domingo, 11 de maio de 2014

Oposição só ganha com a briga PSB x PSDB.




Nos bons tempos do varejo de rua, o ponto era tudo. A localização. A posição. Estar sozinho com o seu negócio na rua principal da cidade era um diferencial competitivo poderoso. A alma do negócio era estar o mais longe possível do concorrente. Até que um dia o varejo descobriu que juntar os competidores  numa mesma região, ao contrário de dar prejuízo, trazia lucro. O consumidor vinha para determinada rua ou bairro porque ali encontrava todas as marcas, todos os produtos, todas as ofertas e, após pesquisa, fazia a sua compra com a certeza do melhor negócio. E vinha em número cada vez maior. Criava fluxo. Movimento! Os shoppings centers têm um pouco desta lógica de juntar um bom mix de lojas para que o consumidor, num só local, possa fazer as suas escolhas e suprir todas as suas necessidades. E o que isso tem a ver com politica?

Os jornais mostram que o PSB, em pânico com a paralisia da sua candidatura, ensaia uma briga com o seu maior competidor, o PSDB, que hoje possui o dobro das intenções de voto. Antes havia um acordo de cavalheiros, cada um com a sua loja eleitoral, uma distante da outra, mas com alguma combinação de preço e de oferta para vencer o grande concorrente: o lojão do PT, abarrotado de mercadorias contrabandeadas, pirateadas, falsificadas e sem a mínima fiscalização, além de uma máquina publicitária massacrante. O quadro mudou. Especialmente porque o PSB não sabe o que vender ao seu cliente: se um PSDB moderninho ou um PT 3.0. Este terceiro produto não existe no varejo político brasileiro e os resultados têm sido altamente deficitários para os socialistas. Mas onde uma briga entre PSB e PSDB pode ajudar os dois?

Voltamos a velha questão da localização e da competição. Assumindo que são oposição de fato, os dois partidos chamam para um debate entre si. Criam uma zona definida para ambos. Escolhem o bairro e o lado da rua. Abrindo o debate, atraem a atenção dos eleitores, até então acostumados com o lojão do PT, cheio de ofertas indecorosas e mentirosas, mas de bom preço. Unidos atacam este competidor maior, que é o governo. Separados, pois a compra do eleitor por meio do voto é única, mostrarão realmente os seus diferenciais. Mostrarão a cara e o coração. 

Neste confronto, PSB e PSDB vão romper a polarização mais perigosa, que é a do eleitor votar no governo ou em um dos partidos de oposição. Abrem a possibilidade do eleitor votar em um ou em outro partido de oposição, deixando de lado a opção governo. Não será mais continuidade x mudança. Poderá ser mudança x mudança.  Nesta briga democrática, ambos poderão surfar na onda de renovação que as pesquisas estão indicando. É hora de chamar a clientela para um novo ponto, onde a concorrência entre os partidos de oposição seja aberta, clara e transparente. O debate oposição x oposição é altamente lucrativo em termos eleitorais.  Esta briga entre PSB e PSDB é ganha-ganha. 

Balão do Aeroporto: quem foi que mentiu nº 2?



Publicidade oficial do GDF não retrata a realidade do Balão do Aeroporto. Obra tinha custo menor do que o praticado.
Obra com custo previsto em R$ 43 milhões, acabou saindo 22% mais cara.
Por Chico Sant’Anna




A destruição do Bambolê da Dona Sarah para a construção de um mergulhão atravessando o balão ao meio vem sendo, desde o começo da obra, alvo de uma série de versões e contra versões. A obra, que foi um arremedo para substituir o VLT que ligaria o Aeroporto ao Plano Piloto, foi entregue, mas sem evitar questionamentos. A mais nova polêmica tem a ver com o custo da obra.


Árvores cinquentenárias foramderrubadas com motosserra.
Árvores cinquentenárias foram derrubadas com motosserra.


No início da construção, quando as árvores cinqüentenárias do balão foram detonadas a golpes de motosserras, a secretaria de Comunicação do governador Agnelo Queiroz correu em dizer que a obra tinha licença ambiental e que as árvores seriam transplantadas. Pouco tempo depois, a secretaria de Meio-Ambiente vinha a público desmentindo a secretaria de Comunicação, negando a existência de licença ambiental prévia e anunciando uma multa de R$ 140 mil, teoricamente, a ser paga pelo Departamento de Estradas de Rodagens- DER-DF, responsável pela destruição.


Leia também:
Obra das reformas do Balão do Aeroporto ficou 22% mais cara do que o inicialmente previsto.
Obra das reformas do Balão do Aeroporto ficou 22% mais cara do que o inicialmente previsto.


