quarta-feira, 30 de abril de 2014

O BÊBADO E O EQUILIBRISTA – ENSAIO SOBRE A BEBEDEIRA

terça-feira, 29 de abril de 2014



Milton Pires

De tudo que até hoje se escreveu a respeito da origem da filosofia, nenhuma explicação pode ser mais marcante, mais completa e verdadeira do que a que diz ter ela nascido da nossa capacidade de se espantar. 
 
 
Tão completa e abrangente, tão justa e simples parece essa proposição que inevitável seria pensar ser possível sua utilização em outras áreas do conhecimento. Nenhuma estranheza, portanto, causaria a afirmação de que o nível de consciência política de uma sociedade, sua capacidade de indignação e reação tem a mesma fonte da indagação filosófica: o espanto. 
 
 
 
Aceitos os princípios acima, proponho agora uma inversão a ser aplicada, pelo menos, no território da consciência política do brasileiro mediano: afirmo ser o espanto, em determinados casos, a marca da nossa ignorância, da nossa imaturidade e da nossa apatia.
 
 
 
No último dia 26 de abril, Lula deu em Portugal declarações a uma jornalista que grande repercussão causaram. Sem maiores preocupações afirmou ter sido o julgamento da Ação Penal 470 “80% político e 20% jurídico” e disse ainda que que embora haja "companheiros do PT presos, não se trata de gente da sua confiança".
 
 
 
Nenhum interesse tenho aqui em discorrer sobre quem seja ou não da “confiança” de Lula. A declaração só foi importante num único sentido – na demonstração de indiferença, de superioridade e arrogância com que o Partido dos Trabalhadores trata a base da sustentação da “ordem e da paz pública” no Brasil: o Poder Judiciário. 
 
 
 
Mesmo assim, lembro mais uma vez ao leitor não ser esse o ponto “nevrálgico” dessas linhas e resumo o que quero apresentar na seguinte frase: “muito me espanta e decepciona o espanto de todos os outros ao ouvir de Lula tais palavras”. 
 
 
 
Nesses outros a que me refiro incluo o próprio Supremo Tribunal Federal e seus integrantes que agora, com ares de donzela chocada, repudiam as declarações criminosas do ex-presidente da República fingindo não saber que a característica fundamental da relação do PT com Estado de Direito sempre foi a promiscuidade. Inúmeras foram as vezes em que essa organização criminosa, disfarçada de partido político, deixou claro seu respeito à Constituição nas situações que lhe convém e sua indiferença e repúdio a tudo que reza a Lei quando contrariados foram os seus interesses. 
 
 
 
 
A única e verdadeira lição a ser tirada sobre as declarações de Lula é que divide-se a opinião pública em duas partes: uma gigantesca e outra desprezível. Excluída a ínfima parcela de gente que sabe que o PT não precisa de sigilo sobre o que gasta, mas sobre aquilo que é, a outra (incluídos aí os juízes do STF) finge o “espanto dos primeiros filósofos” e vem a público indignada ou fingindo-se indignada com afirmações de pessoas que jamais deram qualquer importância ao Estado de Direito. 
 
 
 
 
Em toda história do Brasil, não conheço episódio anterior em que um ex-presidente da República, em declarações em território estrangeiro, tenha feito pouco da justiça da Nação. Vindo de alguém que se preocupa em não causar “constrangimento” à Fidel Castro tocando no assunto dos prisioneiro políticos cubanos a declaração de Lula é uma cusparada na cara do país, uma vergonha para o STF e para todos os juízes brasileiros que agora, a exemplo dos médicos e dos policiais, são ridicularizados perante o mundo. 
 
 
 
Graças a Lula e ao PT o mundo hoje sabe que nossos médicos “precisam ser mais humanos”, nossos policiais “menos violentos” e que os nossos juízes precisam julgar “menos politicamente”. 
 
 
 
 
A desgraça, a maior tragédia de tudo o que descrevi é que Lula continua em liberdade e seu partido, aproveitando-se de uma democracia doente, disputando eleições. O PT a tudo atravessa impávido, como aquele equilibrista de Nietzsche que, na corda bamba, estava acima do bem e do mal. 
 
 
 
No caso do Brasil é o Grande Alcoólatra que segue se “equilibrando” acima da inocência e da culpa; bêbados estamos todos nós..




Porto Alegre, 29 de abril de 2014. 
 

Plano Nacional de Educação irá aprofundar doutrinação no ensino




No país do analfabetismo funcional, novo plano de educação negligencia o mérito, põe a escola contra a família e, em vez de estimular a leitura, policia as palavras, transformando a língua num instrumento de opressão ideológica.

Durante uma audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, realizada em 22 de outubro do ano passado, o economista e professor Cláudio de Moura Castro, ao término de sua palestra, resolveu apresentar uma proposta ao Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Professor visitante de renomadas universidades estrangeiras, Ph.D. em Economia pela Vanderbilt University, nos Estados Unidos, e conceituado pesquisador da educação, com vários livros publicados, Moura Castro, com um ligeiro sorriso no rosto, anunciou:

 “Já que todo mundo botou um negócio no plano, um artiguinho, eu também quero propor um artiguinho no plano: um bônus para as caboclinhas de Pernambuco e do Ceará conseguirem se casar com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam [no País], e aumenta o capital humano no Brasil, aumenta a nossa oferta de engenheiros”.

