realidade só fizeram avacalhar o país.
 
Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades fecundas como um adubo sagrado, belas como nossas matas, cachoeiras e flores. Ao menos, estamos mais alertas sobre a técnica do desgoverno que faz pontes para o nada, viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, esgotos à flor da terra, tudo como plano de aceleração do crescimento. Fizeram tudo para a reestatização da economia, incharam a máquina pública, invadiram as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, em busca de um getulismo tardio, com desprezo pelas reformas, horror pela administração e amor aos mecanismos de “controle” da sociedade, esta “massa atrasada” que somos nós. A esquerda psicótica continua fixada na ideia de “unidade”, de “centro”, ignorando a intrincada sociedade com bilhões de desejos e contradições. Acham que a complexidade é um complô contra eles, acham a circularidade inevitável da vida uma armação do neoliberalismo internacional.
 
Os petistas têm uma visão de mundo deturpada por conceitos acusatórios: luta de classes, vitimização, culpados e inocentes, traidores e traídos. Petistas só pensam no passado como vítimas ou no futuro como salvadores e heróis. O presente é ignorado, pois eles não têm reflexão crítica para entendê-lo. Reparem que Dilma na TV só fala do que “vai fazer”, se for eleita. Por que não fez antes, nos 12 anos da incompetência corrosiva? A solução é mentir: números falsos, contabilidade falsa. Antigamente, se mentia com bons álibis; hoje, as tramoias e as patranhas são deslavadas; não há mais respeito nem pela mentira. É isso aí, amigos, o bicho vai pegar. Em quem?


Fonte: Por ARNALDO JABOR, O Globo - 04/09/2014 - - 14:36:07

Datafolha: no DF, Reguffe tem 34% ao Senado; Magela, 13%, e Argello, 10%

BLOG do SOMBRA


Instituto ouviu 722 eleitores em todo o DF nos dias 2 e 3 de setembro. Senado vai renovar um terço das 81 vagas, sendo uma para cada estado.


O deputado federal Reguffe (PDT) lidera a disputa pelo Senado com 34% das intenções de voto, aponta pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (4). 


Magela, do PT, aparece com 13% e o senador Gim Argello (PTB), que tenta continuar no cargo, com 10%. Brancos e nulos somam 14% e 25% não sabem ou não responderam.
 
Em comparação com o levantamento anterior do Datafolha, divulgado em 13 de agosto, Reguffe oscilou 5 pontos para cima.  Magela oscilou 9 pontos para baixo. Gim Argello apareceu com 3 pontos a menos.
 
O Senado vai renovar um terço das 81 cadeiras na eleição deste ano, sendo uma vaga para cada unidade da federação...


Confira os números da pesquisa sobre a disputa pelo Senado:


- Reguffe (PDT): 34%
- Magela (PT): 13%
- Gim Argello (PTB): 10%
- Sandra Quezado (PSDB): 1%
- Robson (PSTU): 1%
- Aldemário (PSOL): 0%
- Expedito Mendonça (PCO): 0%
- Jamil Magari (PCB): 0%
- Branco/nulo: 14%
- Não sabe/não respondeu: 25%
 
Dados da pesquisa
O Datafolha fez a pesquisa entre os dias 2 e 3 de setembro. O instituto ouviu 722 eleitores em todo o Distrito Federal. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de quatro pontos prevista.

A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com os números DF-00037/2014 e BR-00517/2014.


Fonte: Portal G1 DF - 04/09/2014 - - 14:19:35

Produção de veículos cai 22,4% em agosto em relação a 2013, diz Anfavea


Reuters


Exportações caíram 50,6% no mês passado.
Na comparação com julho deste ano, a produção aumentou 5,3%.

Do G1, com Reuters
GNews - Indústria (Foto: globonews)Aumento do estoque de carros faz montadoras reduzirem a produção
 
 
A indústria brasileira de veículos registrou queda de 22,4% na produção em agosto sobre igual período do ano passado, a 265,9 mil unidades, segundo dados associação que representa o setor, Anfavea, divulgados nesta quinta-feira (4).


No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a produção chegou a 2,1 milhões de veículos, o que significa um recuo de 18% na comparação anual.

Segundo a Anfavea, as vendas de veículos novos no Brasil em agosto caíram 17,2% sobre o mesmo mês de 2013, para 272,5 mil unidades.

