segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ME ENGANA QUE EU GOSTO-Ferreira Gullar



Bye Bye Amazonia e outros....

                                  Da boniteza à precisão

O dr. Mantega, no final desta semana, resolveu por de lado a varinha mágica e mudar de conversa. Vai deixar pra lá o papo “criativo” e cortar despesas como um bom menino, e coisa e tal...
Você poderia se perguntar se essa súbita conversão da área econômica de Dilma ao campo da verdade não será, ela própria, também uma mentira.
Claro que é. São, como sempre no caso das viradas para a boa direção ao longo de nossa história, mudanças pra inglês ver. A nossa sorte é que hoje em dia inglês vê antes e inglês vê mais.
A conversão de Dilma do desdém arrogante à sensibilidade prestimosa ao peso do julgamento internacional em véspera de eleição é uma sinalização fundamental, que nos diz duas coisas.
Primeiro, que a globalização existe, é principalmente a globalização das regras do jogo econômico, e tem sanções pesadas pra quem as viola.
Segundo que dona Dilma e seus índices descendentes estão balançando lá dentro do PT e ela está sem forças pra seguir “gerentonando” tudo do jeito que bem quiser e distribuindo coices nas partes pudendas de quem ousar discordar.
Menos mal? É. Mas a turma que sempre incentivou o sapo barbudo a pular por boniteza agora está dizendo que ele tem de pular por precisão...
 
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Delenda São Paulo

 
Haddad, o huno, diz que vai desapropriar 7 mil imóveis em SP para “construir” os 150 km de corredores de ônibus que prometeu.
É o remendo empurrado goela abaixo do contribuinte a preço de alta costura; a quebração-de-galho promovida a solução; o provisório transformado em permanente.
Com o PT é assim: primeiro entopem o povo de carros (e de dívidas); depois proíbem-no de usa-los. Os carros multiplicados e as ruas divididas, por dois.
São os unicos “urbanistas” do planeta a tirar os trens dos trilhos a que o resto da humanidade os confina pela mais óbvia e elementar razão de lógica e de segurança, e coloca-los nas ruas, em luta corporal contra automóveis, bicicletas e pedestres.
 
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Está lá?

 
A telefônica que o Lula mandou fazer para os seus sócios portugueses do mensalão (veja matéria aqui) – a Oi, que já foi Telemar, aquela que deu 5 milhas de presente pro Lulinha – está se dissolvendo.
Afogada em dívidas monumentais, vai se transformar em mais um “nunca antes na história deste planeta”: será a unica companhia de telefonia celular do mundo sem nenhuma torre de transmissão. Pôs a venda as ultimas duas mil que lhe restam e mais todos os imóveis da companhia.
Mesmo assim não vai bastar. E como a alma do negócio em organizações mafiosas é il capo di tutti capi reconfirmar até à morte que não esquece, nem de quem lhe tenha sido fiel, nem de quem lhe tenha sido infiel, Lula convocou a Previ, a Petros e a Funcef e enfiarem 600 milhões naquela arapuca e o BNDES (nós outros, os contribuintes) a queimar outros 700 milhões para mante-la em pé.
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Solução final

 
A Receita Federal quer acorrentar a bola de ferro que impede a indústria nacional de sobreviver à competição estrangeira também aos pés dos “escravos” fugidos do Brasil.
A MP 627 determina que as empresas brasileiras que produzem em filiais fora do país com menos de 36% de imposto sobre o resultado paguem aqui a diferença entre essa porcentagem e o que lhes cobram lá fora.
No way out. Só emigrando mesmo...
 
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Amor bandido

 
Dona Dilma anuncia que o Brasil vai fazer duas hidrelétricas em consórcio com a Argentina.
Vão juntar uma estatal de cá – a Eletrobrás – a uma estatal de lá – a Ebisa – para erguer duas hidrelétricas sobre o Rio Uruguai.
Não tem jeito; quanto mais a Cristina bate mais a Dilma gama.
Imagine a festa dos empreiteiros! Imagine a festa dos concessionários!
Agora, kilowatt mesmo que é bom, vai ser "padrão Mercosul": depois de pagar a festa, você vai ter de renegociar um por um com “los amigos” cada vez que pensar em acender a luz.
 
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Bye, bye Amazônia

 
Manaus bateu Belo Horizonte e já é o terceiro município do Brasil em geração de empregos, depois de SP e RJ.
Vocês se lembram que entre as milhares de coisas que o PT já foi e deixou de ser estava “ser verde” quando isso era uma atitude “progressista” que servia como uma luva para sabotar todo e qualquer plano sério de desenvolvimento do Brasil?
Pois é...
Agora que dona Dilma vai eternizar a Zona Franca de Manaus do Zé Sarney (sim, ela continua sendo propriedade privada onde não se entra sem a assinatura dele) e construir aquelas hidrelétricas desastrosas todas que já encheram tanta gente de bilhões por lá, imagine o que vai virar.
Se o “pulmão do mundo” já foi empurrado até o canto em que está hoje só na moto-serra e na lamparina, imagine daqui pra frente...
 