Recentemente inaugurado, com toda a pompa que merece uma inauguração às vésperas de eleições, o GDF, por meio de publicidade paga na imprensa, e o próprio vice-governador, Tadeu Filippelli, em entrevistas, vieram a público para dizer que na obra tinham sido economizados R$ 45 milhões, “graças a um processo de construção mais rápido, eficiente e econômico”.


Segundo o GDF, a obra custaria originalmente R$ 98 milhões, mas acabou saindo por R$ 53 milhões. O GDF e Filippelli só esqueceram um pequeno detalhe: a obra contratada originalmente, em novembro de 2013, tinha o preço, conforme placa do próprio GDF, de R$ 43.400.987,10.


Ou seja, o custo final da obra, no lugar de ter gerado economia, conforme a publicidade oficial, foi R$ 9.599.012,90 maior do que fora originalmente contratado com as empreiteiras. O que o GDF, Agnelo e Filippelli tinham que explicar é por que a obra saiu 22,12% mais cara do que o previsto. 


Na publicidade do GDF, que mesclou uma foto aérea verdadeira com desenhos feitos com recursos de computação gráfica, o Balão do Aeroporto aparece com frondosas árvores. Na realidade, apenas algumas esquálidas palmeiras foram plantadas.
Na publicidade do GDF, que mesclou uma foto aérea verdadeira com desenhos feitos com recursos de computação gráfica, o Balão do Aeroporto aparece com frondosas árvores. Na realidade, apenas algumas esquálidas palmeiras foram plantadas.


Fotomontagem


A devastação gerada no Balão do Aeroporto foi duramente criticada pela comunidade de Brasília, afinal estavam sendo arrancadas e cortadas árvores cinqüentenárias, plantadas no início de Brasília. Espécimes que testemunharam a presença de desbravadores como Juscelino Kubistchek, Bernardo Sayão, Lúcio Costa e Israel Pinheiro, já não mais estarão presente para fornecer sombras às futuras gerações de brasilienses.


Na ocasião, o GDF afirmou que elas seriam replantadas, informação difícil de acreditar, pois muitas delas foram retiradas com a ação de motosserras. Agora, informa que foram plantadas um total de 700 mudas em substituição às retiradas para a realização da obra. Seriam 400 mudas de ipês das cores branca, roxa e amarela, 250 palmeiras e 47 flamboyants. Mas no Balão, propriamente dito, não se vê tantas árvores, assim.


Veja mais vídeos aqui
O novo Balão foi entregue, mas o paisagismo está longe de ser o que era. Algumas palmeiras raquíticas foram plantadas nas bordas do trevo, já que no centro, onde existiam angicos, flamboyants, sucupiras, imbaúbas e outras espécies do cerrado e exóticas, não se pode mais plantar árvores de grande porte, pois a poucos metros de profundidade existe a laje em concreto do teto do túnel construído.


Mas no anúncio, de página inteira, veiculado na imprensa de Brasília e disponível na internet, uma foto aérea do Balão ganhou, por recursos de computação gráfica, a sombra de árvores frondosas. Como muitos brasilienses não passam por ali, a fotomontagem do anúncio que mescla imagens reais com imagens feitas no computador dá a impressão de que tudo voltou a ser como antes.


Balão do Aeroporto alça Cristovam


Mergulhão feito no governo Cristovam aparece na propaganda de Agnelo, como se tivesse sido feito para a Copa


É curioso também que a peça publicitária incorpora como sendo obra do atual governo um acesso diferenciado ao Plano Piloto que atende aos motoristas provenientes do Gama, Santa Maria e Park Way. Este mergulhão foi feito há quase vinte anos durante a gestão de outro governador: Cristovam Buarque.

Em outras palavras, na propaganda oficial, o governo Agnelo fatura nas benfeitorias feitas por seus antecessores.

No extinto Balão do Aeroporto, havia uma escultura, denominada Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.


Todo cuidado é pouco

Também não retornou ao local a escultura Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.
Instalada no local em 1980, a obra que lembra um triangulo feito por trilhos nos quais são apostos dois cubos, foi retirada para reformas no local em meados de 2005. Nunca mais foi vista.


Construído como alternativa ao VLT que não saiu do papel, apesar de contar com recursos federais desde 2009, o túnel que passa sob o Balão do Aeroporto é bastante polêmico, mesmo depois de pronto.

Sua execução também implicou na retirada de dezenas de sibipirunas, plantadas ao longo do canteiro central da Estrada Parque Aeroporto. Na ocasião, também afirmaram que elas seriam transplantadas ao final dos trabalhos. Obras entregues e a única coisa que foi plantada no local é um guard-rail – espécie de grade protetora, separando os sentidos dos fluxos de carro.