O declínio na produção de automóveis tem como pano de fundo um cenário de demanda mais fraca no mercado interno, com seletividade dos bancos em aprovar financiamentos, e com as montadoras seguindo pressionadas por estoques elevados.


Produção de veículos em 2014
 
 
Em mil unidades
237,3281,6272,8277,1281,4215,9252,6265,9janfevmarabrmaijunjulago050100150200250300
Fonte: Anfavea
 
Exportações
As exportações da indústria também vêm sendo atingidas: em agosto, houve queda de 50,6% sobre um ano antes, enquanto no acumulado do ano o recuo chega a 38,1%, com 235,4 mil veículos exportados, informou a Anfavea.

O economista Fabio Silveira disse à GloboNews que o endividamento das famílias, a estagnação dos salários e do crédito impedem a alta da produção. "Mais um fator negativo, a Argentina, que é o destino de boa parte da produção automobilística, passa por uma recessão."


Emprego
O número de trabalhadores do setor também caiu, apresentando os piores resultados desde maio de 2012. Em agosto, eram 148.892 pessoas empregadas na indústria, contra 150.295 em julho (queda de 0,9%) e 157.641 empregados em agosto de 2013. Nesse período, a retração foi de 5,5%.


Expectativas

Para o presidente da entidade, Luiz Moan, a situação no segundo semestre deverá ser "muito melhor" que na primeira metade do ano. A jornalistas, ele afirmou que a reação da rede bancária à facilitação do crédito só foi sentida na última semana de agosto, mas essa é uma tendência que deverá ajudar a indústria daqui para frente.


A Anfavea manteve as expectativas para o ano, que tinham sido reduzidas em julho, para projetar recuo de 10% na produção, declínio de 5,4% nas vendas no mercado interno e queda de 29,1% nas exportações.

Guardiões das florestas! Índios realizam operação para conter desmatamento em área do Maranhão



Guerreiros Ka’apor atuaram no interior da Terra Indígena Alto Turiaçu.
Madeireiros ilegais foram 'detidos'; acampamentos foram desmontados.

Do G1, em São Paulo
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Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região (Foto: Lunaé Parracho/Reuters)
Imagens divulgadas nesta quinta-feira (4) pela agência Reuters mostram índios da etnia Ka’apor em operação realizada por eles contra madeireiros que agiam no interior da Terra Indígena Alto Turiaçu, nas proximidades de Centro do Guilherme, cidade com pouco mais de 12 mil habitantes localizada no Maranhão.


O fotógrafo Lunaé Parracho acompanhou um grupo de indígenas na operação, realizada em 7 de agosto. Segundo a Reuters, os índios agiram de maneira independente como forma de protesto à falta de assistência do governo para expulsar os madeireiros ilegais de suas terras.


As imagens mostram os indígenas correndo atrás dos madeireiros, que foram rendidos e tiveram as mãos amarradas. Alguns tiveram parte das roupas retiradas.


A TI Alto Turiaçu tem 5.305 km² de área e compreende seis cidades do Maranhão. A ação acabou com um caminhão queimado e a abordagem de não indígenas envolvidos no desflorestamento. Os guerreiros Ka’apor contaram com a ajuda de outras quatro tribos da região. Os acampamentos encontrados foram destruídos.


A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ao G1 que os indígenas, chamados de "guardiões da floresta", têm realizado naquela região ações de apreensão de madeireiros ilegais. Em nota, a Funai disse ainda que "tem conhecimento dessas ações e já solicitou apoio policial para evitar que ocorram excessos ou conflitos".


Guerreiros Ka'apor decidiram agir de forma independente no último dia 7 de agosto (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Guerreiros Ka'apor decidiram agir de forma independente no último dia 7 de agosto 
Eles desmontaram acampamentos instalados no interior da Terra Indígena Alto Turiaçu, que compreende seis cidades maranhenses (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Eles desmontaram acampamentos instalados no interior da Terra Indígena Alto Turiaçu, que compreende seis cidades maranhenses
Um caminhão usado para transportar a madeira cortada ilegalmente foi queimado pelos indígenas durante a operação (Foto: Lunae Parracho/Reuters) 
Um caminhão usado para transportar a madeira cortada ilegalmente foi queimado pelos indígenas durante a operação
Madeira foi cortada ilegalmente na Terra Indígena Alto Turiaçu (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Madeira foi cortada ilegalmente na Terra Indígena Alto Turiaçu
Durante a ação, os madeireiros tiveram as mãos amarradas e foram despidos de suas roupas (Foto: Lunaé Parracho/Reuters)Durante a ação, os madeireiros tiveram as mãos amarradas e foram despidos de suas roupas

Aécio diz que quer corrigir 'falhas' e 'exageros' no seguro-desemprego





No Jornal da Globo, candidato do PSDB pregou previsibilidade na economia.
Segundo ele, 'a previsibilidade vai permitir ao Brasil voltar a crescer'.