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Confraternização pelo esporte

 
Dona Dilma anunciou anteontem que vai mandar 1400 soldados do Exército para cada cidade sede da Copa do Mundo com ordens de manter sob mira os manifestantes “contra”.
Vai ser uma Copa sob estado de sítio, como convém a uma festa de congraçamento internacional pelo esporte, mais uma inovação do petismo que “nunca antes na história deste planeta”...
fernaslm 24 de fevereiro de 2014 vespeiro
Lorotas políticas e verdades efêmeras

NO PALANQUE TUDO É FÁCIL



A presidente Dilma Rousseff acha que é "simples" enfrentar a seca no Nordeste.




Em discurso no Piauí, durante mais um dos eventos do calendário eleitoreiro do governo, Dilma declarou que o segredo é "conviver com a seca".


Façamos um esforço para acompanhar seu raciocínio. Segundo a presidente, "a seca não é uma maldição, a seca é uma ocorrência, é algo que ocorre", comparável aos "invernos rigorosos" dos países do Hemisfério Norte, que "duram seis, sete meses, todo ano, chova ou faça sol". 

Conceda-se que o tal inverno rigoroso que dura "sete meses" seja apenas um arroubo retórico para reforçar seu argumento. 

 Mas Dilma continua, animada: "Eles têm um inverno forte, que acaba com toda a produção, a neve mata tudo o que cresce, e eles sobrevivem muito bem, obrigada, e fortes. Nós também podemos enfrentar a seca, sim".

Dilma descobriu agora que "a seca não deve ser combatida". Em lugar disso, é preciso haver "ações emergenciais" para ajudar os agricultores a contornar os efeitos da estiagem enquanto as condições climáticas não melhoram. É a institucionalização do assistencialismo - e nesse campo, como de hábito, chovem apenas promessas.

Em novembro de 2012, quando o Nordeste enfrentava a maior seca em meio século, Dilma lançou o programa Mais Irrigação e garantiu que o sertão seria transformado em "um dos maiores produtores de alimentos que nosso país e o mundo necessitam" e que "a vítima da seca deixará de ser flagelado para se tornar um produtor rural". 

Os investimentos anunciados para tão ousado objetivo somavam R$ 10 bilhões.


Seis meses depois, em abril de 2013, Dilma esteve no Ceará para prometer um novo pacote contra a estiagem, no valor de R$ 9 bilhões. Desse dinheiro, R$ 3,1 bilhões eram o quanto o governo estimava deixar de arrecadar em razão da renegociação de dívidas de agricultores que tiveram prejuízos com a seca. 

  Outra parte dizia respeito à prorrogação de programas assistenciais, o Garantia Safra e o Bolsa Estiagem. Havia, portanto, pouco "dinheiro novo" no pacote, formado basicamente por verbas já empenhadas, seguindo a tradição dos governos petistas de reciclar programas antigos para apresentá-los como novidade.


Mas isso não é tudo. A caríssima e controversa transposição das águas do Rio São Francisco, prometida pelo 
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o "compromisso não de um presidente, mas de um retirante nordestino", tornou-se um autêntico elefante branco. 

Além dos seguidos atrasos em seu cronograma, a obra, se e quando estiver concluída, vai produzir água a um preço proibitivo para os pequenos agricultores, o que obrigará o governo a recorrer a subsídios, adicionando sacrifícios aos contribuintes.


Agora, em 2014, depois de tantas promessas, Dilma diz que é preciso aceitar a seca como um fato da vida, a exemplo do que fazem os agricultores do Hemisfério Norte ante a dureza do inverno. 

A presidente tem razão, mas há importantes diferenças. Em vez de prometer bilhões em "ações emergenciais" e em projetos que mal saem do papel, os países do Hemisfério Norte estimularam o desenvolvimento de avançadas técnicas agrícolas mesmo em pequenas propriedades, o que permite aos produtores retomar seu trabalho em alto nível após o inverno, reduzindo os prejuízos.

 
Em relatório sobre os efeitos das mudanças climáticas sobre a agricultura, a União Europeia diz que há uma "vasta gama de opções" para lidar com o problema, todas baseadas em tecnologia para prevenção. Considerar o inverno inevitável não significa aceitar, como uma fatalidade, as perdas decorrentes dele.
 
Ao dizer que é "simples" lidar com a seca no Nordeste, Dilma esbanja a mesma arrogância de seu criador, Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao deixar a Presidência, disse que era "fácil" governar o Brasil. 


Quando se governa do palanque, tudo parece mais simples mesmo. Mas já passou da hora de tratar o centenário flagelo da seca no Nordeste com mais responsabilidade. Não se pode mais admitir que o sertanejo continue a ser tratado como mera commodity eleitoral, sempre à espera do caminhão-pipa.
 


24 de fevereiro de 2014
Augusto Nunes, O Estado de S. Paulo


Lorotas políticas e verdades efêmeras

O BARBA ADORARIA VOLTÁ, MAS NÃO VAI!


Lula critica o governo Dilma a interlocutores “dazelite”.

O Barba, bem mais jovem, e o seu umbigo: não é de hoje que ele é o centro do mundo
O Barba, bem mais jovem, e o seu umbigo: não é de hoje que ele é o centro do mundo

O Apedeuta anda criticando o governo Dilma em conversa com interlocutores. Primeira pergunta: ele quer voltar? A segunda: há a possibilidade de ser ele o candidato do PT? A terceira: as críticas fazem sentido?



Pois é… Vou começar pela mais fácil.. Sim, Lula adoraria voltar. Eu diria até que, intimamente, ele não pensa em outra coisa. Mas sabe que isso é muito difícil — diria mesmo ser impossível hoje. Num cenário de catástrofe, não tenham dúvida de que o salvador da pátria se apresentaria.



