sábado, 26 de abril de 2014

Perguntar não ofende: que competências tem Ideli Salvatti para ser ministra do Tribunal de Contas?


25/04/2014
às 10:00 \ Política & Cia


Ideli: ex-professora da rede pública de SC, ex-militantes sindical, ex-senadora: onde estão as competências técnicas mínimas para estar no TCU? (Foto: Agência Brasil)
Ideli: ex-professora da rede pública de SC, ex-militantes sindical, ex-senadora: onde estão as competências técnicas mínimas para estar no TCU? (Foto: Agência Brasil)

Ela foi professora da rede estadual de Santa Catarina durante pouco mais de dez anos.
Ela militou em comunidades eclesiais de base, na Pastoral Operária e em associações de moradores.
Ela ajudou a fundar o PT na cidade em que vivia em Santa Catarina.

Ela foi sindicalista em diferentes organizações, desde a associação de professores até o sindicato dos “trabalhadores em educação”.

Foi fundadora da CUT em Santa Catarina, e depois tesoureira do órgão.

Foi duas vezes deputada estadual, uma vez senadora e, quando tentou ser governadora do Estado, terminou a disputa em terceiro lugar.

Foi ministra da Aquicultura e Pesca, seja lá o que isso signifique.

Foi ministra das Relações Institucionais, mas como na prática ficou sem função, segurando a pastinha do verdadeiro articulador político do governo Dilma, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, acabou ganhando a Secretaria dos Direitos Humanos.

A presidente Dilma, mesmo depois do fracasso estrondoso que foi a tentativa de indicar um senador atolado em processos para o Tribunal de Contas da União (ideia de Renan Calheiros, presidente do Senado, que a presidente encampou), pensa em apoiá-la para o cargo.

Vocês já sabem: trata-se da ministra Ideli Salvatti.

Ela ficaria onde está até que haja uma nova vaga no TCU, o que ocorrerá em novembro, quando o ministro José Jorge atingirá a idade-limite de 70 anos. Pela Constituição, que prevê que 6 dos 9 ministros do TCU sejam escolhidos pelo Congresso, esta vaga será teoricamente preenchida pelo Congresso (no caso, pela Câmara dos Deputados), porque José Jorge, ex-senador, havia sido indicado pelo Legislativo.

E nós sabemos que o governo Dilma tem maioria com sua chamada “base de sustentação” no Congresso e, portanto, teoricamente aprova o nome que quiser. No caso, o de Ideli.

Agora, pergunto — já que perguntar não ofende: em tudo o que vocês leram acima sobre as atividades da ministra, em que, exatamente, ela se qualifica para ser ministra do Tribunal de Contas?

Vejam o que a Constituição, em seu artigo 72, inciso III, coloca como exigências para integrar o tribunal, além dos requisitos normais referentes à idade, idoneidade etc:

“III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;

IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.”

Qual sua competência técnica? Ondo estão os “notórios conhecimentos”, sobretudo jurídicos (ela se formou em Física), contábeis, econômicos e financeiros?

Onde estão os “mais de dez anos de exercício ou de efetiva atividade profissional” que exija tais conhecimentos? Nos sindicatos de professores? Nas salas de aula? Na CUT?

Quanto ela conhece de contabilidade, matemática financeira, Direito Constitucional, Direito Administrativo e mais centenas de habilidades necessárias para ser um ministro minimamente competente do TCU?

Digo e repito: perguntar não ofende.

Reequipamento das Forças Armadas é “herança maldita” para próximo/a presidente

25/04/2014
às 16:40 \ Política & Cia

Ricardo Setti VEJA


A fragata “Liberal” (F43), da Marinha: segurança dos campos de pré-sal exigem 345 dias de patrulhamento — mas só há dinheiro para 15 dias (Foto: Marinha do Brasil)


Sim, sem dúvida a presidente Dilma Rousseff tomou uma decisão importante e crucial, que vinha sendo adiada há mais de uma década, quando em dezembro finalmente bateu o martelo sobre a compra de 36 caças supersônicos Saab Gripen Ng, de fabricação sueca, dando finalmente passo decisivo para o programa FX-2 de atualização do equipamento da Força Aérea Brasileira.


Os caças custarão 4,5 bilhões de dólares.

O problema de falta de equipamentos minimamente atualizados nas Forças Armadas, porém, persiste, apesar de compras realizadas recentemente pelo Exército de fuzis e blindados modernos. Houve a expressiva compra de 9 mil veículos novos de vários tipos entre 2012 e 2013.

Ocorre, contudo, que segundo depoimento feito há algum tempo no Senado pelo secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos Cardoso, há alguns problemas gritantes cuja solução estará a cargo do próximo governo, seja quem for a ou o presidente da República. Matos informou, por exemplo, que a segurança dos campos de petróleo de pré-sal exigem que a Marinha realize patrulhamento 365 dias por ano — mas a atual verba disponível para isso é suficiente para 15 dias.



Matos Cardoso: problemas de equipamento na Marinha e na Força Aérea (Foto: Agência Força Aérea/Sgt. Batista)



Na Força Aérea Brasileira, que terá sua capacidade de defesa avançada muito em dia com os Gripen — cuja primeira unidade, porém, só será entregue em 2018 –, o secretário-geral informou que, de 624 aeronaves com capacidade operacional, há nada menos do que 346 paradas por falta de manutenção adequada, o que inclui reposição de peças.

Governador do Acre é grosseiro, arrogante e demagogo ao criticar São Paulo por “elitismo” e “racismo” no caso dos asilados haitianos


25/04/2014
às 18:55 \ Política & Cia 

Ricardo Setti VEJA


(Foto: Roosevelt Pinheiro)
Tião Viana: grosseria, arrogância e demagogia que não se volta apenas contra o governo paulista, mas contra os brasileiros de São Paulo (Foto: Roosevelt Pinheiro)


Foi um espanto a atitude do governador do Acre, o petista Tião Viana, diante da contrariedade manifestada por integrantes do governo paulista pelo fato de o governo acreano estar financiado a viagem, para São Paulo, de centenas de cidadãos do Haiti que haviam acorrido ao Estado em busca de melhores condições de vida.

Viana falou em “preconceito racial” e em um suposto “processo de higienização”, referindo-se à “elite paulista” e aos “bacanas” de São Paulo.

O Acre tem sido um dos destinos de haitianos desesperados com a falta de oportunidades no país mais pobre da América Latina, que ficou ainda pior depois do grande terremoto de 2010.
A secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, diante do problema social representado por quase mil cidadãos do Haiti que chegaram à capital em poucos dias, chamou de “irresponsável” o procedimento do governo de Tião Viana ao financiar a vinda dos refugiados econômicos.

Refugiados haitianos retiram carteira de trabalho em São Paulo (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Folhapress)
Refugiados haitianos retiram carteira de trabalho em São Paulo

É um absurdo Tião Viana querer fazer política contra o governo tucano de São Paulo e, na verdade, agredir o maior Estado da Federação.