Do G1, em Brasília e em São Paulo
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou, em entrevista concedida nesta quarta-feira (3) ao Jornal da Globo, que pretende corrigir "falhas" e "exageros" que vê no seguro-desemprego. 



Disse também que, se eleito, dará "previsibilidade" à economia e que isso resultará em mais crescimento e na queda da inflação.


 "O nosso governo não será um governo de sustos, um governo de grandes planos. Será um governo que sinalizará de forma muito clara para o mercado que as regras, inclusive de reajuste de preços, serão respeitadas, serão de conhecimento de todos."


(Veja a íntegra da entrevista e leia a transcrição da entrevista em "Aécio Neves é entrevistado no Jornal da Globo".)

A declaração sobre o seguro-desemprego foi feita quando o senador foi questionado sobre que restrição faria à concessão do benefício. "Nós estamos debatendo intensamente como reorganizar o seguro-desemprego. Existem exageros, sim, que têm que ser contidos", respondeu o candidato, acrescentando que o programa de governo, a ser lançado no dia 15, terá detalhes sobre como isso vai ser feito.

Existem exageros, sim, que têm que ser contidos [...] Nós vamos organizar melhor essa questão do seguro-desemprego, que aliás é uma criação do PSDB, do então deputado José Serra. 
 
 
O que nós queremos ver é onde estão as falhas, onde estão os exageros e corrigi-los, como vamos fazer em todo o governo, em todos os programas"
 
 
Instituído em 1990, o seguro-desemprego é uma assistência financeira temporária dada pelo governo a trabalhadores desempregados sem justa causa. O valor varia de acordo com a faixa salarial, e é pago em até cinco parcelas mensais, conforme a situação do beneficiário.


"Nós vamos organizar melhor essa questão do seguro-desemprego, que inclusive é uma criação do PSDB, do então deputado José Serra. O que nós queremos ver é onde estão as falhas, onde estão os exageros e corrigi-los, como vamos fazer em todo o governo, em todos os programas", disse depois Aécio, quando indagado novamente sobre eventuais limitações na concessão do benefício.

Ao falar sobre o tema, Aécio comentou sobre os números do desemprego no país, destacou que os empregos formais gerados no mês de julho foram "os menores no século" em comparação com julhos de anos anteriores. "O filme em relação ao emprego é também preocupante, nós vamos ter taxas de desemprego crescendo pelos próximos meses".

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, em entrevista ao JG (Foto: Reprodução/TV Globo) 
 
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves,em entrevista ao JG
 
Em seguida, ao falar de forma genérica sobre os programas do governo, Aécio disse que eles precisam ter "eficiência" e que devem dar "resultado" para serem mantidos. "Hoje no Brasil não há qualificação dos programas, sejam os programas sociais, e mesmo na condução, por exemplo, da política econômica, no que diz respeito às desonerações. Não há o acompanhamento de que benefícios efetivos essas políticas públicas vem trazendo ao Brasil e muitas delas não trazem benefício algum a não ser para os beneficiários", disse Aécio.

Os principais candidatos à Presidência foram convidados para a entrevista ao Jornal da Globo. Candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) decidiu não participar. Marina Silva (PSB) foi entrevistada na segunda-feira (1º).


Direitos trabalhistas
Em outro momento da entrevista, Aécio Neves foi questionado sobre os custos dos empregadores para arcar com direitos trabalhistas. "O senhor considera a CLT intocável, mesmo afirmando que está na carga que um empregador paga por funcionário que emprega, um dos maiores problemas para o custo Brasil?", perguntou o jornalista William Waack.

Aécio disse que não pretende alterar os direitos trabalhistas. "Agora, desde que haja disposição das partes de negociar, isso tem que ser estimulado por qualquer governo, em razão de especificidades de cada categoria, sem, obviamente, afrontar as leis trabalhistas".

O candidato também foi questionado se a regra em vigor para o aumento do salário mínimo (crescimento do PIB de dois anos antes mais a inflação do ano anterior, que já prometeu manter) iria continuar servindo de referência para reajuste das aposentadorias, que impacta a previdência pública. "Não pensamos nessa desindexação. Isso foi uma conquista que vai ser mantida", respondeu.

