segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Barbosa diz que condenados devem ficar no ostracismo

Declarações, feitas em sua chegada a Londres, foram uma resposta ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, José Paulo Cunha
 
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou nesta segunda-feira, 27, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), condenado pelo mensalão. 

Para o magistrado, "condenados por corrupção devem ficar no ostracismo" e não ter espaço em "páginas nobres" de jornais. 

As declarações, feitas em sua chegada a Londres, foram uma resposta ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, que em entrevista publicada no domingo disse que o magistrado fez um "gesto de pirotecnia" ao decretar sua prisão no início de janeiro, mas não assinar o mandado.

As declarações de João Paulo foram feitas ao jornal "Folha de S. Paulo" no domingo. "Excluindo a falta de civilidade, humanidade e cordialidade do ministro, foi um gesto de pirotecnia", disse o deputado, referindo-se à decisão tomada por Barbosa no dia 6, véspera de suas férias, quando ele decretou a prisão, mas não assinou o mandado - segundo o magistrado, por falta de tempo hábil.

Hoje Barbosa foi incisivo em sua crítica. "Esse senhor foi condenado pelos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Eu não tenho costume de dialogar com réu. Eu não falo com réu", disse, reiterando: "Não faz parte dos meus hábitos, nem dos meus métodos de trabalho ficar de conversinha com réu."

A seguir, o magistrado criticou a imprensa, sem citar nomes de publicações, por entrevistar os condenados. 

"A imprensa brasileira presta um grande desserviço ao País ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena", entende. "A imprensa tem de saber onde está o limite do interesse público. A pessoa, quando é condenada criminalmente, perde uma boa parte dos seus direitos. Os seus direitos ficam em hibernação, até que ela cumpra a pena."

Para Barbosa, entrevistas como a concedida por João Paulo Cunha passam uma imagem errada dos condenados. "No Brasil, estamos assistindo à glorificação de pessoas condenadas por corrupção à medida que os jornais abrem suas páginas a essas pessoas como se fossem verdadeiros heróis", argumentou.

Na sexta-feira, o advogado de João Paulo, Alberto Toron, já havia atacado o presidente do STF por sua decisão de decretar a prisão sem assinar o mandado. "É o fim da picada. Eu acho que não tem que dizer muito mais do que isso. E ele confortavelmente dando seu 'rolezinho' em Paris", disse ele, referindo-se à viagem de Barbosa por Paris e Londres, onde, em meio a suas férias, teve compromissos oficiais. Então o magistrado respondeu: "Um advogado vir a público fazer grosserias preconceituosas contra um membro do Judiciário que julgou seu cliente é prova de um déficit civilizatório".

Barbosa chegou a Londres no início da tarde desta segunda. Ainda hoje, tinha previsto em sua agenda um encontro a portas fechadas com o parlamentar Kenneth Clarke, ex-secretário britânico de Justiça, e especialista em programas anticorrupção. Sua agenda na capital se estende até a quarta-feira, quando vai palestrar no tradicional Kings College. Antes chegar à Inglaterra, o presidente do STF passou cinco dias em Paris, onde discursou no Conselho Constitucional - espécie de supremo francês.
Fonte: Agencia Estado

Grupo de trabalho vai discutir universidade indígena

Deverão ser levados em consideração as diferenças étnicas dos povos, o acúmulo de conhecimentos e as distâncias territoriais
 
Grupo de trabalho começa a discutir em março a criação de uma instituição de educação superior intercultural indígena.

O grupo é formado por seis representantes indígenas, seis de instituições e quatro do Ministério da Educação (MEC). 

Segundo o MEC, a tarefa da equipe será gerar o melhor desenho de como trabalhar os saberes indígenas. A portaria que institui o grupo de trabalho foi publicada hoje (27) no Diário Oficial da União.

A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé Evaristo, vai coordenar o grupo de trabalho. De acordo com o MEC, a tarefa do grupo será não simplesmente levar o índio para uma universidade, mas pensar em como construir, no país, dentro das universidades públicas, uma rede que dê conta de tratar das questões indígenas nas diferentes áreas.

Deverão ser levados em consideração as diferenças étnicas dos povos, o acúmulo de conhecimentos e as distâncias territoriais. O Censo de 2010 mostra que quase 0,5% da população brasileira é indígena. São 896,9 mil indivíduos de 305 etnias. Eles são responsáveis por 274 idiomas falados em território nacional.

A reunião de março vai definir a agenda e um calendário de atividades do grupo de trabalho. Ao longo das discussões, haverá encontros com pesquisadores da temática indígena e com líderes dos povos e será avaliada a possibilidade da realização de um seminário internacional sobre o tema. 

Deverão ser convidados representantes de países como a Bolívia, que tem cinco universidades de povos indígenas e 22 cursos; da Nicarágua, que tem duas universidades e dez cursos; do México, que conta com oito universidades e 49 cursos, e dos Estados Unidos, onde há duas universidades.
Fonte: Agência Brasil


Aécio Neves lançará candidatura em São Paulo

Possível candidato do PSDB à Presidência, o senador mineiro Aécio Neves decidiu que o lançamento de sua campanha será feito no maior colégio eleitoral do País, São Paulo, estado que é berço do partido e é governado por tucanos há 20 anos. 

Dirigentes já estão em busca do local para a realização do evento que oficializará a candidatura de Aécio.

Duas opções estão sendo avaliadas: realizar o evento na capital ou em alguma outra cidade da Grande São Paulo.

Segundo um dirigente do PSDB paulista, a ideia é fazer o evento parecido com o que os tucanos chamam de mobilização de 'Poços de Caldas'. No último dia 18 de novembro, o senador Aécio reuniu em Poços de Caldas diversos governadores tucanos, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardozo, em grande ato político que consagrou a unidade partidária em torno do projeto presidencial de Aécio.

O lançamento da candidatura de Aécio está previsto para acontecer em março. Antes disso, porém, o senador tucano fará seu primeiro giro político de 2014 pelas regiões de São Paulo em que ele ainda não visitou desde que assumiu a presidência nacional do partido. Ele vai para Araçatuba no próximo dia 7, e logo em seguida para São Carlos. No dia 21 fará um giro pela Baixada Santista.

Em março, além do lançamento da campanha, Aécio já tem pelo menos mais uma agenda programada: o Congresso Paulista de Municípios, que será realizado em Campos de Jordão. "Estamos trabalhando para retomada de encontros regionais. Nossa prioridade é visitar as cidades das regiões que ele ainda não foi", diz o deputado federal Duarte Nogueira, presidente do PSDB de São Paulo. Entre uma viagem e outra para são Paulo, Aécio visitará o prefeito de Manaus, Artur Virgílio.


"São Paulo pode dar a Aécio a diferença para superar eventuais tropeços no Nordeste", diz o ex-deputado Nilton Flávio, presidente do PSDB paulistano. "A ideia de lançar a candidatura dele na capital reforça o compromisso com os paulistanos". Todos os candidatos do PSDB a presidência saíram de São Paulo: FHC, José Serra e Geraldo Alckmin.


Aécio esteve duas vezes em São Paulo nos últimos três dias. No sábado, 25, participou do aniversário do deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade e, nesta segunda-feira, 27, participou de evento no Palácio dos Bandeirantes em homenagem às vítimas do Holocausto. Organizada pela Confederação Israelita do Brasil, a cerimônia homenageou os sobreviventes do Holocausto e os veteranos da Força Expedicionária Brasileira que lutaram na Segunda Guerra Mundial.


Dividiram o palco o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ex-governador José Serra, o senador Aécio Neves, o vice-presidente da República, Michel Temer; o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, provável candidato à Presidência pelo PMDB, o deputado federal 'marineiro' Walter Feldman (PSB-SP) e o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP).

Nordeste

O segundo principal foco de atuação do PSDB será o Nordeste, região que votou majoritariamente com o PT nas três últimas eleições. "Nossa prioridade estratégica é São Paulo e os estado do Nordeste. O Sul e o Centro-oeste sempre votaram com o PSDB. No Espírito Santo a gente sempre ganha. E o Rio de Janeiro é um caso à parte", resume o deputado federal Marcos Pestana, presidente do PSDB mineiro e um dos históricos aliados de Aécio.

Em 2013, Aécio também elegeu São Paulo como principal foco de atuação. Foi na cidade de Barretos, por exemplo, que os tucanos fizeram evento que lançou seu nome para pré-candidatura tucana.

Fonte: Agencia Estado


E de fora não vem para dentro?


Imagina nas Olimpíadas - RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA


"Eles tratam a gente igual a gado". Vanessa Rocha, cozinheira, foi uma das 600 mil vítimas do inferno do transporte no Rio de Janeiro. Um trem descarrilou, bateu num poste de energia e interrompeu todo o sistema sobre trilhos. Durante 11 horas! Sem plano alternativo, sem orientação, a multidão que sai de casa com o dinheiro contado para a passagem de ida e volta se sentiu desrespeitada. O caos se instalou sob uma sensação térmica e emocional de 50 graus.

Vanessa saiu da Zona Oeste do Rio às 4 horas, para chegar ao emprego às 5h30. Às 8 horas, ainda caminhava nos trilhos. Suada. Esgotada. Revoltada. Sem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus. Sem informação da SuperVia, empresa que administra os trens do Rio e que ganhou a concessão até 2048. A Odebrecht é dona de 60% da concessionária. De super, a empresa não tem nada. Talvez apenas SuperIncompetente. Vanessa não chegou a ver a cena que revoltou ainda mais os cariocas: o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, esbanjando sorrisos com o presidente da SuperVia, Carlos José Cunha, nos trilhos vazios. Riam de quê?

Carlos José Cunha não mexe um músculo facial quando fala sobre descarrilamentos e problemas técnicos. Chegarão novos trens, estamos gastando não sei quantos bilhões, são investimentos "de longa maturação". A multa, quando é aplicada, nem faz cócegas. O secretário Júlio Lopes sai pela tangente: "Décadas de abandono". O Rio foi abandonado? Foi. Mas não dá para tratar a multidão como gado.

Muitos trens em decomposição. Sem ar-condicionado. Atrasos constantes. Péssimo sistema de som. Num acidente grave, passageiros ficam parados 40 minutos dentro do trem no calor. Gente passa mal. Jovens incitam ao quebra-quebra. Multidão é obrigada a descer. Alto-falante só diz: "A SuperVia agradece pela preferência".

Acidentes urbanos acontecem no mundo todo. O problema, tanto no Rio quanto em outras cidades brasileiras, é a falta de um plano imediato de contingência e a falta de informação. Não só nas grandes linhas. Lembra o trenzinho vermelho para o Corcovado? Parou na virada do ano. Durante duas horas, turistas brasileiros e estrangeiros ficaram na mata no escuro. Sem a menor ideia de quando o pesadelo acabaria. Era o reality "Brazil". Passaram para outro trenzinho usando a luz dos smartphones, porque nem lanterna havia. E o Cristo foi privatizado. Imagina nas Olimpíadas.