Quem é a “elite” paulista? Serão os 900 mil baianos que residem só na capital paulista?
Quem são os “bacanas”? Os milhões de nordestinos estabelecidos em São Paulo, cujo número é superior à população de vários Estados do Nordeste?

Quem são os “racistas”? Alguém entre os cerca de 46% de pardos e negros que vivem no Estado?
Viana, ao pretender obter vantagens políticas com suas declarações absurdas e infelizes, agride, na verdade, um Estado com 43,6 milhões de habitantes, construído com o ingente trabalho de migrantes vindo de TODOS os Estados brasileiros, e seus descendentes, e de imigrantes e seus descendentes provenientes de 120 diferentes países, raças, cores e culturas.

O governo de São Paulo apenas reagiu à solução fácil encontrada por Tião Viana sem qualquer aviso prévio para que houvesse preparativos para abrigar os asilados econômicos: chegou haitiano no Acre? Manda para São Paulo — a gente paga a passagem e se livra do “problema”.

EDUARDO CAMPOS sobre Dilma: “A gestora não geriu; a faxineira não limpou”

26/04/2014
às 15:00



Eduardo Campos: “Mais de 70% já decidiram: vão tirar o governo que aí está no dia 5 de outubro”

Pré-candidato do PSB à Presidência voltou a atacar o arranjo político do governo e afirmou que, se eleito, não vai lotear politicamente os cargos no governo
 
Por Fernando Gallo, enviado especial a Belém, e Veríssia Nunes, especial para o jornals O  Estado de S. Paulo

No discurso em que fez críticas ao fisiologismo no Brasil, o pré-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos afirmou que os institutos de pesquisa mostram que 70% já decidiram pela mudança.

“Vai mudar porque o governo não cumpriu aquilo para que foi eleito. A presidenta que foi apresentada como gestora, não geriu. A presidenta que foi apresentada como faxineira, não limpou o que tinha que limpar”, disse.

Em visita a Belém (PA), Campos afirmou que a presidente Dilma Rousseff “chocou a todos no Brasil que apostaram nela nos primeiros momentos de seu governo” ao trazer para “muito próximo” dela “os mesmos que cercaram Fernando Henrique Cardoso e Lula” e que inicialmente “parecia que ela ia afastar”.

Era uma referência à demissão de ministros que Dilma foi obrigada a fazer, em 2012 e 2013, na chamada “faxina ética” levada a cabo no primeiro ano de seu mandato, e ao movimento de reaproximação com alas dos partidos que haviam sido defenestrados, como PDT, PR e PMDB.

Campos criticou o “arranjo político que está em Brasília” e disse que ele tem que “ser escalado para passar um grande tempo na oposição para o Brasil melhorar”. O presidenciável afirmou que os institutos de pesquisa divergem em muitas coisas, mas coincidem no desejo de mudança da população.

“Mais de 70% já decidiram: vão tirar o governo que aí está no dia 5 de outubro”, disse.
Campos declarou que não loteará cargos no governo e prometeu contratar headhunters (profissionais preparados em recrutar executivos) para preencher cargos de confiança. “As agências reguladoras são fruto de indicação de balcão político. Por que um deputado ou senador quer indicar um diretor da Aneel? Não pode ser assim. Vou logo avisando para que não me tragam currículos. Vamos fazer como as grandes empresas fazem. Headhunter. Eu fiz isso na Saúde em Pernambuco. Fiz isso com a Educação”.

O presidente do PSB afirmou que seu eventual governo não vai distribuir ministério “como se distribui banana na feira”.

“O Brasil paga 36% do que produz em impostos. O povo está na rua exigindo saúde, educação, segurança e serviço público de qualidade. Como você reduz carga e melhora o serviço botando um bocado de gente que não sabe fazer o certo e muitas pessoas que só sabem fazer o errado?

Questionado sobre qual seria a alternativa real ao fisiologismo, já que ele precisaria de uma maioria no Congresso, Campos afirmou que o primeiro passo é “conscientizar a população”.

“Ela pode, com seu voto, fazer a mudança e botar um bocado de deputados federais e senadores que dialoguem com esses valores”, sustentou, para indagar em seguida: “O que adianta o governo atual ter 400 deputados, 60 senadores e passar o segundo semestre de 2012 e o primeiro de 2013 sem votar? Quando o povo foi para a rua, votaram em 15 dias mais do que tinham votado 2 anos”.

Apesar da divergência aberta na quarta-feira, 23, por Marina Silva, sua candidata a vice-presidente, que afirmou que a independência do Banco Central não deve ser institucional, o pernambucano voltou a afirmar que esse debate tem de ser feito.

“Estamos abertos, eu e a Marina, a fazer esse debate. Pode ser que aqueles que defendem essa posição (autonomia formal) possam nos convencer de que esse é um caminho importante, inclusive dada a situação em que os fundamentos macroeconômicos foram colocados, bem como em relação à crise de confiança que há no Brasil. A gente precisa discutir isso sim e precisamos amadurecer essa posição”.


Ricardo Setti VEJA

COMO O FATOR TRABALHO PASSOU A SER DESVANTAGEM PARA O BRASIL NOS ÚLTIMOS ANOS


A charge de SPONHOLZ: raPTos

a charge ratos
26/04/2014
às 16:00 \ 

 

 

MARCOS FAVA NEVES: “Parte da nossa sociedade parece passar por um processo de ‘vagabundização’, onde o importante, o correto, o almejado é depender do Estado”


Brasil: uma empresa de 200 milhões de sócios onde 61 milhões não trabalham (Foto: Thinkstock)




Por Marcos Fava Neves, professor titular de planejamento estratégico e cadeias alimentares da FEA-RP/USP

A deterioração do fator trabalho no Brasil
marcos-fava-neves“Minha vida é andar por este país, para ver se um dia descanso feliz”… Inspirado no mestre Luiz Gonzaga, minha vida como cientista, investigador e palestrante faz com que eu possa rodar o Brasil.


Normalmente falo uma hora para muita gente, e ouço muita gente por muitas horas, sempre aprendendo, desde Petrolina (PE) até Naviraí (MS), de Vacaria (RS) até Campo Novo dos Parecis (MT). Este texto é um compartilhamento das discussões, minha leitura dos fatos.

É o trabalho que gera produção, serviços e valores que são usados para promover desenvolvimento econômico, social e ambiental. A propensão ao trabalho e ao empreendedorismo são valores presentes em muitas sociedades que deram certo e que merecem admiração. Cabe a um país criar condições institucionais para estimular este ambiente.

Se nas viagens os empresários reclamavam de protecionismo, de câmbio, de falta de crédito, hoje a questão do trabalho salta e toma boa parte do tempo de troca de ideias, pois estamos perdendo competitividade por problemas de quantidade (oferta) e qualidade (preparo e custo) das pessoas.

Sobre a quantidade, costumo dizer que somos (o Brasil) uma empresa com 200 milhões de sócios. É uma maneira simples para que as pessoas entendam que todos têm responsabilidade sobre o patrimônio do país. Me parece que questões de cidadania, da antiga “educação, moral e cívica” estão lentamente sendo perdidas em nossa sociedade.