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Cláudio de Moura Castro, economista e pesquisador, denuncia os delírios
do Plano Nacional de Educação. (Foto: Paulo Antunes)
A declaração provocou um manifesto de repúdio de cerca de 50 entidades de todo o País, desde a União Nacional dos Estudantes até o Instituto Paulo Freire, passando pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, um movimento que congrega cerca de 200 entidades, entre elas o indefectível Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que, por mais estranho que pareça, é um de seus coordenadores. 
Para essas entidades, a declaração de Moura Castro é “inadmissivelmente machista e discriminatória” e “manifesta um preconceito regional e racial inaceitável”, inclusive sugerindo a subjugação das mulheres por estrangeiros. Elas exigiram uma retratação do professor e prometeram recorrer até a Dilma Rousseff, como se já vivêssemos numa ditadura totalitária e a presidente tivesse poder para autorizar ou não o livre pensamento.
O humor pode não ser o forte do professor Cláudio de Moura Castro e sua declaração revela certo mau gosto. Como carioca, ele poderia propor o bônus para as calipígias passistas das escolas de samba que se expõem muito mais ao olhar estrangeiro do que as caboclinhas do sertão nordestino, poupando Pernam­buco e Ceará de uma referência gratuita. Mas é um exagero considerar uma mera frase infeliz como discriminatória, preconceituosa e machista, até ameaçando o professor com processo judicial, sobretudo quando se conhece o contexto em que foi formulada. 
Essas entidades participaram da audiência pública no Senado e sabem que Cláudio de Moura Castro, com seu chiste, queria apenas mostrar o quanto o Plano Nacional de Educação não passa de uma absurda colcha de retalhos, que carreou para dentro de si os particularismos dos mais diversos guetos ideológicos, que nada têm a ver com a sociedade brasileira, muito menos com a sala de aula.
Marxismo avança até nas engenharias

 
O Brasil herdou o ensino retórico de Portugal, calcado nas humanidades, e não consegue formar profissionais técnicos em número suficiente para atender sua indústria. Uma forma de enfrentar esse problema seria priorizar as ciências naturais e exatas no ensino básico, formando nos jovens um espírito prático, voltado para os fatos e não para a retórica, mas esse não é o caminho adotado pelo ensino atual; muito pelo contrário, a educação brasileira é cada vez mais conceitual, afetada, metalinguística, encarquilhada sobre si mesma, num quase completo desprezo pela realidade em torno, salvo quando essa realidade se presta a devaneios ideológicos, como a “resistência” dos sem-terra, a “tradição” dos quilombolas, a “cultura” das favelas, o “empoderamento” dos drogados, entre outras minorias de estimação nas quais se proteja a utopia de boa parte da elite intelectual.

Hoje, mesmo os cursos técnico-profissionalizantes são profundamente contaminados pela retórica ideológica da esquerda. Em grande parte das faculdades de Engenharia, por exemplo, as disciplinas de ciências humanas são calcadas numa bibliografia marxista ou neomarxista, privando o aluno de uma visão plural, que incorpore, também, pensadores liberais ou conservadores. Isso ocorre, sobretudo, nas faculdades de Enge­nharia Ambiental, em que a bibliografia da parte de humanidades do curso parece destinada a inculcar no aluno que o capitalismo é o inimigo por excelência do meio ambiente, esquecendo-se que os regimes totalitários, como o stalinismo ou a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, não têm motivo algum para respeitar a natureza bruta, uma vez que não são capazes de respeitar nem a natureza humana.
É no contexto de uma educação que tenta transformar em instrumento ideológico até as engenharias que Cláudio de Moura Castro saiu-se com seu gracejo sobre os engenheiros e as caboclinhas. Foi uma forma que encontrou de atacar também o holismo obsessivo do ensino brasileiro, que professa uma suposta visão integral de cada fenômeno social e humano, buscando dominar o homem e a natureza por todos os poros e átomos no afã de construir o outro mundo possível, em que tudo deve ser planejado nos mínimos detalhes, como queria a União Soviética no esplendor de sua utopia totalitária. A pedagogia de Paulo Freire é herdeira dessa utopia holística, que transforma o professor em aprendiz e o aluno em mestre, sob o falso pretexto de que o ensino jamais pode ser transmissão de conteúdo e deve dar à embrionária vivência de um adolescente o mesmo peso que o conhecimento acumulado pela humanidade adquiriu em séculos.
Não poderia haver ironia melhor – até em face da teoria de gêneros que se tenta impor na educação, negando os sexos biológicos – do que associar o aumento do número de engenheiros no País à cadeia hormonal das caboclinhas, estimulada pela intervenção holística do Estado através da concessão de bônus. O Plano Nacional de Educação está cheio desse tipo de associação indevida entre aprendizado e fatores sociais diversos, como se aprender a ler e contar fossem atividades indissociáveis da vida cotidiana e não pudessem ser ensinadas sem que antes se revolucionasse todo o contexto social da criança. É esse tipo de mentalidade holística que faz com que o Plano Nacional de Educação se ocupe de ninharias tão absurdas que, já em sua Meta 2, uma das estratégias preconizadas é a renovação e padronização da frota rural de veículos escolares, como se prescrever o modelo e a cor desses veículos, desde a Amazônia aos Pampas, passando pelo Cerrado, fosse tão importante quando dispor de uma boa metodologia de ensino da tabuada, por exemplo.
Plano é “advocacia em causa própria”

 
É esse tipo de problema que levou o professor Claudio de Moura Castro, em sua palestra no Senado, a chamar o novo Plano Nacional da Educação 2011-2020 de “equivocado e inócuo”. Acertadamente, ele observa que o PNE é um somatório das idiossincrasias de diversos grupos advogando em causa própria, o que resultou num conjunto de mais de 2 mil propostas para a educação, muitas vezes incompatíveis entre si e quase sempre impossíveis de serem postas em prática. Entre as medidas que considera impossíveis, Moura Castro citou uma das estratégias da Meta 12, que pretende elevar para 90% o porcentual de conclusão dos cursos de graduação do ensino superior, quando se sabe que, mesmo nos Estados Unidos, o índice de evasão nas universidades chega a 50%. Outra meta que considerou irreal é a proposta de erradicação do analfabetismo absoluto até 2020, sobretudo – acrescento eu – porque a própria escola construtivista, regida pela aprovação automática, é uma usina de produção de analfabetos que, com alguma sorte, se tornam analfabetos funcionais quando chegam à universidade.