Mas isso não está no horizonte. Ademais, Dilma não exibe números espetaculares segundo os institutos de pesquisa, mas é franca favorita à reeleição — e no primeiro turno, segundo os números de hoje. 

Talvez, lá no fundo do peito, nos seus desejos mais recônditos, mais profundos, o ex-presidente até torcesse para que ela despencasse e se mostrasse uma candidata de alto risco. Mas isso não aconteceu. Botá-la em escanteio seria visto como um gesto truculento e, na verdade, desnecessário.



Então sintetizo agora duas respostas numa só: querer, ah, isso ele quer muito. Mas não pode. Não tem como tirar Dilma do meio do caminho.



Lula virou uma espécie de psicanalista de alguns setores descontentes com o governo. Tem recebido uma verdadeira romaria — inclusive de alguns pesos pesados da economia — que lhe pedem para voltar.  

Desde José Rainha — um dissidente esquerdista do MST, que agora fundou seu próprio movimento — a alguns pesos pesados do PIB, a romaria dos que vão a Lula é grande.



E ele não se furta ao papel absurdo de presidente paralelo. Ouve as reclamações, tranquiliza o interlocutor, promete providências e, como se nota, deixa vazar críticas à sua sucessora. 

Lula, como sempre, está descumprindo uma promessa. Tinha anunciado que seria um ex-presidente discreto e silencioso, como nunca antes na história deste país, para usar um bordão seu. 

E, como nunca antes da história deste país, é um ex-presidente que tem ambição de continuar governando.



O chefão petista considera — a Folha de hoje traz uma reportagem a respeito — o governo Dilma centralizador demais e avalia que ela se afastou dos empresários. Acha a gestão pesada, lenta. 

Acredita também que a atual equipe econômica já deu o que tinha de dar — vale dizer: Guido Mantega. As suas críticas, afinal de contas, procedem?



Depende. Tomadas as coisas como são, a resposta é “sim”. Mas Dilma faz algo muito diferente, ou deixa de fazer alguma coisa, na comparação com o seu antecessor, o próprio Lula? A resposta é “não”. 

Então o que foi que mudou? A realidade internacional. Deem a Dilma a mesma economia mundial que Lula tinha, com a China crescendo em ritmo alucinante, com o preço das commodities primárias nas alturas, e ela se sairia melhor. 

Deem a Dilma um cenário de corrida do dinheiro para os países emergentes para fugir da crise americana e europeia, e ela se sairia melhor. Acontece que esses eventos não vão se repetir.



Dilma está pegando a fase final das “virtudes” do modelo lulista, ancorado no consumo. O déficit de US$ 11,591 bilhões nas contas externas em janeiro começou a ser fabricado no governo Lula.  

O rombo certo na balança comercial em 2014 — o primeiro em 13 anos — também começou a ser fabricado no lulismo. O papel cada vez mais modesto da indústria no PIB e um déficit de US$ 110 bilhões do setor no ano passado têm a digital indelével de… Lula!



Pergunte-se: que reforma estrutural importante ele encaminhou? O que efetivamente fez pelo investimento em infraestrutura?  

Em vez de privatizar aeroportos e estradas, por exemplo, passou oito anos demonizando as privatizações por motivos estritamente políticos, por proselitismo ideológico vigarista

A crise da Petrobras, para citar um caso emblemático, é uma das heranças malditas que Lula deixou para a sua sucessora.


O governo Dilma é, sim, a meu juízo, muito ruim — mas não é pior do que era o de Lula.  

O que mudou de modo importante foi a conjuntura internacional, e o PT não estava preparado para isso.


Encerro apontando a absoluta falta de pudor político de um ex-presidente da República que se dá ao desfrute de manter reuniões com empresários e de fazer vazar as suas críticas, constrangendo a sua sucessora.  

Ainda que Dilma não se elegesse nem síndica de prédio em 2010 sem o seu apoio, o fato é que ela é a atual presidente da República.



No fim de 2010, Lula afirmou que iria gastar seu tempo como ex-presidente cozinhando coelho em seu sítio, em Ribeirão Pires. Pelo visto, anda mais ocupado alugando a orelha para tubarões.



24 de fevereiro de 2014
Reinaldo Azevedo  

Blog Lorotas políticas e verdades efêmeras

A conspiração de Lula - LUIZ CARLOS AZEDO


CORREIO BRAZILIENSE - 24/02

A presidente Dilma Rousseff deve se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima quarta-feira. A relação entre os dois anda cada vez mais tensa. 

Lula concorda com a tese de que as intervenções excessivas do governo nas relações com o mercado deterioraram o ambiente econômico e afugentaram os investidores. 

No ano passado, havia sugerido que Dilma mudasse a equipe econômica, substituindo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. A presidente da República ficou de pensar no assunto e depois disse não, preferiu manter o atual ministro da Fazenda no cargo.

 

A atual política econômica foi concebida por Dilma, Mantega e pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante; com Meirelles na Fazenda, novamente seria “blindada” pelo mercado, com o ex-presidente Lula de avalista. 


Desde o “não” de Dilma, porém, o ambiente econômico piorou e a conspiração entre grandes empresários a favor do “Volta, Lula!” não parou de crescer.