Questionado se acabaria com o Fator Previdenciário (mecanismo que diminui o valor de aposentadorias precoces), Aécio disse quer discutir o assunto com as centrais sindicais e que ainda não poderia assumir compromissos nesse momento. Disse, no entanto, que quer garantir aumentos reais para os aposentados e que tem como proposta somar à atual correção "um cálculo baseado no aumento médio da cesta de medicamentos".

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Essa receita do atual governo, de conter a inflação, através do represamento de determinados preços, isso deu errado da década de 80. Temos que soltar a tampa dessa panela de pressão, mas sem sustos"
 
 
Preços da gasolina e energia
Aécio também foi questionado sobre o que quis dizer quando falou em "realinhamento de preços públicos", na entrevista que deu ao Jornal Nacional, em agosto. Era uma referência a um eventual aumento na tarifa de energia e no preço da gasolina, atualmente represados pelo governo para conter a inflação.


"Tem que haver regras claras, isso não vai ser feito da noite para o dia, regras claras que permitam à economia se mover sem sustos. O que tenho dito é que meu governo será o governo das regras claras, da previsibilidade. Essa receita do atual governo, de conter a inflação, através do represamento de determinados preços, isso deu errado da década de 80. Temos que soltar a tampa dessa panela de pressão, mas sem sustos", afirmou o candidato.


Expectativas e 'previsibilidade'
Em vários momentos, Aécio reforçou que, se eleito, seu governo vai trazer "previsibilidade" na economia. Na primeira parte da entrevista, ele foi questionado sobre a capacidade que teria de recuperar a confiança na economia, que, segundo ela, foi quebrada pela atual política econômica. 



Foi indagado então se estaria disposto a trabalhar com uma "brutal alta dos juros" ou "esperar as coisas se colocarem mais ou menos nos trilhos", com inflação.


Aécio disse que terá uma política fiscal transparente e falou da previsibilidade. "A inflação se move muito em função das expectativas de que ela vai aumentar lá na frente, em razão, em boa parte, dos preços represados que nós temos hoje", respondeu. "A nossa vitória, certamente, ela já sinalizará claramente, para a diminuição dos juros a longo prazo", completou depois.

 
Nada mais concreto que a previsibilidade, do que o respeito aos contratos, do que resgatar as agências reguladoras, do que não maquiar as contas públicas, nada mais concreto do que uma política fiscal transparente"
 
 
Várias vezes, Aécio foi questionado sobre quais instrumentos práticos e medidas concretas usaria em favor da economia. "Eu acho que simples chegada nossa é uma sinalização adequada em relação à inflação sim. Eu usei um termo, que eu tenho usado muito William: previsibilidade. O nosso governo não será um governo de sustos, um governo de grandes planos. Será um governo que sinalizará de forma muito clara para o mercado que as regras, inclusive de reajuste de preços, serão respeitadas, serão de conhecimento de todos", disse.


"Hoje, nós temos uma expectativa gerada de inflação lá na frente em razão da imprevisilidade que é a marca do atual governo. Então, nós apontaremos para um cenário de estabilidade, de resgate dos investimentos, a partir do respeito às regras, aos contratos, o fortalecimento das agências reguladoras", completou.

Ele disse que pretende elevar a taxa de investimento dos atuais 18% do Produto Interno Bruto (PIB) para 24% ao longo dos quatro anos de mandato.



"Mas candidato, o senhor cobra de adversários do senhor sempre coisas mais concretas, programas mais concretos, criações mais concretas, mas o senhor não está apresentando aqui para gente ações concretas", contrapôs a jornalista Christiane Pelajo.

"Christiane, nada mais concreto que a previsibilidade, do que o respeito aos contratos, do que resgatar as agências reguladoras, do que não maquiar as contas públicas, nada mais concreto do que uma política fiscal transparente", afirmou. Após criticar a forma como o governo tem alcançado o superávit primário (economia para pagar a dívida pública), disse que "a previsibilidade é que vai permitir ao Brasil voltar a crescer, e essa é a chave do sucesso do nosso governo. Crescimento."