Quando há acidentes de carro nas avenidas do Rio – isto é, a cada minuto –, não há, como nas cidades civilizadas, painéis eletrônicos avisando para voltar ou pegar rotas alternativas. Só quem tem acesso ao Google dentro do carro consegue saber o que está bloqueando o trânsito. Para que serve a tecnologia do centro futurista da prefeitura? Imagina nas Olimpíadas.

A espuma espessa e a coloração marrom de nossos mares não fazem mal algum, diz o governo. São apenas algas, um fenômeno típico e sazonal do Rio de Janeiro! Saiu publicada a carinha das algas microscópicas que produzem a espuma nojenta quando o mar bate nas pedras. Biólogos desmentem a versão oficial. Segundo eles, a alga só vira espuma em blocos quando misturada à poluição humana. Na semana passada, vimos uma imagem assustadora: uma cachoeira de esgoto caindo do Morro do Vidigal direto no mar de São Conrado. Autoridades se apressaram a fechar o "cano rompido" e a prometer que o esgoto in natura seria lançado "lá fora". E de fora não vem para dentro?

Fico pensando nas modalidades esportivas nas águas – mar, lagos, lagoas, baía. Alguém viu as ilhas de cocô nas lagoas da Barra e do Recreio, em fotos aéreas? Para onde foram todos os bilhões e bilhões que iriam despoluir as lagoas e a Baía de Guanabara? Imagina nas Olimpíadas.

Alguém viu o teleférico parado no Morro da Providência? Ficou pronto em maio do ano passado. Custou R$ 75 milhões. Foi concebido para ligar a Cidade do Samba, a Central do Brasil e a Providência. Mas até hoje não saiu do lugar. As gôndolas estão lá há oito meses, como um monumento à incompetência. "É o museu do teleférico, só para a gente ver", disse Luciana Ribeiro, moradora da Providência, que sobe o morro a pé. O prefeito Eduardo Paes pessoalmente testou o bondinho em dezembro de 2012. A prefeitura esclareceu que está "finalizando o modelo de operação para atender à comunidade". Imagina nas Olimpíadas.

O alemão Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, chegou ao Rio no dia da pane na SuperVia. "O que está acontecendo no Rio?", perguntou. Bach confia que, "se cada dia for utilizado adequadamente, tudo estará pronto" antes dos Jogos.

Nem é preciso imaginar o que vai acontecer na Copa. A gente já sabe. A criatividade anda solta. Aeroporto do Ceará poderá ter terminal de lona. O país do circo arrasa! Esqueça 2014, porque os prazos foram para o beleléu. Pense em 2016. Imagina nas Olimpíadas.
 

Quem mais esquece é o homem que sabe demais.

Disco ocupado - RUY CASTRO   

FOLHA DE SP - 27/01 BLOG do MURILO

RIO DE JANEIRO - Na próxima vez que você esquecer o nome do seu neto, não tiver certeza se já tomou banho ou não se lembrar por que saiu de casa com um envelope endereçado e fechado contendo uma carta, não se desespere. Pode não ser --ainda-- a chegada do velho Al (Al Zheimer, conhece?) ou de alguma outra forma de demência senil. Estudos recentes de cientistas alemães indicam o contrário: quem mais esquece é o homem que sabe demais.

Segundo eles, o cérebro do idoso, se não reage de pronto a certas solicitações, não é porque esteja com as porcas e arruelas enferrujadas ou sendo apagado aos poucos como um quadro-negro. É porque levou décadas armazenando informações. E, por ele conter gigantescos blocos de informações, mais complexa e lenta será a busca entre elas de informações novas. É como o disco rígido do computador que, por estar "cheio", demora mais para processar os dados.

Essa não é uma imagem, mas um diagnóstico. Os alemães simularam em computador o desempenho de bancos de dados maiores e menores --esses últimos, equivalentes ao cérebro de um jovem adulto-- e constataram que a diferença não estava no desgaste do material, aliás inexistente, e sim na carga de dados.

Gostei dessa descoberta, mas eu próprio já havia chegado a ela sem precisar de simulações. Há tempos venho percebendo que minha lentidão para gravar certas informações se dá porque o espaço na cabeça está ocupado com detalhes da trama de romances como "Scaramouche", "O Pimpinela Escarlate" e "Elzira, a Morta-Virgem", gibis de Mandrake, Dick Tracy e Brucutu, cenas de beijo de filmes de Marisa Allasio, frases do Millôr, tratados de fenomenologia de Husserl e letras de marchinhas de Carnaval como "Aurora", "Saçaricando" e "Tem Nego Bebo Aí".

Não que as ditas informações novas merecessem ocupar o lugar dessas maravilhas.

A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, não perde nenhuma oportunidade de dizer "não fui eu".



"Não fui eu" - J. R. GUZZO

BLOG do Murilo

REVISTA VEJA


Nada como o fracasso para trazer à luz do sol alguns dos defeitos mais desagradáveis que o ser humano esconde nos subúrbios distantes da sua alma. Diz-me como lidas com teus fracassos, e eu te direi quem és — eis aí o resumo da ópera, numa adaptação do velho provérbio sobre as más companhias. De fato, é quando as coisas complicam que fica mais fácil dividir o bom do mau caráter. Personalidades construídas com material de primeira qualidade sabem que o fracasso, em si, não é fatal; é apenas o resultado dos erros de julgamento de todos os dias, e, portanto, deve ser enfrentado com a disposição de fazer mudanças, adquirir mais conhecimento, ouvir mais gente e assim por diante. Mas sabem, também, que o fracasso pode ser um pecado mortal quando o seu autor não admite que fracassou, ou nega que tenha havido realmente um fracasso, ou, pior que tudo, põe a culpa do fracasso nos outros. Seu mandamento principal é uma frase muito ouvida nas salas de aula infantis: "Não fui eu". São pessoas fáceis de encontrar. Um dos seus habitats é o governo.

A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, não perde nenhuma oportunidade de dizer "não fui eu". O ano de 2013, para ir direto ao assunto, foi uma droga. O PIB cresceu abaixo de 2,5% — quase metade do que o governo tinha prometido no começo do ano. O saldo da balança comercial teve o pior resultado desde 2000, com uma queda de quase 90% em relação a 2012. Num tipo de molecagem contábil cada vez mais comum, registrou-se como "exportação" a venda de equipamento que nunca saiu do território nacional. Em dólar, mesmo, não entrou um centavo no Brasil. Mas no papelório oficial consta o ingresso de quase 8 bilhões, sem os quais, aliás, teria havido déficit na balança de 2013. Outros truques parecidos fazem do Brasil um aluno promissor da Escola de Contabilidade Cristina Kirchner.

Pela primeira vez em dez anos, caíram as vendas de carros. O contribuinte pagou 1,7 trilhão de reais em impostos — a maior soma de todos os tempos. Os brasileiros gastaram cerca de 25 bilhões de dólares no exterior, quatro vezes mais do que os estrangeiros gastaram aqui — e qual a surpresa, quando ficou mais barato comprar um enxoval em Miami do que em Botucatu? A maior empresa do Brasil, a Petrobras, teve um desempenho calamitoso: em apenas um ano, de 2012 a 2013, foram destruídos 40 bilhões de reais do seu valor de mercado. O Brasil (que Lula, em 2006, proclamou "autônomo" em petróleo, e já pronto para "entrar na Opep") importou 40 bilhões de dólares em petróleo e derivados em 2013.

A presidente, cada vez mais, dá a a impressão de estar passeando num outro planeta. Segundo Dilma, 2013 até que foi um ano bem bonzinho, e o que pode ter acontecido de ruim não foi culpa dela, e sim da "guerra psicológica" que teria sofrido. Foram condenados, também, os "nervosinhos" — gente que, segundo o ministro Guido Mantega, fez cálculos pessimistas para as contas públicas de 2013. Veio, então, com uns miseráveis decimais acima das tais previsões — que, de qualquer forma, ficaram muito abaixo da meta prometida. Os juros foram a 10,5% ao ano, a inflação voltou a roncar e o Brasil pode perder o seu sagrado "grau de investimento" em 2014.

A estratégia econômica resume-se hoje a repetir a ladainha de sempre sobre o desemprego de "apenas 4,6%", que na verdade parece ser de 7%, e o aumento de renda que levou "milhões de brasileiros" a sair da miséria e subir à "classe média". Chega a ser piada de humor negro misturar dados de desemprego no Brasil e em países do Primeiro Mundo, para vender a ilusão de que "estamos melhor que eles". O que adianta isso, quando o abismo entre nosso bem-estar e o do mundo desenvolvido continua igual? Da "subida social" dos brasileiros, então, é melhor nem falar. Falar o quê, quando o governo decidiu que faz parte da classe média todo cidadão que ganha de 291 reais por mês a 1019? A presidente quer que acreditemos no seguinte disparate: a pessoa entra na classe média se ganhar menos da metade do salário mínimo por mês; se ganhar 1020 reais, já fica rica.

A presidente Dilma daria um enorme passo adiante se deixasse entrar na própria cabeça a ideia de que um fracasso é apenas um fato, e não um julgamento moral. Ninguém se torna um ser humano melhor porque acerta, ou pior porque erra. Mas no Brasil o que vale não é enfrentar o fracasso lutando pelo sucesso. Melancolicamente, o que funciona é negar a derrota e chamar a marquetagem para dar um jeito nas coisas. O resultado são anos como 2013.

O jeito será importar shoppings cubanos – que vêm sem nada dentro, portanto são perfeitos para rolezinhos.

Segunda-feira, janeiro 27, 2014

O alegre rolezinho dos hipócritas - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA


Os brasileiros, esses crédulos, achavam que o governo popular parasitário do PT jamais alcançaria os padrões de cara de pau do chavismo. Quando o governo venezuelano explicou que estava faltando papel higiênico no país porque o povo estava comendo mais, os brasileiros pensaram: não, a esse nível de ofensa à inteligência nacional os petistas não vão chegar. Mas o Brasil subestimou a capacidade de empulhação do consórcio Lula-Dilma. E o fenômeno dos rolezinhos veio mostrar que o céu é o limite para a demagogia dos oprimidos profissionais.

A parte não anestesiada do Brasil está brincando de achar que o populismo vampiresco do PT não faz tão mal assim. E dessa forma permite que a presidente da República passe o ano inteiro convocando cadeia obrigatória de rádio e TV. Como no mais tosco chavismo, Dilma governa lendo teleprompter. Fala diretamente ao povo, recitando os contos de fadas que o Estado-Maior do marketing petista redige para ela. Propaganda populista na veia, e gratuita, sem precisar incomodar Marcos Valério nenhum para pagar a conta.