Parafraseando o delírio de Brás Cubas, do célebre romance de Machado de Assis, pode-se dizer que o Plano Nacional de Educa­ção é “uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da ideologia”. O PNE 2011-2020 já é sintoma de uma das mais graves doenças da era lulo-petista: o conferencismo – versão oficial do assembleísmo que o PT levou para as entranhas do Estado ao chegar ao poder em 2002. Se­gundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desde que Getú­lio Vargas convocou a primeira conferência nacional no Brasil, sobre saúde, no início da década de 40, já foram realizadas 115 conferências nacionais, das quais 74 (64,3%) ocorreram no governo Lula, envolvendo cerca de 10 milhões de pessoas. E com um diferencial: antes, as conferências quase sempre se restringiam a setores como a saúde; com Lula, passaram a contemplar os mais variados setores, sobretudo as minorias.
O PNE é fruto da I Con­fe­rência Nacional de Educação, realizada em 2010 e precedida por conferências municipais e estaduais, contabilizando, no seu sistema de relatoria, 5.300 registros de inserção com propostas dos segmentos participantes. Já o documento-base da II Conferência Nacional de Educação, a ser realizada em novembro deste ano, contabiliza 11.488 registros de inserção, o que significa aproximadamente 30 mil emendas. Como se vê, não é por falta de palpiteiros que a educação brasileira vai mal. Essa segunda conferência estava programada para fevereiro deste ano e já foi precedida de conferências municipais e estaduais, mobilizando a militância de esquerda travestida de movimento social espontâneo. Mas o MEC acabou adiando sua realização para novembro próximo, fato que gerou indignação entre as entidades envolvidas. Segundo elas, o objetivo do adiamento foi esvaziar o poder de pressão da conferência, que iria coincidir com a votação do Plano Na­cional de Educação no Congresso. As entidades defendem o projeto aprovado na Câmara e acusam o governo de apoiar a revisão feita pelo Senado, que excluiu, por exemplo, a polêmica questão de gênero.
O projeto de lei do Plano Na­cional de Educação foi enviado pelo então presidente Lula ao Congresso em dezembro de 2010, com a proposta de “ampliar progressivamente o investimento pú­blico em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB” – mas sem data para se concretizar. Em 2012, o projeto foi aprovado na Câmara dos De­pu­tados, que, dominada pelo petismo mais radical, se encarregou de piorar o que já era ruim, estabelecendo um investimento de 7% do PIB em educação até o quinto ano de vigência do plano e, no mínimo, 10% do PIB ao final de dez anos. Com a ressalva: esse investimento seria feito exclusivamente na educação pública, deixando de fora entidades filantrópicas e assistenciais. O Senado manteve esses índices, mas suprimiu a restrição aprovada na Câmara, permitindo o investimento público em entidades assistenciais, entre as quais, é bom lembrar, encontram-se as Apaes, que prestam um relevante serviço para as crianças com deficiência mental.
Ideólogos criam guerras de raça e gênero

 
Outro ponto polêmico do plano é a questão de gênero, que já constava do projeto original do Executivo, mas de forma menos radical, falando apenas em “implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão”. Na Câ­mara, acrescentou-se a esse texto a discriminação racial. Como se não bastasse a incitação à guerra de raças, os deputados tornaram o texto mais prolixo, acrescentando novas diretrizes ao plano, entre elas a “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”. Percebem a brutal diferença? Não se trata mais de combater a possível discriminação de um aluno homossexual, mas de promover a “igualdade de gênero”, o que significa igualar ao sexo biológico as mais variadas fantasias de desajustados se­xuais, perseguindo o que os ideólogos chamam pejorativamente de “heteronormatividade”, isto é, o sexo papai-e-mamãe, que deve ser discriminado na escola em nome das relações homem-com-homem, mulher-com-mulher, trans-com-todos etc.


Para se ter uma ideia da importância que a maioria petista da Câmara dá à questão, essa diretriz é a terceira, logo depois da “erradicação do analfabetismo” (primeira) e da “universalização do atendimento escolar” (segunda) e à frente de “melhoria da qualidade da educação” (quarta) e “formação para o trabalho e a cidadania” (quinta). O Senado bem que tentou corrigir essa insanidade e, onde a Câmara falava em preconceito de gênero e raça, os senadores falam em “políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito”. Já no trecho em que a Câmara falava em “promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”, o Senado, agindo com bom senso, sintetizou: “com ênfase na promoção da cidadania”. Agora que o Plano Nacional de Educação voltou à Câmara, o relator do substitutivo oriundo do Senado, deputado Angelo Va­nho­ni (PT-PR), já recomendou, em seu relatório, que o texto aprovado na Câmara seja restabelecido, com a ênfase na questão de gênero – pa­ra gáudio das minorias de estimação do PT e desespero da bancada evangélica, talvez o único setor da sociedade a perceber, até agora, o grande perigo da ditadura gay.
Instituindo a novilíngua orweliana
 
 

O preciosismo ideológico da maioria petista na Câmara é tanto que o projeto do Executivo foi reescrito na novilíngua orwelliana: sempre que apareciam expressões como “os estudantes”, “os alunos”, “os profissionais da educação”, foram acrescentadas as partículas “os/as”, tornando o texto ilegível: “os(as) estudantes”, “os(as) alunos(as)”; “os(as) profissionais de educação”. O Senado, primando pela boa técnica legislativa e pelo bom senso antropológico, suprimiu todos esses penduricalhos feministas do texto, para indignação do deputado Ângelo Vanhoni, que, em seu relatório, já recomendou a recomposição da vulgata feminista da Câmara. Caso o Plano Nacional de Educação seja aprovado, em definitivo, com essa redação sexista (isso mesmo: sexista), a nação brasileira corre o risco de ter sua língua sequestrada pelos ideólogos de esquerda. Não tardam e hão de querer revisar o texto da própria Constituição para adicionar-lhe esses penduricalhos de mau gosto.

Um ideólogo nunca é apenas antiético – é também ilógico. Como dizia Durkheim, um mínimo de lógica exige um mínimo de moral e vice-versa. Não adianta lutar contra a natureza da língua, que, mesmo se realizando nos seus falantes, é muito maior do que eles. De que adianta escrever “alu­no(a)”, achando que assim se evita o suposto machismo da língua portuguesa, sem perceber que o gênero masculino do substantivo (“aluno”) aparece como a palavra principal, da qual o gênero feminino é apenas um apêndice, feito uma Eva linguística retirada da costela masculina do idioma? 