Naparte interna do Balão do Aeroporto,nosentido Aeroporto-Plano Piloto,motoristas alertamque a faixa de rolagemà esquerda terminarepentinamente sobre umamureta deconcreto. Foto de Dênio Simões-GDF
Na parte interna do Balão do Aeroporto, no sentido Aeroporto-Plano Piloto, motoristas alertam que a faixa de rolagem à esquerda termina repentinamente sobre uma mureta de concreto. Foto de Dênio Simões-GDF


Além disso, motoristas, como Nilo Rocha, que filmou todo o trajeto sob o balão, alertam que o mergulhão de Agnelo tende a provocar acidentes, pois no sentido Aeroporto-Plano Piloto, a pista de rolagem da esquerda é interrompida subitamente, sem qualquer alerta prévio. A pista termina num paredão de concreto que protege a lateral do viaduto dos ônibus do BRT, provenientes do Gama.
Então, todo cuidado é pouco. Para dirigir e para acreditar nas informações divulgadas pelo Governo do Distrito Federal.



Critérios e tendências - Merval Pereira: O Globo



Há pesquisas para todos os gostos na praça, e elas movimentam os bastidores políticos e a especulação financeira, neste caso quando há notícias de que a popularidade da presidente Dilma está caindo o mercado agradece. O avesso também acontecerá, necessariamente, se e quando a presidente se recuperar nas pesquisas.

 

Essa não é uma boa perspectiva para quem se coloca como a melhor opção para presidir o país. Quando Lula começou a aparecer como o franco favorito nas pesquisas em 2002, os especuladores financeiros reagiram ao perigo potencial que ele representava, levando o dólar até a R$ 4,00 e elevando o risco Brasil.

 

Agora, a cena se repete invertida, mas pelas mesmas razões: o mercado financeiro oscila para cima com a possibilidade de derrota de Dilma, o que significa que a direção econômica do país mudará de rumo. A convenção do PT que reafirmou a candidatura de Dilma, tentando soterrar a campanha pela volta de Lula, teve um tom agressivo que denota todo o ressentimento pela crescente rejeição ao governo petista refletida nas pesquisas eleitorais e nas vaias que seus principais líderes estão recebendo pelo país.

 

Ontem mesmo foi a vez de a presidente Dilma ser vaiada mais uma vez, desta em uma tradicional exposição de gado zebu em Uberaba, em Minas, terra de Aécio Neves que Dilma também reivindica para si, pois nasceu no estado. Mas assim como historicamente não está ligada ao PT, e sim ao PDT, também o estado que tem mais a ver com sua vida política é o Rio Grande do Sul.

 

A radicalização da campanha petista, com críticas à elite e à grande imprensa, mais uma vez acusada por Lula como a grande opositora do governo, pode levar, no entanto, a resultado contrário ao desejado pelos apoiadores de Dilma. As pesquisas indicam que ela está caindo pelas tabelas em direção à votação tradicional do PT, que gira em torno de 30% do eleitorado.

 

Lula só saiu desse índice para tornar-se presidente quando ampliou seu eleitorado adotando uma imagem pública menos agressiva do que a que tinha nas campanhas anteriores, de 1989 a 1998, quando perdeu quatro eleições seguidas, duas para Collor (primeiro e segundo turnos ) e duas para Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno.
 


Teve que escrever a hoje famosa "Carta ao povo brasileiro", em que se comprometeu com a manutenção da política econômica, e amenizou tanto sua imagem que a certa altura da campanha me disse, satisfeito: "Desta vez estou eleito. Quando até a Vera Loyola anuncia que votará em mim é que já ganhei".
 

A socialite da Barra da Tijuca que colocava tapete persa na casa de seu cachorrinho de estimação representava naquela ocasião a aceitação do Lulinha Paz e Amor, criatura criada pelo marqueteiro Duda Mendonça que anda sumida nos últimos tempos.

 

As pesquisas divulgadas nos últimos tempos, mesmo que os critérios de algumas, como a de ontem do Instituto Sensus ou a do Vox Populi de dias atrás, possam provocar dúvidas, são uníssonas em uma direção: a presidente Dilma está perdendo densidade eleitoral com o passar dos dias, e o candidato do PSDB, senador Aécio Neves, surge como a alternativa preferida dos que votam com a oposição, grupo que tem sido a maioria no primeiro turno de todas as eleições realizadas desde 1994.
Há ainda uma outra tendência reafirmada: a distância entre Dilma e Aécio num provável segundo turno está diminuindo à medida que o candidato da oposição vai ficando mais conhecido do grande eleitorado.