Só mesmo numa república de bananas inteiramente subjugada é possível um escárnio desses. O recurso dos pronunciamentos oficiais do chefe da nação existe para situações especiais, nas quais haja uma comunicação de Estado de alta relevância (ou urgência) a fazer. Dilma aparece na televisão até para se despedir do ano velho e saudar o ano novo – ou melhor, usa esse pretexto para desovar as verdades de laboratório de seus tutores. Mas agora, com a epidemia dos rolezinhos, o canal oficial da demagogia está ligado 24 horas.

Eles não se importam de proclamar na telinha que a economia está indo de vento em popa, com os números da inflação de 2013 estourando a previsão e gargalhando por trás da TV. Mas a carona nos rolezinhos é muito mais simples. Basta escalar meia dúzia de plantonistas da bondade para dizer que as minorias têm direito à inclusão no mundo capitalista – e correr para o abraço. Não se pode esquecer que o esquema petista vive das fábulas dos coitados. Delúbio Soares, hoje condenado e preso por corrupção, disse que o mensalão era "uma conspiração da direita contra o governo popular".

O rolezinho é um ato de justiça social, assim como o papel higiênico acabou porque os venezuelanos comeram muito. E a desenvoltura dos hipócritas do governo popular no caso das invasões de shoppings está blindada, porque a burguesia covarde e culpada é presa fácil para o sofisma politicamente correto. Os comerciantes dos shoppings, lesados pela queda do consumo e até por furtos dos jovens justiceiros sociais, estão falando fininho. Estão sendo aviltados por uma brutalidade em pele de cordeiro, por uma arruaça fantasiada de expressão democrática, e têm medo de fazer cumprir a lei.

A ministra dos Direitos Humanos, como sempre, apareceu como destaque no desfile da demagogia petista. Maria do Rosário defendeu os rolezinhos nos shoppings e "o direito de ir e vir dessa juventude".

A ministra está convidada a passear num shopping onde esteja acontecendo o ir e vir de 3 mil integrantes dessa juventude. Para provar que suas convicções não são oportunismo ideológico, Maria do Rosário deverá marcar sua próxima sessão de cinema ou seu próximo lanche com a família num shopping center invadido por milhares de revolucionários do Facebook, protegidos seus. Se precisar trocar as lentes de seus óculos, Maria do Rosário está convidada a se dirigir à ótica num shopping que esteja socialmente ocupado por um rolezinho.

Se a multidão não permitir que a ministra chegue até a ótica, ou se a ótica estiver fechada por causa do risco de assalto, depredação ou pela falta de clientes, a ministra deverá voltar para casa com as lentes velhas mesmo. E feliz da vida, por não ter de enxergar seu próprio cinismo socialista.

Shoppings fechados em São Paulo e no Rio por causa dos rolezinhos são a apoteose da igualdade (na versão dos companheiros): todos igualmente privados do lazer, todos juntos impedidos de consumir cultura, bens e serviços num espaço destinado a isso. É a maravilhosa utopia do nivelamento por baixo. 
 
O jeito será importar shoppings cubanos – que vêm sem nada dentro, portanto são perfeitos para rolezinhos.
 

Por mais segurança no Plano Piloto



Por Thalita Lins

Moradores das asas Sul e Norte saem em caminhada, pelo Eixão Sul, em protesto contra a vulnerabilidade na região, após um início de ano com muitos crimes violentos, como roubos, sequestros e assassinato.
 
A onda de crimes registrada no Plano Piloto, principalmente na Asa Sul (veja Memória), nos primeiros dias do ano, levou um grupo de moradores da região a protestar pacificamente, na manhã de ontem, no Eixão Sul. Cerca de 50 pessoas vestidas de branco se reuniram para a passeata a fim de pedir providências ao governo. Durante o trajeto, elas ofereceram botões de rosas aos frequentadores da área de lazer. Cartazes com pedidos de paz foram estendidos pelos participantes da caminhada para chamar atenção. O ato foi organizado por moradores das asas Sul e Norte. ...
 
Um dos organizadores do manifesto, o estudante da Universidade de Brasília Pedro Ivo Santana, 21 anos, reclama da falta de compromisso das forças de segurança do Distrito Federal. Desde que nasceu, ele mora na 307 Sul. Durante essas duas décadas, diz lembrar-se de vários episódios em que criminosos colocaram a vida da população em risco. “Há alguns anos, o antigo dono da banca de revistas da quadra foi morto por assaltantes, justamente pela falta de segurança nas redondezas”, contou o rapaz. Ele reclama do abandono de um antigo posto policial construído no endereço. “Está jogado às moscas, todo quebrado. Pessoas estão perdendo a vida pela violência, e o governo não faz uso de um espaço como esse”, desabafou.
 
Prisioneira em casa
A idade de Pedro é o tempo em que a aposentada Maria de Jesus Santana, 59 anos, mora na 307 Sul. De lá para cá, ela percebeu um aumento dos crimes na região. “Há poucos meses, teve dois sequestros relâmpagos na comercial de lá. No meu bloco, uma pessoa foi estacionar e teve o carro roubado na hora.” A senhora diz que se sente uma prisioneira na própria casa. “Fico acuada. Prefiro ficar no meu apartamento a sair, mas, mesmo assim, tenho medo. Não tem horário para a violência acontecer. Não consigo dormir enquanto meus filhos não chegam em casa”, lamentou Maria de Jesus. 
 
A aposentada Maria Evangelina Rocha Monteiro, 72 anos, chama a atenção para a falta de iluminação nas quadras. Ela vive em uma casa na 713 Sul desde 1982. Segundo a moradora, assaltos na região, em especial à noite, são recorrentes. A maioria dos alvos é de estudante de escolas e universidades das redondezas. “Os postes de luz estão cobertos por árvores”, alertou. “Quando saio de casa, prefiro não levar bolsa. Vou vestida de forma bem simples para não chamar a atenção de criminosos”, afirmou a aposentada. 
 
“Está jogado às moscas, todo quebrado (o posto policial da 307 Sul). Pessoas estão perdendo a vida pela violência, e o governo não faz uso de um espaço como esse”
Pedro Ivo Santana, 21 anos, estudante universitário e morador da 307 Sul
 
Memória
 
2014
20 de janeiro 
Um homem de 23 anos foi baleado na barriga, após reagir a um assalto na loja de conveniência de um posto de gasolina. O crime ocorreu durante a madrugada na Quadra 307 Sul. A vítima foi socorrida e levada a um hospital particular. O rapaz recebeu alta. O criminoso roubou R$ 280 da lanchonete, além de uma bolsa de um dos clientes com documentos, cartões e R$ 300. O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) como tentativa de latrocínio. Até o fechamento desta edição, o suspeito ainda não havia sido preso.
 
19 de janeiro
A polícia apreendeu dois adolescentes, entre 12 e 15 anos, suspeitos de envolvimento em um sequestro relâmpago na Asa Sul. Outro jovem que participou do crime conseguiu fugir. De acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), o trio rendeu o casal com uma arma de fogo e assumiu a direção do veículo das vítimas na quadra comercial da 203 Sul. Um taxista informou à polícia, que passou a procurar os suspeitos e as vítimas. Segundo a Divicom, no Eixo W, na altura da 203/204 Sul, o motorista do carro sequestrado perdeu o controle da direção e bateu o veículo em um poste, que acabou atingindo uma viatura da Polícia Militar. Após a colisão, os militares deram voz de prisão aos suspeitos, que saíram do carro utilizando uma das vítimas como escudo. A PMDF conseguiu apreender dois dos adolescentes. O terceiro integrante do grupo conseguiu fugir. Ninguém ficou ferido. Os adolescentes apreendidos estão à disposição da Vara da Infância e da Juventude. 
 
19 de janeiro
Um jovem de 20 anos foi preso em flagrante depois de roubar uma padaria na 314 Norte. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito utilizou uma arma de brinquedo para praticar o crime.
 
8 de janeiro
A Polícia Civil prendeu os suspeitos de envolvimento no assassinato de um militar reformado. O crime ocorreu em 3 de janeiro, na porta do prédio em que a vítima morava, na Asa Sul. João Carlos de Souza, 66 anos, foi atingido por um tiro na cabeça em uma tentativa de assalto, ao chegar à garagem do edifício, na 112 Sul, por volta das 22h30. De madrugada, o militar passou por uma cirurgia no Hospital de Base, mas João não resistiu e morreu por volta das 14h de 4 de janeiro. Um adolescente de 16 anos foi apreendido por agentes, em Valparaíso, suspeito de participação no crime. O menor responderá por ato infracional análogo ao crime de latrocínio.
Fonte: Jornal Correio Braziliense - 27/01/2014 -BLOG do SOMBRA

"O Brasil é um país com ótimas leis, mas que não são cumpridas”.

Política

A conta de chegar e a conta de sair

Gaudêncio Torquato

Não é de hoje que o Brasil vive o dilema de administrar duas contas: a de chegar e a de sair. A primeira abriga repertório, programas e atos que impulsionam o país, garantindo uma escalada crescente na esfera das Nações, o que lhe confere respeito, credibilidade para levar a cabo metas e aspirações. Um exemplo? O avanço alcançado pela política de inserção social, que propiciou a ascensão de cerca de 30 milhões de brasileiros às classes médias. Um tento.

Já a conta de sair reúne o acervo das demandas e carências, erros, falhas e ausências do Estado no exercício de suas funções constitucionais, manchas que borram a imagem de um país na paisagem internacional, e, consequentemente, o impedem de ostentar a marca de grandeza. Um exemplo? Os recentes episódios no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, cujos detalhes – decapitação de corpos, enforcamentos – ganharam espaços na mídia mundial, projetando estes nossos trópicos no ranking da barbárie e fragilizando seu discurso nos palcos da diplomacia. Uma vergonha.

Afinal, qual a maior ambição brasileira na esfera da política internacional? Ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Mesmo que reunisse condições para tanto, seria irrefutável a hipótese de que uma Nação democrática, caso queira emprestar colaboração à meta de manter a paz e a segurança internacional, função que compete ao Conselho de Segurança, precisa demonstrar compromisso com sólida política de segurança interna.

Não é o nosso caso. Um território inseguro, assaltado pela violência, que registra 50 mil homicídios anuais, um déficit de 200 mil vagas no sistema carcerário, e onde cerca de 20 pessoas desaparecem diariamente sob alarmantes violações aos direitos humanos, estaria confortável numa cadeira do órgão que define diretrizes para a segurança mundial? Não seria o caso de inferir que, ali, o Brasil acabaria produzindo incongruente discurso, do tipo: “Faça o que digo, mas não faça o que faço”?