 
Eu espero que no dia da eleição nós sejamos a mudança verdadeira [...] Nós temos o melhor projeto para que essa mudança"
 
Disputa eleitoral
Aécio também foi questionado sobre a disputa presidencial e o risco de, pela primeira vez, não levar o PSDB ao segundo turno, em função das pesquisas, que apontam Marina Silva empatada com Dilma Rousseff à sua frente. O tucano se disse "confiante" em seu projeto, disse que o quadro mudou com a entrada de Marina e que reconhece não ter uma situação "tão confortável" quanto antes.



Em seguida, disse que "2015 e os anos vindouros serão anos difíceis para o Brasil e que não comportam improviso e mudança de posição ao sabor dos ventos". Disse que Dilma perderá as eleições e que Marina "terá que mostrar a consistência das suas propostas". Mais à frente, falou que elas são "absolutamente inexequíveis do ponto de vista prático".


Acrescentou que as propostas da adversária do PSB aumentariam os gastos públicos em R$ 150 bilhões. "Só tem uma forma de se fazer isso: aumentando a carga tributária, que ela diz que não vai acontecer. Então, eu acho que esse conjunto de propostas poderá se transformar amanhã em uma grande frustração à sociedade brasileira", afirmou.

"Eu espero que no dia da eleição nós sejamos a mudança verdadeira [...] Nós temos o melhor projeto para que essa mudança, esse sentimento de mudança amplamente majoritário na sociedade brasileira, se confirme adiante", disse Aécio.

Política externa e Mercosul
Ao final da entrevista, Aécio foi questionado sobre a política externa, em especial sobre suas críticas em relação a falta de acordos comerciais com países de fora do Mercosul. Aécio apontou um "alinhamento ideológico" da diplomacia brasileira e defendeu uma "política externa pragmática".



"Eu defendo sim uma flexibilização nas regras do Mercosul, de união aduaneira passando a ser uma área de livre comércio. O Brasil não pode estar de mãos atadas, vendo a sua competitividade aqui diminuída e os seus mercados possíveis serem ocupados por outras nações concorrentes", afirmou.


Os jornalistas William Waack e Christiane Pelajo entrevistam Aécio Neves no Jornal da Globo (Foto: Reprodução/TV Globo) 
 
Os jornalistas William Waack e Christiane Pelajo entrevistam Aécio Neves no Jornal da Globo
 

Mulheres são assassinadas na madrugada desta quinta



Crimes aconteceram em área rural de Ceilândia e na Ponte Alta do Gama

 
Duas mulheres foram assassinadas na madrugada desta quinta-feira (4) em locais distintos do Distrito Federal. Por volta das 7h30, uma mulher de 25 anos foi encontrada com pelo menos um disparo no rosto na DF-190, no Núcleo Rural Boa Esperança, área rural de Ceilândia.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por moradores da região, mas a vítima já estava morta quando chegaram ao local. O crime é investigado pela 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). Militares estão na área para preservar o local do homicídio até a chegada da perícia.

Na DF-209, região da Ponte Alta, no Gama, o corpo de uma mulher de aproximadamente 20 anos foi encontrada com sinais de esfaqueamento por militares do Batalhão da Polícia Militar Ambiental.


Ambos os casos foram denunciados por populares anônimos. Até agora ninguém foi preso.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Jovem é assassinado em praça na 707/708 Sul nesta madrugada


13ºMIN26ºMAX





Segundo a Polícia Civil, o crime foi um acerto de contas por causa de dívidas de tráfico de drogas


Um possível acerto de contas por causa de dívidas de tráfico de drogas resultou na morte de um jovem de 19 anos na Praça 21 de Abril, localizada na 707/708 sul, em Brasília.


De acordo com a Polícia Civil, a vítima vendia drogas no momento do crime.

O autor dos disparos ainda não foi identificado.


O assassinato ocorreu por volta das 2h30 desta quinta-feira (4).


Uma moradora de rua que estava no local também foi atingida com um tiro no pé e encaminhada ao Hospital de Base do Distrito Federal.

*Aguarde informações

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

TCDF: GDF teve rombo de quase R$ 900 milhões em 2013

BLOG do SOMBRA




O Governo do Distrito Federal fechou o ano de 2013 com um déficit orçamentário de R$ 898,5 milhões, o maior já registrado desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal entrou em vigor, em 2000. É o que aponta relatório do Tribunal de Contas do DF, que ontem aprovou, com ressalvas, a prestação de contas do governo local relativa ao ano passado.

O segundo pior resultado havia sido registrado em 2006, quando o governo local fechou o ano com um déficit de R$ 405,6 milhões. Menos do que a metade do constatado nas contas do ano passado.