Estamos todos vibrando com a ideia do Brasil a pleno emprego, porém, um aspecto não muito comentado é que temos em nossa sociedade 61 milhões de pessoas em idade de trabalho e produção que não trabalham, não estudam, e não estão procurando trabalho, portanto não aparecem na taxa de desemprego.

É certo que dentro destes 61 milhões há muitas pessoas no trabalho do lar, no “trabalho de mãe” e em atividades informais, entre outras alocações de tempo. Mas há uma parte grande apta a trabalhar e que não trabalha, não gerando produção e impostos à sociedade.

Faço uma simples analogia com um condomínio. Imaginemos morar num edifício com 200 apartamentos. Pois bem, 61 apartamentos que deveriam e poderiam, não pagam o condomínio, e usufruem de toda a infraestrutura existente onerando os demais. Não pagam e não querem pagar.

É preciso ampla investigação nas causas existentes nestas 61 milhões de pessoas, e são distintas, mas está claro que uma parte capaz não está procurando trabalho pois está contemplada em programas assistencialistas, que cresceram muito nos últimos 20 anos. Se encontrar trabalho, perde algum tipo das inúmeras bolsas. Duplo prejuízo ao Brasil, pois perde-se um trabalhador e mantém-se o gasto com a bolsa.

Há tempos queria trazer este aprendizado em um texto, mas a motivação final veio de uma entrevista em VEJA (20/04/14) com George Osborne, ministro das Finanças da Inglaterra, que assumiu em 2010 tendo que cortar o gasto público, pois herdou de seus antecessores do partido trabalhista um déficit orçamentário de 11% do PIB.

Quando perguntado se os cortes de benefícios sociais podem ser bons no longo prazo, disse:


“Eu acredito em um estado de bem-estar social que apoie os necessitados. Ou seja, os deficientes físicos, os idosos e as pessoas que não conseguem encontrar um novo emprego. No Reino Unido, porém, os incentivos sociais se tornaram um equivoco completo. Às vezes, o cidadão ganha mais dinheiro ficando em casa e recebendo seguro-desemprego e outros benefícios do que se decidir trabalhar. Como resultado, o número de famílias de desempregados estava aumentando. A reforma do sistema de bem-estar social é uma parte importante do programa deste governo, e não apenas porque permite economizar dinheiro público, mas porque encoraja as pessoas a procurarem emprego. Trabalhar é a melhor forma de sair da pobreza. Desde que começamos a reformar os programas assistenciais, o número de famílias desempregadas caiu ao menor nível nos últimos vinte anos”.

Abro um parênteses neste texto sobre o trabalho para externar uma opinião de que passamos por uma perda de valores morais e sociais, de ética e de transparência.

Parece que as pessoas perderam a vergonha e acham normal viver às custas dos demais. Tenho dito que parte da nossa sociedade parece passar por um processo de “vagabundização”, onde o importante, o correto, o almejado é depender do Estado, da sociedade, seja pendurados desnecessariamente nas inúmeras bolsas, ou nos milhares de cargos da estrutura Federal, Estadual e Municipal do enorme e ineficiente Estado brasileiro.


George Osborne: “Às vezes, o cidadão ganha mais dinheiro ficando em casa e recebendo seguro-desemprego e outros benefícios do que se decidir trabalhar” (Foto: Jon Super/AP)

Me parece que nossa sociedade não se choca mais com o fato, absolutamente anormal, das pessoas saírem de cargos públicos e irem para a cadeia.

A vagabundagem, a corrupção e o assalto ao bem público atingiu patamares incríveis e uma aceitação na sociedade, nas organizações estudantis, como nunca tinha visto.

O patrimônio do país vem sendo dilapidado, destruído aos nossos olhos, sob uma indignação “homeopática” da sociedade. Nunca imaginei que chegaríamos a este nível de tolerância generalizada.

Finalizando o aspecto da quantidade do trabalho, precisamos resgatar o principio de Osborne, pois é o trabalho que deve fazer a pessoa sair da pobreza, portanto é necessário que revisemos imediatamente os programas assistencialistas no Brasil, para que ele fique apenas onde é estritamente necessário, visando ofertar mais quantidade de mão de obra. Converter quem tem capacidade, mas está parado, acomodado, em força produtiva para o país.

O segundo aspecto é a qualidade e custo do trabalho. » Clique para continuar lendo e deixe seu comentário

Ventos de mudança: o começo do fim do PT

25/04/2014
às 11:25 \ 


O Brasil quer ser a próxima Venezuela?


No Brasil as coisas são assim: leva muito tempo até a ficha cair. Mas um dia ela cai! É o que parece estar acontecendo quando se trata do PT e seu discurso de “nós contra eles”, tentando monopolizar a ética. Parece até piada de muito mau gosto logo o PT falar de ética, o partido mais corrupto de todos. Mas até bem pouco tempo atrás essa falácia colava.

Em sua coluna de hoje na Folha, Reinaldo Azevedo lança um prognóstico otimista: o PT começou a morrer. Justamente porque essa blindagem que o partido usa, de demonizar qualquer crítico de sua gestão como se fosse inimigo do país, rompeu-se. Chega a ser ridículo alguém apelar para essa tática hoje. Como diz Reinaldo, “Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo”. Ele acrescenta:

Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.

A arte de demonizar o outro, de tentar silenciá-lo, de submetê-lo a um paredão moral seduz cada vez menos gente. Ao contrário: há uma crescente irritação com os estafetas dedicados a tal tarefa. Se, antes, nas redes sociais, as críticas ao petismo eram tímidas, porque se temia a polícia do pensamento, hoje, elas já são desassombradas. E se multiplicam. Os blogs sujos viraram caricatura. A cultura antipetista está em expansão. E isso, obviamente, é bom.

Como o próprio Reinaldo reconhece, isso não é o mesmo que prever a derrota nas urnas em outubro. Está mais para uma “agitação das mentalidades” que, segundo o autor, “costuma anunciar as mudanças realmente relevantes”. É o que tenho chamado de ventos de mudança, claramente perceptíveis em todo lugar.

Há um clima novo no ar, e cada vez mais gente tem coragem de sair da toca e criticar o modelo ou o método petista. O senso de moralidade vem despertando muitos que hibernavam antes. A crise venezuelana ajudou, ao mostrar o destino final do país caso nada seja feito para impedir o “projeto” do PT.

Fernando Gabeira, em seu artigo publicado hoje no Estadão, foi por uma linha parecida, ao alertar que os petistas ainda sonham com uma onipotência que não existe e cuja sensação era derivada da bonança econômica. Diante da realidade cada vez menos favorável, o PT tenta controlar os fatos e eliminar a oposição. Diz Gabeira:

Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo “deixa conosco que a gente resolve na conversa”. Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.

Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.
[...]
Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.

Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.

Não é possível enganar todos o tempo todo. É verdade que o PT distribuiu muito dinheiro – nosso – para comprar apoio. Também é verdade que sempre contou com uma narrativa messiânica disseminada por nossos “intelectuais” de esquerda. Mas há uma clara fadiga do poder. O choque de realidade é brutal. O PT é um fracasso econômico e um fracasso ainda maior na ética.