O grau de arrogância e autossuficiência que se vê em diversas frentes da vida institucional – expandido na esteira do bordão “pela primeira vez na história deste país” – funciona como viseira de governantes incapazes de enxergar desvios, corrigir rumos e aceitar sugestões.

Antes, porém, que o epíteto de “catastrófico” seja jogado nestas linhas, façamos o exercício de identificar alguns traços da grandeza nacional. Somos uma potência emergente, com elevado papel nos fóruns de decisão política e econômica, graças ao desenvolvimento alcançado nas últimas décadas.

O Brasil encontrou o fio da meada, pagou a dívida ao FMI, exerce um papel de liderança entre os países da América do Sul, tem razoável influência na América Central e ajuda países da África, com os quais mantém estreitas relações.

Nossa democracia dá sinais de vitalidade, com o funcionamento pleno dos Poderes, apesar de tensões frequentes, não havendo ameaças de rompimento nos dutos democráticos.

A população, já ultrapassando 200 milhões de pessoas, se anima na esteira da mobilização de grupos e comunidades, a denotar crescente interesse em participar do processo político. Nosso sistema de consumo se expande sob empuxo de políticas de redistribuição de renda.

Dispomos de moderna estrutura de produção, com monumental seara plantada pelo agronegócio, um animado setor de serviços em expansão, um parque industrial arrojado (mesmo padecendo de agruras) e promissoras perspectivas nos campos da exploração de petróleo (pré-sal).

O país conquistou, mais recentemente, o comando da Organização Mundial do Comércio, tem a China como principal parceiro comercial, sinaliza expansão na política multilateral e vontade de fortalecer vínculos com os EUA e a Europa. Integra o G-20, o grupo que toca a orquestra da economia internacional.

E participou de operações de imposição de paz e ajuda a governos em diversos territórios, como República Dominicana, Canal de Suez, Angola, Moçambique, Líbano, Timor Leste e Haiti. Essa é, portanto, a base do um portentoso edifício, ou, em outros termos, a conta de chegar para disputar espaços de mando e influência na textura das Nações. O que falta, agora, é estreitar a conta de sair, ou seja, atenuar e mesmo eliminar as tintas que enfeiam a paisagem dos nossos campos e cidades, a começar por declives e despenhadeiros nos vãos da segurança pública.

O país tem afundado neste lamaçal. Desde os anos 90, fragmenta-se o cordão da segurança pública. Já existem mais de 500 mil adultos encarcerados, número que cresceu 30% nos últimos 5 anos, mas 43% dessa população excedem a capacidade do sistema prisional.

E há 200 mil presos aguardando julgamento. Soma-se a esse contingente 20 mil adolescentes que cumprem medida socioeducativas com privação de liberdade. As projeções são sombrias. Frágeis índices de escolaridade, desigualdade, tortura em delegacias e centros de detenção, quadros policiais muito violentos, execuções extrajudiciais, superlotação das prisões, impunidade para abusos, salários vergonhosos de policiais, pobreza nas periferias, ausência de espaços de lazer, falta de treinamento, desaparelhamento de estruturas, a par das angústias urbanas – precários sistemas de mobilidade, atendimento precário dos centros de saúde – arrematam a descosturada malha da segurança e elevam às alturas os índices de violência.

O copo das águas destoantes transborda. Os direitos humanos são hasteados nos mastros da cidadania, a deixar ver o apurado gosto nacional por verborragia bombástica. Mas o vento das ruas rasga discursos. Não por acaso, o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil, Maurício Santoro, proclama: “Há por aqui um déficit de justiça muito grande. O Brasil é um país com ótimas leis, mas que não são cumpridas”.

Ora, o velho Barão de Montesquieu já lidava com esse mote. Vivia dizendo: “Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se são executadas as que há, pois há boas leis por toda parte”.

Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação. Twitter: @gaudtorquato

O modelo responsável por levar o PT ao poder exibe sinais preocupantes de desgaste.

O que o PT fala do PT, por Ricardo Noblat

É a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo.

A arrogância tem sido a marca forte do PT desde que chegou com Lula ao poder federal em 2002.

O escândalo do mensalão abalou, sim, a blindagem do partido. A proximidade de eleições gerais e as incertezas da economia aconselham que ele banque o humilde.

Na última sexta-feira, em Porto Alegre, durante palestra no Fórum Social Temático, o secretário-geral da presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse que o modelo responsável por levar o PT ao poder exibe sinais preocupantes de desgaste.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência da República. Foto: Richard Casas

É necessário, segundo ele, debater as características de um novo projeto de governo capaz de ir além de temas “como inclusão social e distribuição de renda”.

Nada muito diferente do que pensam nomes de peso do PSDB, o partido que governou o país nos oito anos que antecederam à ascensão do PT.

No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, desembrulhou-se o Plano Real, a inflação de mais de 80% ao mês do governo Sarney acabou manietada e a renda distribuída como em ralas ocasiões.

A inclusão social começou verdadeiramente ali. Ou ali deu um salto.

“Neste momento, nos damos conta que as conquistas importantes que tivemos estão dadas. Foram importantes, mas absolutamente insuficientes. Tivemos um processo de inclusão social inegável e devemos nos orgulhar disso. Mas temos que reconhecer que foi absolutamente insuficiente”, desabafou Gilberto para uma plateia de esquerda, a maior parte dela do PT, que não gostou nem um pouco do que ouviu.

“A corrida veloz para o consumo não foi acompanhada de um grande debate em torno de outros valores”, observou a propósito das manifestações de rua de junho último. “Satisfeita a demanda, a exigência passou a ser por serviços de qualidade”.

O governo foi pego de surpresa. Seu sentimento, “de certa dor e incompreensão. (...) Fizemos tanto por essa gente e ela agora se levanta contra nós”? A oposição concorda.

Gilberto é devoto de Lula desde que se aproximou dele nos anos 80. Lula, então, era um líder sindical. Fundaria o PT em seguida.

Em 2002, Gilberto foi seu chefe de gabinete na campanha para presidente. Uma vez no governo na condição de assessor direto e conselheiro, suportou seus palavrões e maus modos. Continua suportando. Viu Lula deixar companheiros pelo meio do caminho. Sobreviveu.

O que faz ou diz nunca está em desacordo com o que Lula pensa e não diz. Porque não é conveniente que diga.

Como outros dirigentes do PT, torce em silêncio pela volta de Lula, este ano ou em 2018. E para que tal ocorra, serve à Dilma sem traí-la.

Ela subiria nas tamancas se fosse diferente. Dilma tem fama de dizer palavrões e de destratar com frequência quem trabalha com ela. Merecida fama.

Ao criticar o PT e o governo, Gilberto antecipa parte do discurso da oposição na campanha deste ano com a esperança de esvaziá-lo.

Discursos parecidos favorece um governo bem avaliado por mais de 40% da população.

Se a oposição pouco ou nada tiver para oferecer de olho no futuro, a eleição será liquidada no primeiro turno. Que vá para o segundo turno como as eleições de 2002, 2006 e 2010. O governo vencerá.

Mais de 60% dos brasileiros querem mudanças, apontou o Datafolha.

Fica a pergunta que vale milhões de dólares: Mudanças com Dilma e o PT ou sem eles? Com Lula ou sem ele?

Como é possível que uma senhora que já não é mais criança, ocupante do mais alto cargo de uma Nação cheia de problemas, se comporte como uma Maria-Chuteira que não sabe mais nem em quê gastar de tanto que seu marido ganha?

Política

'Lisboa e Tejo e tudo', por Maria Helena RR de Sousa

Como é possível que uma senhora que já não é mais criança, ocupante do mais alto cargo de uma Nação cheia de problemas, se comporte como uma Maria-Chuteira que não sabe mais nem em quê gastar de tanto que seu marido ganha?

À menina que sai da periferia de qualquer de nossas cidades e vai parar em Barcelona ou Madrid e fica extasiada com as purpurinas de sua nova vida, dá-se um desconto: é natural que queira pavonear-se para os da sua turma.

Mas dona Dilma ir se exibir em Lisboa e nos fazer passar pelo vexame de mostrar que no fundo ainda somos os mesmos tupinambás boquiabertos com os espelhos e as miçangas?

Será que ela porventura acha que os grandes empresários do mundo não vão pôr num prato da balança a estadista e seu discurso em Davos e no outro a deslumbrada sem limites?

Será que ela por um átimo de segundo achou que esse piquenique às margens do Tejo ia passar despercebido e que não ia ser comparado com o rastilho de pólvora que começa a unir nossas cidades?

Carlos Botelho (óleo)

Eu mesma respondo. Acho que ela está convencida que nós, os trouxas absolutos, não faremos nada e que ela, retroalimentada pelo PT e seu dono, pode mesmo tudo e que nada de mau lhe acontecerá, a não ser a reeleição e aí...

Bem, aí entra a Carta do Leitor de O Globo, que copio:

Estou cansado de ver oportunistas manipularem pessoas, usando a religião e a política para ganhar dinheiro fácil e poder. De ver tantas mortes e acidentes em estradas esburacadas, perigosas e mal conservadas. De ver políticos jogando pretos contra brancos, empregados contra patrões, pobres contra ricos, incentivando o preconceito e botando lenha na fogueira da luta de classes. De ver ministérios inúteis, criados para acomodar companheiros, no esquema do toma lá dá cá. Estou cansado da carga tributária de 37,5% do PIB, uma das mais altas do mundo, com quase nenhum retorno. De ter medo de sair à rua, apavorado com bala perdida, assalto e arrastões. Do trânsito e do transporte público sempre infernais. De ver políticos e governantes zombarem da nossa inteligência. Da educação cada vez mais desvalorizada. Estou cansado de muitas coisas, mas, principalmente, de ver a mediocridade tomando conta do país. Rubem Paes, Niterói, RJ”.

É carta que seria assinada por mim e por muita e muita gente. Perfeita. E com o timbre da Verdade.

Eu só acrescentaria uma linha depois de olhar detidamente a foto-testemunha do ‘rolézinho’ às margens do Tejo: precisavam sair carregando a mercadoria?

*O título, já se sabe, é do poema Lisbon Revisited (1926), Álvaro de Campos (Fernando Pessoa).

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005.

Paulistano é aquele que aceita e ama a cidade. Ainda que este amor seja secreto, enrustido, negado, ou envergonhado.

São Paulo, por Elton Simões

Quando me entendi por gente, garoa não havia mais. Os adultos falavam de um tempo em que, na cidade espremida entre três rios, caia uma fina garoa. Explicavam que, até alguns anos antes, a população ainda se banhava nos rios.