A adesão dos petistas à tese já é majoritária, com exceção dos que estão no governo. O ex-presidente da República, porém, na semana passada, resolver puxar o freio de mão e evitar novas reuniões com empresários. Dilma é refém de Lula. 


O ex-presidente se comprometeu a apoiá-la, mas, se houver risco de perder a eleição, tudo muda.

 

A propósito, as pesquisas de opinião do fim de semana deram certo fôlego a Dilma Rousseff: mantiveram seu favoritismo nas eleições deste ano.


Entretanto, não garantem uma vitória no primeiro turno. As avaliações do governo e de seu desempenho estão estagnadas. Nada garante que a situação do país vá melhorar daqui até as eleições. 

Analistas avaliam que a projeção de 2% de crescimento do PIB para 2014 é considerada otimista e sujeita a chuvas e trovoadas, principalmente por causa da alta dos juros, da redução dos financiamentos do BNDES, dos cortes no Orçamento da União e da crise na Argentina.  

Além disso, o desgaste do governo por causa da Copa do Mundo é maior do que se imaginava. Virou mais uma incógnita do ponto de vista eleitoral.

É dura a vida de Dilma como candidata à reeleição. Mesmo tendo a vantagem estratégica — em relação aos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) — de fazer pré-campanha no exercício do cargo de presidente, com a agenda de viagens aos estados turbinada e a própria imagem anabolizada por maciça propaganda oficial.

Uma reforma incruada

 
A reforma ministerial continua incruada. Até agora só avançou para os lados do PT, ou melhor, para os lados do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que foi guindado ao cargo e ainda controla os dois ministérios que ocupou anteriormente, Ciência e Tecnologia e Educação (para os quais indicou técnicos de sua confiança, os ministros Marco Antônio Raupp e José Henrique Paim, respectivamente). 


A reforma ministerial empacou devido à resistência do PMDB, que deseja mais participação no governo e cobra apoio eleitoral do PT nos estados, principalmente no Rio de Janeiro e no Ceará, o que não deve acontecer.

O vice-presidente Michel Temer deve ter uma conversa com Mercadante e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no Palácio do Jaburu, ainda hoje. 


Aliado leal da presidente Dilma, está se enfraquecendo com os demais caciques do PMDB por causa da reforma. A conversa é preparatória do seu encontro com Dilma amanhã, para fechar o acordo de participação no governo. 


Os ministros Edison Lobão (MA), de Minas e Energia, e Garibaldi Alves (RN), da Previdência, ambos senadores, e Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil, pretendem ficar onde estão.  


Os problemas são Agricultura e Turismo, cujos titulares, os deputados Antônio Andrade (MG) e Gastão Vieira (MA), estão voltando para a Câmara. O Ministério da Integração Nacional foi pleiteado pela legenda para fortalecer suas posições no Nordeste.

A aposta de Dilma com o PMDB é alta. Acredita que convencerá o líder da legenda no Senado, Eunício de Oliveira (CE), a aceitar o cargo de ministro da Integração Nacional em troca da retirada de sua candidatura ao governo do Ceará. 


Essa seria única forma de entregar a pasta ao PMDB e não ao governador Cid Gomes (Pros) e seu irmão Ciro (Pros), como foi prometido. Até agora, Eunício não deu sinais de que vai jogar a toalha. 

Caso volte atrás, será mais fácil resolver o problema da bancada do PMDB na Câmara, que articula um “blocão” independente com outros aliados descontentes para pressionar o Palácio do Planalto.

As pastas da Agricultura e do Turismo seriam suficientes para neutralizar a rebeldia do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), junto da maioria da bancada. 


 A relação Palácio do Planalto com a bancada peemedebista do Rio de Janeiro, porém, já é leite derramado, por causa da consolidação da candidatura do senador Lindbergh Faria (PT-RJ) ao Palácio Guanabara, contra Luiz Fernando Pezão (PMDB), o candidato do governador Sérgio Cabral (PMDB).
 

Um alerta contra as tentações que rondam o dia a dia dos dependentes.

Este é o raciocínio - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 24/02

RIO DE JANEIRO - A morte do ator Philip Seymour Hoffman, em Nova York, por uma overdose de heroína e de outras substâncias, sacudiu as pessoas que lutam contra a dependência química e tentam se manter sóbrias. Hoffman estava há 23 anos sem beber ou se drogar, e se orgulhava disso. Mas foi encontrado morto ao lado de 50 papelotes de heroína e remédios de uso "controlado" e com uma seringa espetada no braço. Por quê?

Tinha 46 anos, era famoso, disputado e cheio de prêmios em teatro e cinema, inclusive um Oscar de melhor ator. Sabia que devia sua carreira à sobriedade --a que chegou aos 23 anos, depois de uma juventude em que usou tudo que lhe passava pela frente. Por que, então, recaiu? Alguns atribuirão isso a forças internas, inconscientes, que deviam assolá-lo por algum motivo intangível e etéreo. Já os dependentes --como eu-- têm outra explicação.

Grande parte das recaídas acontece por excesso de confiança. É o que leva um dependente a se considerar ex-dependente apenas porque está há anos afastado da bebida ou da droga. Ou a acreditar que, com tantos anos de abstinência, pode voltar a consumi-la, sob controle, "só quando quiser". Mas não existe o ex-dependente. Existe o dependente que se abstém do produto, assim como o diabético que se abstém de açúcar. O menor vacilo leva fatalmente à recaída.