Qual seria a solução para evitar isso? Escrever “aluna(o)”, “amiga(o), “irmãs(os)? Nem as feministas têm coragem suficiente para fazer essa inversão, tanto que os grupos mais radicais preferem subverter completamente a língua, es­crevendo impronunciáveis “a­lunxs”, “amigxs”, “namoradxs”, muito mais para agradar o sexo cambiante dos gays do que para valorizar, de fato, as mulheres.
Uma opção seria variar o gênero da palavra principal. Mas como decidir os critérios para essa escolha? Contabilizando quantos homens e mulheres há na categoria mencionada e optando pelo gênero que fosse a maioria? Ainda assim, o suposto machismo não iria desaparecer – apenas mudaria de lugar, transferindo-se da língua para a sociologia. As funções e profissões socialmente valorizadas, nas quais os homens são a grande maioria, continuariam sendo escritas primeiramente no masculino: neurocirurgião(ã), engenheiro(a), ministro(a), juiz(a); enquanto para as mulheres sobrariam: “doméstica(o)”, “enfermei­ra(o)”, “educadora(or)”. Isso mostra que a língua é complexa demais para caber na lógica mecanicista da luta de classes ou no ressentimento maniqueísta das minorias de estimação.
Ao querer neutralizar as palavras de suas eventuais cargas negativas, a esquerda revela seu espírito totalitário, pois uma língua que não soubesse exprimir desigualdade, preconceito e ódio não seria uma linguagem humana e mataria seus falantes de angústia. A propósito, os ideólogos que não acreditam nas determinações sociais do sexo biológico e acham que tudo é construção de gênero saberiam me dizer se o masculino de “babá” é “babão”? Como se vê, um Plano Nacional de Educação que, no país do analfabetismo funcional, negligencia o mérito, incita a escola contra a família e, em vez de estimular a leitura, policia as palavras, transformando a língua num instrumento de opressão ideológica, nada tem a ver com ensino – é apenas uma doutrinação totalitária que tenta fazer da escola uma incubadora de subversões.


Publicado no Jornal Opção
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José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.

TODO CUIDADO É POUCO! PT MANDOU BUSCAR A POLÍCIA DA DITADURA COMUNISTA DE MOÇAMBIQUE PARA DESCER O CACETE NOS BRASILEIROS QUE OUSAREM PROTESTAR DURANTE A COPA DO MUNDO. CABE AGORA AO SENADO DECIDIR!

segunda-feira, abril 28, 2014





Este vídeo mostra como age a polícia de Moçambique. Não precisaria dizer mais nada, não é? 


O dia tem apenas 24 horas. Destas, temos de usar no mínimo 8 horas para dormir, mais 8 horas no mínimo para trabalhar. Sobram então 8 horas diárias que gastamos para nos alimentar, ir de casa do trabalho, fazer o asseio pessoal, responder telefonemas, navegar na internet, postar no Facebook, Twitter, tomar um cafezinho, jogar conversa fora, estudar e fazer mais um montão de coisas fora das 8 horas para dormir + 8 horas para trabalhar.

Sempre digo que tem sucesso quem consegue administrar muito bem essas oito horas fora do sono e do trabalho.

O médico gaúcho Milton Pires, escritor e ativista emérito nas redes sociais e blogs é um exemplo de bom administrador do tempo. Tanto que consegue dormir, trabalhar e ainda escrever excelentes artigos quase diariamente e frequentar com assiduidade as redes sociais, sendo capaz de se lembrar de me enviar in box no Facebook os links para os seus mais recentes artigos.
Pires é um analista político atilado.


Um de seus últimos artigos postados em seu blog Ataque Aberto, refere-se à ditadura petista. Concentra-se numa das últimas providência tomadas pelo governo da Dilma para, digamos assim, controlar a ira dos brasileiros quanto à mega-sacanagem de Lula que acabou conseguindo trazer a Copa do Mundo para o Brasil. E, como se isso não  bastasse, o desgoverno lulo-dilmista decidiu terceirizar  o policiamento, importando os bate-paus da ditadura comunista de Moçambique para descer o cacete em todos os brasileiros que decidirem exercitar o direito de protestar contra o descalabro do governo petista.

Milton Pires, em sua análise faz o link entre o recente decreto aprovado na Câmara Federal que autoriza o Executivo a decidir, sem ouvir o Congresso, sobre a presença de forças militares estrangeiras em solo brasileiro, conforme noticiei quase solitariamente aqui no blog, pois não vi nada na imprensa nacional sobre isso. A estrovenga (by Reinaldo Azevedo) ainda terá que passar no Senado. Todavia, pelo andar da carruagem do PMDB, essa sacanagem provavelmente será convalidada pela base alugada com assento na Câmara Alta. Já passou da hora da oposição agir! O título original do artigo de Milton Pires: "O Primeiro Crime de Guerra".

Vale a pena ler. Diz tudo e mais um pouco. Leiam:

Em toda história da humanidade, em toda época e em qualquer tempo, jamais houve sociedade que deixasse de prever, por parte do seu ordenamento jurídico, o crime de “traição à Pátria”. Não nos interessa aqui o conceito de “Pátria”. Palavra tão batida..conceito tão vilipendiado, que perdeu já todo seu sentido. A noção que um brasileiro pode ter desse termo se confunde com a ideia de nacionalismo fanático, com a propaganda contra xenofobia e com a oposição ao regime militar – época em que ainda fazia algum sentido usá-la.

De todas as barbaridades que vem acontecendo no Brasil petista...de tudo que escandaliza e que choca..considerando-se os agentes cubanos disfarçados de médicos, a agenda gay nas escolas, a humilhação das religiões, ou a tragédia feita com as estatais..nada se compara àquilo que fez o Deputado Ney Lopes (PMDB-RN), autor do Projeto de Lei Complementar 276/02 que possibilita ao Ministro da Defesa e aos chefes das Forças Armadas autorizar o trânsito e a permanência temporária de forças estrangeiras no país.