 

O outro candidato da oposição, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, continua sem tirar vantagem da adesão de Marina Silva, e sofre algumas restrições impostas por sua companheira de chapa. Agora mesmo, ao ouvir Aécio Neves dizer que é companheiro "do mesmo sonho" de Campos, Marina fez questão de afirmar que há diferenças bastante profundas entre os dois, sugerindo que a adesão a uma eventual ida de Aécio para o segundo turno não são favas contadas.

 

Provavelmente faz isso para marcar uma posição de independência da chapa Eduardo Campos-Marina Silva, confiante em que o eleitorado está cansado da polarização entre PT e PSDB e acabará escolhendo a terceira via como alternativa de mudança. Se Campos se convencer de que deve também tratar o candidato tucano como adversário, o calor da campanha eleitoral pode inviabilizar um acordo no segundo turno, o que favorecerá mais uma vez o PT.

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PT versus Dilma-- Ruy Fabiano




BLOG DO NOBLAT


O PT se sente vítima da presidente Dilma Rousseff – e vice versa. E não há como negar: ambos estão certos. O partido não se sente representado pela presidente, que, egressa do PDT brizolista, não é – jamais foi - uma correligionária genuína. Além disso, foi posta onde está sem jamais ter exercido qualquer cargo eletivo.

Sua vivência em política era tão grande quanto a do ministro Antônio Dias Toffoli na magistratura. E ambos começaram do alto, sob o mesmo patrocínio: Dilma na Presidência, Toffoli no STF.
Lula empurrou-a goela abaixo do partido, furando uma fila de pretendentes, bem mais identificados com as práticas e projetos da sigla. Se fosse uma petista autêntica e vivida, jamais admitiria ter falhado em relação à usina de Pasadena.

Como disse Lula, ao agir por conta própria, dizendo – vejam só – a verdade, Dilma "deu um tiro no pé". E esse tiro resultou na CPI da Petrobras, que pode jogar no lixo o sonho de continuidade do partido no poder. O PT não a perdoará jamais.

Dilma, por sua vez, paga o ônus pela conduta de correligionários que hoje comparecem mais ao noticiário policial que ao político. Sua candidatura em 2010 pegou carona na popularidade de Lula, que então deixava o governo em ambiente de bonança.

A bonança, no entanto, era aparente. Não estava lastreada em dados sólidos; apenas encobria uma herança maldita, que hoje se expressa por meio do desmantelamento da economia. O Plano Real, que o PT combateu, acabou destruído por ele.

A inflação está de volta, o poder de compra dos salários está corroído, a imagem do Brasil piorou consideravelmente, as instituições políticas conseguiram a façanha de piorar ainda mais sua credibilidade perante o público, as contas públicas estão no bagaço. Até mesmo um evento como a Copa do Mundo, que, em circunstâncias normais, seria fator de euforia no país do futebol, é hoje fator de inquietação política.

Dilma não construiu pessoalmente esse ambiente, que já a aguardava como, na metáfora machadiana, o caroço dentro da fruta. Hoje, se discute se Lula já antevia tudo isso como meio de propiciar seu retorno à Presidência ou se também está sendo vítima do monstro que criou. O "volta, Lula!" não é uma invenção da imprensa, mas uma realidade no meio da militância.

Diz-se que Lula avalia o risco de, voltando, comprometer sua biografia de presidente bem-sucedido. Teria que administrar o fracasso de sua própria obra.

Ano que vem – e isso é consenso na oposição e no governo - é ano de ajustes pesados na economia. Hora da verdade. Lula, se vitorioso – e já não se tem certeza disso -, teria que administrar uma crise com suas digitais, sem bodes expiatórios a quem acusar.

Se isso é verdade – o temor de Lula em voltar -, então o dilema é ainda maior: o PT estaria sem alternativa. Dilma, em queda nas pesquisas, e sem embocadura para empolgar o eleitorado, está cada vez mais próxima de ser substituída. Mas por quem? Os melhores quadros do PT estão na cadeia. Quem hoje espelharia o projeto revolucionário do partido, se Lula ficar de fora?

Permeando esse processo, há a CPI da Petrobras – que, como toda CPI, sabe-se como começa, mas não como termina -, a fragilidade da economia e a própria Copa do Mundo, que se tornou emblema da gastança pública.

Como se não bastasse – em função de tudo isso -, há uma profunda diferença entre esta campanha e a de 2010. Naquela oportunidade, havia em grande parte do eleitorado um desejo de continuidade, que o próprio José Serra, candidato da oposição, tentou faturar, prometendo dar sequência à obra de Lula, "fazendo muito mais". Hoje, conforme mostram todas as pesquisas, a ânsia é por mudança – ampla, geral e irrestrita.