Não será possível se proteger de tantos escândalos e tanta incompetência apelando para sempre ao fator ideológico ou demonizando seus críticos. Essa estratégia hipócrita engana cada vez menos gente. São os ventos de mudança, que anunciam o começo do fim dessa seita chamada PT…

Rodrigo Constantino

A neutralidade da internet funciona?

25/04/2014
às 10:10 \ 





O Marco Civil da Internet foi aprovado pelo Senado, e um dos pontos mais relevantes foi a definição da “neutralidade da rede”. Significa que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade. É uma filosofia que prega basicamente a democracia na rede, permitindo assim acesso igualitário de informações a todos, sem quaisquer interferências no tráfego online.

Mas o livre mercado tende a funcionar bem justamente por não ser “democrático”, nesse sentido igualitário de todos receberem o mesmo tratamento independentemente do consumo. Faz parte de qualquer negócio discriminar seus clientes, reconhecer que há um grupo mais fiel e que consome mais, merecendo, portanto, tratamento preferencial. As milhas aéreas seguem claramente esse princípio, e os clientes “gold” gozam de certos privilégios.

editorial publicado nesta quinta no Financial Times argumenta justamente que a tendência nos Estados Unidos tem sido de rever a neutralidade da rede. O FT defende que os provedores de Internet tenham o direito de criar uma “fast lane” na web, análogo ao “fast pass” dos parques de diversão (um “fura-fila” oficial para quem paga mais). Quem consome mais, deveria ter certas vantagens, até para estimular o investimento nas redes.

O jornal britânico argumenta que a Internet de hoje é muito diferente de quando foi criada, e que seus fundadores não poderiam ter antecipado o tráfego enorme atual. Vários serviços como video-on-demand, jogos online e videoconferência competem com serviços mais básicos, como enviar um email. As redes acabaram ficando congestionadas.

Os provedores de Internet alegam que, por causa do aumento do congestionamento, a neutralidade da rede não mais funciona. Podemos pensar no congestionamento do trânsito: a decisão “democrática” é o racionamento, ou seja, há um revezamento com base no conceito igualitário, como a placa, e todos sofrem juntos. Ou nem todos, pois os mais ricos podem ter mais de um carro.

Locais como Cingapura, porém, adotaram mecanismos diferentes, de mercado, onde o proprietário paga mais para ter acesso a vias menos congestionadas. Nos Estados Unidos esse modelo já foi adotado também. Pode-se argumentar que isso favorece os mais ricos de forma desproporcional, mas além de quase tudo na vida ser assim, é preciso lembrar que o preço é feito pela preferência marginal.


O dono do jatinho é muito mais rico que os usuários de um jumbo, mas este tem vantagem na hora de negociar a compra de “slots” nos aeroportos, por conta do volume. O mesmo vale para os carros e ônibus. Na Internet, podemos pensar em empresas como a Netflix, que negociando em nome de milhões de clientes, teriam mais poder de barganha do que um milionário qualquer com sua rede particular.

Os provedores utilizam exatamente esse exemplo: se pudessem cobrar valores discriminados, teriam como oferecer serviços mais confiáveis para empresas como Netflix ou Skype, investindo mais nas redes graças ao aumento da receita. Essa semana a FCC (Federal Communications Commission) deve propor mudanças favoráveis aos provedores, permitindo que ofereçam acessos diferenciados se feitos em termos “comercialmente razoáveis”.


Ao mesmo tempo, o FCC deve introduzir medidas compensatórias para preservar uma Internet aberta. Os provedores ficariam impedidos de bloquear ou reduzir deliberadamente o acesso de qualquer site legal, e teriam de melhorar a transparência sobre a velocidade da banda que fornecem também. Essas questões merecem ainda mais atenção em países menos desenvolvidos, como o Brasil, porque os provedores atuam em situação de menos concorrência.

São medidas controversas, mas que deveriam servir como reflexão para nós, uma vez que o Brasil acaba de aprovar seu Marco Civil da Internet contando com a neutralidade da rede. Há um claro trade-off aqui: os provedores só vão investir mais na banda se puderem extrair receita extra disso, o que aconteceria se pudessem cobrar valores diferentes para tráfegos maiores.

No mercado é assim que as coisas funcionam: quem deseja ter um serviço ou produto melhor, deve pagar mais por isso. Alguns andam em BMWs e outros no metrô ou no ônibus. Não há nada de errado com tal conceito. Ao contrário: é ele que permite a constante busca por excelência, assim como uma oferta variada para atender diferentes nichos de demanda. O “igualitarismo democrático” pode acabar sendo sinônimo de resultado medíocre para todos. 

Eis como o editorial do FT conclui a questão:

Uma internet que permaneça completamente neutra acabará por ser frustrante. A FCC deve agora se concentrar em como incentivar a inovação e o investimento que são críticos se a web pretende ser bem sucedida nos próximos 25 anos, como tem sido no último quarto de século.


Rodrigo Constantino

Bernardinho: “Valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive”

25/04/2014
às 10:31 \


Fonte: Folha


Em entrevista a Folha, Bernardinho falou de política e de seus dissabores com o ambiente permissivo e sem ética do nosso país. Seguem alguns trechos:

Como você avalia a atual situação da cidade olímpica?

A crítica é muito mais ampla do que à cidade olímpica ou o país da Olimpíada. É um país sem prioridades, é um país sem planejamento, onde nada é respeitado. Orçamentos não são respeitados, os prazos não são respeitados e não há prioridade. Meu dissabor e minha frustração é com o país, não especificamente com uma coisa que para mim é muito importante mas quando pensamos em país ela é quase irrelevante. Temos coisas sérias e importante a criticar e tentar mudar.

Como o quê, por exemplo?

Primeiramente no que diz respeito à ética, valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive. Segundo é estabelecer prioridades e trabalhar por elas. Aqui tudo é possível. A permissividade é absoluta. A Copa está a 50 dias e temos o que temos, a Olimpíada a dois anos e é aquela história de dar um jeito depois. Um projeto onde você tem todos os níveis de governos mais a iniciativa privada é algo que, no nosso país, é quase que inadministrável. Difícil você conseguir organizar isso tudo, não é simples o processo, me preocupo com isso mas me preocupo com o país. É um país que precisa dar uma guinada no que diz respeito ao seu futuro. Se não, vai continuar essa história de futuro, futuro, futuro e o futuro não acontece. A gente vê as coisas se degenerando em todas as áreas.

A organização da Copa e da Olimpíada…

São reflexos do país que nós vivemos. Mal organizado de cima a baixo. E se de cima você não tem o exemplo, debaixo você não tem a resposta correta.

É isso que fez você entrar na política?