Sob o argumento de que “o objetivo da medida é diminuir a burocracia envolvendo a autorização para a entrada de tropas, navios e aviões militares no país, uma vez que é frequente sua passagem de pelo espaço territorial brasileiro”, Lopes conseguiu agilizar os trâmites que vão permitir a presença, por exemplo, de policiais de Moçambique no RJ durante os jogos da Copa do Mundo.

Não encontro palavras para descrever a sensação de estupefação que tive ao ler essa notícia quando publicada pela própria Agência Brasil. Vergonha é o único termo que me ocorre no momento para definir o que essa anomalia política, essa substância corrupta que, conforme a água, toma a forma de seu recipiente e que se chama PMDB, fez com a soberania da nação. 


Não há um só almirante, general ou brigadeiro honrado que, se esse adjetivo merecem, possa nesse momento escapar da sensação de humilhação..do sentimento de vergonha e desmerecimento que a escória petista nesse momento lhes impõem. Não bastou a essa ralé humilhar os médicos, bater nos professores, aparelhar a polícia federal e levar fome ao Exército. 


Esses marginais precisam mais: eles querem garantir a segurança durante a Copa com militares estrangeiros...com o lixo socialista que agora vem de Moçambique para policiar cidadãos brasileiros.

Uma lição espero ser tirada desse fato..mais um na enorme lista de barbaridades que o Partido-Religião vem fazendo com os brasileiros: O PT jamais teve, tem ou vai ter absolutamente qualquer forma de respeito ou consideração com a Constituição Federal. Não vou perder tempo escrevendo sobre o que diz a Carta Magna sobre o poder de polícia em território nacional nem tão pouco sobre o emprego das Forças Armadas no nosso país. 


Nada disso interessa a esse maldito partido que superou o General Figueiredo quando o mesmo afirmou que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Ele ao menos fazia diferença entre os dois. O PT; nem disso é capaz mas sabe perfeitamente resguardar-se da crítica usando gente do PMDB para fazer o mais sujo de todos os trabalhos...para cumprir a mais vil das tarefas – aquela em que se precisa trair a Pátria perante o mundo todo e trazer policiais de fora para fazerem cumprir nossas próprias leis.

Em tempo de guerra, e em guerra estamos todos contra essa organização criminosa que governa o Brasil, traição é crime a ser punido com a pena capital. Em outro lugar e em outra época, um parasita como Ney Lopes seria preso e sumariamente fuzilado por abrir as portas do território nacional às forças inimigas. Desgraçados dos brasileiros, sequer em guerra percebem que estão e ainda dispensam honras e prerrogativas de deputado a esse que preso deveria estar.

Graças a Deus já não integro mais força militar alguma. Já me basta a humilhação de ser médico num pais cujo governo me considera – a mim e a meus colegas – como um ser sem “humanidade” suficiente para atender nossos próprios pacientes. Chegou agora a vez dos policiais e das nossas forças armadas levarem a sua cuspida na cara com o PT trazendo bandidos de Moçambique para fazer seu “trabalho sujo” durante a Copa. 


Inimigos continuam chegando ao país, mas dessa vez armados e com colaboração do nosso congresso..Traição é o nome que isso merece! Surge no Brasil o primeiro crime de guerra...

HANGOUT DA PESADA: LOBÃO, DANILO GENTILLI E ROGER MOREIRA DETONAM A "O MARCO DA DITADURA CIVIL DA INTERNET".




Lobão, Danilo Gentili e Roger Moreira, detonam o Marco da Ditadura Civil da Internet, a lei que os bobalhões do Congresso Nacional aprovaram e que tem em mira controlar e, logo depois, promover a censura pura e simples sob o comando do novo DIP do terrorista Franklin Martins.

Esse Marco Civil não passa de mais uma loucura dos psicopatas do PT, PSOL, PCdoB et caterva. Lobão, Gentili e Roger Moreira mandam bem. Na base do escracho. Afinal esse bando de urubus de rapina do PT e seus satélites merecem, de fato, zero de consideração. Além de meterem a mão no jarro por meio da PassaDilma da Petrobras, do mensalão, dos cartões corporativos e da compra de títulos de Doutor Honoris Causa para o Lula, ainda pisoteiam a Constituição com uma lei que fere frontalmente a Carta Magna.

Na primeira investida desses psicopatas para calar as vozes da liberdade se abre a oportunidade concreta de ação junto ao Supremo Tribunal Federal para atirar essa droga no lixo.

E, antes que me esqueça, um recadinho para o Aécio Neves: por favor, Aécio, pare de falar que essa lei autoritária e inconstitucional poderia ficar melhor e coisa e tal, até porque, com perdão da má palavra, essa lei é mais uma bosta comunista escrita por psicopatas.

A infame caridade interesseira



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Valmir Fonseca

 
No país tropical, quase que diariamente batem à nossa porta as mais diversificadas entidades de caridade para receber alguma contribuição para suas causas humanitárias.

Em geral, um telefonema anterior apela para a nossa alma caridosa, e lá vamos nós condoídos cumprir a voluntaria missão de ajudar aos desamparados.

As contribuições são destinadas a socorrer uma ou mais crianças em terríveis situações, ou precoces cancerosos e outro tipos de lamentáveis doenças.

Não existe nenhuma possibilidade do caridoso receber em troca de sua colaboração espontânea e silenciosa alguma paga, exceto a consciência de que está agindo com amor ao próximo.

Contudo, quando esbarramos com um comunista de carteirinha, lá está ele ou ela, a bradar aos quatro ventos que devemos apoiar os necessitados.

São os propugnadores de bolsas, de benesses, de auxílios às minorias, de premiar com mais direitos do que aos demais os seus inocentes marginalizados, mas sempre propagandeando o seu amor aos carentes, esperando o seu agradecimento em votos.

Dessa forma, é inegável que os comunistas nacionais são a gente mais humanitária que existe. E olha que, basicamente, são convictos ateus, aplaudem o aborto e renegam as práticas cristãs

No seu amor pelos excluídos estabelecem leis que concedem a qualquer minoria alguma vantagem, e os angelicais comunistas decidem quem receberá as bênçãos e quem irá pagá - las, os outros, é claro.