Dilma tenta cavalgar esse sentimento. E o resultado tem sido tão eficaz como o foi a tentativa de Serra de espelhar o continuísmo lulista em 2010.

Posted by ARTIGOS at 10:26 AM

Claudio Weber Abramo* Cartéis sem controle - O Estado de S.Paulo



 
Como se sabe, a atuação de cartel no setor metroferroviário em São Paulo e no Distrito Federal foi denunciada no âmbito de um acordo de leniência que se negocia entre a Siemens e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e que vazou no ano passado.

Logo em seguida ao vazamento, o governador de São Paulo convidou diversas entidades a participarem de um Grupo Externo de Acompanhamento (GEA) das investigações sobre o assunto que foram abertas pela Corregedoria-Geral da Administração do Estado. A Transparência Brasil foi uma delas, tendo deixado o grupo em abril.

Ao longo dos cerca de oito meses em que as atividades desse grupo se desenvolveram, foi possível identificar diversas vulnerabilidades no gerenciamento de contratações públicas no setor metroferroviário e, por extensão, em setores oligopolizados de modo geral.

O problema nasce do desconhecimento dos governos a respeito do fato econômico básico de que, se não forem vigiadas, empresas formarão cartéis para acertar preços, evitar o ingresso de novos competidores e dividir mercados. A tendência é universal, afetando qualquer tipo de mercado, público ou privado. É claro que, quanto menor for o número de fornecedores, mais fácil é montar esses arranjos. E é mais fácil ainda montá-los quando o demandante dos bens ou serviços é o poder público. Neste caso, os conluios entre fornecedores costumam ser facilitados pela colaboração dos agentes públicos responsáveis.

O que se constatou no chamado "caso Siemens" é que a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia do Metrô revelaram não lidar com a própria possibilidade de empresas formarem cartéis.

Conforme se demonstrou, na prática, essas companhias combinam previamente com as empresas participantes do mercado os preços que pagarão por contratações que virão a fazer. Com isso, entregam nas mãos dos fornecedores a decisão sobre preços, estimulando os acordos e a divisão de contratos no sistema de "carrossel" (hoje eu ganho e, amanhã, quem ganha é você), que constituem a própria razão de ser de cartéis.

Na mesma toada, permitia-se que consórcios vencedores de licitações subcontratassem empresas que haviam participado de consórcios perdedores das mesmas licitações, um procedimento esdrúxulo e despudorado, reforçando o jogo de compensações típico de cartéis. (O alerta a esse respeito originado no GEA levou a Secretaria de Transportes Metropolitanos a proibir o procedimento. É interessante notar que a proibição não foi imposta pelo governo estadual a todas as suas repartições, como seria exigível, mas apenas a essa secretaria.)

 
A CPTM ia além: demonstrou-se que a companhia não dispunha de procedimentos administrativos que garantissem a salvaguarda de documentação relativa a decisões tomadas. Seja por irresponsabilidade, seja por falta de escrúpulos, isso é inadmissível em qualquer empresa, ainda mais pública. Responsáveis a serem cobrados: as diretorias e conselhos que se sucederam na CPTM.

 
Seguindo o princípio de que é sempre melhor prevenir do que gritar "pega ladrão" depois que a coisa aconteceu, a Transparência Brasil sugeriu ao governo que este criasse um organismo dedicado ao acompanhamento econométrico de licitações de grande porte - o que inclui, além de trens, vários outros segmentos, como os de equipamentos e serviços de informática, de medicamentos, de eletricidade, etc. Embora o governo tenha respondido positivamente, tendo o governador anunciado que montaria uma repartição com essa finalidade, ainda não o fez.

 
Como é improvável ao ponto da impossibilidade que um cartel no setor em questão funcione apenas em São Paulo, o Grupo de Acompanhamento solicitou informações ao Cade, ao Ministério das Cidades (sob o qual se encontram companhias públicas que contratam as mesmíssimas empresas para fornecer os mesmíssimos bem e serviços), à Controladoria-Geral da União, aos Ministérios Públicos federal e estadual, ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (que financiam tais contratações) sobre contratos semelhantes no período de dez anos sob investigação (de 1998 a 2008). As respostas foram variadas: alguns não responderam; outros passaram a bola adiante; e outros, ainda, ignoraram as perguntas e responderam outra coisa.

Nesta última categoria se enquadram o Banco Mundial e o BID. Esses organismos multilaterais financiam obras de infraestrutura ao redor do mundo (nas Américas, no caso do BID). Por isso, solicitou-se deles que informassem quais contratos referentes ao setor metroferroviário financiaram no período de funcionamento do cartel denunciado no Cade, quais foram os montantes e quais foram as empresas contratadas. Ambos ignoraram os pedidos e responderam com trivialidades irrelevantes para o assunto - indicando, com isso, curiosa despreocupação gerencial quanto à formação de cartéis.
 