Tive esse convite. Nunca pensei ou imaginei. Um projeto, algo que eu possa participar no executivo, no sentido de ajudar naquilo que eu tenho conhecimento: OK. Claro, às vezes as pessoas, no momento que vive o Brasil, buscam um salvador. Longe de eu ser salvador ou ter conhecimento político para transformar o país. Mas precisamos de pessoas do bem, pessoas competentes que vejo por aí e poderiam mergulhar um pouco mais nisso e transformar. Mas as pessoas vão se afastando porque é um ambiente onde não há conforto e tranquilidade para trabalhar. O ambiente político, hoje, não inspira as pessoas. Não confio em rótulos, mas em pessoas. E temos que tentar dar forças para elas para termos representantes legítimos. Não sei se não tenho a coragem ou a capacidade para estar lá. Me faltou um pouco disso tudo para realmente abraçar essa história quando o convite foi feito. No futuro, me preparando um pouco mais, em uma oportunidade mais adequada, eu poderei pensar com mais calma.

Você vai apoiar publicamente candidatos ao governo e à presidência? Já está decidido?

Pretendo, no momento correto vou a público dizer. Como cidadão, apoio uma mudança. Vou apoiar claramente as pessoas. Governador não tenho candidato ainda. Vamos aguardar o que virá pelo Rio de Janeiro. Para presidente, muito claramente vou apoiar o Aécio [Neves]. Sou um liberal, acredito que as coisas possam caminhar por aí.

Como muitos sabem, cheguei a escrever uma carta aberta ao técnico de vôlei, pedindo que ele aceitasse o convite do PSDB para ser candidato ao governo carioca. Até porque, convenhamos, se a preocupação é com a falta de ética, então nós estamos fritos aqui no Rio!

Entendo seus motivos pessoais para a recusa. Política, ainda mais no Brasil, não é para qualquer um, muito menos para amadores com ótimas intenções. A chance de se decepcionar ou sofrer ameaças de morte por tentar fazer as coisas de maneira correta é grande. As famílias pagam um preço alto demais.

Dito isso, espero que Bernardinho mude de ideia e vá para a política em breve. O Brasil precisa de gente séria e capaz na política. Como disse certa vez Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), com ironia: “Ou restaura-se a moralidade, ou nos locupletemos todos!” Prefiro crer que ainda é possível restaurar a moralidade…

Rodrigo Constantino

O mais novo guru das esquerdas é apenas um marxista com nova embalagem


26/04/2014
às 9:49 \ 


Várias pessoas começaram a perguntar que se eu já tinha lido o livro Capital in the Twenty-First Century, do francês Thomas Piketty, a nova sensação das esquerdas. O livro e o autor atacam o modelo capitalista, disfarçando o ataque sob o manto da “reforma”, mas já começam aderindo às leis de mercado: o preço do livro na Amazon, versão eletrônica, é o dobro dos preços normais.

Li alguns textos e resenhas sobre o livro, mas confesso que ainda não mergulhei em suas 600 páginas. Talvez o faça, pois são ossos do ofício. Mas Eurípedes Alcântara, editor de Veja, poupou meu trabalho. A resenha que publicou na revista esta semana resume bem a ideia que eu já tinha feito da obra: o velho marxismo com roupagem nova. Como trata-se de alguém cujo julgamento confio, acredito que a leitura em si não irá me agregar muito mais.

Segue um trecho da resenha:


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A principal proposta concreta que os esquerdistas adoraram no livro foi justamente o imposto de 80% sobre os mais ricos. Há que ser muito ingênuo e leigo em economia, ou muito movido pela inveja, para acreditar que algo assim funciona para melhorar o mundo. É o tipo de ideia parida por alguém que deseja atacar mais os ricos do que ajudar os pobres.

O que os esquerdistas não engolem é o fato de que o capitalismo, em ambiente de livre concorrência, tende a criar riqueza (sim, ela precisa ser criada), o que beneficia a todos, inclusive os mais pobres. A falácia de quase todos os anticapitalistas é partir da premissa de que economia é um jogo de soma zero, com riqueza estática, e que, portanto, José só é rico porque Pedro é pobre. Nada mais falso!

Os igualitários, ao desejarem um resultado igual para todos, acabam defendendo modelos que não só matariam a galinha dos ovos de ouro, ou seja, a criação de riqueza geral, como levariam a um autoritarismo brutal. Somente uma ditadura imposta de cima para baixo poderia garantir algo perto de uma igualdade de resultados, e nem isso, pois a classe no poder sempre teria mais privilégios e recursos.

No mais, como diz Eurípedes, “A desigualdade não é invenção capitalista. Ela foi mais profunda e cruel nas eras que precederam o capitalismo”. É o capitalismo que cria a oportunidade para que uma pessoa pobre e humilde, um “self-made man”, como os americanos gostam de dizer, saia da pobreza e fique rico. A mobilidade social é menor em países menos capitalistas e mais estatistas.

Em resumo, o livro parece requentar uma velha ideia marxista, que sempre encontra adeptos pois os conquista pelas emoções, e não pela razão. “O espantoso é que esse tipo de argumentação ainda tenha poder de sedução”, escreve Eurípedes. Discordo. Não acho nada espantoso, pois sempre haverá inveja no mundo, paixão mesquinha, como dizia Mill, mas parte da natureza humana. E enquanto houver inveja, haverá alguém a embalando em forma de ideologia que, no fundo, serve apenas para atacar os mais ricos.

Piketty não se considera socialista nem comunista, mas um reformador do capitalismo. Balela. O capitalismo, ao contrário do socialismo, não foi parido por pensadores no conforto de seus escritórios. É um modelo sem paternidade, sem inventor ou fundador. Adam Smith se prestou a descobrir algumas coisas sobre seu funcionamento. 


Mas capitalismo é uma formação espontânea, de baixo para cima, o que incomoda muito economista arrogante, que adoraria controlar tudo e todos.


Um amigo meu filósofo, Mário Guerreiro, costuma brincar que por trás de toda ideia absurda há um francês. É daquelas piadas com um fundo de verdade. Um fundo grande. Basta pensar quantos ditadores comunistas foram estudar na França antes de regressar a seus países e destruí-los. O próprio iluminismo francês foi o pior deles, bem mais arrogante e racionalista do que o britânico, parindo uma revolução que acabou no Terror e em uma ditadura.

Thomas Pekitty, a sensação do momento, não fugirá a esta regra. Uma vez mais, pensadores franceses colaboram para disseminar equívocos ideológicos mundo afora. Uma lástima para um país charmoso que já teve pensadores como Tocqueville, Bastiat, Jean-François Revel, Guy Sorman, Alain Peyreffite, Raymond Aron, entre outros.

Rodrigo Constantino

Lula é Dilma é Lula: a campanha do “Volta, Lula” é apenas briga interna de poder

26/04/2014 às 12:00


Ambos, Lula e Dilma, representam a mesma essência: o vermelho do bolivarianismo.

A campanha do “Volta, Lula”, instigada pelos próprios petistas insatisfeitos com o governo Dilma, tem criado um racha no PT que pode custar caro ao partido: as próprias eleições. A reportagem de capa da revista Veja desta semana mostra justamente como as intrigas, ameaças e traições na disputa de poder no PT podem colocar em risco a reeleição da presidente Dilma (se Deus quiser, e há de querer se for mesmo brasileiro!).