Se isso é consolo, a morte de Philip Hoffman será sempre um alerta contra as tentações que rondam o dia a dia dos dependentes. Se alguém como ele pode recair --este é o raciocínio--, preciso me cuidar.

Também sóbrio há 26 anos, faço uma contabilidade própria. Nesse período, troquei a morte certa pela recuperação da saúde, do trabalho, do reconhecimento profissional, do amor das filhas, enfim, da vida. E o que isso me custou e ainda custa? Baratinho. Um simples gole que deixo de tomar.
 

Minha casa, meus votos - ANCELMO GOIS




O GLOBO - 24/02

Dilma, em campanha pela reeleição, vai morar até outubro no avião... entregando, Brasil afora, casas do programa Minha Casa Minha Vida.
No Amazonas, onde teve 80% dos votos, seu melhor desempenho em 2010, Dilma inaugurou, semana passada, como se sabe, o Residencial Viver, com 5.384 unidades.

Festa do voto-bumbá...
O programa já entregou 13.532 unidades habitacionais no estado do Amazonas. E o governo federal ainda vai entregar outras 27.541.
Estas 41 mil casas são suficientes para abrigar a população de qualquer cidade amazonense, menos Manaus e Parintins, onde acontece a festa do Boi-Bumbá.

Roma precisa de UPPs
Uns gatunos entraram, sábado, no quarto de hotel, em Roma, de uma comissária de bordo da comitiva presidencial. Levaram tudo de valor, inclusive o passaporte da brasileira.
Um outro foi feito às pressas, já que a moça partiria no avião de Dilma, que saiu ontem para Bruxelas.

Dia de rock
Após o sucesso do “The voice”, a TV Globo prepara o projeto-piloto de um programa que escolherá uma nova banda brasileira.
Deve estrear no segundo semestre.

Aliás...
“The Voice” é o... deixa pra lá.

Zé de Abreu é Deus
Em duas semanas, José de Abreu foi convidado para fazer quatro filmes. Confessa entusiasmo com um deles:
— Afinal, não é toda hora que me convidam para um papel tão importante: Deus!
Trata-se do filme “Comédia divina”, de Toni Venturi, baseado no conto de Machado de Assis “A igreja do diabo”.

SALVEM OS NOSSOS TENISTAS
Em tempos de Rio Open, o torneio de tênis, dói ver abandonada, repare na foto, a quadra de saibro deum projeto esportivo do estado, na Rocinha. Lançado com amistoso entre Djokovic eGuga, em novembro de 2012, o projeto inédito numa comunidade pacificada do Rio está parado desde novembro passado. Alguns moradores usavam a quadra por conta própria. Procurada pela coluna, a Secretaria de estado de Esporte e Lazer informou que o projeto recomeçará amanhã e que terá também uma quadra de cimento com aulas comunitárias de tênis no segundo semestre. Vamos torcer, vamos cobrar 

Dói no bolso da Fifa
A Fifa tem uma razão a mais para se preocupar com a decisão da prefeitura de Recife de não realizar a Fifa Fan Fest e com a indefinição do Rio sobre a festa.
É que a entidade assumiu com os patrocinadores (Coca-Cola, Ambev, Itaú, OI, Hyundai/KIA, Jonhson & Jonhson e Sony) o compromisso de fazer o evento.

Tomara que fique aqui
Depois de percorrer 150 mil quilômetros pelo planeta, a taça da Copa do Mundo chega aqui, em maio.
O passeio pelos estados deve começar por Brasília, com Dilma recebendo o troféu das mãos de Pelé ou Ronaldo.

Tem culpa eu?
Nesta reunião, em Florianópolis, com representantes das 32 seleções da Copa, a Fifa pediu permissão para uma equipe de TV da entidade entrar nas concentrações e fazer imagens.
Mas o representante da Argentina disse... não! E mais: nas coletivas, só querem aceitar jornalistas dos países que vão disputar os jogos com a Argentina.

É...
Deve ser terrível viver num país onde tem gente que não gosta da imprensa.

50 anos do golpe
A Editora Faces colocou gratuitamente na internet o livro “Ipanema em lágrimas”, do escritor e roteirista Waldir Leite. É um romance passado durante a ditadura e conta a história de um menino assombrado com a versão, difundida por sua família de militares, de que “comunistas comiam criancinhas”.
Comiam, não no sentido atribuído, digamos, a alguns padres pedófilos. Mas no sentido canibal mesmo.
Ah, bom.

‘Um estranho no ninho’
O clássico “Um estranho no ninho”, que deu um Oscar a Jack Nicholson e consagrou sua carreira, terá sua primeira montagem no Brasil agora em 2014.
O produtor Gustavo Nunes, o mesmo de “Cássia Eller, o musical”, comprou os direitos da peça e convidou Gilberto Gawronski para assinar a direção.

A grana da bola
A 8ª Turma do TRT do Rio manteve a decisão que obriga o Botafogo a pagar uma grana de direito de arena — que o jogador recebe quando o jogo é televisionado — a Leandro Guerreiro, hoje no América-MG. É referente a partidas entre 2007 e 2010.
O atleta alegou que só recebeu 25% do que deveria. É coisa de, pelo menos, uns R$ 100 mil.