Segundo o parecer do relator Manoel Neto que foi aprovado por quatro dos cinco conselheiros do tribunal, houve um aumento de 7,9% nas despesas do governo, mas um crescimento de apenas 1,8% nas receitas. O documento aponta que o grande responsável pelo crescimento do déficit são os contratos empenhados pelo governo que ainda não foram pagos. Um rombo que deverá ser tapado com verbas do orçamento de 2014...

Neto afirma ainda no relatório que "não houve melhoria significativa em relação às falhas e impropriedades" que já haviam sido encontradas nas contas de 2012 e recomenda ao Executivo que preste mais atenção na "deficiência na definição e apuração de indicadores de desempenho para avaliação dos programas governamentais" e na "inexecução, cancelamento, atraso ou paralisação em aproximadamente um terço das metas".


Na área da saúde, por exemplo, auditoria do TCDF revelou que 64% dos pedidos de internação em UTI na rede pública não foram atendidos e os leitos não foram administrados de maneira eficiente. Na educação, o tribunal constatou que 80% das escolas públicas precisavam de reformas. No transporte, o TCDF diz que o governo não faz avaliação sistemática do desempenho das empresas de ônibus, que as remunera com base em dados que não são confiáveis e que não contabiliza quanto elas faturam.

O relatório ainda mostra que 31% dos editais de licitação lançados pelo governo foram suspensos por indícios de irregularidades.

Apesar dos problemas, o TCDF também encontrou pontos positivos nas contas. Entre eles, a queda no percentual do orçamento que é destinado para pagamento de funcionários, que chegou a ser de 71,6% em 2011 e no ano passado foi de 66,9%. Além disso, o governo investiu mais que o mínimo exigido por lei em educação e saúde.

Valores contestados
O secretário de Planejamento e Orçamento do DF, Paulo Antenor de Oliveira, não reconheceu, ontem, a existência do elevado déficit nas contas do governo. "Acreditamos que o valor informado pelo TCDF não condiz com o real. Trabalhamos com um resultado positivo de R$ 200 milhões. Estamos elaborando um relatório de despesas e receitas para comprovar nossas contas que deverá ficar pronto na próxima semana. O importante é que o documento foi aprovado pela Corte. Todas as 11 ressalvas apontadas são de ordem técnica", ponderou.


Fonte: Jornal Destak - 04/09/2014 - - 07:54:45

Nas Entrelinhas: Largue a minha mão

BLOG do SOMBRA


Desde o ano passado, Lula defende a tese de que Mantega deve ser substituído para que Dilma possa recuperar a confiança dos empresários. Seu nome preferido para o cargo é o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Depois de associar Marina Silva a Collor de Mello, seu fiel aliado durante todo o mandato e, agora, nas eleições em Alagoas, onde ele concorre à reeleição para o Senado contra Heloisa Helena (Psol), a presidente Dilma Rousseff (PT) resolveu jogar mais carga ao mar e anunciou ontem que pretende mudar a equipe de governo. ...
 
É um recado para os meios empresariais de que pretende entregar a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega, responsabilizando-o pelo fracasso da política econômica. A queda dele é pleiteada no mercado financeiro e por setores industriais e de infraestrutura, como energia. “Obviamente, novo governo, nova — e necessária — atualização das políticas e das equipes”, disse a presidente. 
 
Desde o ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a tese de que Mantega deve ser substituído para que Dilma possa recuperar a confiança dos empresários. Seu nome preferido para o cargo é o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. 
 
O ministro pode virar o bode expiatório dos erros cometidos pelo governo ao intervir na economia. Como foi o porta-voz de do governo em todos os momentos em que a presidente Dilma foi criticada por empresários, fica fácil atribuir-lhe a paternidade de decisões que, na verdade, foram tomadas por Dilma Rousseff. 
 
O descarte de Mantega vem sendo propagado no mercado por petistas bem relacionados na área. Sua “fritura”, porém, passou a ser feita com fogo alto a partir do momento em que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi acionado por Lula para reforçar a o trabalho de reaproximação de Dilma com o mundo empresarial.
 
Pesquisas
Dilma comemorou o resultado do Ibope de ontem, que registrou um crescimento de três pontos nas intenções de votos, o que lhe garantiu a liderança no primeiro turno, com quatro pontos de diferença para Marina Silva. A candidata do PSB vinha crescendo vertiginosamente e também registrou um avanço de três pontos. Ou seja, no limite do empate técnico.
 