O grande marco dessa disputa interna se deu quando o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, em entrevista ao Estadão, disse em tom de ameaça que Dilma deveria assumir sua responsabilidade na compra de Pasadena, o maior escândalo da estatal no momento. Gabrielli é da turma ligada ao ex-presidente Lula, e por isso se sentiu à vontade para colocar a presidente contra a parede.

Dilma era do PDT, nunca teve a alma petista. Mas como política foi o “poste” criado por Lula, e deve sua eleição totalmente a ele. Gostaria de ter dado uma cara própria à sua gestão, mas erro atrás de erro fez com que as máscaras fossem caindo. Quem é Dilma? Gestora eficiente? Faxineira ética? Nada disso se sustenta mais. E com a economia patinando, os escândalos de corrupção aumentando, e o PT fragilizado, ganhou corpo o movimento antagônico à Dilma dentro do próprio partido.

No fundo, há um claro desespero dos petistas em perder tanta boquinha, apenas isso. São 18 ministérios e um orçamento de R$ 1,2 trilhão, além de mais de 22 mil cargos comissionados. Eis o que está em jogo. A ala mais pragmática do PT, ciente disso, deseja preservar a união. Mas a “banda podre” (entre aspas, pois creio que o PT todo seja uma grande banda podre) partiu para a briga, receosa de ter de pagar o pato para salvar o conjunto.

Além da briga interna de poder, a campanha do “Volta, Lula” conta com o apoio de muitos empresários, pois julgam que Lula era mais pragmático e menos ideológico. Demétrio Magnoli, em sua coluna de hoje na Folha, toca no assunto, rebatendo tal crença e lembrando que, no fundo, Dilma é Lula, apesar de algumas diferenças mais cosméticas do que estruturais.

O grande empresariado pode achar que Dilma é menos flexível nas suas demandas, e que Lula tinha mais “habilidade política”, mais jogo de cintura e uma disposição maior a ouvir as reclamações do “mercado”. Mas o que não pode ser ignorado é que muito ou quase tudo do que o governo Dilma fez de errado tem suas raízes no governo Lula, ou seja, Dilma representa a continuidade, e não a ruptura do legado de Lula.

Diz Magnoli: ”Dilma é Lula no sentido bem preciso de que, nos momentos cruciais, a prerrogativa de decidir repousa nas mãos do presidente de facto”. Todos os grandes equívocos desenvolvimentistas já tinham sido plantados por Lula. Como afirma o sociólogo, Lula nunca saiu, e ambos, Lula e Dilma, concordam com isso.

Por essas e outras o “Volta, Lula” não passa de uma briga interna de poder. Aécio Neves é que está certo quando diz que não importa quem seja o candidato do PT, pois o que deve ser derrotado é o modelo petista, esse que claramente fracassou. Lula é Dilma é Lula: diferenças e nuanças à parte, a essência é a mesma, e é dessa que o Brasil precisa se livrar de uma vez por todas se pretende prosperar.

Rodrigo Constantino

Demetrio Magnoli: Controle-se, Mino!


Estimado Mino Carta:


Desde que registrei, neste espaço, os textos de bajulação sistemática da ditadura militar publicados sob a sua direção na revista “Veja”, em 1970, você dedicou-me dois editoriais, que apareceram em edições sucessivas de “CartaCapital” (4/4 e 11/4). São peças verborrágicas, odientas, patéticas. Compreendo seu tormento, mas creia-me: estou do seu lado. Esclarecendo a verdade factual, liberto-o do fardo de ocultar seu passado.

Os editoriais trouxeram-me à mente o sarcástico ensaio “A arte de ter razão”, escrito por Schopenhauer em 1831. Nele, o filósofo enumerava as técnicas polêmicas vulgares destinadas a circundar um problema -e também ensinava a arte da refutação. Leia-o -ou, se preferir uma síntese didática, veja a “pirâmide do desacordo” de Paul Graham. Seus editoriais circulam nos níveis inferiores da “pirâmide”: o xingamento e o ataque “ad hominem”. Num voo mais alto de um único parágrafo, o segundo deles atinge o medíocre nível intermediário: a contradição (você afirma, contra provas documentais, que não bajulou a ditadura). Entendo: a refutação é, no caso, impossível.

O tal parágrafo diz que a bajulação era de brincadeirinha -uma ironia genial do herói da resistência. Mino, Mino, aí está o “argumento” perfeito para todos os jornais que, em momentos e países diferentes, bajularam os tiranos! Mas leia novamente, na minha coluna de 5/4, o que você escreveu e assinou. É a narrativa histórica completa fabricada pelo regime militar, que Médici enunciava e você repetia -a mesma que Bolsonaro ainda repete hoje. Brincalhões, esses dois aí, não?

Você brincou sem parar, naqueles anos. São edições e mais edições da “Veja” consagradas à puxação de saco explícita (não exagero, convenhamos: o acervo digital da revista está à distância de dois cliques do mouse de qualquer um). Na edição de 1º/4/1970, deparo-me com uma longa “ironia”: a reportagem de capa “Os militares”. São seis páginas dedicadas à apologia do poder militar que poderiam ter sido escritas pela assessoria de imprensa de Médici. Na edição de 4/2/1970, à página 25, encontro uma “ironia” breve: a manufatura de um álibi para os torturadores e o elogio da Oban. Desculpe-me, Mino, mas cito entre aspas.

O álibi: “(...) policiais e militares também sabem agora evitar melhor os erros. As notícias de prisões e confissões de terroristas não são mais anunciadas com tanta pressa, como antes. (...) A tática é não fornecer ao inimigo informações preciosas que lhe permitam (...) a recomposição de seus esquemas antes de qualquer ação repressiva”. Dá vontade de vomitar, não, Mino? A “tática”, você sabia muito bem (até eu sabia, aos 11 anos!), tinha outra finalidade: gerar a “janela da tortura”, um intervalo apropriado antes que as “informações preciosas” chegassem a entidades de defesa dos direitos humanos.

O elogio: “Na semana passada, a Organização Bandeirante, que coordena o combate ao terror em São Paulo, divulgou todo o trabalho feito para desarticular (...) grupos terroristas. Foi uma notícia dada em momento oportuno, tranquilizando o povo e, ao mesmo tempo, evitando prestar serviço ao terrorismo”. Vontade de vomitar, Mino.

Você não escreveu, diretamente, essas reportagens “brincalhonas”. Mas, segundo seu próprio depoimento, dirigia a revista com plenos poderes e seus patrões só a liam depois de impressa. Você recomendou as reportagens repulsivas na Carta ao Leitor. Compreendo seu descontrole.


Hoje, contorcendo-se na jaula dos níveis inferiores da “pirâmide de Graham”, você (justo você!) cobra críticas minhas ao apoio prestado pela Folha ao regime militar. Já o fiz, duas vezes, mas atenção: nunca editei a Folha; apenas escrevo colunas de opinião. Você é quem deve achar um modo de viver com seu passado. Quanto a mim, nesses tempos de Comissão da Verdade, tento ajudá-lo. Sério.