Já conheci a cidade, sem garoa e sem o verde. A fumaça já subia apagando as estrelas. O clima já enganava. O ar, por vezes já era pesado. A poesia já era concreta.

Os mais velhos falavam da chegada dos italianos, dos japoneses, do crescimento, da população. 

Descreviam o mosaico de pessoas e culturas que de alguma forma se amalgamavam em um todo mais ou menos harmônico.

A vida seguia. Chegava gente de todo lado. De caminhão, chegava gente despossuída a procura de um lar. Pobre. Tão pobre que seus poucos pertences vinham embrulhados em uma trouxa de pano de um branco, pelo menos em minha memoria talvez distorcida, imaculado.

Na escola, os colegas também acabavam de chegar de alguma outra cidade ou país. Ou eram filhos de pais que, vindos de outros lugares, ali haviam se estabelecido. Vinham do interior, do nordeste, do Oriente Médio, da Europa, do Japão, do Chile, do Uruguai, da Argentina, enfim, de toda parte.


A todos, a cidade acolhia. Sem distinção, ou preconceito. Apenas a aceitação que permitia a cada um rondar a cidade a procurar uma vida melhor para si e para os seus. No cinza dos prédios nascia uma das maiores cidades do mundo. Feia, sem duvida. Mas atraente.

Amor por São Paulo parece ser coisa inexistente. Raramente proclamado. Frequentemente negado. Nunca declarado. Considerado por alguma coisa impossível. Quase uma heresia, ou pecado. É amor não confessado em voz alta, ou a luz do dia.

A injusta sentença dura é sempre desmentida pela decisão dos milhões de pessoas que chamam a cidade de lar. Que ali criam raízes e, não importa onde estejam, levam um pouco da cidade no coração.

Com generosidade, a cidade a todos perdoa e compreende. Absorve, sem rancor, as criticas e queixas. E reserva um lugar especial no coração para os milhões de pessoas que lá chegaram, nasceram, ou escolheram ser paulistanos.

São Paulo desmente o dicionário. O titulo de paulistano não requer exibição de certidão de nascimento. Paulistano é aquele que aceita e ama a cidade. Ainda que este amor seja secreto, enrustido, negado, ou envergonhado.

Ser paulistano é um sentimento que todos, sejam eles corintianos, flamenguistas, são-paulinos, palmeirenses, santistas, libaneses, italianos, cariocas, mineiros, e até baianos podem curtir.
Numa boa.

Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria). E-mail: esimoes@uvic.ca

Rodoviários prometem cruzar os braços às 0h desta quarta-feira

Paralisação de motoristas e cobradores das empresas Pioneira, Satélite, Cidade Brasília e Planeta vai afetar cerca de 350 mil usuários
 
Johnny Braga
johnny.braga@jornaldebrasilia.com.br

Os rodoviários do Transporte Público do Distrito Federal, ligados ao Grupo Constantino, irão paralisar os serviços a partir de 0h desta quarta-feira, em protesto ao não pagamento das indenizações trabalhistas aos funcionários. A paralisação tem previsão de durar 24 horas. O Grupo, que mantém atividades em seis Regiões Administrativas, possui atualmente a maior frota em circulação do DF. As empresas Pioneira - vencedora da licitação da bacia 2 - Planeta, Satélite e Cidade Brasília fazem parte do grupo. Cerca de 350 mil passageiros serão prejudicados.

A paralisação é apoiada e acompanhada pelo Sindicato dos Rodoviários. As regiões afetadas são: Ceilândia Norte e Sul, Setor "O",  P Sul, Taguatinga Sul, Gama, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, as empresas do Grupo Constantino alegam falta de recursos financeiros para pagar as rescisões trabalhistas dos rodoviários. O sindicato diz ainda que cerca de 70 trabalhadores foram demitidos, não receberam seus direitos e não estão recebendo salários.


Segundo nota divulgada pelo sindicato, uma parte dos funcionários do grupo foi demitida e receberam parcialmente os seus direitos - que foram pagos com recursos do governo, após decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que determinou que as parcelas que deveriam ser pagas pelo governo ficaram descobertas e as empresas se recusam a discutir uma saída para o problema.

O Grupo Constantino foi procurado pela reportagem do Jornal de Brasília, e disse não ter conhecimento sobre a paralisação. O sindicato garante que nenhum veículo das empresas saíra das garagens.

Sem ônibus, o metrô vira a alaternaiva para os usuários que dependem do Transporte Público. A Companhia do Metropolitano do DF deve definir até o fim do dia se haverá reforço na quantidade de trens que circulam em Ceilândia e Taguatinga, que são as únicas cidades atendidas pelo grupo que contam com este meio de transporte.
O Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) afirmou que não foi notificado pelo sindicato sobre a paralisação.

Problema pode atrasar entrega de ônibus

Cerca de 1,2 mil trabalhadores do Grupo constantino aguardam a demissão para ingressar nas novas empresas do Transporte Público. De acordo com o sindicato dos Rodoviários as empresas mais uma vez alegaram falta de recursos para efetivar estas demissões. Com os trabalhadores ainda vinculados as empresas antigas, as novas operadoras não poderão contratá-los.
O GDF prevê a renovação da frota até o final do mês de fevereiro, mas a entrega dos veículos pode atrasar com este impasse. O DFTrans não acredita que a renovação da frota deva ultrapassar o limite previsto.

Em nota, o sindicato afirma que "(...) tentou insistentemente uma saída negociada para esse impasse, mas não obteve êxito. As empresas têm ameaçado os trabalhadores com demissão com justa causa, o que configura um absurdo. O sindicato entrou com uma ação pedindo o bloqueio dos bens das empresas, mas ainda não há decisão."

O sindicato informou que inicialmente a paralisação afeta apenas as empresas do grupo.

Fórum dos Leitores- O Estado de São Paulo




COPA DO MUNDO
Simples assim
A presidente Dilma Rousseff, conforme a matéria Jogo de cena entre Dilma e Blatter (24/1, A21), declarou que "estádios são obras relativamente simples". De qual cartola ela tirou isso? Muito mais simples são as obras do Minha Casa, Minha Vida, que trincam, vazam e despencam pouco tempo depois de entregues. Mais uma vez a presidente perdeu a oportunidade de se calar.

CLÁUDIO MOSCHELLA
arquiteto@claudiomoschella.net
São Paulo
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Dilma tem razão: erguer estádio é obra simples. Difícil e complicado é dar saúde, educação e segurança ao povo, o que ela não fez, não faz e decerto nunca fará.

ARNALDO DE ALMEIDA DOTOLI
arnaldodotoli@hotmail.com
São Paulo
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País do faz de conta
Era uma vez um país que pretendia sediar e fazer a chamada "Copa das Copas". E tinha tudo para fazer dar certo, menos uma coisa: infraestrutura. Quem quiser que conte outra.


JOSÉ MARQUES
seuqram.esoj@bol.com.br
São Paulo
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Tristes jogos
Que tristeza, não tem mais jeito: teremos Copa - e também Olimpíada - no Brasil. Tristeza por saber que os custos serão enormes para um país de pobres e com muitas outras prioridades. Mas mesmo assim vamos sediar eventos desnecessários e que servem tão somente para fins eleitoreiros. Dá para entender as motivações dos megalomaníacos, dos trabalhadores e dos atletas. O que não dá para entender é a população, que ficará com o ônus e nem sequer chia. Não são só os grandes eventos que promovem um país. Trabalho, educação e seriedade falam mais alto.


SÉRGIO BARBOSA
sergiobarbosa@megasinal.com.br
Batatais
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Legado
Sete anos falando em Copa do Mundo, construção de estádios e empurrando todo o resto com a barriga. Está aí o "legado da Copa": enchentes ao primeiro sinal de chuva. Continuem votando no PT (Perda Total)!

RICARDO SANAZARO MARIN
s1estudio@ig.com.br
Osasco
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GESTÃO HADDAD

Enchentes
O nobre prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Malddad, quer eximir-se de responsabilidade e imputá-la ao contribuinte espalhando placas pelos locais de alagamento: "Se você sofrer problemas com enchentes, eu aviso que o problema é seu!".

MILTON BULACH
mbulach@gmail.com
Campinas
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Chuva, lixo e vandalismo
Queimam-se ônibus, mas se joga muito lixo na rua. Deveriam protestar de forma civilizada contra as milionárias obras paradas de combate a enchentes - nos Córregos Moenda e Pirajuçara -, abandonadas pelas empreiteiras, na região de Campo Limpo e Capão Redondo, bairros duramente afetados pelas fortes chuvas. O que o Ministério Público sabe sobre essas obras? Aliás, o contrato bilionário da Prefeitura com as empreiteiras de coleta de lixo e varrição, da administração anterior, mas mantido pela gestão Fernando Haddad, é a maior prova de que quase nada mudou. A cidade continua suja e a Amlurb finge que fiscaliza.

DEVANIR AMÂNCIO
devaniramancio@ig.com.br
São Paulo
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INSEGURANÇA PÚBLICA
Violência
O País está entregue à bandidagem, 90% dos noticiários da TV são de casos de violência! Quando é que a presidente Dilma vai tomar alguma providência? O Executivo nem se pronuncia nessa área. As pessoas têm medo de sair de casa e circular nas ruas. Várias pesquisas já foram feitas demonstrando este terrível fato. É essa a imagem que a presidente quer que o Brasil tenha?

VIRGINIA A. BOCK SION
vickybock@hotmail.com
São Paulo
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Trabalho social
Se considerarmos o noticiário diário, parece que São Paulo está inteiramente tomada pelos bandidos, mas não é bem assim, os malfeitores ocupam alguns bolsões, comunidades. O que acontece é que atualmente gozam de enorme mobilidade. Aqui, no Butantã, estamos sentindo que nas favelas do bairro uma nova geração de bandidinhos está vindo para substituir os antigos, que se regeneraram, morreram ou foram presos. É sintomático o aumento da violência em torno da USP, que é vizinha da Favela San Remo. Também nas imediações da Avenida Giovanni Gronchi todos sabem que a fonte das ocorrências policiais é a Favela Paraisópolis. Então é necessário realizar nesses e em outros locais semelhantes um profundo trabalho social para preparar profissionalmente as novas gerações e mostrar-lhes que a honestidade vale a pena. A polícia, principalmente a Civil, deveria deixar um pouco seu trabalho meramente cartorial e se envolver mais em ações de inteligência para identificar e prender os que já estão envolvidos na criminalidade.