A cúpula do PT atribui o resultado à estratégia de confronto direto com Marina Silva, uma vez que a pesquisa foi realizada entre 31 de agosto e 2 de setembro. O programa de televisão da petista melhorou a avaliação do governo, que subiu de 34% para 36%, e reduziu o elevado índice de rejeição da presidente da República, de 36% para 31%, considerado mais confortáveis, apesar de ser o mais alto entre os candidatos.
 
Pesquisa Datafolha divulgada ontem também registra ligeira vantagem de Dilma em relação a Marina, com empate técnico de 35% a 34% de intenções de votos, respectivamente. A grande novidade é que a vantagem de Marina no segundo turno caiu de 10 para 7 pontos. 
 
Bombardeio
Marina também está sendo atacada pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, que segue firme na disputa, apesar do impacto que a arrancada de Marina teve em sua campanha. “A candidatura de Marina tem suas virtudes, eu as respeito, mas traz também um conjunto de contradições muito grandes, ela fez toda a sua trajetória política no PT (…) O Brasil não aguenta uma incerteza no seu horizonte, uma nova aventura. Chegou o momento de ela dizer com clareza o que significaria o seu governo, em que direção o Brasil vai”, afirmou o tucano.
 
 Para Aécio, a morte de Eduardo Campos e a substituição do então candidato por Marina Silva mudou o cenário eleitoral: “A grande verdade é que nós estamos vivendo uma nova eleição. Há 30 dias, era um outro quadro, antes do falecimento do meu amigo, o ex-governador Eduardo Campos.” 
 
A estratégia do tucano, que está com 15% de intenções de votos no Ibope e 14% no Datafolha, é atacar Dilma e Marina simultaneamente. A contenção do crescimento de Marina mostra que a “desconstrução” de seu discurso político começa efetivamente a criar dificuldades para a candidata, que tem menos tempo de televisão e recursos para resistir a um bombardeio pesado.

Fonte: Por LUIZ CARLOS AZEDO - 04/09/2014 - - 08:03:43

Jornal da Globo: Aécio fala na TV de um futuro que virou prólogo




Aécio Neves disse em junho, na convenção que o converteu em candidato: “Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade!'' Corta para os estúdios do Jornal da Globo, na noite passada. “Candidato, pela primeira vez em 20 anos o seu partido, o PSDB, corre o risco de não chegar ao segundo turno em uma disputa presidencial”, diz o entrevistador William Waack, antes de espetar Aécio: “Em que falhou o seu discurso de oposição?” ...
 
Corta para o dia 12 de agosto de 2014. Entre os tucanos, essa data virou um adjetivo, cujo significado é ‘ultrapassado’. Como em: “Que penteado mais 12 de agosto!” A queda do jato que transportava Eduardo Campos, em 13 de agosto, mudou o roteiro da sucessão tão radicalmente que tudo o que veio antes —a unificação do PSDB, a aclamação de Aécio, o pé no segundo turno— virou preâmbulo. Para Aécio, o ‘12 de agosto’ é a véspera de um futuro que não é mais o que poderia ter sido.
 
Câmera fechada em close no semblante de Aécio. Ele tenta fazer sentido em sua resposta a William Waack: “Daqui por diante, nós temos uma segunda eleição, a verdade é essa. Nós tivemos até 30 dias atrás uma eleição, ainda com o Eduardo entre nós. Infelizmente, com a tragédia que o abateu, o quadro mudou e eu sou o primeiro a reconhecer isso.”
 
Aécio olha para Waack com cara de quem está convencido de que sua situação pode melhorar —“Continuo acreditando nas mesmas coisas que acreditava lá atrás…”—, deve melhorar —“É preciso nós termos um governo com qualidade, com responsabilidade…”— tem que melhorar —“Eu acho que, no momento da eleição, nós estaremos no segundo turno.” Aécio simula otimismo. Imita alguém acreditando no próprio sucesso com toda a força. Pronto? Zoom nas tabelas do Datafolha e do Ibope. Dependendo da pesquisa, as razões para Aécio pensar em Marina oscilam entre 33% e 34%.
 
É impossível para um tucano pensar na Marina e continuar, mesmo em fingimento, despreocupado. Os dados das pesquisas foram esfregados no nariz da audiência no mesmo telejornal que exibiu a entrevista de Aécio. Marina continua tecnicamente empatada com Dilma. No segundo turno, cai a diferença que separa as duas. Mas Marina ainda prevalece sobre Dilma com sete pontos de frente.
 