Fernando Gabeira: Bom dia, Cinderela


As pesquisas eleitorais recentes mostram Dilma Rousseff em queda. Quando se está caindo, a gente normalmente diz opa!. Não creio, porém, que Dilma vá dizer opa! e recuperar o equilíbrio. Além dos problemas de seu governo, ela é mal aconselhada por Lula nos dois temas que polarizam a cena política: Petrobrás e Copa do Mundo.

São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena. Lula, no entanto, não acredita nas evidências, mas nas versões. Se o seu conselho é partir para a ofensiva quando se perdem quase US$ 2 bilhões, a agressividade será redobrada quando a perda for de US$ 4 bilhões e, se for de US$ 6 bilhões, o mais sábio será chegar caindo de porrada nos adversários antes que comecem a reclamar.

Partir para a ofensiva na Copa do Mundo? Não é melhor deixar isso para os atacantes Neymar e Fred? Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa.

O governo acha que sufoca as evidências. O próximo passo desse voluntarismo é controlar as evidências. O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas. E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.

Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.

Desde o mensalão até agora o PT decidiu brigar com os fatos, e isso pode ter tido influência na queda de Dilma nas pesquisas. O partido foi incapaz, embora figuras como Olívio Dutra o tenham feito, de reconhecer seus erros. Está sendo incapaz de admitir os prejuízos que sua política de alianças impôs à Petrobrás ou mesmo que a Copa do Mundo foi pensada num contexto de crescimento e destinava-se a mostrar nossa exuberância econômica e capacidade de organização a todo o planeta. Gilberto Carvalho revelou sua perplexidade: achava que a conquista da Copa seria saudada por todos, mas as pessoas atacaram o governo por causa dela.

Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo "deixa conosco que a gente resolve na conversa". Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.

Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.

A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados, pois o controle é um objetivo permanente. Tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História. Felizmente, a História não se faz com líderes que preferem partir para cima a dialogar diante de evidências negativas, tanto na Petrobrás como na Copa ou no mensalão. Nem com partidos incapazes de rever sua tática diante de situações econômicas modificadas.

Dilma, com a queda continuada nas pesquisas, sai da área de conforto e cai no mundo em que os candidatos dependem muito de si próprios e não contam com vitória antecipada pelo peso da máquina. Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste. Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais. Com a máquina do Estado, o prestígio de Lula, muita grana em propaganda e na própria campanha eleitoral, o governo tem um poderoso aparato para enfrentar a realidade. Mas essa abundância de recursos não basta. Num momento como este no País, será preciso horizonte, olhar um pouco adiante das eleições e estabelecer um debate baseado no respeito às evidências.

Esse é um dos caminhos possíveis para recuperar o interesse pela política. No momento, a resposta ao cinismo é a indiferença com forte tendência ao voto em branco ou nulo. Embora a oposição também seja parte do jogo, a multidão que dá as costas para a escolha de um presidente é uma obra do PT que subiu ao poder, em 2002, prometendo ampliar o interesse nacional pela política, mas conseguiu, na verdade, reduzi-lo dramaticamente. Para quem se importa só com a vitória eleitoral, essa questão da legitimidade não conta. Mas é o tipo de cegueira que nos mantém no atraso político e na ilusão de que adversários são inimigos. O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.

Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.



Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.

Sei não, mas estou achando que falta um pouco de bom humor nos nossos “intelectuais” de direita - os esquerdopatas são casos perdidos.



Um artigo irônico e bem humorado de Luiz Felipe Pondé, publicado na Folha, anda causando um certo alvoroço pelaí porque a moçada resolveu levar a sério, como se tivesse cabimento uma suposta dificuldade dos jovens direitistas “pegarem mulher” ser coisa séria.
Luciano Henrique, por exemplo, no seu blog Ceticismo Político, foi um deles:

“Luiz Felipe Pondé escreveu um texto que mistura tanto um lapso de ironia como um amontoado inaceitável de ingenuidade e até estupidez. O tema? O potencial de pegar mulher que discursos de direita e esquerda possuem. ‘Por uma direita festiva’ foi publicado em 21 de abril na Folha de São Paulo. O maior ponto de irritação por parte da direita se deve ao fato de Pondé usar várias falácias para dizer algo como: ‘Meu oponente ideológico pega mais mulher do que eu’.”

E segue fazendo uma análise interminável sobre as abobrinhas de Pondé no artigo, que, diga-se de passagem, é irrelevante como conteúdo, embora engraçado e agradável de ler - tanto que nem o reproduzi antes, como costumo fazer com o que Pondé escreve, no meu outro blog reservado aos artigos que considero importantes. E foi exatamente esse o objetivo do “filósofo” ao escrevê-lo, embora não tenha perdido a viagem ao dar uma cutucadas na esquerda festiva.

A título de curiosidade vai um trecho do comentário de Noemi Jaffe, da esquerda alvoroçada, doutora em literatura brasileira pela USP, em artigo também publicado na Folha: 

“O colunista acredita se valer de falas pretensamente engraçadas, que na sua cabeça reproduzem o discurso de uma esquerda pasteurizada, para novamente ridicularizar quem se preocupa com a fome na África. Seria desperdício exemplificar outras falas da suposta esquerda que o colunista, cafona e infantilmente, procura reproduzir.

Gostaria de discutir a leviandade do tratamento jocoso às ideias de ‘fazer o bem’ e ‘querer um mundo melhor’, tratadas como típicas de uma esquerda cujo maior desejo é ‘pegar mulher’. Parece que esses pensamentos nunca passariam de inocência ou demagogia disfarçada, em sua visão pretensamente schopenhauriana, machadiana ou rodrigueana de alguém cuja maturidade filosófica o levou a saber que nada nunca muda para melhor.”

Esses não têm jeito mesmo. Não sabem interpretar nem letra de funk. 

Quem quiser ler o artigo em discussão, “Por uma direita festiva”, é só clicar.

A pergunta que não quer calar: qual a proposta do doleiro Yousseff para a Funcef?


O doleiro Youssef e o primo André Vargas de olho em mais de R$ 50 bilhões do fundo dos funcionários da Caixa. O Brasil quer saber: qual era a proposta? Será que algum outro fundo não aceitou a mesma?

A Funcef, fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, divulgou nota nesta sexta-feira (25) em que diz que o diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da entidade, Carlos Borges, recebeu o doleiro Alberto Youssef para uma reunião a pedido do deputado André Vargas (PT-PR). Youssef foi preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal, suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro em todo o país. As denúncias de relação entre Vargas e Youssef motivaram o deputado a pedir afastamento do mandato.

Relatório da Polícia Federal sobre as mensagens trocadas entre o doleiro e o deputado André Vargas indica que a rede de contatos deles chegava à Funcef. Por mensagem, Youssef pergunta se pode falar em nome de Vargas em uma reunião na fundação. O deputado responde que sim. A PF relata que o contato de Vargas no Funcef era Carlos Borges. Vejam a nota da FUNCEF:

"Nota de Esclarecimento - 25/04/2014

Sobre as matérias veiculadas na imprensa, citando a FUNCEF e o Diretor Carlos Borges, temos os seguintes esclarecimentos:

1. O Diretor Carlos Borges não conhecia o Sr. Alberto Youssef, mas o recebeu, na qualidade de empresário, a pedido do Deputado André Vargas.