Como na mente ardilosa dos beatos comunas, a maioria silenciosa é a culpada pelos dissabores dos seus apaniguados, nada mais natural de que ela pague pelo belo gesto da infame caridade deles.

Na prática, sabemos que a bondosa cúpula, uma espécie de Madre Tereza de Calcutá nativa, aguarda um valioso retorno pela sua benemerência, com a aquiescência forçada dos emudecidos trouxas.

Hoje, causa espanto que um grupelho bastante conhecido, se arvore em balança do equilíbrio social da humanidade, e que use o poder para imbecilizar a sociedade.

Eles se tornaram uma espécie de deuses aqui na terra e tacham de serviçais os demais seres, de forma que haja uma distribuição equânime dos bens, e, logicamente, das desgraças, exceto para a cúpula, que sempre estará livre dos dissabores materiais que assolam a humanidade.

Os contratempos morais não os perturbam. Sua ideologia não permite.

A nossa sociedade de imbecil senso esquece que os mesmos magnânimos de hoje, altruístas ao exagero, em passado recente, roubaram, assaltaram, aterrorizaram e mataram.

Sem qualquer piedade, vitimaram os seus inimigos, os então agentes legais da repressão, feriram e mataram inocentes que estavam nas proximidades das suas ações criminosas. Foram os inocentes úteis que estavam nos arredores de suas caridosas tentativas de salvar o Brasil empregando mortíferas armas.

Apesar de seu passado criminoso, hoje, não foram apenas beatificados e indenizados regiamente, mas promovidos a altruístas distribuidores de infames caridades.      

Na atualidade, no Brasil impera a infame caridade interesseira.

Mas tem gente que não acredita, e este breve texto poderá soar nos ouvidos do submisso povaréu, como uma simplória tentativa de desqualificar os nobres subversivos, aqueles que armados pretenderam impor neste País um regime totalitário, conforme o desejo de seus superiores, Stalin, Mao, Fidel, etc...

É oportuno lembrar dos três macaquinhos que cobrem os ouvidos, a boca e os olhos, e que na terra dos tolos, o mesmo ocorre, com a consciência, com a honestidade, com a cidadania,  e com qualquer resquício de dignidade que possa diferenciar os seres humanos do mais “sacrossanto” comunista.

Valmir Fonseca Azevedo Pereira é General de Brigada reformado.

Postado por Jorge Serrão às 09:59:00

MARCOS FAVA NEVES: “Parte da nossa sociedade parece passar por um processo de ‘vagabundização’, onde o importante, o correto, o almejado é depender do Estado”

26/04/2014
às 17:00 \


Brasil: uma empresa de 200 milhões de sócios onde 61 milhões não trabalham (Foto: Thinkstock)


COMO O FATOR TRABALHO PASSOU A SER DESVANTAGEM PARA O BRASIL NOS ÚLTIMOS ANOS

Por Marcos Fava Neves, professor titular de planejamento estratégico e cadeias alimentares da FEA-RP/USP

A deterioração do fator trabalho no Brasil
marcos-fava-neves“Minha vida é andar por este país, para ver se um dia descanso feliz”… Inspirado no mestre Luiz Gonzaga, minha vida como cientista, investigador e palestrante faz com que eu possa rodar o Brasil.

Normalmente falo uma hora para muita gente, e ouço muita gente por muitas horas, sempre aprendendo, desde Petrolina (PE) até Naviraí (MS), de Vacaria (RS) até Campo Novo dos Parecis (MT). Este texto é um compartilhamento das discussões, minha leitura dos fatos.


É o trabalho que gera produção, serviços e valores que são usados para promover desenvolvimento econômico, social e ambiental. A propensão ao trabalho e ao empreendedorismo são valores presentes em muitas sociedades que deram certo e que merecem admiração. Cabe a um país criar condições institucionais para estimular este ambiente.


Se nas viagens os empresários reclamavam de protecionismo, de câmbio, de falta de crédito, hoje a questão do trabalho salta e toma boa parte do tempo de troca de ideias, pois estamos perdendo competitividade por problemas de quantidade (oferta) e qualidade (preparo e custo) das pessoas.
Sobre a quantidade, costumo dizer que somos (o Brasil) uma empresa com 200 milhões de sócios. É uma maneira simples para que as pessoas entendam que todos têm responsabilidade sobre o patrimônio do país. Me parece que questões de cidadania, da antiga “educação, moral e cívica” estão lentamente sendo perdidas em nossa sociedade.


Estamos todos vibrando com a ideia do Brasil a pleno emprego, porém, um aspecto não muito comentado é que temos em nossa sociedade 61 milhões de pessoas em idade de trabalho e produção que não trabalham, não estudam, e não estão procurando trabalho, portanto não aparecem na taxa de desemprego.


É certo que dentro destes 61 milhões há muitas pessoas no trabalho do lar, no “trabalho de mãe” e em atividades informais, entre outras alocações de tempo. Mas há uma parte grande apta a trabalhar e que não trabalha, não gerando produção e impostos à sociedade.


Faço uma simples analogia com um condomínio. Imaginemos morar num edifício com 200 apartamentos. Pois bem, 61 apartamentos que deveriam e poderiam, não pagam o condomínio, e usufruem de toda a infraestrutura existente onerando os demais. Não pagam e não querem pagar.
É preciso ampla investigação nas causas existentes nestas 61 milhões de pessoas, e são distintas, mas está claro que uma parte capaz não está procurando trabalho pois está contemplada em programas assistencialistas, que cresceram muito nos últimos 20 anos. Se encontrar trabalho, perde algum tipo das inúmeras bolsas. Duplo prejuízo ao Brasil, pois perde-se um trabalhador e mantém-se o gasto com a bolsa.


Há tempos queria trazer este aprendizado em um texto, mas a motivação final veio de uma entrevista em VEJA (20/04/14) com George Osborne, ministro das Finanças da Inglaterra, que assumiu em 2010 tendo que cortar o gasto público, pois herdou de seus antecessores do partido trabalhista um déficit orçamentário de 11% do PIB.