Vive la France
Sérgio Cabral inaugura esta semana a fábrica de argamassas da Saint-Gobain, em Itaboraí, e uma de cimento da Lafarge, em Santa Cruz.


Blog do Murilo

Socialismo é barbárie - LUIZ FELIPE PONDÉ


FOLHA DE SP - 24/02

A esquerda está em pânico porque estava acostumada a dominar o debate público


Se eu pregar que todos que discordam de mim devem morrer ou ficarem trancados em casa com medo, eu sou um genocida que usa o nome da política como desculpa para genocídio. No século 20, a maioria dos assassinos em massa fez isso.

O Brasil, sim, precisa de política. Não se resolve o drama que estamos vivendo com polícia apenas. Mas me desespera ver que estamos na pré-história discutindo ideias do "século passado". Tem gente que ainda relaciona "socialismo e liberdade", como se a experiência histórica não provasse o contrário. Parece papo das assembleias da PUC do passado, manipuladoras e autoritárias, como sempre.

O ditador socialista Maduro está espancando gente que é contra o socialismo nas ruas da Venezuela. Ele pode? Alguns setores do pensamento político brasileiro são mesmo atrasados, e querem que pensemos que a esquerda representa a liberdade. Mentira.

A maioria de nós, pelo menos quem é responsável pelo seu sustento e da sua família, não concorda com o socialismo autoritário que a "nova" esquerda atual quer impor ao país. A esquerda é totalitária. Quer nos convencer que não, mas mente. Basta ver como reage ao encontrar gente inteligente que não tem medo dela.

Ninguém precisa da esquerda para fazer uma sociedade ser menos terrível, basta que os políticos sejam menos corruptos (os da esquerda quase todos foram e são), que técnicos competentes cuidem da gestão pública e que a economia seja deixada em paz, porque nós somos a economia, cada vez que saímos de casa para gerar nosso sustento.

Ela, a esquerda, constrói para si a imagem de "humanista", de superioridade moral, e de que quem discorda dela o faz porque é mau. Ela está em pânico porque estava acostumada a dominar o debate público tido como "inteligente" e agora está sendo obrigada a conviver com gente tão preparada quanto ela (ou mais), que leu tanto quanto ela, que escreve tanto quanto ela, que conhece seus cacoetes intelectuais, e sua história assassina e autoritária.

Professores pautados por esta mentira filosófica chamada socialismo mentem para os alunos sobre história e perseguem colegas, fechando o mercado de trabalho, se definindo como os arautos da justiça, do bem e do belo.

A esquerda nunca entendeu de gente real, mas facilmente ganha os mais fragilizados com seu discurso mentiroso e sedutor, afirmando que, sim, a vida pode ser garantida e que, sim, a sobrevivência virá facilmente se você crer em seus ideólogos defensores da "violência criadora".

Ela sempre foi especialista em tornar as pessoas dependentes, ressentidas, iludidas e incapazes de cuidar da sua própria vida. Ela ama a preguiça, a inveja e a censura.

Recomendo a leitura do best-seller mundial, recém publicado no Brasil pela editora Agir, "O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo", escrito pelo professor Kevin D. Williamson, do King's College, de Nova York. 
 
Esta pérola que desmente todas as "virtudes" que muita gente atrasada ou mal-intencionada no Brasil está tentando nos fazer acreditar mostra detalhes de como o socialismo impregnou sociedades como a americana, degradou o meio ambiente, é militarista (Fidel, Chávez, Maduro), e não deu certo nem na Suécia. 
 
O socialismo é um "truque" de gente mau-caráter.
As pessoas, sim, estão insatisfeitas com o modo como a vida pública no Brasil tem sido maltratada. Mas isso não faz delas seguidores de intelectuais e artistas chiques da zona oeste de São Paulo ou da zona sul do Rio de Janeiro.

A tragédia política no Brasil está inclusive no fato de que inexistem opções partidárias que não sejam fisiológicas ou autoritárias do espectro socialista. Nas próximas eleições teremos poucas esperanças contra a desilusão geral do país.

E grande parte da intelligentsia que deveria dar essas opções está cooptada pela falácia socialista, levando o país à beira de uma virada para a pré-história política, fingindo que são vanguarda política. O socialismo é tão pré-histórico quanto a escravatura.

Mas a esquerda não detém mais o monopólio do pensamento público no Brasil. Não temos mais medo dela.
 
 

Jefferson é preso e dieta com salmão defumado segue na prescrição médica (tambem quero uma dieta dessas)


24/2/2014 14:26
Por Redação - do Rio de Janeiro

Jefferson foi preso em sua casa no município de Levy Gasparian, interior do Estado do Rio
Jefferson foi preso em sua casa no município de Levy Gasparian, interior do Estado do Rio


O mandado de prisão contra o ex-deputado e líder do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Roberto Jefferson foi cumprido, nesta segunda-feira, às 12h25, horário que agentes da Polícia Federal (PF), de prontidão em frente à casa do réu, no município de Levy Gasparian, interior do Estado do Rio, receberam o documento. 

Na dieta prescrita por médicos ao condenado constam itens como salmão defumado e arroz integral para o almoço, e sopa de legumes para o jantar.


Delator do chamado ‘mensalão’, como ficou conhecido na mídia conservadora o julgamento da Ação Penal (AP) 470, do Supremo Tribunal Federal (STF), Jefferson se apresentou a policiais federais.