 
Por fim, há o tema da corrupção. Embora não seja absolutamente impossível que um cartel aja no setor público sem a cumplicidade dos compradores, ninguém que se ocupe do assunto na literatura especializada considera isso remotamente plausível. O agente comprador tem domínio completo das características do mercado e das empresas participantes, de modo que a constatação da ação de um cartel desse tipo torna inevitável suspeitar dos administradores.

Como fazer vista grossa à operação de um cartel não se faz de graça e, como os montantes envolvidos são muito vultosos, pode-se presumir, sem risco de errar, que a cumplicidade acontece no alto escalão administrativo: esse tipo de negócio não é coisa para o chefe do almoxarifado.

Por outro lado, não é crível que empresas cartelizadas ignorem com quem negociaram as propinas, mesmo que o pagamento tenha sido feito (como costumam fazer) pela intermediação de "consultores".

Não há autodeclarações sobre "rigoroso código de ética" e protestos de "compliance" capazes de dissipar a suspeita.

*Claudio Weber Abramo é diretor-executivo da Transparência Brasil.
 

Edir Macedo terá 22 horas diárias na CNT por cinco milhas por mês - 100 profissionais para o olho da rua

Eu nunca entendi essa legislação sobre as concessões de rádio e tv, até porque ninguém a cumpre. Agora a Igreja Universal do Reino de Deus conseguiu comprar mais 11 horas da programação da CNT perfazendo 22 horas diárias, já que já tem 11 horas.


 A venda do horário fará com que a emissora tenha que demitir cerca de 100 profissionais.

Detalhe: além da CNT a IURD também comanda 22 horas diárias da Rede 21, canal antes arrendado pela Igreja Mundial do Poder de Deus. Mesmo tendo a Rede Record, propriedade de Edir Macedo, a IURD compra horários na Rede TV! e também na Gazeta.

Macedo, agora de barba, em um “voto” para o término das obras do Templo de Salomão


Bom, segundo a lei, a igreja não pode comprar todas as 24 horas, porque em uma concessão pública a revenda integral a terceiros é proibida. Que maravilha, não é? Não pode 24, mas 23hs e 59min, ou 22 pode...

Interessante é que a comercialização para publicidade e para terceiros de mais de 25% da grade não é permitido na lei, mas cadê o cumprimento? Ou vai dizer que alugar um canal por cinco milhas por mês não é comércio?

Quiuspariu, isto é Braziu!
 

6 comentários:

  1. He he he he he - saca essa! O Macedão é Foda!

    Valdomiro deu um golpe no Macedo e fundou a Mundial, deu um golpe no Malafa e roubou-lhe um horário; agora recebeu o troco do Macedo que, lógico, não vai dar mole pro Malafa.

    Lição Aprendida (e apreendida): só os Trapaceiros se dão Bem!!!

    Respostas


    1. Este comentário foi removido pelo autor.
    2. Esta é a Grande Lição do MATERIALISMO!!! - contrária ao "A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus" - (continuo Ateu, convertido ao Pastor Adélio, graças dou ao Valdameri)
    3. Continua válida a Lei da Meritocracia, a Livre Concorrência continua Vigorando - Só os mais Fortes (mais adaptados) Sobrevivem, Lei da Selva - e salve-se quem puder.
    4. ... sim, claro, segue firme a lógica Cartesiana ...
  2. O Argento não é nada materialista e nem consumiste . Será que vive embaixo de um coqueiro? Como faz para usar internet? Vai a um café?
    Usa saia feita com bananas como a Josephine Baker?
    Tomará banho na cascata usando cinza do fogo que faz para assar os peixes que pesca para limpar o corpo?
    Viva voce que consegue não ser nadinha materialista e possuir menos de vinte acessórios que possam ser úteis no dia a dia.
    Parabéns!!!
    Manda o endereço do teu coqueiro que te mandarei umas havaianas que o ortopedista nos aconselhou a não usar, ou será que voce faz os teus sapatos com os ramos dos coqueiros?

FHC desdenha e diz que PT perde "mesmo com Lula" --Blog Brasil 247


247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esbanjou otimismo numa entrevista concedida ao jornalista Roberto D'Ávila e exibida nesta madrugada. Segundo ele, o PT corre o risco de perder as eleições presidenciais de 2014, mesmo que o candidato seja o ex-presidente Lula e não sua sucessora, Dilma Rousseff. O motivo, segundo, FHC é que "a situação no Brasil não é boa".