NESTOR R. PEREIRA FILHO
rodrigues-nestor@ig.com.br
São Paulo
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Meritocracia na polícia
Tendo sido policial por 35 anos e me sentindo nesse período não como membro da polícia, e sim como servidor público, sou totalmente favorável ao reconhecimento do mérito, não só no trabalho policial, mas em todas as atividades. Entretanto, e considerando que o labor policial está sustentado em três aspectos fundamentais - recursos materiais, recursos humanos e comunicações -, como premiar o policial operacional que está na linha de frente sem esquecer aquele que cuida dos recursos materiais, das comunicações, etc.? Não é possível o operacional atingir um determinado resultado sem o apoio de quem exerce atividades administrativas. Sem munição, sem viatura, sem algemas, sem o serviço de inteligência, sem a perícia e os seus laudos não é possível que ele tenha resultados. Assim sendo, é fundamental que todos os que dão suporte sejam também contemplados no reconhecimento monetário da melhoria dos índices.

JOSÉ RENATO NASCIMENTO
jrnasc@gmail.com
São Paulo
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MAIS MÉDICOS
Abra o olho, Padilha
O ministro da Saúde, em vez de importar médicos, deveria ter uma conversa com o ministro Mercadante, da Educação, e resolver o problema que se tornou o Fies (programa federal de financiamento ao estudante) para os cursos de Medicina. Parece que as faculdades "vendem" o programa aos vestibulandos, mas, na prática, não "entregam".

JOSÉ SEBASTIÃO DE PAIVA
jpaiva1@terra.com.br
São Paulo
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COPA 2014
Dilma Rousseff garantiu em Zurique, na sede da Fifa, que fazer estádio "é relativamente simples" e que o Brasil vai estar pronto para receber a Copa do Mundo de 2014. Se é assim tão simples, a presidente poderia esclarecer por que os gastos foram exorbitantes, sendo esta Copa a mais cara de todas? Muitas das obras estão atrasadas, quando não paralisadas, então é de perguntar quanto dinheiro ainda vai rolar para finalizar essas obras, ditas "relativamente simples"?
Aparecida Dileide Gaziolla
aparecidagaziolla@gmail.com
São Caetano do Sul
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A 'COPA DAS COPAS'
Em tempo de Oscar nada mais sugestivo do que a manchete "Jogo de cena entre Dilma e Blatter" ("Estadão", 24/1, A21). Produção milionária, a "Copa das Copas", iniciada em 2007, poderá render ao Brasil a primeira estatueta da Academia de Hollywood. A fita consumiu, até onde se sabe, R$ 10 bilhões, será exibida em apenas um mês e já garantiu aos "furbos" produtores US$ 4 bilhões antecipados. Poderia ser indicado como melhor filme, porém o título preferido, "Trapaça", já havia sido escolhido por outro diretor. Nunca chegamos tão perto de abiscoitar uma estatueta. Portanto, os artistas indicados não se assustem, no dia do show de entrega dos prêmios, se o apresentador chamar ao palco, com a célebre frase "the Oscar goes to" Dilma Rousseff, como melhor atriz, e Joseph Blatter, melhor ator coadjuvante.

Sérgio Dafré
Sergio_dafre@hotmail.com
Jundiaí
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ATRASO NA ARENA DA BAIXADA
O nome por si só é sugestivo: Arena da Baixada. Ou melhor, está na baixada e não deve sair de lá tão cedo. Meu avô (Alfredo Labsch), um dos fundadores do Coxa, lá do alto deve estar dizendo "se tivessem dado a honra de nós, os coxa brancas, construirmos o estádio para a Copa, este já estaria pronto, concluído, com jogos já efetuados", "mas, quem sabe o CAP o consiga.

Hans Dieter Grandberg
h.d.grandberg@terra.com.br
Santos
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FRANCESAS
O saudoso Emílio Santiago cantava a bela música "Verdade Chinesa". Quanto às verdades francesas, há que se fazer uma reflexão. Charles de Gaulle sugeriu que o nosso país não era sério e Jérome Valcke disse que os organizadores da Copa do Mundo 2014 precisavam levar um chute no traseiro, por causa da desorganização e da falta de planejamento. Quanto à declaração do general e estadista, há dúvidas de que a frase foi realmente dita e, felizmente, existe muita gente séria no País. Quanto à contundente declaração do secretário-geral da Fifa, parece não haver dúvidas, ou seja, o que está acontecendo com a Arena da Baixada (PR) põe por terra a indignação que alguns políticos demonstraram à época da afirmação. Seria pertinente que essas mesmas "autoridades" pedissem desculpas ao sr. Jérome e tentassem minimizar o absurdo de ter sete anos para administrar a empreitada e não darem conta do recado.

Gabriel Fernandes
gabbrieel@uol.com.br
Recife
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UM BELO DESAFORO
A Fifa declarou um lucro de R$ 10 bilhões durante a Copa do "Submundo" que talvez seja realizada no Brasil. Enquanto nosso país padece de educação séria, saúde de qualidade e, principalmente, segurança pública, o governo isentou esta entidade do pagamento de R$ 1 bilhão em impostos. Porém nem tudo é prejuízo, porque a Fifa vai doar R$ 200 milhões como esmola a algumas entidades. É mais ou menos como a piada do homem que se escondeu dentro do guarda-roupa para bater no conquistador e nada fez, e quando o tarado foi embora a mulher ficou revoltada com o marido, que tinha sua justificativa: "Não conta prá ninguém, mulher, mas eu mijei na botina dele. Vocês queimam a minha cara gorda de vergonha".

Manoel José Rodrigues
manoel.poeta@hotmail.com
Alvorada do Sul (PR)
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PROTESTOS DURANTE A COPA
De acordo com o manual de conduta das tropas de choque, que está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha deixarão de ser utilizados como repressão e passarão a ser utilizados como proteção, tanto aos militares como aos participantes das manifestações de protesto. É mais uma propaganda enganosa do governo em relação à chamada repressão "antidemocrática".

Roberto Twiaschor
rtwiaschor@uol.com.br
São Paulo
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AS ÁGUAS E A INÉRCIA DOS GOVERNOS
As águas estão fora do controle. Depois de um janeiro mais seco que os anteriores, picos de chuva que trouxeram pânico, destruição, sofrimento e mortes. As autoridades, mais uma vez, fazem estatísticas, previsões e promessas. Tudo igualzinho nos anos anteriores. O diferente é que agora, indignada, a população começa a protestar violentamente, queimando ônibus e fechando o trânsito em vias de grande circulação. E, da mesma forma que não há providências para os problemas, também não ocorrem consequências para as manifestações, que se ampliam como numa terra de ninguém. É inadmissível, num país com tanta lei e norma para edificações, vermos edifícios que caem, construções sem fiscalização e vias que inundam em todas as chuvas e o prefeito não busca uma solução. Tudo ocorre porque o governante usa o dinheiro público para fins políticos e eleitoreiros e, com isso, deixa de cumprir a legislação e as normas técnicas. Melhor do que partir para a violência e o confronto, seria o povo recorrer ao Ministério Público, apontando seus problemas e exigindo providências. Se o Ministério Público ampliar suas ações e forçar os administradores a assinarem TACs (Termos de Ajustamento de Conduta), a exemplo do que tem sido feito para o tratamento dos esgotos, num tempo não muito longo poderão acabar as enchentes, os desabamentos de obras e outras inconformidades resultantes, na maioria das vezes, da inércia (e até da corrupção) dos governantes e dos setores encarregados da fiscalização. Para cumprirem suas finalidades, as leis e normas não podem ficar apenas no papel...

Dirceu Cardoso Gonçalves
aspomilpm@terra.com.br
São Paulo
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E AQUELE BRASIL, LULA?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de cortar as projeções para o crescimento do Brasil em 2013 e 2014, conforme relatório divulgado na terça-feira (21/1). A expectativa anterior era de que o País crescesse 2,5% e 3,2% em 2014 e 2015. Foi, agora, reduzida para 2,3% e 2,8%, respectivamente. Brasil e Rússia tiveram piora nas projeções. Em sentido oposto, o FMI elevou perspectivas para China e Estados Unidos, as duas grandes locomotivas da economia mundial. As projeções para a economia global são de crescimento de 3,7% em 2014 e de 3,9% em 2015, levemente superiores às perspectivas anteriores, assim diz o fundo. O crescimento dos emergentes é bem superior ao da média global - e o Brasil é um emergente. Todavia, um emergente com "as pernas mancas", como admitiu, num raro rasgo de sinceridade, o ministro da Fazenda, Guido Mantega. De fato, todos os indicadores mostram que aquele discurso do Brasil Maravilha do "nunca antes na História" martelado dia sim, dia também em discursos grandiloquentes pelo ex-presidente está com prazo de validade vencido e seu destino parece ser a lata do lixo da História. Mas o pior nem é isso: é saber que os responsáveis por esse absurdo atraso em que estamos vendo o País mergulhar têm amplas chances de seguir dando as cartas na República por mais quatro anos, a partir de 2015 - e pela vontade popular! Haverá fôlego para suportar tanta mediocridade?

Silvio Natal
silvionatal49@gmail.com
São Paulo
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PERDA DE INVESTIMENTOS
Após a observação do conceituado jornal "Financial Times", que publicou que o Brasil perdeu quase US$ 285 bilhões em investimentos estrangeiros nos últimos três anos, que nome poderíamos dar a esse derretimento dos investimentos? Seria efeito Dilma, efeito poste, herança maldita de Lula ou simplesmente Mantega derretida?

Ronaldo Gomes Ferraz
ronferraz@globo.com
Rio de Janeiro
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DEUS E O DIABO
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que os juros elevados afetarão o crescimento. Não há por que se preocupar por enquanto. Até a data da eleição dona Dilma e sua turma farão o diabo para que a população não perceba a fria em que estão nos metendo. Depois do dia 5 de outubro, se os brasileiros se deixarem enganar de novo, aí, sim, será um Deus nos acuda...

Victor Germano Pereira
victorgermano@uol.com.br
São Paulo
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PIADA DO CRESCIMENTO
Num ano definido pelos especialistas como atípico para o Paraguai, em 2013, a economia do país se descolou da brasileira, à qual tradicionalmente é ligada, e registrou um crescimento muito maior do que o do Brasil. Segundo relatório do Banco Mundial, o Paraguai teve, no ano passado, o terceiro maior crescimento econômico do mundo: 14,1%. O Brasil, no mesmo período, cresceu 2,2%. Isso só pode ser piada, pelo potencial do Brasil e do Paraguai, ou incompetência de Mantega, que só fala e faz besteiras. Durma-se com um crescimento desses...