A prisão de Jefferson, condenado a sete anos e 14 dias, já havia sido determinada na sexta-feira pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, mas era necessário que a PF recebesse o mandado para poder prendê-lo. Durante o fim de semana, agentes da PF ficaram em frente à casa de Roberto Jefferson, em Levy Gasparian, interior do Rio.

O ex-deputado apareceu na manhã desta segunda-feira na sacada da casa e conversou com os jornalistas, em sua última declaração em liberdade.

Estou em paz. É o meu destino. Tenho que cumprir minha pena”, declarou, horas antes de receber a ordem de prisão, por meio de sua conta em uma rede social.

Jefferson foi o último condenado na AP 470 a ir para a cadeia e disse que, independentemente de qual seja seu destino, a prisão o aguardava.

“Não sei nem para onde vou, mas é prisão. Deus só dá carga para quem pode carregar. Sou ‘harleiro’ (motociclista de Harley Davidson) e botafoguense, estou acostumado a sofrer”, escreveu.
Jefferson também mencionou o cansaço das noites mal dormidas à espera de se entregar à Polícia Federal.

“(Estou) cansado, essa expectativa não me deixa dormir. Não sou superman, deito, mas não consigo dormir. Isso vai moendo a gente, mas faz parte da luta”, afirmou. Neste domingo, ele saiu para um passeio de moto. Segundo ele, estava “desfrutando” dos últimos momentos de liberdade.

Dieta especial

Na decisão que determinou o regime prisional de Jefferson, o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que ouviu os responsáveis pelo sistema prisional no Rio de Janeiro, alegou que é possível oferecer ao réu tratamento médico prescrito dentro da penitenciária. Para justificar o pedido de prisão domiciliar, a defesa do ex-deputado apresentou a dieta nutricional que Jefferson deve seguir.

O ex-deputado condenado no processo também conhecido como ‘mentirão’, segundo alcunha talhada pela colunista Hildegard Angel, também foi avaliado por uma junta médica do Instituto Nacional do Câncer (Inca), onde já faz tratamento. 

Em dezembro de 2013, os médicos afirmaram que o estado de saúde do condenado não exigia cuidados em casa. Os especialistas explicaram que o ex-deputado deve tomar os remédios regulares e seguir a dieta.

A dieta prescrita para Jefferson inclui banana com canela, geleia real e pão preto. No almoço, o prato deve ser ter salada, arroz integral, carne ou salmão defumado e, no jantar, sopa de legumes.

Deus é brasileiro, o papa é argentino e nosso futebol é jesuíta. Ok, mas quem ganha a Copa do Mundo?

24/02/2014



 

Às vésperas da Copa, Dilma vira cronista esportiva e faz extraordinária revelação ao Papa: ‘Os jesuítas batiam um bolão’

 

 

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Nos encontros com o papa ─ e ela acaba de ter o segundo ─ o dilmês se transforma em dilmunhol. 

E Francisco, um argentino iluminado que fala português melhor que a presidente da República, finge com meneios de cabeça que compreende tudo – como compreende os mistérios deste e de outros mundos.

Mas semana passada, no Vaticano, após a sagração de dom Orani Tempesta como novo cardeal brasileiro, o Sumo Pontífice ouviu de Dilma uma confusa história a respeito de jesuítas fazendo embaixadinhas em Itu. 

E deve ter ficado atordoado: escrituras em sânscrito interpretadas por Eduardo Suplicy seriam mais claras.

Desde esse encontro com Dilma, o papa Francisco está convencido de que a carta da irmã Lúcia sobre o terceiro segredo de Fátima, guardada e aguardada por mais 70 anos e agora exposta ao público até 31 de outubro no Santuário de Fátima, perdeu todo o seu interesse para os cristãos.

Em ano de Copa, o “bate-bolão” dos jesuítas, tal como lhe foi revelado pela presidente Dilma Rousseff, se transformou numa espécie de quarto segredo ─ a mobilizar os teólogos da Igreja.
Foi na entrevista coletiva dada por Dilma à imprensa brasileira, logo após seu encontro com o papa Francisco ─ assista ao vídeo no confessionário desta coluna. 

Nos primeiros minutos, ela vaga, como sempre, no sombrio mundo do pensamento humano transcrito em dilmês ─ ao tentar descrever sua conversa “muito, acho muito importante” com o “santo papa” e”“uma Copa pela Paz e uma Copa contra o Racismo”, portanto duas

Diz ter pedido a Francisco uma “mensagem dele sobre esse posicionamento da Copa do Mundo no Brasil, que é a Copa das Copas”. 

E, enfim, diz que conversaram a respeito “dessa questão, que sempre que brasileiros e argentinos se encontram e falam sobre a Copa é tocada a questão de quem ganha a Copa do Mundo”.
Ninguém havia ainda reparado nisso: sempre que se fala em Copa do Mundo, alguém toca nessa questão incômoda de que só uma seleção vai ganhá-la. 

Ah, teve também a história dos presentes ao papa ─ incluindo uma camisa do Palmeiras, fora do protocolo, contrabandeada pelo carola Gilberto Carvalho. 

Não é de estranhar que, em virtude desse pecado venial, o Palmeiras tenha perdido ontem sua invencibilidade no Paulistão. 

Enfim, Dilma surge com uma epifania surpreendente sobre o novo cardeal brasileiro: “Dom Orani é um homem de fé”.