"Eu não sei se o Lula vai ou não ser candidato. É arriscado, ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente", disse o tucano, que governou o País entre 1995 e 2002. Na entrevista, ele também defendeu o desfecho da Ação Penal 470 e criticou a fala de Lula sobre o "julgamento 80% político e 20% técnico".

FHC também foi questionado sobre a possibilidade de que o ex-governador José Serra seja vice na chapa do senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Não sei se ele [Serra] quer e se o Aécio vai topar, o tema não chegou às minhas mãos", afirmou.


 

Comentários (alguns apenas pois são muito numerosos)

 

322 comentários em "FHC desdenha e diz que PT perde "mesmo com Lula""
Os comentários aqui postados expressam a opinião
dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247


  1. Carlos Alberto Weiss 11.05.2014 às 19:29
    Em cada entrevista do FHC depois de dar um tapa na CANABIS, só sai merda. O Lula volta em 2018, para mais 8 anos de governo.

  2. caio 11.05.2014 às 19:28
    É por causa de vcs Debora, Zé Mné e Nelson que esse pais não anda.....Continua com o Pt, seus filhos e netos vão lhes amaldiçoar.

  3. Sambarilove Goiano 11.05.2014 às 19:13
    ÔHHH PETRALHADA DE MERDA!!!!!! SABE O QUE FHC QUER DIZER COM ISSO TUDO???? ELE TÁ CAGANDO E ANDANDO PROCEIS!!! QUER MAIS QUE OCEIS SE FODAM, QUE NEM O ZÉ DIRCEU SE FODEU!!!! KKKKK SEUS MERDAS!! CAGO DE DAR RISADA DOCEIS TUDO, SEUS BOSTAS!!! INTERVENÇÃO MILITAR JÁ!!! E TENHO DITO!!!!

  4. DEBORA DOURADO 11.05.2014 às 19:12
    Coitado do FHC, a esclerose bateu de vez. O véio está Gagá. Interne o véio gente! Oh! coitado.

  5. antonio walter 11.05.2014 às 19:07
    o corvo que fala

  6. Sulista anti corru"PT"os 11.05.2014 às 19:06
    O povo tá cansado é dá "MALDITA" QUADRILHA COMUNISTA CORRU"PT"A, com o LOLALÁPIO, ou SEM!!!!!!!!!!!!!Meu manifesto é pelo: FORA COM TODA ESSA "MALDITA" QUADRILHA COMUNISTA CORRU"PT"A E SEUS 39 ESGOTOS, fora os DEPÓSITOS!!!!!!!!!!!!!!!!

  7. Ah, é sim 11.05.2014 às 19:05
    FHC tem handicap: http://www.youtube.com/watch?v=MeAOen8vyiQ

  8. kkkkkkk 11.05.2014 às 18:59
    Me internem kkkkkkkkkkkk

  9. para Hoje eu recebo proposta de emprego todo dia... 11.05.2014 às 18:35
    Se todos recebem proposta de emprego todo dia então as pessoas se tornam bolsa-dependentes só de vagabundos? E você se recebe proposta todo dia é porque não está trabalhando?

Garotinho acusado de estar por trás de greve e depredação dos ônibus. Anonymous confirmam participação dos black blocs.

Em se tratando de um crápula, eu não duvido nada. A quadrilha de celerados confirmou participação.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Urbanos, Sebastião José da Silva, levantou a suspeita de que Hélio da Real, líder do movimento que parou, nesta quinta-feira, os ônibus seria ligado ao pré-candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho (PR), que teria ajudado financeiramente o movimento. Hélio é filiado ao Partido Ecológico Nacional (PEN).

“O pior é que o inimigo é oculto. A quem interessa esse movimento? O pessoal comenta que o Garotinho estaria financiando e que o objetivo seria atingir o prefeito (Eduardo Paes), mas não temos como saber.”

Helio da Real
Hélio confirmou que conheceu Garotinho e a filha dele, a deputada Clarissa (PR), numa reunião em janeiro, na Barra. Mas negou ter ligação política com ele. Ele negou ter dado ordem para depredar ônibus. 

Mas disse não ter como controlar a reação de colegas que eventualmente tenham sido agredidos por policiais ou ameaçados de atropelamento na saída das garagens, onde abordavam motoristas que saíam para trabalhar. 

Aí eu fui no blog do Garotinho, que se defendeu:

Ontem: “Mais uma vez as Organizações Globo tentam imputar responsabilidade pela greve ao PR, dizendo que um dos grupos que diverge da direção do Sindicato dos Rodoviários teria ligações com o nosso partido. Quero deixar bem claro que isso é mentira, e que nossa posição em relação aos movimentos entre patrões e empregados de qualquer categoria não mudou, e é que as demandas dos trabalhadores devem ser discutidas com seus patrões sem interferência política de ninguém. Essa é uma posição histórica que defendemos para evitar aparelhamentos de sindicatos, o que fez muito mal à política brasileira e aos próprios trabalhadores.”