Antonio Jose Gomes Marques
a.jose@uol.com.br
São Paulo
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OBSTÁCULOS
Para citar apenas três setores vitais da economia do Brasil abençoado por Deus e bonito por natureza, cerca de 40% (!) da água tratada é desperdiçada por deficiências na infraestrutura das redes de distribuição. Na energia elétrica, perde-se 10% da produção por mau uso, com lâmpadas acesas sem necessidade. Na agricultura, 10% da safra de grãos fica pelo caminho devido à falta de silos de armazenamento adequados, à má conservação das rodovias e ao uso de veículos desabilitados para o transporte. A falta de planejamento e de investimentos de longo prazo dos governos, bem como a corrupção generalizada que assola o País, desviando o grosso dos recursos públicos necessários para a melhoria de suas condições básicas, fazem com que, infelizmente, o Brasil continue a ser "o país do futuro" que nunca chega. Até quando?!

J. S. Decol
decoljs@globo.com
São Paulo
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OS RUMOS DA ECONOMIA BRASILEIRA
Embora não tenha sofrido maiores consequências com o abalo sistêmico ocasionado pelo estouro da "bolha imobiliária" em outros países - nações estas que possuem resistência bem maior a crises que o Brasil, diga-se de passagem -, o governo brasileiro vem tomando medidas que tendem a conduzir para os mesmos destinos. Se, por um lado, a oferta de crédito imobiliário teve, em 2013, aumento aproximado de 34%, atingindo mais de 49 bilhões apenas no primeiro semestre; por outro, deve-se sopesar que a inserção de mais capital na economia conduz, diretamente, a expansão dos índices inflacionários - que já atingem gravemente setores como o alimentício, e cuja previsão é de sucessiva piora. Além disso, foi induzido o crescimento de uma bolha imobiliária que já apresenta sinais comprometedores de inchaço: os preços dos imóveis apenas dilatam, e chegam, em alguns casos, a níveis desproporcionais - conduzidos pela desmedida procura de mercado. Se, por um lado os dados apontam a queda nos índices de desemprego, levando a uma comemorada "mínima histórica"; por outro, cresce o número de pessoas que ocupam, hoje, o quadro dos inativos - aqueles que não trabalham, nem desejam trabalhar. De acordo com informações do IBGE, o número de inativos aumentou em 126 mil, de outubro para novembro de 2013. Não se pode perder de vista também que a inflação é o fio condutor principal dos reajustes salariais - que, a propósito, raramente cumprem os fins de compensação a que se destinam, e forçam, consequentemente, a perda de poder de compra, pela população. Comprando menos, vende-se menos. E produz-se menos. Desestimulado, o setor secundário da economia tende a retrair, levando a desemprego. Em dois anos, cerca de 200 mil postos de trabalho do setor industrial - que é essencial para a manutenção de uma economia ascendente - foram fechados. Com o aumento do desemprego, aumenta também o inadimplemento em virtude dos débitos imobiliários contraídos. A dívida força, então, a venda dos imóveis recém-adquiridos, e a oferta massiva leva ao estouro da bolha, com rápida e fulminante desvalorização dos preços dos imóveis, que haviam sido comprados a valores exorbitantes, quando a "bolha imobiliária" ainda se sustentava. Toda essa conjuntura conduz a iminente crise econômica. Apesar do desnorteamento na tomada de medidas e controle dos recursos públicos, o governo arrecadou em 2013, em impostos, o montante de 1,7 trilhão de reais. Some-se isso ao fato de que a dívida pública bateu recordes, voltando a ultrapassar 2 trilhões de reais. A melhor saída para evitar que consequências funestas sobrevenham à economia brasileira é a tomada de medidas que voltem a reativar intensa participação dos setores primário e secundário, na economia; e o aumento da oferta de efetivo emprego - com políticas de diminuição de inativos e estímulo à produção. Além disso, providências de proteção à moeda e incentivo aos investimentos podem ser apropriadas, se acompanhadas de controle e maior critério na concessão de crédito financeiro. Ao contrário do que a presidente Dilma afirmou em seu discurso de final de ano, os fatos estão postos e os dados são claros: a guerra não é "psicológica" nem irreal. Agir com precaução, definindo os pontos de reparo não é "mergulhar em pessimismo". Expostos os sintomas negativos, o tratamento contra a moléstia econômica que se avizinha deve ter início imediato. Do contrário, poderá ser tarde demais para tentar remediar.

Juvencio Almeida
juvencio.almeida@hotmail.com
João Pessoa
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A VERDADE SEMPRE APARECE
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) acaba de divulgar números sobre mercado de trabalho que somente a crônica surdez do Planalto não admitia. Em 2013, apenas 1,1 milhão de empregos foi criado no País. E se levarmos em conta que por ano 1,8 milhão de jovens atingem a idade para entrar no mercado de trabalho, por si só o déficit de criação de empregos é desastroso. Esse é o resultado do artifício da soberba, populismo, e imaturidade administrativa da Dilma. Em que seu destrambelhado governo, por mais que se esforce, jamais será capaz de esconder a realidade dos fatos, como dos equívocos na condução da nossa economia. Apesar das advertências dos nossos especialistas em macroeconomia e administração pública, que há muito, e quase que diariamente, através do importante espaço da nossa imprensa generosamente vem oferecendo ao governo sugestões para que se corrijam os graves erros estruturais que a equipe econômica com aval da presidente vem cometendo. Além, lógico, das desprezíveis traquinagens contábeis que vêm tirando o sono e a confiança do investidor. E o placar a olho nu é este dos PIBs que não passam dos 2%, déficit fiscal nas alturas, investimentos abaixo do mínimo ideal, entre outras debilidades. Agora, para coroar o estrago, a dolorosa conta de que foi criado o insuficiente 1,1 milhão de empregos em 2013. Qual será a próxima decepção?

Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
São Carlos
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2013
O ano de 2013 terminou, para sorte de dona Dilma. A criação de empregos foi a pior dos últimos 10 anos. Nem é preciso ser pessimista, afinal, o que foi bom em 2013? As previsões para 2014 não são nada alvissareiras, justamente no ano das eleições. Reeleição, nem pensar. A inflação em alta, PIB em baixa, gastos públicos nas alturas e maquiados, "rombo" na Previdência Social, Petrobrás literalmente no fundo do poço (nada que ver com o pré-sal) são as notícias que lemos diariamente. Aonde vamos chegar? Será que ainda vai ser pior?

Maria Teresa Amaral
mteresa0409@2me.com.br
São Paulo
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CRISE E DESEMPREGO
Não sejamos tolos em relembrar que uma das hipóteses sobre o advento da crise econômica de 2008 era de que esta teria sido "planejada" por banqueiros. 202 milhões de desempregados vítimas da "trapaça" assistem a 1% da população deter 50% do PIB mundial. Pior! As 85 maiores fortunas do mundo acumulam renda equivalente à de 3,5 bilhões de pessoas. Acreditem, a distribuição de riqueza não vai mudar. Um sistema monetário gerido por bancos centrais inevitavelmente padecerá de crises financeiras recorrentes. Serão salvos pelos governos corruptos e a população pagará caro sempre. Até o dia em que os governos sejam completamente retirados do negócio de fabricar dinheiro. A ética do enriquecimento deveria, portanto, ser esta: "Não roubarás!", ao invés de ser "não roubarás, exceto pelo voto da maioria". O mundo está nos ensinando. E o Brasil, no quesito roubalheira, aprende e contempla tudo rapidamente! Quem nos salvará?

Rafael Machado Cury
machadocury@gmail.com
São Paulo
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O PIB MUNDIAL
É inaceitável que apenas 1% da população controle 50% do PIB mundial. É a exata medida da desigualdade, injustiça, exclusão e da péssima distribuição de renda no planeta na época em que vivemos. Por aí se vê o processo de "brasilização" do mundo, que vai se tornando cada vez mais desigual e injusto, com o aumento da concentração de renda e do fosso entre ricos e pobres. Sabemos que outro mundo é possível, com justiça, solidariedade, inclusão e ética. Hoje, no mundo, os grandes grupos econômicos colocam o Estado para agir em seu benefício e não no do povo. É preciso uma revolução mundial e planetária para que se derrube um sistema político, social e econômico falido, cruel e desumano que só beneficia os ricos e poderosos e que permite a exploração e submissão da imensa maioria das pessoas.

Renato Khair
renatokhair@uol.com.br
São Paulo
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A PRODUÇÃO DA PETROBRÁS
Vem sendo noticiado na grande imprensa que a Petrobrás triplicará a produção até 2035, daqui a 21 anos! Projeção impossível de fazer e declaração ridícula. No longo prazo estaremos todos mortos. Se o governo deixasse de usar politicamente a Petrobrás, a nossa Petrobrás, ela triplicaria a produção em muito menos tempo. Ocorre que o PT pensa que a Petrobrás é deles. No momento, até álcool está importando dos Estados Unidos. É o mesmo que importar jabuticaba!

Paulo Roberto P. Santos
prsantos1952@bol.com.br
Niterói (RJ)
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O ETANOL NO BURACO
Montadora chinesa se instala no Estado de Sao Paulo. Ao mesmo tempo, indústria quase que centenária como a Dedini - sucroalcooleira de base, enfrenta greves por atraso em pagamentos a seus mais de 2 mil funcionários e fornecedores. Dado a este contexto, a metalurgia de Piracicaba, dependente exclusivamente da Dedini, enfrenta grave crise de ociosidade e, consequentemente, financeira também. Situação que põe em risco empregos e, dada a sua importância, uma região do Estado de São Paulo. Há toda uma série de fatores que hoje privilegiam o setor automobilístico, tornando-o atrativo até em momentos adversos da economia. Já o setor alcooleiro de base amarga prejuízos de uma política de preços artificiais aplicados ao setor de combustível pelo governo federal que minimiza o uso do etanol como combustível viável na maioria dos Estados brasileiros. Essa política artificial de preços inviabiliza também o repasse de custos inflacionários e cambiais crescentes. A Petrobrás tem o governo para tirá-la do buraco em que se encontra, já para as empresas privadas o benefício potencial não se nivela ao obtido pela estatal. Empresas referência brasileiras merecem nossa atenção e nosso apoio.

Sergio Holl Lara
jrmholl.idt@terra.com.br
Indaiatuba
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'ETANOL - UM BECO SEM SAÍDA'
"Etanol - um beco sem saída" (artigo de Xico Graziano em 21/1, A2) é uma formulação sofista e eufemista. A situação foi criada "por vontade política" de Lula para enganar a percepção pública da realidade da inflação. Prejudica a Petrobrás e a indústria sucroalcooleira, a cogeração com queima do biocombustível bagaço de cana, o investimento em renovação e em novas de centrais de geração, destrói oportunidades de trabalho e, portanto, prejudica o PIB, a arrecadação de impostos e as balanças comercial e de pagamentos. A subvenção ao preço da gasolina também pesa no orçamento. O eufemismo está na limitação da apresentação das consequências funestas, em especial para a economia do Estado de São Paulo. Sofista é a insinuação da dificuldade de solução. Basta voltar à verdade dos preços.