Aécio convive com o risco de Marina torná-lo supérfluo. Para a maioria que deseja mudanças, talvez não seja preciso existir mais de um oposicionista, de tanto que Marina passou a existir depois do dia seguinte ao ’12 de agosto’. Até então, Aécio costumava dizer, citando o avô Tancredo Neves: “Presidência é destino muito mais do que projeto.'' Hoje, seu destino é o pavor de ir tocando um projeto cada vez mais desnecessário à medida que o eleitor dá corda para Marina.
 
Microfone aberto novamente para William Waack: “O senhor não conseguiu capturar isso que se detecta no eleitorado, esse sentimento generalizado de mudança?” E Aécio: “Olha, eu reconheço que hoje nós não temos uma situação tão confortável como tínhamos há 30 dias. O quadro mudou, a candidata é outra. O que eu acho que é essencial nesse momento, William, é nós reafirmarmos os nossos compromissos com o Brasil.”
 
Aécio franze o cenho, como se rogasse ao eleitor que assistia de casa que não desistisse dele, que não o trocasse pelo risco de uma nova frustração. “O ano de 2015 e os anos vindouros serão anos difíceis para o Brasil. Não comportam improviso…” Aécio dá de barato que Dilma já perdeu a eleição. E tenta se reincluir no processo eleitoral.
 
“No campo oposicionista existe a nossa candidatura, desde sempre na oposição a isso que está aí, e a candidatura da Marina, que terá que mostrar a consistência das suas propostas”, disse Aécio. “Eu tenho dúvida exatamente sobre isso. Sobre a capacidade que ela terá de implementar, no prazo que se propõe, o conjunto de medidas ou de bondades que apresenta à população brasileira.”
 
Em flashback, travelling sobre a decoração da sala de visitas da casa de Eduardo Campos, em Recife. O anfitrião recebe Aécio, em maio do ano passado. Observados por pelo menos três testemunhas, os dois celebram um acordo: um apoiaria o candidato do outro aos governos de seus respectivos Estados. Com boa vontade, a parceria poderia ser estendida ao segundo turno das eleições presidenciais. Mas sobreveio Marina. E o dia seguinte ao 12 de agosto. E o enterro do líder. E a promoção da candidata a vice-presidente para a cabeça da chapa.
 
Corta novamente para o estúdio do Jornal da Globo. As perguntas enveredam para a economia. Aécio esconde os planos atrás dos seus vícios de linguagem. Antes de ser pouco claro, ele usa quatro vezes a expressão “com muita clareza”. Ao “dizer”, “colocar”, “anunciar” e “sinalizar” Aécio o fez sempre “com muita clareza”.
 
Quando o entrevistador pôs em dúvida uma resposta sobre os efeitos do aumento real do salário mínimo nas contas da Previdência, Aécio retomou o fio da meada. E a clareza, que já era “muita”, ganhou ênfase: “Estou respondendo de forma absolutamente clara”.
 
Seriam claras também as regras de um eventual governo de Aécio. Os preços represados de combustíveis, energia e transportes públicos sofreriam correções. “Mas tem que haver regras claras. E não será feito do dia pra noite.” Para a economia se mover sem sustos, “regras claras”. E para não deixar dúvidas: “O que eu tenho dito é que o meu governo será o governo das regras claras”. O vocábulo “previsibilidade” escorregou dos lábios do entrevistado quatro vezes.
 
Desde 2002 que o PSDB não tinha um presidenciável tão bem-posto. José Serra e Geraldo Alckmin, os pretendentes anteriores, além de não ter a mesma pinta, trafegavam na contramão. Quando o povo queria mudanças, eram a continuidade. Quando o eleitorado sonhava com a continuidade, representavam a mudança.
 
Com Aécio deveria ter sido diferente. Ele se equipara para ser o “tsunami” numa fase em que a sociedade sinaliza a vontade de varrer do governo “aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade.'' O problema é que tudo o que era até '12 de agosto' deixou de ser a partir do dia 13.
 
No fundo, Aécio sabe que talvez já tenha virado prólogo. Só não sabe ainda prólogo de quê. Enquanto o candidato tenta se reencontrar, parte do tucanato já flerta com Marina. Ninguém quer ser chamado de ’12 de agosto’ na rua.


Fonte: Blog do JOSIAS DE SOUZA - 04/09/2014 - - 08:26:46