Hoje: “Como era de se esperar grande parte da mídia comprada pelo Palácio Guanabara tenta hoje em várias matérias atribuir a mim a responsabilidade pela greve dos ônibus na cidade do Rio de Janeiro. Mentira descarada! O movimento ocorreu em várias capitais do Brasil. A alegação de que um dos líderes do movimento é filiado ao PEN (Partido Ecológico Nacional) é um disparate maior ainda para tentar justificar a vinculação do movimento a mim já que o PEN está apoiando o candidato de Sérgio Cabral, Pezão. Repito o que disse ontem. Quem deve discutir aumento salarial são eles, patrões e empregados. Essa é a verdade!”

E tem mais. Segundo a Veja, a página do grupo Anonymous informou, pouco depois da meia-noite de anteontem, locais de garagens de empresas onde deveriam ocorrer protestos – e lugares onde, efetivamente, ônibus foram destruídos. Os mascarados do Black Bloc convocaram “a população” para apoiar a greve e programam uma manifestação no Centro, nesta quinta ou sexta-feira (dei uma olhada rápida no face dos anonymous e qualquer dia desses vou dar uma xeretada com mais calma, já que o nonsense por lá é regra e é uma delícia ler tanta estupidez - https://www.facebook.com/anonymousrio).

Bom, eu só sei que a brincadeira saiu por 500 ônibus depredados pela turminha desse tal Hélio da Real, mais um desses sindicalistas marginais que, não satisfeitos em viver à custa dos colegas, ainda destrói seus instrumentos de trabalho.

Quanto a Garotinho, repito, é um crápula que, por sua folha corrida, na minha opinião, tem 90% de chance de estar por trás dessa barbárie. Isso é típico dele. Infelizmente, apesar da coleção de processos contra si, continua solto.

Um comentário:

... nada diferente debaixo do sol, diz o Eclesiastes

Perguntar não ofende (para apenas 48% dos eleitores)

sábado, 10 de maio de 2014

Na pesquisa do Datafolha pergunta-se qual o candidato mais preparado para fazer mudanças no Brasil. Pois bem: eu gostaria de perguntar aos 32% dos eleitores que responderam Lula e aos 16% que responderam Dilma, se eles (esses 48%) comeram cocô quando eram crianças e, em caso afirmativo, se ainda continuam comendo.
 

3 comentários:

  1. Pesquisa Datafolha? Você resolveu adotar o politicamente correto? Desde quando isso que o Datafolha fez pode ser chamado de pesquisa? Eu chamo de fraude estatística. O Coronel Leaks deu uma pequena aula ao Datafolha, sobre estatística e honestidade. A resposta para sua indagação é: comeram e continua comento cocô, em forma de informações produzidas por organização sem escrúpulos.
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    1. Concordo, mas se não é por aí, é bem perto.
  2. Continuarao a comer bosta durante mais algumas décadas.
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Fala sério! Esse jornalista estava (ou ainda está) louco para ser possuído...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O perfil de Eduardo Campos feito jornalista Luiz Maklouf Carvalho e publicado há mais de um ano na revista Época, de repente virou piada. Vejam por quê:

O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, é um ótimo piloto de cadeira giratória de rodinhas. Logo ao sentar-se, elegante e espaçoso, já sublinha a que veio. A cadeira é uma das 13 de uma grande mesa preta, em forma de U, na sala de reuniões contígua a seu gabinete. 


Não terá um minuto de sossego por quase três horas. Campos a manobra para todos os lados possíveis, a esporeia com o ritmo acelerado de sua fluência verbal e, quando a leva, num tiro curto, em direção ao interlocutor, o dorso ainda atlético de 47 anos também assoma, enfático. 


Seus translúcidos olhos verdes são, surrupiando um autor contemporâneo, como pássaros querendo voar para fora da cara. Campos é, sobretudo, olhos. Na beleza variante da cor, que fisga a atenção, e, principalmente, na mirada, no manejo que lhes sabe dar, ora águia, ora cobra, focados na sedução. “Sedutor” é um recorrente qualificativo até entre adversários regionais – como o senador Humberto Costa, do PT, ou o deputado federal Mendonça Filho, do DEM. Campos sabe que, nos dois casos, o sentido é “cuidado com ele!” – ambos, afinal, são vítimas.

Fala sério! Esse jornalista estava (ou ainda está) louco para ser possuído...
 

 Um comentário:

  1. É uma declaração de amor? ahahahahahahahhahahaha