Harald Hellmuth
hhellmuth@uol.com.br
São Paulo
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CHEIRANDO MOFO
Décadas se passam e as autoridades passam discorrendo sobre o déficit da Previdência Social da iniciativa privada (RGPS), e que não passa de um imbróglio da Constituição de 1988, em que somam-se os que contribuem com os que não contribuem, com os que se beneficiam de renúncias previdenciárias por serem exportadores do agronegócio ou por serem clubes de times de futebol, ou ainda micro empresas. Têm ali, ainda, casos típicos que a todo ano ouvimos dizer que é necessário regulamentar e não surge um competente a fazê-lo: como o chamado "fenômeno" das novas viúvas, ou a perenização de benefícios através de casamentos de beneficiários idosos com moças jovens que herdarão o benefício. Há décadas se fala disso no Brasil, golpe tanto praticado no RGPS quanto no RPPS do serviço público, e ninguém regulamenta os regimes, como o é em qualquer republiqueta de bananas, onde existe a carência mínima de cinco, dez ou até quinze anos de convívio (casamento). Além de idade mínima para que o cônjuge possa fazer jus a herdar o benefício. Tudo isso além de considerar se o casal possui filhos menores de idade também. Acidente de trabalho: aqui uns chegam a cortar o dedo para se aposentar, e outros, que nunca trabalharam, recebem "auxílio para detentos" pelo RGPS tendo feito apenas uma única contribuição, e ironicamente recebem mais do que aqueles que trabalharam e contribuíram por mais de três ou quatro décadas. Como assim? Antes da sentença proferida o gatuno e nos "conformes" judiciais brasileiros não é culpado de nada, podendo assim se inscrever e fazer sua única contribuição ao INSS, isso se não contribuiu nos últimos seis meses, trata-se do bilhete da sorte - quase R$ 1 mil por mês e com direito a 13.º salário, pagos por você contribuinte que ainda é chamado de causador do déficit da Previdência Social do Brasil.

Oswaldo Colombo Filho
colomboconsult@gmail.com
São Paulo
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PROTESTAR CONTRA O QUÊ?
Os aposentados brasileiros devem estar tendo a vida que pediram a Deus, pois, na sua data comemorativa (24/1), ninguém fez protestos contra o assalto em seus benefícios, e o sistema público de saúde também deve estar dando um atendimento padrão Fifa. Reclamar do que, não é mesmo?

Ademar Monteiro de Moraes
ammoraes57@hotmail.com
São Paulo
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O EMBLEMÁTICO CASO DA PREVI
Um fato ocorrido neste mês de janeiro, que afetou um contingente considerável de pessoas, deixou nítidas as perspectivas sombrias que rondam a nossa já cambaleante economia, assolada por seguidas quedas da Bolsa de Valores, visível diminuição da atividade industrial, inflação descontrolada, gastos improdutivos da parte do governo que visa apenas à sua continuidade no poder; e por aí vai. A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), concebida por servidores do banco, em 16 de abril de 1904, com o escopo de assegurar aos seus participantes uma complementação dos proventos ao se aposentarem, para cobertura da diferença entre o que a previdência pública lhes pagava e o montante de seus ganhos quando na ativa; o custeio era feito mediante generosa contribuição de mais de 10% sobre tudo o que do Banco recebiam, cabendo a este igual participação. Com maciça adesão do funcionalismo, então facultativa, com o passar do tempo tornou-se obrigatória a inscrição para os novos funcionários. Historicamente bem administrada pelos próprios segurados, na quase totalidade da sua vitoriosa existência - à exceção são os últimos anos -, ela construiu um invejável patrimônio e é hoje considerada o maior fundo de previdência privada da América Latina e o 3.º do mundo, um inquestionável gigante. O seu crescimento se deu não só pelo valor das contribuições dos funcionários e do banco, mas, sim, de forma incomensurável por inteligentes participações em empresas colossais (entre elas a hoje incrivelmente combalida Petrobrás e a Vale do Rio Doce, em boa hora privatizada na gestão FHC), como também em produtivas aplicações no mercado acionário. Por força disso, vinha apresentando um superávit bilionário que a levou, há sete anos, a isentar os aposentados, entre os quais me incluo, das contribuições regulamentares. Em vista do constante e significativo aumento do superávit e, apesar de o Banco do Brasil dele ter abocanhado parcela considerável, a Previ resolveu, em 2010, distribuí-lo mensalmente aos participantes, na forma de um Benefício Temporário (BET). Argumentando que as rendas advindas das suas participações e aplicações já apresentam sensível diminuição, alcançadas pela indisfarçável queda da atividade econômica no País, cujos índices, apesar de acintosamente manipulados pelo governo, estão aí para quem quiser ver, resolveu a Previ cancelar a isenção das contribuições dos participantes e suspender o pagamento do BET, já a partir deste mês de janeiro, visando a resguardar a saúde financeira da instituição e assegurar a continuidade do pagamento da complementação ("que se vão os anéis, mas que fiquem os dedos"), posto que, no seu entender, a queda da sua receita colocou em xeque a continuidade do superávit. Apesar de, como tantos outros colegas, sofrer uma não desprezível diminuição nos meus proventos, não discuto a justeza da resolução. O que me incomoda e me preocupa é a possível continuidade dessa "administração" incompetente, deletéria, desonesta, corrupta, que o lulopetismo vem impingindo a este país que, não fosse por esse infortúnio que o está levando, a passos largos, para o abismo - os fatos estão diariamente na mídia -, teria tudo para ser próspero. As inacreditáveis pesquisas de intenção de votos aí estão para dar razão ao meu pessimismo, a mostrar que aqueles que alienaram a sua consciência em troca de bolsas esmola e outras prebendas, não vão dar-se conta de que, ao escolherem por nós, na sua cegueira voluntária, nos levarão, de braços dados com eles, ao fundo do poço. O caso da Previ que relatei acima é uma cabal demonstração do que poderá vir por aí. Precisamos do surgimento de um líder corajoso, descompromissado com essa corja de políticos mal intencionados e que faça uma feroz e vitoriosa oposição a esse desgoverno. "Elles" estão "fazendo o diabo" e, se Deus ainda for brasileiro, será nossa última esperança.

Rubens Guiguet Leal
rubensgleal@uol.com.br
Americana
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PEC 308/2008
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 308/2008, com o apoio de 125 deputados, está à espera de solução. Trata-se de militares do Estado e da Federação que, quando em cargo eletivo, aposentam compulsoriamente (inciso I e II do parágrafo 8.º do artigo 14 da Constituição federal), trazendo prejuízos aos próprios servidores e ao País, pois tanto o Estado quanto a Federação gastam com esses servidores em escolas de soldados, cabos, sargentos, oficiais, além de outros cursos técnicos ou de aperfeiçoamento. Relembro, senhores deputados, esse pedido de justiça existe desde 14 de agosto de 1995 ("O Estado de S. Paulo", página A2). Até quando, senhores deputados, vamos esperar pelo que é justo e perfeito? Até quando vão ficar dormindo em berço esplêndido da pátria amada?

José Messias da Silva
fhrc92@hotmail.com
Santana de Parnaíba
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MOBILIDADE URBANA
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está provocando uma revolução no trânsito de São Paulo com a implantação das faixas exclusivas para ônibus. Para complementar a mobilidade urbana, sugiro que, ao lado das faixas exclusivas para os ônibus, acrescente também uma faixa exclusiva para os diversos grupos que vão às ruas, pontes e vias marginais para protestar e impedem que o trânsito circule livremente, tal como tem ocorrido nos últimos dias.

Claudio Juchem
cjuchem@gmail.com
São Paulo
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PREFEITO LATA DE TINTA
A epopeia de um casal de paulistanos num domingo tranquilo: minha mulher e eu, ambos acima dos 65 anos, tínhamos de ir para o bairro da Consolação, e resolvemos fazê-lo de ônibus. Moramos no Alto da Lapa (onde o prefeito pretendia um aumento de 35% no IPTU), a 50 metros de casa passava um ônibus que nos atenderia perfeitamente, mas algum gênio do transporte modificou o trajeto da linha, não nos serve mais. Como resultado, tivemos de andar por uns 400 metros, subindo uma rampa de 37° (tenho um aplicativo que mede essas coisas) para ir a outro ponto de ônibus. Esperamos 15 minutos por um ônibus (chacoalhento) que nos levou à Estação Vila Madalena do metrô, onde pegaríamos outro carro, que nos levaria ao destino (Rua da Consolação). Depois de aguardar por mais de meia hora, resolvemos mudar de tática, tomar o metrô, descer na Estação Consolação e, de lá, tomar um ônibus até o destino. Resultado: gastamos 1 hora e 17 minutos para fazer um trajeto que leva, no máximo, 20 minutos de carro (à noite, voltamos de táxi, levou 17 minutos marcados no cronômetro). Se pintar faixa no chão resolvesse o problema do transporte coletivo (sem aumentar o número e a qualidade dos veículos), a questão estaria solucionada há muito tempo. Da próxima vez, irei de carro.

Luis Carlos Kfouri
cacalo.kfouri@uol.com.br
São Paulo
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TRANSPORTE PÚBLICO NA AGENDA
A agenda deste novo milênio não deveria ser o transporte público, que é finito e está próximo à saturação, mas a acessibilidade da população para as oportunidades que a metrópole lhes oferece. Ainda há a possibilidade de usar a infraestrutura existente e alterar a lógica de sua utilização para melhorar o desempenho, mas não se pode garantir o "direito" de se morar em São Miguel e ir trabalhar em Alphaville. Deve-se incentivar a moradia perto dos centros de negócios, promover um leque de usos em pólos locais com moradias que atendam a um amplo espectro de renda e ofertas de trabalho, serviços públicos, opções de lazer e esportes, educação, etc.; com isso a demanda de viagens (que serão mais curtas) pode ser mais bem equacionada e atendida.

Corinto Luis Ribeiro
corinto@corinto.arq.br
São Paulo
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PARA A PUBLICIDADE TEM
O prefeito Fernando Haddad (PT), em seus pronunciamentos, alega sempre que a falta de verba na Prefeitura pode paralisar seus projetos de governo. A carência de verbas pode até haver, mas os gastos com propaganda de sua gestão, que até o momento não mostrou a que veio, já são destaques em horários nobres na mídia televisiva. Já está na hora de repensarem essa política do "me engana que eu gosto", pois o dinheiro do contribuinte não cai do céu.

Francisco Zardetto
fzardetto@uol.com.br
São Paulo
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PROPAGANDA NEGATIVA
O ex-presidente Lula está reclamando da falta de divulgação dos feitos de prefeito Haddad. Ele está enganado. Quanto menos divulgação, melhor, são erros em cima de equívocos.

Luiz Frid
luiz.frid@globomail.com
São Paulo