Quando perguntado se os cortes de benefícios sociais podem ser bons no longo prazo, disse:
“Eu acredito em um estado de bem-estar social que apoie os necessitados. Ou seja, os deficientes físicos, os idosos e as pessoas que não conseguem encontrar um novo emprego. No Reino Unido, porém, os incentivos sociais se tornaram um equivoco completo. Às vezes, o cidadão ganha mais dinheiro ficando em casa e recebendo seguro-desemprego e outros benefícios do que se decidir trabalhar. Como resultado, o número de famílias de desempregados estava aumentando. A reforma do sistema de bem-estar social é uma parte importante do programa deste governo, e não apenas porque permite economizar dinheiro público, mas porque encoraja as pessoas a procurarem emprego. Trabalhar é a melhor forma de sair da pobreza. Desde que começamos a reformar os programas assistenciais, o número de famílias desempregadas caiu ao menor nível nos últimos vinte anos”.


Abro um parênteses neste texto sobre o trabalho para externar uma opinião de que passamos por uma perda de valores morais e sociais, de ética e de transparência.


Parece que as pessoas perderam a vergonha e acham normal viver às custas dos demais. Tenho dito que parte da nossa sociedade parece passar por um processo de “vagabundização”, onde o importante, o correto, o almejado é depender do Estado, da sociedade, seja pendurados desnecessariamente nas inúmeras bolsas, ou nos milhares de cargos da estrutura Federal, Estadual e Municipal do enorme e ineficiente Estado brasileiro.


George Osborne: “Às vezes, o cidadão ganha mais dinheiro ficando em casa e recebendo seguro-desemprego e outros benefícios do que se decidir trabalhar”


Me parece que nossa sociedade não se choca mais com o fato, absolutamente anormal, das pessoas saírem de cargos públicos e irem para a cadeia.


A vagabundagem, a corrupção e o assalto ao bem público atingiu patamares incríveis e uma aceitação na sociedade, nas organizações estudantis, como nunca tinha visto.


O patrimônio do país vem sendo dilapidado, destruído aos nossos olhos, sob uma indignação “homeopática” da sociedade. Nunca imaginei que chegaríamos a este nível de tolerância generalizada.


Finalizando o aspecto da quantidade do trabalho, precisamos resgatar o principio de Osborne, pois é o trabalho que deve fazer a pessoa sair da pobreza, portanto é necessário que revisemos imediatamente os programas assistencialistas no Brasil, para que ele fique apenas onde é estritamente necessário, visando ofertar mais quantidade de mão de obra. Converter quem tem capacidade, mas está parado, acomodado, em força produtiva para o país.


O segundo aspecto é a qualidade e custo do trabalho. Tenho a grata oportunidade de participar de um projeto de pesquisa da Universidade de Purdue (EUA) onde lecionei em 2013, financiado pela fundação de uma grande fabricante de máquinas, que tem como objetivos levantar lacunas na educação e na formação para o trabalho, aqui mais focado no agro brasileiro.


Em uma semana deste abril, conversamos com quase 100 pessoas em diversas organizações de educação em Ribeirão Preto (SP) e em Luís Eduardo Magalhães (BA). O tema da qualidade no trabalho e sugestões para melhoria na educação será tema de próximo artigo, são muitas as contribuições. Mas adianto, fiquei chocado com o que vi. Nossa educação está muito mal, e isto vai afetar nossa competitividade, o espaço das futuras gerações no Brasil.


Voltando ao tema custo e qualidade do trabalho, são diversos os estudos que mostram que o salário médio em dólar no Brasil mais do que dobrou em 10 anos. Isto é absolutamente louvável e tenho certeza ser um desejo de todos que estão lendo este texto. O problema é que a produtividade do trabalho praticamente não cresceu no período.


Então, empresas que são intensivas em mão-de-obra e que competem no mercado internacional praticamente tiveram seus custos de trabalho duplicados. Este é um dos fatores pelos quais estamos perdendo investimentos e empresas, e consequentemente, postos de trabalho. Precisamos de ações, de adaptar iniciativas que fizeram a produtividade do trabalho crescer em muitas outras nações, pois ninguém quer a perda de renda do trabalhador, que seria a alternativa para baixar custos.


O país é prejudicado por uma legislação trabalhista antiga, não adaptada para as demandas setoriais e os direitos do trabalhador são elevados e caros para as empresas. É uma legislação que não se reforma. São frequentes os relatos que as decisões do judiciário em casos de litígio tendem a proteger sempre o empregado, mesmo que este esteja errado e é fato que existe uma indústria de indenizações consolidada no país, aumentando nossos custos de produção e prejudicando ao final, o próprio trabalhador.


São muitas as histórias contadas de trabalhadores que, após um período registrados nas empresas, onde passaram pela adaptação, por treinamentos, ou seja, uma série de custos, forçam suas demissões fazendo corpo mole ou até mesmo ações danosas às empresas, para ficarem seis meses sem trabalhar recebendo seguro desemprego e depois se empregarem outra vez. O sistema judiciário não apresenta mecanismos para denunciar este comportamento oportunista frequente. Está havendo muito protecionismo? Como podemos modernizar esta legislação sem deixar de proteger quem realmente necessita? É preciso um diálogo mais intenso entre o judiciário, a economia e a administração.


Lendo processos e textos na mídia e ouvindo sobre decisões na área trabalhista, em alguns momentos chego a pensar que hoje no Brasil, o empreendedor, o empresário que produz e que criou o emprego, é um cara do mal. Um “maldito”. Parece que o empresário é o inimigo do país na visão de alguns integrantes do judiciário e da mídia. É preciso rever isto, pois se o ambiente de produção se torna hostil a quem quer produzir, o que é uma total inversão de valores, empreendedores perdem o estimulo. Recebo e-mails de ex-alunos querendo ir embora, empreender fora daqui, quase que jogando a toalha. Até quando aceitaremos isto, perder nossos talentos?