Mas, até aqui, eram apenas dilmices pontifícias ─ nenhuma surpresa. 

E eis que, aos 8min30s do vídeo, surgem as primícias da revelação que mudou o rumo da conversa com o papa:

“Eu recebi outro dia um livro de um pesquisador lá da Unicamp”.


Meu Deus: um livro? De novo o salto no escuro ─ e agora sem rede de proteção. 

Até hoje, sempre que tentou lembrar publicamente do título de um livro que acabou de ler, ela contou com a ajuda dos universitários do governo. 

Desta vez, espera-se, será diferente ─ mesmo porque, ela está sozinha diante dos microfones. Ademais, o livro foi citado, e provavelmente entregue ao papa junto com outros sobre a história dos jesuítas no Brasil, apenas cinco minutos atrás. 

Ok, o nome do livro é…
Agora acabei de esquecer o nome do livro… Mas ele é interessante”.

Quando a presidente acaba de esquecer algo, não há a menor possibilidade de lembrar logo ─ o esquecimento está muito recente e tem vida longa.


Mas o que vale é o conteúdo, não?

Ele coloca a seguinte polêmica, polêmica: quem é que trouxe o futebol para o Brasil? Ora, nós todos, até recentemente… eu até ia ler esse livro achava que era o Charles Miller. 


E ele diz o seguinte, que não foi o Charles Miller, que o futebol chegou no Brasil através dos jesuítas. E isso até falei isso para o papa, e isso no colégio paulista de São Luís, em Itu, que era um colégio jesuíta”.

Humm ─ afinal, a presidente contou isso ao papa no Vaticano ou no “colégio paulista de São Luís, em Itu”? E o futebol “chegou no Brasil”, assim sem mais nem menos? Chegou ao Porto de Santos, com gramado e tudo?


Conhecer o livro e o autor de um livro que Dilma diz ter lido é sempre prudente antes de se ter contato com o pastiche que Dilma fez do livro, ao descrevê-lo em dilmês.

Não há a menor dúvida de que o livro é interessante ─ e, mencionado num encontro com um papa argentino amante do futebol e jesuíta, em pleno Vaticano, e em ano de Copa, é promessa de gol de placa. 

O livro que Dilma diz estar fingindo ler se chama “Visão do Jogo ─ Primórdios do futebol no Brasil” e foi escrito por José Moraes dos Santos Neto, professor do Colégio Pio XII, em Campinas ─ que não é pesquisador da Unicamp, mas apenas formado lá.

Enxuto, com apenas 118 páginas, em bela edição da editora Cosac Naify, o livro traz revelações curiosas sobre os primeiros chutes numa bola de futebol no Brasil. 

E na vasta pesquisa feita pelo professor José, destaca-se a informação de que não foi propriamente Charles Miller o introdutor dos rudimentos do football no Brasil ─ a primazia coube uns 10 anos antes aos jesuítas, companhia do papa. 

Instadas pelo imperador Pedro II a introduzir exercícios físicos ao ar livre no currículo, dentro do princípio “mens sana, corpore sano”, algumas das escolas da elite brasileira saíram a campo para pesquisar novas formas de atividade esportiva. 

O colégio jesuíta São Luis, então instalado na cidade de Itu, enviou uma comissão de padres a Londres, onde só se falava no tal football. 

E, por volta de 1882, os jesuítas do São Luís acabaram trazendo para cá o item mais fundamental do novo esporte ─ a bola. 

Aliás, duas ─ eram câmaras de ar envolvidas por couro. Quando essas bolas se desgastaram com tantos pontapés, os jesuítas as substituíram por bexigas de boi ─ mas o princípio era o mesmo: chutes contra a parede. Era o que eles chamavam de “bate-bolão”.

Padres e alunos do colégio chutavam juntos, mas ainda sem praticar o chamado “association football”, que pressupõe a formação de dois times de 11 e a existência de regras. 

Enfim, o paulista Charles Miller, depois de uma temporada de estudos na Grã-Bretanha, a pátria do esporte bretão, voltou ao Brasil em 1894, com um livro de regras, outro par de bolas e um de chuteiras. 

Foi o começo de times competitivos no Brasil. Resumindo: a verdade é que, no Brasil, os primeiros a jogarem uma pelada improvisada foram mesmo os jesuítas e seus alunos.

Sim: contada a um papa jesuíta, a história podia ser um gol de letra, em pleno campo do Vaticano. 

O problema é que a bola está com Dilma Rousseff, que se prepara para chutar em gol, de orelhada:

Primeiro foi uma espécie que ele chama de bate-bolão. Eu tô lá no fim do livro, eu li no avião. Primeiro ele chamava de bate-bolão. Depois colocaram as, as traves, né, as traves do gol, e construíram os times de 11 de um lado, e 11 do outro. 

Não era aquele tipo de disputa, mas usavam já camisas, camisetas de diferentes cores. Não é, vamos dizer, o início do futebol tal como conhecemos, com todas as regras e tal. 

Mas é, sem sombra de dúvida, muito interessante o fato de ter sido os jesuítas que trouxeram o futebol para o Brasil, no final do século XIX, 1800 e… lá no final do século XIX”.

Resumindo: Deus é brasileiro, o papa é argentino e nosso futebol é jesuíta. Ok, mas quem ganha a Copa do Mundo?