2. No encontro, o empresário apresentou proposta de investimento à FUNCEF. Entretanto, identificamos que o investimento proposto não se adequava à política de investimentos da Fundação, momento em que foi prontamente descartado.

3. Faz parte da rotina e atribuições dos Diretores, Gestores e Técnicos da Fundação atender gestores, empresários, consultores e técnicos de empresas e bancos para apresentarem seu portfólio de produtos e projetos para análises e possíveis parcerias com a Fundação. Este processo é disciplinado por normativos internos e legais que envolvem criteriosas avaliações econômico-financeiras, riscos, conformidade, jurídica, estratégia e governança, com emissão de pareceres técnicos das diversas áreas da Fundação e amplo processo negocial que suportam deliberação pelos órgãos estatutários da FUNCEF.

4.  A FUNCEF não tem parceria, negócios ou está analisando qualquer projeto com empresas vinculadas ao Sr. Alberto Youssef.

5. O Diretor Carlos Borges conhece o Deputado André Vargas em razão das funções institucionais que ambos exercem.

Nos colocamos à disposição para os esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários.


Fundação dos Economiários Federais - FUNCEF."

André Vargas expulsa o PT de si mesmo. É o primeiro passo para a delação premiada?


 
 
Acaba de sair a notícia de que André Vargas, o deputado envolvido com o doleiro Youssef, pediu sua desfiliação do PT, mas continua deputado. Será esse o primeiro passo para uma delação premiada? Detalhes a seguir.

Da Folha Poder:

Pressionado pelo PT, o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) encaminhou carta nesta sexta-feira (25) ao diretório municipal de Londrina pedindo sua desfiliação do partido.

"Informo, ainda, que na data de hoje também realizarei a devida comunicação do meu desligamento do PT perante o Juzío Eleitoral da 146ª Zona Eleitoral de Londrina, por ser este meu local de inscrição, onde possuo domicílio eleitoral", diz a carta, encaminha à Folha pelo deputado.

O pedido para Vargas deixar o partido surgiu após o parlamentar desistir de renunciar ao mandato alegando necessidade de se defender no cargo contra o processo de cassação por ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.


Dilma vaiada no Pará.Ninguém aguenta mais o PT e a Dilma

.  Ninguém aguenta mais este governo corrupto, incompetente e arrogante, que acha que fazer um país é distribuir retroescavadeiras. Ninguém aguenta mais o PT e a Dilma.


Postado por O EDITOR às 23:17:00

1)Padilha continua "prestigiado" pelo PT.2)Jogo de cena: Padilha ameaça processar Vargas por ter sido usado na negociata da Labogen.


Sabem aquela expressão usada para técnicos de futebol, quando o presidente do clube diz que ele está "prestigiado" depois da derrota? Ela cai como uma luva para Alexandre Padilha (PT-SP), envolvido até o pescoço na negociata da Labogen com o doleiro Youssef e André Vargas, segundo a Polícia Federal. Padilha segue "prestigiado", até manchete em contrário. E, ao que parece, ela não demorará a chegar. A matéria abaixo é da Folha de São Paulo.

Apesar de comentarem nos bastidores que a ligação do nome de Alexandre Padilha às investigações da Operação Lava Jato representam um baque ao ex-ministro, petistas afirmam que a ordem é evitar declarações que sinalizem que o partido pretenda ªrifarº seu candidato ao governo de São Paulo.

Na conversas internas do partido, o discurso é que a situação é contornável caso não surja nenhum dado novo que possa atingir a imagem de Padilha. No Planalto, assessores avaliam que as suspeitas da Polícia Federal são fracas, sem nenhum indício concreto que possa inviabilizar a candidatura do petista em São Paulo.

Em outra frente, a ordem é afastar a presidente Dilma de qualquer debate e polêmica relacionados aos escândalos envolvendo o doleiro Alberto Youssef e suas conexões com petistas. Segundo assessores presidenciais, a estratégia é manter o caso longe do Planalto e passar a imagem de que o governo segue seu ritmo normal de administração.

Desse objetivo decorre a orientação interna de manter o atual ritmo intenso de viagens da presidente, visitando entre dois e três Estados por semana, uma recomendação do ex-presidente Lula para Dilma sair do noticiário negativo relacionado à Petrobras, uma crise que teve origem no próprio Planalto.

O debate com a oposição, segundo assessores presidenciais, deve ser travado por líderes petistas e, quando envolver diretamente o governo, por ministros. A presidente, do seu lado, pode até tocar nesses assuntos em suas viagens, mas sempre buscando mostrar que não atingem nem paralisam o governo.


Padilha ameaça processar Vargas por ter sido usado na negociata da Labogen.

Pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha disse ontem que seu nome foi usado indevidamente pelo deputado federal André Vargas (PT-PR) durante negociação com o doleiro Alberto Youssef e que está mentindo quem aponta seu envolvimento com supostas irregularidades no Ministério da Saúde.

"Se o senhor André Vargas usou meu nome em vão, se as pessoas citadas [no relatório da PF] usaram meu nome em vão, vou interpelar e esclarecer judicialmente isso. Não admito que meu nome seja usado em vão por qualquer pessoa", disse o petista em entrevista coletiva.

Um novo relatório da Polícia Federal sugere que o ex-ministro da Saúde indicou no ano passado um ex-assessor da pasta, Marcus Cezar Ferreira de Moura, para dirigir o laboratório Labogen, controlado por Youssef, que está preso desde 17 de março. A suspeita da PF é baseada numa mensagem enviada por Vargas ao doleiro, na qual o deputado dá o nome e o número do assessor e escreve: "Foi Padilha que indicou".

O ex-ministro disse que seus advogados pedirão acesso integral ao relatório da PF que cita seu nome e negou que tenha relações com Youssef ou feito indicações para o laboratório do doleiro. "Mente quem diz que indiquei Marcus Cezar de Moura para qualquer laboratório privado. Mente quem diz que existia ou existiria qualquer contrato do Ministério da Saúde com o Labogen durante minha gestão. Mente quem estabelece qualquer envolvimento meu com o doleiro."

O pré-candidato disse conhecer Moura, mas negou que o tenha indicado para qualquer função. Segundo Padilha, o assessor trabalhou "por três ou quatro meses" na assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, na área de coordenação de eventos.

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde recebeu projeto de parceria entre o Labogen, o laboratório da Marinha e outro laboratório privado, o EMS, para a produção de medicamentos. O projeto foi aprovado em dezembro e cancelado em março, antes que fosse assinado o contrato, após a Folha revelar a ligação do doleiro com o Labogen e os indícios de que Vargas atuou junto ao ministério para favorecer o laboratório.

Padilha afirmou que Vargas o procurou "mais de uma vez" para tratar do projeto e disse que encaminhou a proposta de acordo com o "fluxo normal do Ministério da Saúde", para análise da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Questionado sobre um possível abalo que o relatório da PF pode trazer à candidatura de Padilha, o presidente do diretório paulista do PT, Emidio de Souza, disse que "não se cogita" qualquer substituição.(Folha de São Paulo)