Um país deve ter o culto ao sucesso, e não ao fracasso. Muitas vezes vejo que o sucesso no Brasil não deva ser admirado, e sim detestado. É o sucesso, e não o fracasso, que puxa um país. E o sucesso é composto de inspiração sim, mas muito mais de transpiração, de trabalho.


Termino esta reflexão com mais um trecho de Luiz Gonzaga, para elevar nosso espírito…Mas doutô, uma esmola a um homem qui é são,
ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Nos últimos anos, vi o fator trabalho passar de ponto de vantagem competitiva do nosso país para desvantagem competitiva. 


O Brasil é um país caro para se produzir e difícil de se investir. Mão de obra (e educação) é o problema mais sério nosso, e o de mais difícil solução. É preciso coragem para resolver isto, mas vejo poucas ações neste sentido. Aliás, tenho visto um grande retrocesso.

Roberto Pompeu de Toledo: André Vargas é exemplo acabado da mutação genética do espécime chamado “petista”

26/04/2014
às 19:00 \ Política & Cia


André Vargas e o gesto que já virou hábito: levantar o braço como na velha saudação comunista — no caso, para provocar Joaquim Barbosa

Artigo publicado em edição impressa de VEJA


“Vou atuar”
Roberto-Pompeu-de-Toledo
Quando o amigo doleiro Alberto Youssef desabafou, exasperado e súplice, “Tô no limite. Preciso captar”, segundo diálogos registrados pela Polícia Federal e revelados por VEJA, o deputado André Vargas respondeu, resoluto: “Vou atuar”.

André Vargas, do PT do Paraná, até há pouco vice-presidente da Câmara dos Deputados, já se celebrizara pelo gesto de levantar o braço, como provocação ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, sentado a seu lado.

Ao gesto agora acrescentava uma divisa, na forma de uma sentença tão curta quanto prenhe de pesporrência (bela palavra; o colunista agradece ao deputado a oportunidade de usá-la): “Vou atuar”.
André Vargas é exemplo acabado da mutação genética do espécime chamado “petista”. Ele nasceu em Assaí, perto de Londrina, no Paraná, um mês antes do golpe de 1964. Tem 50 anos, portanto, e entrou no PT aos 26, em 1990.

Gloriosos tempos esses. O PT era a estrela que apontava para uma sociedade mais justa e costumes renovados na política brasileira. Quando se tornou poderoso, o PT passou a qualificar de “udenistas” os adversários que o atacam com a arma da moral e dos bons costumes.

Naquele tempo a UDN ressurreta era o PT. Seu empenho foi decisivo para a derrubada do presidente Collor, em 1992. Nada mais atraente para um jovem idealista do que um partido como esse. (Suponhamos que André Vargas tenha sido um idealista; é o que de melhor podemos fazer por ele.)
Sua ascensão foi rápida. Em 1991, já era membro do diretório municipal de Londrina. Em 1997, deixou-o para instalar-se em Brasília, como chefe de gabinete do deputado Nedson Micheleti.
Quando se dá a mutação de um jovem idealista para um “Vou atuar”?

Os fenômenos da evolução são infelizmente infensos a respostas com o grau desejável de precisão. No caso, Brasília talvez tenha contado. Com certeza poder e dinheiro contam.

Em 1998, Vargas trabalhou na campanha dos candidatos Paulo Bernardo, do PT, a deputado federal, e Antônio Carlos Belinati, do PSB, a esta­dual. Era uma estranha dobradinha. O parceiro de Paulo Bernardo, o atual ministro das Comunicações, era filho de Antônio Belinati, três vezes prefeito de Londrina, o qual em tantas se meteu que teve o mandato cassado, em 2000, e chegou a ser preso.


Na campanha envolveu-se o agora famoso Youssef, e foi nessa ocasião, segundo o jornal O Globo, que Vargas o conheceu. A campanha resultou em escândalo; para alimentar a do filho, segundo investigações, papai Belinati desviou dinheiro da prefeitura.



Os amigos de Vargas: primeiro, XXX e XXX. Agora, Alberto Youssef. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Os amigos de Vargas: primeiro, Paulo Bernardo e Antônio Carlos Belinati. Agora, Alberto Youssef 


O dinheiro começava a passar por perto do nosso suposto jovem idealista. Não por acaso, era uma época em que o PT começava a acumular poder. Em 2000 ganhou a prefeitura de São Paulo, com Marta Suplicy, e a de Londrina, com Nedson Micheleti, o deputado do qual Vargas fora chefe de gabinete. No ABC paulista, o mais antigo feudo petista, Celso Daniel foi eleito pela terceira vez.
O caldo de cultura que transforma o idealismo em “Vou atuar” estava formado. Celso Daniel foi morto dois anos depois. Nedson Micheleti, ao fim de dois mandatos de prefeito, seria condenado por improbidade administrativa. André Vargas, enquanto isso, empreendia a irresistível ascensão que o levou de vereador em Londrina a deputado estadual e, em 2006, a federal.


Distinguiu-se, nessa qualidade, pelas posições ultrapetistas de defesa dos mensaleiros e do controle da imprensa. Essa era sua face pública. Nos bastidores, atuava. As entranhas de seu mundo começaram a vir a público no fatídico dia em que Youssef lhe forneceu um jatinho para viajar com a família para João Pessoa.

Que quer dizer “vou atuar”?

O diálogo em questão sugere que seja em favor de gestão junto ao Ministério da Saúde para a conclusão de falcatrua envolvendo um laboratório de propriedade do doleiro. É razoável supor que essa seja uma de muitas atuações. E André Vargas não está sozinho.

O caso Petrobras, como último e culminante de uma série, revela quantos outros atuam. O espécime petista, tal qual conformado pela mutação sofrida, em simbiose com uma base aliada que no geral nem precisou mudar – já nasceu assim -, fez do Estado brasileiro um mar nunca dantes visto de atuações.


Pobre Dilma. Seu governo está bichado.


A corrupção generalizou-se a ponto de ser parte sem a qual o sistema não sobrevive. E ainda tem a economia. E ainda tem a incompetência. Seu governo faliu.